sexta-feira, 24 de junho de 2011

O Cristão e a Música Rock? Não Recomendo!

O que dizer do livro “O Cristão e a Música Rock”, de Samuele Bachhiocchi? Sua igreja não se contradiz por, ao mesmo tempo em que lança um livro assim, continuar produzindo músicas que o próprio livro condena?

Este é um livro que não recomendo! Para começo de história, precisamos analisar que este livro, originalmente intitulado The Christian And The Rock Music, foi lançado pela Biblical Perspectives, que era uma editora do próprio autor, e não uma instituição da IASD. No Brasil, qual foi a editora que lançou o livro? Nem a CPB nem outra imprensa oficial da IASD quiseram associar sua imagem com tal livro. Já nos EUA, a Andrews Universtiy (principal universidade adventista do mundo) deu sua resposta, através do livro Joyful Noise, de Ed Christian, publicado pela casa publicadora adventista norte-americana Review and Herald. Joyful Noise é, substancialmente, uma coletânea re-trabalhada de artigos publicados em resposta ao espúrio livro do Dr. Samuele Bacchiocchi, O Cristão e a Música Rock. A validade desta obra é o alcançar de sua proposta em ser “um olhar sensível à música cristã”, que pode trazer cura a um assunto tão sensível.

Sobre o livro O Cristão e a Música Rock

Antes de apresentar um resumo do recomendável livro de Ed Christian, dou aqui um resumo do meu parecer a respeito de The Christian And The Rock Music, de Samuele Bacchiocchi. Já li o livro do Bacchiocchi. Precisei ler no MSWord, pois no livro que li tem mais anotações que fiz sobre as incoerências do conteúdo do que o próprio conteúdo em si. Mas, em primeiro lugar, tenha em mente que aquele livro não é uma bíblia. Há alguma coisa coerente; há muita coisa que precisa ser revista; há muita coisa que para o autor é “x” e para quem lê e interpreta é “y”.
Mas o maior problema desse livro também é confundir as coisas. O autor é muito infeliz em generalizar muita coisa. Por exemplo, o que é rock?  Uma coisa é o mundo, indústria, cultura, tribo rock, outra coisa é chamar um estilo musical de rock. Estas duas coisas muitas vezes se relacionam, muitas vezes não. E mesmo depois que separamos, da tribo rock, o estilo musical rock, ainda há um universo de coisas que não podem ser confundidas. Não podemos pegar uma composição de estilo pop-rock com letra cristã, com uma equalização que respeita os limites dos ouvidos, uma mixagem que equilibre a possibilidade da percepção da presença de outros instrumentos, da harmonia, da melodia e da letra, composta e executada por pessoas que têm relacionamento e comunhão com Deus e profundo amor por Jesus, em ambientes onde o visual é redentivo, onde o clima é de adoração, onde os princípios são as doutrinas de Deus e dar a esse tipo de rock o mesmo tratamento que damos a um rock pesado, com letra profana, com uma equalização que mata os ouvidos, com uma mixagem que só faz aparecer o ritmo e desaparecer as mensagens da harmonia, melodia e letra, tocado por pessoas que têm comunhão com o Diabo, em shows onde o visual é das trevas, onde o cheiro das drogas está no ar, onde a bebida rola solta, onde a dança é sensual, em veneração por uma tribo cujos valores são a libertinagem sexual e o uso de entorpecentes, etc, etc, etc. E esse é o maior problema desse livro. Jogar tudo num saco só.
O livro tem muitas outras incoerências, inclusive bíblicas, que anotei, Mas a maior e principal é a que cito aqui neste parágrafo. Essa é uma incoerência tão discrepante que torna a obra tão simplória ao ponto de nem compensar ver mais detalhes. Explico. Independentemente de o rock ser ruim ou não, precisamos olhar para o fato de que o livro O Cristão e a Música Rock trata-se de uma obra que pretende discriminar um estilo musical à luz da inspiração e, ao mesmo tempo, não consegue citar uma única passagem bíblica que seja selecionadora de estilo musical (porque não existe, é claro). Logo, teologicamente, isso é trash.
Se você quer conhecer mais sobre os sérios problemas deste livro de Bacchiocchi, leia o artigo “Resenha: O Cristão e a Música Rock”, de André Reis, postado neste site (clique aqui) .

Joyful Noise – A Resposta

O próprio extremista Wolfgang H. M. Stefani confessou que “a publicação do livro Joyful Noise por Ed Christian aumentou, de novo, o nível do debate acerca da música. Isto sempre é valioso, porque ainda há muita coisa a ser discutida e aprendida acerca do discipulado cristão nesta arena complexa da vida”. É um produto direcionado aos cristãos que assumem que a música que eles ouvem viria a ser a música que Deus gosta. Por proibirem a música que não gostam, estes cristãos alienam os jovens.
Ed Christian argumenta que a música não poderia ser julgada pelos caprichos pessoais de um indivíduo, mas pelos frutos espirituais que ela possui. A música que Deus usa é aquela que leva o povo para mais perto dEle, gostemos dela ou não. Entretanto, quando se trata de música para o serviço de adoração, a unidade é importante. E aqui vem o ponto: para que uma música seja apropriada para a igreja ela não pode excluir nem ofender, mas trazer as pessoas e ergue-las para Deus. Esta é a mensagem do livro Joyful Noise.
O autor examina os argumentos daqueles que rejeitam a Música Contemporânea Cristã (MCC), e são a favor apenas das tradicionais clássicas. Ele mostra como Deus pode usar a nova musicalidade para abençoar igrejas e mudar vidas. Sobre seu próprio livro, Ed Christian nos diz:
“Filhinhos, se vocês estão doentes e cansados das pessoas que vivem depreciando a MCC que vocês amam, vocês precisam deste livro. Porque ele os ajudará a combater os os argumentos tolos destas pessoas. Quero dar uma idéia: ele é um bom presente para os seus pais, professores e pastores.
“Pais, se vocês estão chateados por causa da música que os seus filhos estão ouvindo, e por causa do que eles estão fazendo com ela, este livro irá guiá-los, oferecendo-lhes conselhos sensíveis, com os quais vocês poderão trabalhar. Minha sugestão é que este livro é um bom presente que vocês podem dar aos seus filhos.
“Pais e Líderes, se vocês estão se perguntando sobre os prós e contras a respeito de usar a MCC em suas igrejas, este livro irá limpar pra vocês todas as falácias sem sentido e lhes ajudará a pensar de forma mais clara”.
Ed, que quando lançou este livro era professor de inglês e de Bíblia na Universidade da Pensilvânia e editor do Journal of The Adventist Theological Society, já havia também escrito dezenas de artigos bíblicos, populares e acadêmicos, e sido chamado para palestrar em muitos países. Ele disponibiliza esta sua obra, parcialmente, no Google Books (clique aqui). O livro pode ser comprado no site Amazon.
Veja como o teólogo adventista da Andrews, especializado em Antigo Testamento, Richard Davidson, louvou a Christian pelo livro: “Muito bom! Minha família inteira leu isso! E nós sentimos que esse livro cobre todas as bases que necessitam ser cobertas… Os teus argumentos teológicos estão todos certos e ao ponto”.

Acima de tudo, prefira a Bíblia. Ela não se preocupa em discriminar nem instrumentos musicais nem estilos musicais. Ela preocupa-se em promover o louvor a Deus, com tudo o que somos e temos.


Leia também "As Diferenças Entre o Louvor e a Adoração", "Música e Cultura", "A Neutralidade da Música", "Seria Errado Bater Palmas Na Igreja?", "Música, Gosto Musical e Espiritualidade",  "A Bateria e a Inspiração" e "Tambores Criados Por Deus", clicando nestes links.

Um abraço,
Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
Pastor, em sua postagem “A Bateria e a Inspiração”, do dia 26/09/10, você usou Ezequiel 28:13 para apoiar-se no argumento de que teria sido Deus quem criara os tambores. Entretanto, há quem questione tal tradução. Um grande contra-argumento, por exemplo, pode ser visto numa postagem de Hilton Bastos, “Tambores Criados Por Deus?”, no blog Resta Uma Esperança. O que dizer? Qual é a melhor tradução de Ezequiel 28:13? Com tambores ou sem tambores?

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