No livro o último degrau da liderança, C. Gene Wilkes
inverte os papéis da tendência da liderança, chegando a inverter a própria
pirâmide hierárquica com a qual estamos acostumados a lidar nas organizações da
nossa sociedade. Os modelos de organogramas organizacionais geralmente têm um
padrão de hierarquia funcional óbvio. Mas não sob a ótica de Wilkes, quando
busca olhar como seria a construção do movimento de missão de Cristo.
Estamos acostumados a ir numa escola onde o menor é o aluno
e o maior é o diretor. Estamos acostumados a frequentar clubes onde o mais
importante é o presidente. Estamos acostumados a olhar para a grande maioria
que está no chão da fábrica como os menos importantes, e ver como cada um que
está numa liderança “acima” como sendo mais importante, até chegar ao último
grau da liderança na chefia, diretoria ou presidência da companhia. Nesse
prisma, se o operário passa a ser líder de um pequeno grupo de pessoas dentro da
seção, ele subiu o degrau. Mas ele pode subir um próximo degrau quando se tornar
o encarregado da seção. E talvez um terceiro degrau possa ser galgado ao este
encarregado se tornar supervisor dos encarregados, depois gerente de setor, um
dos administradores até chegar ao último degrau da liderança, que seria o
presidente.
Todos nós sabemos que Jesus foi um líder. E se foi líder,
teve diferentes graus de liderados. Por tanto, como se desenharia o Seu
organograma? Como Cristo galgou os diferentes degraus até chegar ao ponto mais
alto da liderança? Indo direto ao ponto, Jesus passou sim por vários estágios,
até chegar ao último degrau da liderança, que foi sentar-se na cadeira de...
Errado! Chegar ao último degrau da liderança foi tirar o paletó, amarrar uma
toalha na cintura, abaixar-se diante de seus liderados, tirar-lhes os calçados
e lavar-lhes os pés. No cenáculo, instituindo a cerimônia de lava-pés, Jesus
atuava na cena que ficaria gravada para sempre como a demonstração da maior
execução do mais alto posto da liderança na correta ótica do cristianismo.
Então, a teoria é clara e simples: humildade e serviço. Como
Jesus foi líder? Sendo servo. Não um servo desavisado. Um servo intencional.
Não com intenções motivadas por razões que não seriam nobres. Mas com
pressupostos corretos. Falar sobre isso é muito fácil, e parece até óbvio
dentro do meio cristão. Entretanto, ser, na prática, líder-servo, conseguir,
realmente, liderar através da humildade, é muito difícil. E é aí que entra a
utilidade do livro de Wilkes. Ele procura nos ensinar o “como”.
Neste chamado para a liderança servil que Wilkes vê no
exemplo de Cristo, esse autor leva o leitor a compreender sobre como liderar
servindo, através de sete princípios, os quais ele nomeia através dos
imperativos: a) submeta seu coração; b) seja primeiro um seguidor; c) descubra
a grandeza no serviço; d) corra riscos; e) pegue a toalha; f) compartilhe
responsabilidades; e g) forme uma equipe. Nisto, Wilkes ensina sobre como ser
humilde, como aprender a esperar, como ser um seguidor, como ser equilibrado na
busca pela grandeza, como correr riscos, como liderar na condição de servo,
como compartilhar autoridades, como preparar outros para servir e como um líder
servo pode formar equipes de trabalho.
O livro é muito prático. Mas mesmo sua visão filosófica é,
não somente impactante, bem como influenciadora. Na parte final há uma seção de
ideias contemporâneas sobre a liderança servil, a qual eu confesso que nunca
usei. Mas outra coisa eu também confesso. Desde que li este livro, há quinze
anos, nunca mais o esqueci, e ele nunca mais deixou de influenciar os meus
atos. Depois deste, já li centenas de outros livros dos quais esqueci.
Entretanto, “O Último Degrau da Liderança” continuou acompanhando-me por todos
estes anos porque quebrou meus paradigmas, mudou meus pressupostos e me deu uma
nova cosmovisão. Nova não somente no sentido da filosofia que eu tinha
anteriormente, mas também no sentido de que, a cada interação como o mundo que
me cerca ou com o raio de influência que está sob mim, isso é novo para os
tais. Procuro liderar servindo, e devo a esse modelo de Jesus à alegria que já
tive até aqui na minha carreira.
Eu não recomendo ao leitor a leitura deste livro apenas.
Recomendo veementemente, além da leitura, o câmbio dos das pressuposições e a
operacionalização prática deste modus-operandi totalmente liminar, mas
seguramente eficiente como um diferencial superior sobre todos os demais
mesmismos convencionais de liderança. Os dados bibliográficos deste livro são: WILKES, C. Gene. O Último Degrau da Liderança: descobrindo os segredos da liderança de Jesus. São Paulo - SP: Mundo Cristão, 2000. 271 páginas.
Que Deus abençoe tanto a você quanto a tudo que está sob o
seu raio de influência,
Pr. Valdeci Júnior.