domingo, 29 de agosto de 2010

Música e Cultura

Dizem que música é uma questão de cultura. Não creio que seja assim, pois penso que a verdade seja uma só. Gostaria de saber se é possível existir diferenças culturais entre músicas e ainda assim elas serem compatíveis com os princípios da música do Céu.


Música, seja ela de entretenimento, de adoração, particular ou coletiva, é uma questão de gosto, cultura e legenda. Cultura é o conjunto de padrões de comportamentos, idéias e conhecimentos peculiares a um dado grupo social. Produto da ação criadora dos membros de uma sociedade.

Estes valores podem ser identificados local, étnica, lingüistica ou geneticamente e têm como linha de transmissão, segundo Herdkovits, a família, os companheiros de trabalho, os professores, o esporte, a igreja, a escola, etc., sempre preservando a tradição do Patrimônio Cultural.

Um Patrimônio Cultural é composto de Fatores Culturais que determinarão o Padrão Cultural de uma sociedade somente através de seu inter-relacionamento. Esses Fatores Culturais podem ser, mitos, lendas, canções, folclore, costumes, crenças religiosas, sistemas jurídicos e outros valores éticos que refletem o conjunto de idéias que os homens dizem e fazem, bem como as formas de agir, pensar e sentir de um povo. Não existe cultura mais importante ou menos importante, mas o Padrão Cultural é o determinante que indica o nível cultural dentro de uma escala do desenvolvimento das faculdades intelectuais do conhecimento. A diversidade cultural dos humanos é respeitada por Deus em Seu trabalho redentivo, mesmo quando Ele quer promover em nós a unidade, e não o uniformitarismo.

Música e Cultura - A música também passa por um processo evolutivo. "Para os povos primitivos, a música representa a existência de umas forças misteriosas que, ao penetrar no homem, o converte em um ser superior." Isto se dá nas origens das mais diferentes civilizações como a China, Austrália, América do Sul, etc. Deve ser por isso que a gente tem a tendência de mistificar (e até mitificar) a música. A evolução musical pode começar a partir de expressões místicas relacionadas a espiritualismo (divino, neutro ou diabólico) e lendas, passando por estágios crescentes como primeiramente gritos, depois batidas, seguindo-se de ritmos, sons, palavras sonorizadas, melodias, harmonias, etc., até chegar às músicas mais evoluídas (segundo nossa bitola) que conhecemos. A estas, determinamos ser a arte de expressar os mais profundos anseios da alma através dos sons. Entretanto, uma música ser mais primitiva ou mais evoluída não a classifica, jamais, como sendo boa ou má; ela estará sendo, simplesmente, a reperesentação comunicativa de seu interlocutor. Se não existem culturas melhores ou piores, mas diferentes, não podemos dizer também que existem músicas mais santas ou profanas apenas por representarem determinada cultura. Cada povo tem seu modo de expressar louvor a Deus. E Deus respeita isso. Em nenhum lugar da Bíblia há um texto cujo objetivo seria classificar determinados instrumentos ou estilos musicais como sendo intrinsicamente “bons” ou “maus”.

Falando em instrumentos, na evolução musical, temos também a evolução dos instrumentos musicais como objetos de madeira, metal, caixas de ressonância, tambores, instrumentos de corda, de sopro, etc. A cada dia que passa, as culturas vão inventando novos instrumentos musicais, ou, pelo menos, inovando os já existentes, pois o mundo mudou e a única certeza estável é a de que continuará mudando. Estamos no mundo. E, graças a esses dons maravilhos da criatividade e da diversificação que Deus coloca em nós, hoje, na abençoada música contemporânea cristã, estamos em um alto ponto evolutivo, onde catamos, de todas as culturas, o que melhor aprouvemos, para refinar nosso louvor, na beleza pelo respeito cultural local. Isso é lindo, e nos liberta da pobreza musical em que vivíamos nas décadas ou séculos passados recentes, onde o preconceito anti-bíblico para com determinados estilos ou instrumentos musicais era predominante.

Se a música é a expressão dos "anseios da alma", quando o povo canta, está expressando o que sente, o que pensa e o que é. Logo a música é um dos mais fortes expressivos da cultura de uma sociedade. Esta é a explicação para a diversificação dos estilos musicais no mundo segundo a música em suas diferentes culturas. E também, se música pode ser um reflexo da sociedade, acompanhando a maneira de expressão cultural através da música na História, poderíamos dizer que o mundo tem crescido em seu processo evolutivo da música também (nada a ver com o evolucionismo de Darwin). Mas isso não impede de que haja regressão do desenvolvimento em determinados pontos subculturais isolados. Veja, abaixo, parte de um espelho do padrão cultural que pode ser facilmente visto segundo na base da musicalidade da qual a nossa música contemporânea oriunda-se, e seus instrumentos utilizados. Para uma exemplificação, comparemos a natureza musical, anterior, de diferentes nações.

Música na URSS - A música produzida na ex-União Soviética se reveste do academicismo que propunha o estado soviético, porém se admitem e praticam certas audácias (mais bem politonais ou de dissonâncias percursivas incluídas na tonalidade), como no estilo de Serge Prokofiev (1891-1953). O músico soviético por outro lado tem à sua disposição um fator rítmico que lhe permite trabalhar com certa indiferença pela estrutura diatónico-cromática dos baixos.

Música Centroeuropéia - Nas diversas nações centroeuropéias a influência do atonalismo tem sido contrastada pelo vigor rítmico e a força folclórica de Bela Bartok, sofrendo, por último, uma influência jazziana. Nesses diferentes países como Checoslováquia, Polônia, Romênia, etc., encontramos esta força folclórica bastante expressa através de óperas, cantatas, corais, orquestras filarmônicas, obras sinfônicas e grandes concertos.

Música nos países do norte europeu - Destacam-se as óperas, sinfonias e músicas de fundo para cine, oratórios, etc., cujo estilo alia um postromanticismo pessoal a uma modernidade refinada e profunda.

Música Inglesa - Na Inglaterra, a elaboração sinfonista da matéria folclórica já fora levada a um grau de perfeição e refinamento notáveis por Eduard Elgar. E acham-se em destaque as sinfonias, os concertos, a música religiosa e de câmara, bem como as óperas e músicas de fundo para grandes filmes como os shakesperianos.

Música Alemã - Também se encontram sinfonias, obras de câmara, corais, cantatas edênicas, orquestras, óperas, ballets, estilos atonais livres e concertos para piano e vários quartetos de corda.

Música Italiana - Existem ali os conservadores do duodecafonismo, e outros que buscam novas vias com maior liberdade apresentando óperas sensacionalistas, e outras formas de obras sinfônicas diversas e ballets.

Música Francesa - A França foi um país da maior importância no panorama da musica do século XX. Encontramos ali dramatismos sinfônicos, exosticismos, jazz e polifonia acompanhados de forças imaginativas, inquietude e apegos, no fundo, a certos valores de tradição. Existem também óperas, concertos e outras obras sinfônicas, músicas para filmes, corais, e gamas exóticas revalorizadoras do órgão do piano e da importância teórica.

Música Espanhola - Desde o uso do coro no emprego do folclore marcado pelas conseqüências pós-guerra, das orquestras e trabalhos para fundo de cinema, até as tendências mais vanguardistas, músicas aleatórias e outras modalidades experimentais.

Música Havaiana - Tem como símbolo o cavaquinho .

Música na América - Quando grandes músicos começaram a americanizar-se a influência do Jazz já se havia amadurecido, pois esta categoria musical vinha tendo suas raízes construídas desde o século dezesseis e já se tornara um certo tipo de base da cultura musical americana.

De 31 (século XX) para cá, a música americana dá início a novos territórios sonoros com Ionização. Composições revolucionárias que ortogam o pleno predomínio do timbre e do ritmo, registros de inovações, uso de instrumentos extremos orientais, eletrônicos, de madeira e de metal que facilitam sons inovadores, surpreendentes. Isto contribuiu para a adoção de um dos mais importantes tipos de música americana exportado para todo o mundo hoje, a saber o Rock, tendo como principais instrumentos guitarra, contrabaixo, bateria e teclados sintetizadores. Aqui, cito o pop-rock apenas como um simples e técnico estilo musical, e não a tribo radical do Rock-in-Roll.

Música hispano-americana - Apresenta de tudo um pouco trazendo uma gama muito grande de característica mistura.

A Nossa Música - Para descrever os instrumentos da nossa cultura, Ernesto Veiga de Oliveira, em sua obra descreve o uso e origem os instrumentos musicais dos Açores. Ele classifica estes instrumentos como lúdicos (Viola e suas diferentes classificações, rebeca, violão, banjolim, bandola, bandolim, cavaquim, clarinetes, gaita) e cerimoniais (tambores, pandeiros, testos, chim-chins) que hoje são expressos por meio das nossas tradições folclóricas, e os relaciona conosco dizendo que não somente os instrumentos e o mundo musical dos Açores são os mesmos da nossa tradição, mas mesmo que o seu contexto geral mais significativo é também idêntico àquele que definimos entre nós. Certo músico declarou que muitos de sua área são unânimes em aceitar que nosso instrumento principal é o tambor. Isto demonstra que estamos, como povo brasileiro, em um estágio de valor musical onde a marcação destacada do ritmo tende a falar bem alto nas musicalizações através do samba ou do pagode, ou vivemos o seu contraste por meio da melancólica nostalgia transmitida pela bossa nova, por exemplo. De qualquer forma, também temos, na nossa cultura, a nossa evolução musical. Lembre-se que a música de um povo reflete suas idéias. Somos latinos, somos quentes, cinestéticos, corporais, afetivos e amorosos. Uma evidência do nosso gosto musical está nos CDs mais vendidos a cada ano, o que pode representar, embora apenas parcialmente, o que o povo brasileiro gosta, absorve, pensa e chega a ser.

A Música no Mundo - Nos últimos anos, podemos perceber a descaracterização local, étnica, genérica, ou lingüística isoladas da cultura dos povos sendo substituída pela massificação conseqüente da globalização. Os sociólogos determinam isto como tansculturação, que consiste na troca recíproca dos valores culturais pelo contato de culturas onde, ao mesmo tempo, as sociedades são doadoras e receptoras. As maiores máquinas desta "indústria de cultura mundial" são os veículos de comunicação como jornal, rádio, televisão, Web, etc.

Olhando sob o prisma do Nacionalismo Musical, ao se falar das Escolas Nacionais, é evidente que, em um mundo diminuído pela velocidade e pela informação, a tendência à fusão é cada vez maior.

São muitos os atributos de que a música se vale para se transculturar, mas gostaríamos de destacar um grande instrumento deste fenômeno, o estilo musical jazz.

"O Jazz é eminente das work songs, dance songs, spirituas e dos hollers" (fragmentos meio gritados, meio cantados de que os braçais serviam-se para comunicar-se e entrar em redlação emocional, que mais tarde contribuiu para a origem do Rock in Roll). "É [foi] a canção do século XX" e está presente em bailes, canções modernas e até nas músicas sinfônicas" e gospels, pelas mais variadas localidades do mundo como por todo o continente europeu e americano. "Em sua mais ampla acepção, o jazz está em todas as músicas afroamericanas". Como características peculiares o jazz apresenta improvisação, blue notes, ritmo envolvente, expressão honesta dos sentimentos, e outros.

"A improvisação e o dom rítmico são, possivelmente, junto com o calor "hot" e a qualidade "swing", os fatores mais profundamente negros [afros] da música do Jazz e a dão um feitio característico".

"Blues notes" se consiste na queda de um semitom no terceiro e no sétimo graus de uma escala maior. Exemplo: em uma escala natural de Dó maior, fazer o uso de Mi e Si bemóis. "Esta alteração das notas reduz o valor estritamente tonal da escala". "Estas quedas cromáticas são chamadas de antonomásia na forma blues, mas também nos spirituals e em outras formas musicais afroamericanas" em que elas aparecem.

Outra característica mundial do uso da nossa musicalização é que faz parte de praticamente todas as culturas a apresentação dos números por artistas que interpretam cantando ou tocando assistidos por ouvintes que apenas os prestigiam, mas não participam do serviço musical. Acho que isso poderia melhorar um pouco nas igrejas, partindo para uma maior participação coletiva. Restringir a música a poucos pode, talvez, condicionar as maneiras de pensar, pois a música é, também, uma forma psicológica. Apesar, de que, muitas vezes, a música, em si, possa ser absolutamente neutra. Mas o fato é que, na maioria das vezes, as pessoas sempre estarão cantando para dentro ou para fora, ou seja, se ao cantar não estou expressando sentimentos meus, poderei, talvez, estar então inserindo em mim pensamentos que a música em si transmite. Este é um fato que faz com que a transculturação através da música tenha resultados que não podem ser medidos. Talvez seja por conseqüência disto que as músicas quase sempre são feitas ou apresentadas para um objetivo e não por um objetivo.

E a música na “cultura” do Céu? E o Céu é um cultura? Ou é a recepção dos salvos de todas as culturas? Em primeiro lugar, devemos fazer lembrar que na eternidade, tanto antes da queda do homem, quanto depois de sua restauração, o reino dos Céus é um lugar de perfeição. Se é um lugar de perfeição seus padrões éticos e costumes podem e devem servir-nos de exemplo. Mas, ao mesmo tempo, não podemos levar a vida ilusória de sermos supostos “ETs”. Se você e eu nunca vivemos no Céu e se lá existe uma suposta cultura, nem você nem eu podemos ensiná-la em plenitude por aqui. Por equanto minha cultura é a daqui. E o evangelho respeita isso. No Reino dos Céus, pregado por Jesus, as boas novas chegam a cada cultura respeitando seu Patrimônio Cultural, alterando apenas pequenos detalhes (fatores culturais) que estariam violando diretamente um dos dez mandamentos (o que não é o caso da música, pois música não é nem mandamento, nem doutrina bíblica, nem ponto de salvação).

Mas, a gente pode crescer. Conscientes de que a música expressa Padrões Culturais, ao observarmos as formas de execução das músicas do Céu informadas a nós através da revelação, podemos, de longe, imaginar o nível cultural que poderíamos procurar imitar, já que fazemos parte de uma geração tão aberta à transculturação. Outras duas razões para tomarmos a música lá de cima como rerefência (e não como modelo engessado), é que, a "música tem sua origem no Céu", e o homem foi criado para viver em um ambiente semelhante. E, segundo os textos inspirados, esta música tem como características o coral, o louvor, a alegria, a felicidade, a doçura, a harmonia, a melodia, a glorificação de Deus, a gratidão, a espontaneidade, a regozijo, o triunfo, o a presença de acordes, a riqueza e a perfeição musicais e a ordem. Vale a pena comentar algumas destas características.

Em praticamente todas as citações de música executadas no Céu dadas pelos escritos proféticos, não existe uma apresentação dos números por artistas que interpretam cantando ou tocando assistidos por ouvintes que apenas os prestigiam, mas não participam do serviço musical. Pelo contrário, são os redimidos que cantam. Todos cantam e tocam sem a presença de improvisos ou melancolia, pois nota-se habilidade, ordem, preparo e alegria. “Do mesmo modo os anjos trouxeram as harpas, e Jesus apresentou-a também aos santos. Os anjos dirigentes desferiram em primeiro lugar o tom, e então todas as vozes se alçaram, em louvor grato e feliz, e todas as mãos habilmente deslizaram sobre as cordas da harpa, emanando uma música melodiosa, com acordes abundantes e perfeitos" .

O tipo de som emitido nas canções é constantemente descrito como melodioso, harmonioso, e com acordes. Melodioso nos indica ser agradável aos ouvidos, suave, com uma série de sons que resulta um canto regular, agradável e harmonioso. Harmonioso dminui a possibilidade de atonação, característica quase que inexistente nas descrições da música no Céu. Este aspecto de desafinação através de semitons contrasta com o dito dos "acordes perfeitos" tocados pelos remidos. Segundo os peritos e os dicionários, um acorde perfeito deve ser definido como afinado e concordado. Uma sonoridade resultante da união coordenada e simultânea de dois ou mais sons. Um conjunto perfeito e harmonioso; que está de acordo.

As melodias celestes entram em choque com as músicas dos nossos dias que são feitas ou apresentadas para um objetivo e não por um objetivo. Praticamente, sempre que presenciamos seus relatos elas partem de um motivo. Como por exemplo, no ministério dos anjos: "...se, porém, os santos fixavam os olhares no prêmio que diante deles estava e glorificavam a Deus, louvando-o, então os anjos levavam as alegres novas à cidade o os outros que ali estavam tocavam suas harpas de ouro e cantavam em alta voz..." .

No Céu, também podemos encontrar uma variedade de instrumentos musicais. Ezequiel 28:13 deixa-nos clara a existência de tambores celestes num tempo de perfeição absoluta do Universo (ausência de pecado). Em 1Tessalonicenses 4:13, Deus aparece tocando sua trombeta. E no Apocalipse, João relata ter viso harpas no Céu. Ou seja, lá poderemos contar com uma banda completa: instrumentos de percussão, de sopro e de cordas. Em 1Crônicas, na descrição do serviço litúrgico do Templo, quando a Bíblia comenta a musicalização daquela adoração israelita, menciona tal representação citando os "címbalos, alaúdes e harpas", ou seja, instrumentos de percussão, sopro e cordas.
O Cristão e a Música – Agora, quem disse que devemos cantar aqui, hoje, a “música do Céu” e ponto final? Nenhum escrito inspirado diz isso. Aliás, a maior parte da nossa hinódia, que fala de sofrimento do pecado, lutas humanas, ansiedades da alma, etc., não vai servir pra ser cantada no Céu, nem por sua letra, quanto mais por sua musicalidade. Como cristãos, vivemos em um paradoxo. Somos emergentes de alguma cultura deste planeta que logicamente deixa muito a desejar se colocada em comparação com aquela que almejamos um dia alcançar no Céu. Mas ainda não estamos no Céu. Sejamos realistas. Vivemos no mundo. As mais simples coisas que fazemos como comer, andar, vestir e falar, em seu modo, refletem a nossa cultura e não a do Céu. E cantar também.

As músicas evangélicas também sofrem esta influência de transculturação entre nossas origens terrenas e nossa busca pelo celeste. Algumas vistas como pertencentes a um estilo mais conservador, como por exemplo, A quiet place, de Ralph Richard Carmichael, caracterizada por sua marcação jazziana ou He Touched Me de Willian J. Gaither com o aspecto blue-note, também do jazz. Além do jazz, em nossa hinódia há canções que se originaram de estilos Negro Spiritual, Country, Rock, etc ,. Outras mais liberais como a grande quantidade de Gospels Musics, que, por sinal, são muito mais parecidas com os salmos do que os velhos hinos dos séculos 18 e 19. Ou mesmo alguns Negro Spirituals acompanhados de sons que são mais parecidos com manifestações do coração do que com uma caracterizada melodia enlatada. E que diremos das maneiras como são feitos os serviços de cânticos, como são realizadas as apresentações e de como e quais instrumentos musicais são executados? Hoje vivemos num crescimento. Entre nós há tantos desafinados (inclusive eu), que não é de admirar que escolhamos ministros de música que, muitas vezes, nos dirijam, ou até apresentem por nós (seria um tipo de intercessão louvórica). É certo que nem toda a música que necessitamos cantar aqui será própria para ser cantada no Céu. Mas até onde vai o equilíbrio de sermos cultos cidadãos da Terra e do Céu ao mesmo tempo? Se queremos esquecer das coisas que para trás ficam e prosseguir para o alvo, devemos estabelecer como padrão, o alvo.

Somos nós quem determinaremos o que irá pesar mais na balança de acordo com o valor que atribuirmos às coisas. Deus aprova nossos costumes uma vez que sigamos o conselho dado através de Paulo: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai" . Estas são ferramentas de origem celeste que devemos usar para talhar nossas músicas. Uma vez que observarmos os diferentes aspectos das canções que usamos, como ritmo, harmonia, melodia, instrumentos, maneira de interpretação, acordes, etc., e deixarmos que suas influencias seculares sejam moldadas e substituídas pelas celestes estaremos em conformidade com o padrão que devemos ter: "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus" . Se é Ele o dono do Céu, um lugar que almejamos, é Ele quem deve ditar as regras.

Se a música espelha o Padrão Cultural, nossa expressão do Reino dos Céus através do canto se dará à proporção da adoção de seus Fatores Culturais em nossa vida. Se não os temos, sejamos receptores da transculturação entre a nossa cultura e a do Céu ao selecionarmos músicas que consigam inserir em nós os seus atributos culturais, sem nos tornarmos alienígenas. Foi o próprio Jesus quem orou por nós dizendo: “Pai, não lhe peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal”.

Diante de tanta diferença de gostos e formações culturais geradas pela tranculturação interna dentro da nossa sociedade brasileira, nossos músicos precisam ter uma flexibilidade e bom senso muito grandes para produzir musicas que se adequem a diferentes contextos de adoração. Como este leque é bem extenso, poderá ter pontos incompatíveis; poderá haver músicas que sirvam para adoração em um contexto, e em outro não. Fazer música é uma forma, na linguagem paulina, de profetizar. Portanto, siga o conselho de Paulo em relação à profecias, aplicando-os à musicalidade da sua comunidade cristã: "julgai todas as coisas, retende o que é bom (1Ts 5:51)"; ao selecionar as músicas para serem usadas, analise o contexto e as pessoas que participarão, executando-as e ouvindo-as: se a música levar a maior parte das pessoas a Jesus, num espírito de adoração e louvor, sem ruído de comunicação, ela é adequada; caso contrário, deve ser substituída (mas tal substituição não quer dizer que em outro contexto a música não seja adequada), a despeito dos gostos particulares.

Leia mais sobre este assunto em "As Diferenças Entre Louvor e Adoração".

Louve a Deus,


Fontes:

Bruce G. Trigger, Além da História, (São Paulo: Editora Universal, 1973), 19.; Melville J. Herskovits, El Hombre y sus Obras, (México: Editora Fundo de Cultura Econômica, 1952); Enciclopédia Labor, Vols. 7 e 10; Enciclopédia Universal, Vol. 3:1056; Enciclopédia Barsa, Cultura.;
Henrique Cazes, Escola Moderna do Cavaquinho, (Rio de Janeiro: Lumiar, 1988),8.
Ernesto Veiga de Oliveira, Instrumenstos Musicais Populares dos Açores, (São Paulo: Fundação Caluste Gulben Kian, 1986).
Enciclopédia Labor, Vols. 7 e 10; Enciclopédia Universal, Vol. 3; Enciclopédia Barsa, Cultura.; Nestor R. Otris, Estética del Jazz.
Paul, Music in Eden, in Heaven, And in The New Earth129-143.
Ellen G. White, The Story of Redemption, 22, 25 e 31; Education, 161 e 307; Patriarchs and Prophets, 63, 65, 289 e 290; Early Writings, 15, 16, 17, 39, 66, 50 e 151; The Great Controversy, 645, 646, 648, 649, 665, 668, 669, 671, 673, 677 e 678; Testimonies, 1:146 e 181, 2:265, 6:368 e 9:285 e 286; The Desire of Ages, 131 e 830; Testimonies to Ministers, 433; Christ's Object Lessons, 364 e 365; Review and Herald, Jan. 30, 1975, p. 10; Youth's Instructor, October, 1852, p. 13.
Ênio Monteiro, Seminário de Música e Comunicação, 7.
Dario Pires de Araújo, Música Adventismo e Eternidade.
Filipenses 4:8.
I Coríntios 10:31.

Pergunta Que Será Respondida Amanhã:

Que diferença a Bíblia faz entre louvor e adoração? Louvor e adoração não são a mesma coisa? Penso que, se não posso cantar determinada música na igreja, então aquela música é pecaminosa. Existe alguma música de louvor a Deus que não seja apropriada para a casa de Deus?

2 comentários:

  1. A música quando cantada para Deus deve ser com o intuito de louvor e adoração. Louvor e adoração são duas coisas diferentes. Louvor é como um elogio, aprovação de uma idéia, pessoa. Adoração corresponde a um sentimento profundo, por exemplo em nosso relacionamento para com Deus ou até mesmo em amar loucamente alguém. De acordo com o artigo divulgado pelo Pr. Valdeci Jr, o fato de eu não cantar na igreja tal música não a classifica como pecaminosa. Veja bem um exemplo você não vai fazer o louvor na sua igreja cantando o Juli Baby, mas num momento de recreação qual é o problema? Nenhum, não é mesmo? Assim com também não é correto eu me apresentar na casa de Deus usando um biquini ou qualquer outra roupa para banho. Porém não é pecado fazer uso dessas roupas em local apropriado ( praia ou piscina).Portanto creio que existe músicas de louvor a Deus que não convém apresentarmos na igreja porém em um acampamento, na sua casa... Cada um tem que usar o bom senso.

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  2. É bom lembrar que as várias culturas têm diferentes gostos, e que as músicas e os instrumentos musicais variam em nossa família mundial. O que é edificante e encorajador para pessoas de uma cultura, pode soar estranho a indivíduos de outra. De toda maneira, é importante que procuremos a orientação do Senhor quanto à música apropriada para nossos cultos (Rosalie Haffner Zinke, Adoração, Lição da Escola Sabatina – Professor, Julho-Setembro de 2011, página 73, Casa Publicadora Brasileira)".

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