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domingo, 18 de janeiro de 2015

Eu Sou a Mensagem!

Veja o tema do Ministério Jovem 2015!



Canção inspiradíssima, 

Um abraço,
Pr. Valdeci Jr.

Acesse também: MÚSICA ADVENTISTA.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Melodias dos Salmos: Onde Encontrá-las?

Na sua cultura. Você acha que Deus não teria o poder de preservar a musicalidade de cada canção da época bíblica? Claro que sim! Basta olhar para a própria história do cânon sagrado e sua preservação para se ter esta evidência. Mas realmente, apesar de que os Salmos tivessem uma melodia própria, com o passar do tempo este conhecimento, passado de geração para geração, se perdeu, sendo que Deus preservou tantas outras coisas.  É possível que algumas músicas hebraicas relembrem alguns aspectos das músicas dos Salmos, mas não temos como saber com certeza qual era a melodia de cada um.


Acontece que a música é uma expressão cultural e uma linguagem contextual. A musicalidade de uma canção religiosa é apenas o canal pelo qual passa a mensagem, que é a letra. Ou seja, o importante de uma música é a letra. Por que Deus importou-se tanto em preservar a letra das canções e não se importou em conservar a melodia? Porque num cântico, o que mais importa é a letra. A letra leva o princípio. E a musicalidade a traduz para o contexto, se estiver acomodada ao que seja entendível. Essa é a mesma razão, também, pela qual o Apocalipse já nos adianta várias letras que serão cantadas nas bodas do Cordeiro mas não nos revela qual será a musicalidade das mesmas. Se a conhecêssemos teríamos a tendência de já tentar usar hoje um canal alienado da realidade que aqui vivemos.


E na transmissão da mensagem do evangelho, a mensagem precisa ser contextualizada. Tal contextualização adotará a abordagem mais apropriada de acordo não somente com o contexto, mas também com a cultura. Em tudo aquilo que não fere princípios eternos e mandamentos de Deus, cada cultura deve ser respeitada em seus fatores. E música não é mandamento nem ponto de salvação. Não existe a doutrina bíblica da música. Portanto, outro grande proveito da ação divina em fazer questão de não ter conservado a melodia das canções bíblicas é o respeito pelas culturas. Cada povo, em cada época, expressa e transmite seus valores com musicalidades distintas. Tem havido tentativas modernas de colocar música nos Salmos. Estas iniciativas são muito boas, pois tentam restaurar o poder que havia nestes belos poemas que eram musicados, mas agora de acordo com a atual contemporaneidade. A igreja tem seguido esse princípio.


Então, se você me pergunta: “Qual deve ser a melodia dos Salmos?” Eu lhe respondo: “As melodias da sua cultura, adaptadas às letras das Escrituras, ou vice-versa”. Siga um princípio estabelecido pelos próprios salmistas: “Cantai um cântico novo ao Senhor”. Afinal, Jesus condenou as vãs repetições. Nós não estamos na Judéia da Idade Antiga, portanto, não fique preocupado com isso, e modernize a canção bíblica, preservando somente seu princípio, que está na letra. Bom referenciais para isso podem ser vistos, por exemplos, nas produções da Gravadora Novo Tempo, através dos ministérios de louvor “Está Escrito”, do “Daniel Ludtke”, “Adoradores”, etc. Comece a usar isso bastante nos cultos pessoais e na sua igreja, e depois de um tempo vocês também terão a facilidade pra musicalisar muitos salmos. Um dos meios de chegar, ainda que palidamente, mais perto dos louvores dos salmistas é observar que instrumentos eles usavam. Os salmos são imperativos em instruir que instrumentos usar. Verifique isso na sua Bíblia, faça a lista e monte uma banda contemporânea. Talvez você não encontrará os mesmos instrumentos, mas pegará os instrumentos da sua cultura que produzam os mesmos efeitos daqueles listados nas Escrituras.  E quando fizer isso, descobrirá que poderá, desde que o faça com bom senso, usar todos e quaisquer instrumentos. Quais são os instrumentos da sua cultura? Os salmistas usavam os instrumentos da cultura do antigo Oriente Médio, contexto em que viviam. Passe a usar os instrumentos do seu contexto cultural e você estará seguindo os salmistas no princípio e não no pé da letra. Depois, quem sabe, talvez, quando chegarmos ao Céu teremos a oportunidade de saber quais eram as melodias originais dos salmos. Mas com certeza teremos novas musicalidades para louvar a Deus. E, mais importante do que os detalhes técnicos, é o louvor.


Aí vem outra bênção em Deus não ter permitido que as melodias dos salmos se conservassem através da História. A escritora cristã Ellen G. White disse que no final dos tempos Satanás faria da música um laço na igreja. E a arapuca já pegou os muitos ultra-conservadores. O Diabo coloca o camarada que é conservador em extremo pra ficar achando pêlo em ovo no assunto da música e o faz perder o tempo em preparar e apresentar o conteúdo do evangelho aos que carecem da salvação. Há muitos extremistas que ficam presos nesse laço e endeusam mais a discussão da filosofia da música do que se preocupariam em exaltar o Cordeiro e pregar a mensagem do Advento. E nisso há muita briga inútil. Alguns são levados a pensar que estilo tal ou instrumento tal seriam um falso testemunho. Essas críticas e discussões inúteis é que são um verdadeiro falso testemunho dentro do cristianismo. Agora, já pensou se as melodias originais estivessem aí? Tais extremistas se tornariam também idólatras, radicalizando o sacramento das mesmas. Não conhecermos a musicalidade praticada pelos personagens bíblicos ameniza essas vãs contendas. Afinal, não existem estilos musicais sacramentados em si próprios, em detrimento de outros supostos estilos que seriam, por si mesmos, "do mal". O que manda é o contexto, e ponto final.



A igreja tem se contextualizado bem. Observe o que a igreja tem feito oficialmente, o que ela tem produzido em suas gravadoras, com seus ministérios e com seus cantores, e siga o exemplo. Tenha como seu maior modelo, Cristo. Ele nunca perdeu tempo filosofando sobre música, mas dedicou tempo para cantar. Você quer, um dia, cantar o cântico do Cordeiro? Entregue hoje o seu coração a Jesus, a fim de que possa ir para a eternidade quando Ele voltar. E lá você cantará, com todo o Universo salvo, o cântico de Moisés. Que você possa louvar Aquele que é o Único Digno, por toda a eternidade.


Um abraço,


Pr. Valdeci Jr.

Leia Também: Música Adventista

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Convite Para Gravação do DVD do Coral Jovem de Caxias do Sul.


Este convite é para você:





Você está convidado para participar da gravação do DVD do Coral Jovem de Caxias do Sul assistindo ao espetáculo que acontecerá neste próximo domingo, dia 24 de agosto de 2014, no teatro da Universidade de Caxias do Sul. Adquira seu ingresso pelo telefone (54) 9968.1018. Saiba mais detalhes em

Gravação de Show do Coral Jovem de Caxias do Sul


Um abraço,

Pr. Valdeci Jr.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Gravação de Show do Coral Jovem de Caxias do Sul

O Coral Jovem Caxias do Sul grava o DVD Escolhi, dia 24, às 20h, no UCS Teatro, em Caxias do Sul. O coral apresentará músicas gospel que carregam uma mensagem de paz, através de letras que falam do amor de Deus. O Coral conta com 134 integrantes e será regido por Samira Prigol Almeida.

Os ingressos, a R$ 25, devem ser solicitados pelo telefone (54) 9968.1018.


Fonte: Jornal o Pioneiro, de Caxias do Sul: http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-tendencias/almanaque/noticia/2014/08/coral-jovem-grava-dvd-dia-24-em-caxias-do-sul-4568183.html


Não perca seu ingresso!


Baixos!


Divulgue no seu Face


Banda! 


Contraltos!


Jovens de Jesus!


O Coral + Lindo do Mundo!


Sopranos!


Tenores!

domingo, 3 de agosto de 2014

PERANTE O TRONO DE DEUS

Hinos ao Pai e ao Filho

Apocalipse 4 e 5

João, na ilha de Patmos, provavelmente, estava entre prisioneiros, com a cabeça cheia de dúvidas, por assuntos familiares, políticos, de sobrevivência, etc. Mas enquanto ele estava naquelas circunstâncias difíceis, Deus lhe deu uma visão que nos serve de exemplo para, em nossas dificuldades, olharmos para a Terra sob a perspectiva do Céu. Nestes dois capítulos, isso acontece em cinco hinos.

No primeiro hino (Ap. 4:8) os quatro seres viventes estão perante o trono clamando “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus Altíssimo, que foi, que é, e que há de vir”. No segundo hino, aparecem os 24 anciãos (Ap. 4:11). No capítulo cinco, estes dois grupos se juntam (vs. 9 e 10) – terceiro hino. O quarto hino é cantado com os anjos (5:12) e quinto (5:13b) por toda a Criação.


Temos apenas as letras dos hinos, lindas! Ah, se pudéssemos saber a música! É bom que não tenhamos a melodia, para que assim cada um possa cantar tais hinos segundo seus fatores culturais contextualizados musicalmente, pois o que importa é realmente a letra. Mas na execução, o interessante é que aqui temos o Crescendo. Note a ordem pela qual o show musical vai acontecendo: primeiro, canta o Quarteto do Céu, depois entra um Conjunto, em seguida o Coral, depois uma grande congregação se junta, para, por fim, se ver a Criação inteira reunida na música. Há uma ampliação de poucos para muitos cantando.

Há similaridades nas letras dos hinos, bem como diferenças. Para quem são os hinos? O primeiro e o segundo são para o Pai. Já o terceiro e o quarto são para o Filho. E por fim, o quinto hino é tanto para o Pai quanto para o Filho.  O segundo e o terceiro começam com a expressão “Digno és Tu”, um para o Filho, outro para o Pai.

No primeiro hino, a palavra Santo se repete três vezes, o que coincide com três nomes que aparecem para Deus: O Senhor Deus, o Altíssimo e Aquele que era, que é e que há de vir. É um desenrolar trino de santidade.

No segundo hino a expressão “Tu és digno, nosso Senhor e Deus, de receber...” descreve o que Ele faz. Ele recebe glória, honra e poder porque criou todas as coisas, por sua própria vontade. Este segundo hino, ao mostrar o Deus criador, mostra que a nossa vida não é um acidente, não veio do nada. Aquele que nos criou é capaz de nos recriar. Nossa vida tem um significado. Podemos viver em comunhão com o Criador, num relacionamento de Pai e filhos. E assim, as perguntas importantes da vida (De onde viemos? Para onde vamos? Por que estamos aqui?) são respondidas.

No terceiro hino, temos a referência a Jesus como nosso Salvador. Por isso é um Cântico Novo! O cordeiro é nosso evento. Estamos livres, não sendo mais escravos do nosso próprio eu, da culpa, da morte ou do pecado. Tudo que precisava já foi feito por nós. Então, porque não cantar, e louvar Seu nome?

O quarto hino traz sete elementos de louvor: poder, riqueza, sabedoria, força, glória, honra e louvor. Há um desdobramento coincidente de louvor. O tema da salvação é novamente enfatizado, mas com mais elementos, ampliando, mas continuando a correspondê-los. O Filho e o Pai são inseparáveis em suas personalidades de uma só divindade. Jesus é adorado como Deus, na adoração central do Apocalipse. No Centro da adoração do capítulo quatro, Deus é adorado como Criador; e no centro da adoração do capítulo cinco, Jesus é adorado como Salvador. Sem Criação não há Salvação.

O quinto hino, que envolve toda a Criação, descreve Deus como o Senhor que imana. Ele veio para o mais perto possível da humanidade. E no tempo oportuno, Ele se tornou um de nós, limitado, dependente dos outros e vulnerável. De novo, Ele recebe, de todos, o louvor. Sua condescendia é enigmática para nós. Mas os seres humanos podem aprender de sua grandeza e de sua proximidade. Deus é tanto transcendente quanto imamente, de perto e de longe, o soberano governador e o amigo chegado. Se faltar um desses aspectos, Deus não será suficiente na vida da pessoa. Deus nos Criou, e não quer nos perder. Ele quer nos salvar. Ele nos ama!

Este texto são anotações que fiz da palestra do Dr. Ekkehardt Mueller realizada em Porto Alegre em 02 de Agosto de 2014.

Leia Também: Música Adventista.

Que Deus lhe abençoe,

Pr. Valdeci Jr.

sábado, 19 de julho de 2014

ADORAÇÃO ADVENTISTA: A Música Em Espírito e em Verdade

Enquanto escrevo este texto sou elevado para mais perto do Céu através de David Phelps, ouvindo o que há de melhor dele na web. Cada música, mais inspiradora que a outra. É como Ernest Castillo escreve no prólogo de En Espíritu y en Verdad, sobre “un canto nuevo”, que vem a inspirar. Quando vamos atrás da prática da música contemporânea estamos simplesmente sendo obedientes à ordem bíblica: “Cante um cântico novo a Jeová, toda a terra” (Salmo 96:1). Aí está a inovação global do louvor.

Por isso, Jesus quebra a linha de raciocínio da mulher samaritana que via separatismo entre povos por causa da exaltação de determinados gostos preferenciais litúrgicos como tendo algo de bom “do lado de cá” e formas erradas “do lado de lá”. “Muitos têm deixado de crer na proposta que os seguidores de Jesus oferecem, porque em vez de encontrar a água viva que sacia a sede da alma, encontram apenas um conjunto de ritos, formas e cerimônias externas que não satisfazem”, escreve Adriana Perera no primeiro capítulo deste abençoadíssimo livro, ao comentar a declaração de Ellen G. White: “A religião não tem que se limitar a formas ou cerimônias externas”. E neste capítulo, apoiada em White, Perera deixa clara a advertência de que não existe essa de que os adventistas do sétimo dia sejam de Deus e demais cristãos não o seriam, só porque adoram de maneiras diferentes. Por isso, o louvor deve ser o caminho transcultural que deve levar todos a Cristo.

Esta universalização do louvor deve vir no respeito às diferenças. Unidade nas diversidades, tanto geográficas quanto históricas. É então que Lilianne Doukhan conduz o leitor da visão global presente para a análise todo-abrangente cronológica. No segundo capítulo deste livro (publicado pela editora oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia em seu país de origem há menos de um ano), ela apresenta “a música da igreja através da história”. Vale a pena destacar que na época dos pais da igreja “segundo documentos desse tempo, os hinos... provinham da música secular. Esta técnica foi usada repetidamente pelos reformadores ao longo da história, e seu uso permitia que a congregação pudesse cantar sem necessidade de aprender a toada, pois já estavam familiarizados com ela”.

Portanto, em seus primórdios a igreja não tinha essas discussões e preconceitos musicais como nos moldes atuais. O catolicismo enfiou isso no cristianismo. Foi no “Concílio de Laodícéia (c. 363-364 d.C.)” que “decidiram proibir tudo, incluindo o cântico congregacional na igreja”. E assim a Igreja privava o povo não somente de aprender através do que poderiam obter da leitura bíblica, mas também de louvar através do que poderiam expressar através da música.

Até que veio a Reforma. “Lutero... deu aos crentes a oportunidade de se unirem em cântico congregacional”.  E então, “as boas-novas eram comunicadas mediante o uso de toadas populares e conhecidas. Existiam distintos gêneros usados para este propósito”: Volkslied (canto popular), Volksballad (a balada popular), Hoflied (o canto da corte) e o Gessellschaftslied (o canto social). “Lutero usava melodias provenientes de todos estes tipos de canções para espalhar o evangelho”. Ele era missional. “Usar melodias emprestadas era uma prática artística comum na época de Lutero, mas também era uma forma de expressar as crenças de Lutero acerca da função da Igreja no mundo. Para Lutero, toda música era espiritual, ou seja, útil para a teologia. Se a igreja quisesse alcançar o mundo, necessitava ser capaz de se comunicar na linguagem do mundo”.

Sem alienar-se, o pai da Reforma protestante era contextual. “Lutero também usou os ritmos vivos característicos do seu tempo”. E isto espalhou-se na contrafacta. Na Idade Média, “os grandes compositores de motetos e missas, com frequência usaram canções populares ou seculares conhecidas como base para suas obras religiosas”. E assim, as “melodias populares eram escolhidas pelos compositores por serem doces e porque as pessoas estavam familiarizadas com elas”. Ainda mais, “as toadas também eram usadas para substituir letras pecaminosas por letras religiosas, para que assim as pessoas se esquecessem das canções imorais e se lembrassem das novas”.

Hoje, muito tempo depois, alguns perguntam sobre a canção Castelo Forte. Em “sua versão rítmica original” era “cheia de dinâmica e ritmo enérgico”. Por quê? Porque “Lutero desfrutava de cada aspecto da vida e de suas alegrias. Por esta razão, as melodias de Lutero, tanto as originais como as emprestadas, se caracterizavam por seus ritmos vivos e pela sincopa”. E prosseguindo no tempo, “uma análise da música do século XVII mostra que persiste o elemento rítmico na maioria das composições sacras”. E “quatro séculos depois da Reforma, os músicos continuaram compondo hinos com base nos modelos populares seculares, com novos textos”. Mesmo no Metodismo (que, em muitos aspectos, concebeu o Adventismo), “Wesley tomou toadas emprestadas dos corais luteranos, da música clássica e das árias de ópera”. Como dizia William Booth, “não me importa se a chamas de secular ou de sacra”.  E assim sempre foi. “Nos movimentos de reavivamento do século XIX”, usavam “uma linguagem sensível, melodias de tipo folclórico, fáceis de ensinar e contagiosas”. E “durante o século dezenove”, época dos nossos pioneiros, “a adoração e a música estavam agora nas mãos das pessoas comuns, que juntaram melodias do repertório folclórico e da música popular”. Por que hoje deveria ser diferente?

O que Ellen White diria sobre isso tudo? É aí que entra o rico artigo de alguém que é teólogo e musicólogo e, ao mesmo tempo, profundo amante e defensor da IASD. E neste terceiro capítulo do livro En Espíritu y en Verdad, Elena G. de White y la Música, o autor coloca que “quando Ellen White nasceu... as reuniões campestres... se caracterizavam pelo entusiasmo e a espontaneidade, onde os gritos de ‘glória’ e ‘aleluia’ e os hinos cantados com fervor, a capela ou ao som de órgão, reforçavam os fortes chamados dos pregadores à conversão e à santidade”. E mais especificamente quanto à música, “a hinódia adventista convertia o culto em um momento de grande entusiasmo e fervor, marcado por expressões animadas como ‘glória’ e ‘aleluias’. E Tiago White gostava de cantar tais hinos de maneira contagiosa, marcando o ritmo batendo na Bíblia”. O capítulo tem ainda um exercício hermenêutico quanto à famosa e polêmica citação de Ellen White sobre ao contexto da ‘carne santa’ em Indiana, na projeção futura quanto aos ‘gritos, com danças, músicas e tambores’, trazendo o leitor a uma compreensão correta do texto.

E a utilidade de tal capítulo se compreende na análise da posição de EGW quanto à música sacra (congregacional e devocional) e também à música em geral, na aplicação para nossos dias. “Neste momento prometedor para a música adventista, faria bem a nós, músicos e líderes, recordar nossa história, não deixando de lado a herança preciosa dos hinos tradicionais, e incorporando novas composições que... ajudem a evitar os excessos causados pelo emocionalismo na adoração”. O melhor de tudo deste capítulo é a vasta bibliografia que ele apresenta.

O que você acha do Hinário Adventista do Sétimo Dia? Temos a resposta de Miguel A. Valdivia quanto a isso em relação ao hinário em espanhol. Talvez o leitor brasileiro possa pensar sobre o que isso teria a ver com ele. A questão é que os princípios seguidos pela igreja são os mesmos. E os aproveitamentos que o adorador adventista pode ter do hinário de sua igreja também se assimilam nas mais diferentes culturas, línguas e lugares do mundo. O que o autor coloca neste artigo é sobre a postura do adventista quanto ao hinário de sua igreja nas implicações para a vida diária cristã, para a comunhão coletiva da comunidade de crentes e para o cumprimento da missão, na consciência de que “a igreja vai incorporando mudanças em sua vida litúrgica”, porque as doxologias e formas de adoração, com o tempo, evoluem.

E é aí que entra Homero Salazar, falando sobre o “ministério da música na igreja” e a importância do mesmo. Assim, ele apresenta a música na igreja primitiva e compara com a música na igreja da atualidade. Como deve ser o louvor congregacional? Os ensinos de Salazar são práticos, claros e diretos ao ponto. Por exemplo: você acha que qualquer hino serve para ser cantado em qualquer ocasião? Ele explica sobre os bons usos e os usos equivocados  do hinário. Ele mostra como os cânticos poderiam (e muitas vezes acontece) ser usados de forma errada. Para isso, abre uma explicação muito boa sobre as diferentes naturezas dos cânticos de adoração, cânticos de louvor, cânticos de edificação, cânticos de motivação missionária, cânticos para evangelização, cânticos para ocasiões especiais e cânticos para fortalecer os valores morais. E ao concluir o capítulo falando da bênção dos cultos múltiplos e compartilhando sua experiência pessoal, o autor termina refletindo no desafio que é para a IASD o lidar com os conflitos e transições de gerações no sentido de manter a tocha brilhando até que Cristo venha.

"Existem os Instrumentos Satânicos?" Este é o capítulo seis de “En Espíritu y en Verdad”, escrito por Hugo Chinchay, que tem tanto formações teológicas quanto musicais e administrativas nas melhores universidades adventistas de sua (nossa) cultura religiosa. “Ele tem dirigido coros, grupos musicais e cantado em quartetos e grupos por mais de 25 anos”, sempre sendo um obreiro de destaque no trabalho integral em servir à IASD. Para responder à pergunta, o autor faz uma profunda análise dos “instrumentos musicais na Bíblia”, e uma dedicada e didática exegese de 2Crônicas 29, quanto aos “Instrumentos do templo” e as orientações do Senhor. Se ele trata da percussão? Exatamente isso, pois o zelo de Chinchay pela igreja é muito grande. Por isso, apoiado em “Ellen White e os instrumentos musicais”, esse pastor especialista em música reflete sobre o delicado assunto da “associação entre instrumentos e música” e termina com uma lista prática e instrutiva de “pautas para a introdução de novos instrumentos”, exortando que, “finalmente, nunca nos esqueçamos de que a voz da congregação é mais importante que qualquer instrumento musical”.

E acima disso, está a importância da mensagem que é comunicada, direta ou indiretamente pela adoração. Por exemplos. Você sabe dar uma resposta adventista quanto ao que vem a ser uma “mensagem subliminar”? Já ouviu falar de James Vicary e de seu pioneirismo nas mensagens subliminares da publicidade? Você sabe o que a Ciência diz sobre as mensagens subliminares? Será que pode haver, ou não, uma mensagem subliminar em uma canção que nos introduza a uma conduta inapropriada? São estas as respostas que Josué Cortés, formado em Ciências e doutorado em Medicina, dá no sétimo capítulo do livro editado por Perera. Alguém já lhe chamou pra ouvir uma música tocada ao revés e descobrir que mensagem há no “pano de fundo” daquela gravação? Como se grava isso? É intencional ou acidental? Ou seria espiritual do mal? É perigoso? Isto existe mesmo? Existe isso em músicas religiosas também? Só para o mal, ou para o bem também? Que efeitos tais gravações podem ter sobre a nossa vida? Vou deixar você estudar profundamente esse assunto lendo este texto deste doutor no seu próprio livro, pois como ele mesmo diz: “Tenhamos a atitude ‘bereana’ de investigação. Amemos sempre a verdade e suspeitemos sempre do sensacionalismo espiritual”.

O ponto alto do livro é o capítulo oito, que trata de falar sobre “A Música e a Adoração”. Afinal, este é o tema da obra. André Reis é um verdadeiro ministro de música adventista, que tem escrito em periódicos oficiais da igreja e palestrado oficialmente por Uniões e Universidades adventistas que o convidam para ensinar exatamente sobre o tema em questão. E realmente precisamos de instrução, porque “se bem que Deus tenha criado a música, não deu instruções específicas para compor música estritamente ‘divina’. O estilo da música não é uma preocupação tratada nas Escrituras Sagradas”. E ao analisar o desenvolvimento da liturgia ao longo da história, Reis coloca que “este silêncio da Bíblia não é acidental”. Por quê? Você vai descobrir lendo o livro. Mas diante de tantos desafios, ele aconselha que “devido a tantas linhas de pensamento que prevalecem na igreja adventista sobre o papel da música no culto, a melhor estratégia é desenvolver princípios musicais fundamentados nos conceitos bíblicos de adoração”.

Ao analisar “os princípios do culto cristão”, com profunda busca bíblica, Reis evidencia que “o culto cristão tem que ser” cristocêntrico, racional, edificante, exultante e transformador. Uma rica cadeia sistemática de passagens bíblicas é disponibilizada ao leitor para esse entendimento. Mas como construir, na prática acertada, esse tipo de musicalidade eclesiástica hoje, dentro do contexto em que estamos? Aí está o melhor do livro, em dar o passo-a-passo bem útil a ser aplicado, para que, “na igreja, a música, em vez de ser um ponto de divisão”, possa, “na realidade, unir a igreja”.

E falando em princípios, a editora do livro tem também, na sequência, a autoria de um capítulo sobre “as mensagens da música”. Ela instrui sobre como que na mensagem musical deve haver os princípios da qualidade, da participação, do propósito e da pertinência. Além de ensinar os detalhes sobre cada um desses tópicos, Perera explica que “o que é apropriado para uma cultura pode não o ser para outra, e o que é conveniente em uma congregação pode causar confrontação em outras. Paulo segue escrevendo em 1Coríntios 10:32-33: ‘Não sejais tropeço nem a judeus, nem a gentios, nem à igreja de Deus; como também eu em todas as coisas agrado a todos, não procurando meu próprio benefício, mas o de muitos, para que sejam salvos’”. Quanto à mensagem verbal, a mesma autora ensina como fazer com que a mesma tenha os princípios da criatividade, da memorização, da compreensibilidade e da verdade, seguindo as instruções de 1Conríntios 14:15-17.

Sabe aquelas associações mentais que a gente faz ligando determinadas tomadas musicais com determinados contextos? “A música não tem um ‘significado intrínseco’ que seja entendido por todas as pessoas da mesma forma e em qualquer tempo e lugar. Portanto, as associações dão significado à música, e estas variam com o tempo. A música pro órgão, por exemplo, era usada nos circos e festas romanas nos séculos II e III. E no século XVIII ainda não se aceitava o órgão em muitas igrejas cristãs, por ter tais conotações pagãs. No nosso século, o órgão é considerado o rei dos instrumentos litúrgicos no mundo cristão, e está estreitamente associado às catedrais e aos templos. Se as associações nunca tivessem mudado, o órgão ainda hoje seria associado à música de fundo que os mártires cristãos que morriam no circo romano escutavam, e deveríamos tirar os órgãos das nossas igrejas por esse motivo”. A música é uma linguagem poderosa que, embora composta por diferentes mensagens, deve comunicar, em nós e através de nós, Jesus.

E quais são os efeitos da mesma? Uma peça musical pode trazer diferentes efeitos de comoção. Os sentimentos de uma peça musical podem ser refletidos fisicamente, no corpo. Podem afetar a mente. O que é melhor para o cérebro pode variar entre tocar um instrumento e escutar uma música. Depende de uma série de fatores. Existem vários autores que podem fazer-nos enxergar os porquês de a música estimular as emoções, a partir de diferentes prismas. Qual deve ser a nossa resposta? A memória desempenha vários papéis na música que escolhemos escutar, pois a música possui um elemento surpresa capaz de criar várias coisas no ouvinte, como por exemplo, o prazer. Baseados nas reações às músicas que escutamos, podemos dizer que existem músicas intrinsecamente boas ou más? Por quê? Respondendo a estes questionamentos, a professora Lourdes E. Morales Gudmundsson leva o leitor a refletir sobre “como podemos escolher a música que melhor contribua para uma vida cristã nobre e positiva”, no capítulo 10 de “En Espíritu y en Verdad”.

Mas nada melhor do que um dos nossos maiores teólogos para nos falar sobre a adoração e sua natureza prática na Igreja Adventista: Ángel Manuel Rodriguez. Doutorado em teologia pela Andrews Universitiy, ele atuou na docência universitária como professor, decano acadêmico e presidente de universidade, sendo que por uma década foi o diretor do Instituto Mundial de Pesquisa Bíblia da Igreja Adventista, tendo contribuído para os adventistas com vários livros e dezenas de artigos. E neste livro, En Espíritu y en Verdad, ele soma-se aos demais autores para levar o leitor a refletir sobre: a) qual vem a ser a conexão entre o mandamento do sábado e a adoração a Deus; b) de que maneira podemos avaliar os elementos do serviço de adoração para preservar o princípio de que Deus é o verdadeiro centro da adoração; c) quais são os elementos mais importantes da adoração na IASD; d) de que maneira a postura corporal demonstra a natureza integral da adoração; e e) qual é a resposta chave que deve nos levar a determinar o que vem a ser apropriado para o culto.

É um desafio! Principalmente quando aparece por aí essa tal de MCC: Música Contemporânea Cristã. Novamente Perera, mostra mais curiosidades indispensáveis ao leitor sobre a evolução da adoração. “Nossos hinos protestantes provêm da reforma litúrgica em que Martinho Lutero reage contra o canto gregoriano. Não obstante, estes hinos foram consideramos ‘profanos’, ‘sensuais’ e ‘mundanos’ pela igreja oficial do século XVI. Por outro lado, existem numerosos compositores que escreveram obras seculares com a mesma estrutura musical do coral ou hino luterano, mas com letra secular e em um contexto musical não religioso. Talvez não seja necessário mencionar a Cantata do Café de J. S. Bach, o Ode to Joy de L. V. Beethoven, o Va Pensiero de G. Verdi, o O Fortuna de C. Orff, etc.”. Por isso Paulo aconselha: “Não se conforme com este século!”. E o salmista completa: “Cantai um cântico novo ao Senhor”. O que Jesus faria se estivesse no nosso lugar? É exatamente esta resposta que Perera persegue para então arrazoar sobre música e cultura, sobre a delimitação dos limites e sobre o propósito da MCC.

Indo mais ao ponto, o que você quer saber é sobre “como escolher o estilo musical apropriado para sua igreja”. Janette Rodríguez Flores é profundamente bíblica (com espesso embasamento em EGW também) ao redigir esta resposta. Ela trabalha com as seguintes questões: a) que elementos influem sobre nosso gosto musical? b) que impacto tem o grupo em geral do que se forma parte sobre o estilo de música do indivíduo?; c) como podemos aplicar o princípio de Romanos 12:10 no contexto da adoração entorno dos estilos musicais; e d) será que é apropriado que o estilo de adoração varie segundo a congregação? “Oremos e busquemos ativamente criar um espírito de unidade na nossa igreja local mediante a escolha de estilos que sejam adequados para toda a nossa congregação”, abaliza esta mestra na música adventista.

Há poucas semanas, participei de um acampamento de jovens cristãos. Muitos talentos musicais reunidos. Tivemos os programas espirituais na sexta à noite e no sábado. E estava proposto que para o sábado à noite teríamos uma hora social temática de festa da roça. Foi natural, pegarmos os violões e cantarmos músicas caipiras, “da terra”, e sertanejas, cujas letras não ferissem nossos princípios. Mas uma pessoa presente “rasgou as vestes”. E a consequência de sua atitude, que não foi das mais felizes, foi, em certos aspectos, de uma negatividade desnecessária à comunidade, por vários dias posteriores. Tudo por desinformação quanto ao assunto sobre “a música secular na vida do cristão”. E eu não tiro a razão, quando temos tão pouco escrito sobre o assunto. Mas agora não vamos mais precisar ter desculpas. Rafael Rodríguez Chalas, doutor, ministro de música, professor e violonista clássico, mostra a música secular à luz da Bíblia, da Reforma e do adventismo, levando o leitor a conclusões equilibradas.

Porque precisamos que o espírito de união reine entre nós. Por isso, Flores volta com mais um capítulo (15) levando o adorador a refletir da uniformidade à unidade tanto na adoração pessoal quanto na pública. Mais Bíblia e mais Espírito de Profecia, para discutir sobre os pertinentes questionamentos: Qual é o papel do louvor na devoção pessoal do crente? Quais são alguns exemplos do uso da música na adoração pessoal? O que os salmos 38, 45, 54, 55 e 71 poderiam nos ensinar? Será que o processo de louvor começa com uma pessoa, e vai se expandindo, como e até onde? A leitura do salmo 105 é muito importante para refletir na explicação de como é o convite à comunidade religiosa para que se una em adoração. “A Bíblia nos provê lições práticas e reveladoras para desenvolver uma vida de devoção pessoal e coletiva. Para isso, o coração deve estar livre de egoísmo. Devemos buscar o que beneficia a congregação, e não o que eu prefiro ou o que me fala no âmbito pessoal”. Resultado? “Unidade na diversidade, graças ao amor de Deus”.

“Como Organizar o Ministério da Música e da Adoração em sua Igreja?” É o capítulo 16, com o pastor e doutor Andrés Flores. Ele explica sobre “como apoiar a equipe de música e adoração”, colocando qual é o “papel do pastor e da comissão da igreja”, nos sentidos de urgência e de liderança quanto aos recursos, o respaldo e a confiança da igreja e o apoio espiritual. Ensina também sobre “como formar uma equipe de música e adoração”, desde a escolha do líder até os demais componentes, a visão desta equipe, a colaboração do pastor e a orientação bíblica que tal ministério deverá seguir. Por fim, dá várias dicas de recursos práticos que podem ser buscados para a equipe de música e adoração da igreja, mostrando qual é o resultado que pode ser alcançado com um programa de música bem organizado que seja compreensível, original e espiritual, o que se pode fazer pra desenvolver a capacidade dos líderes de adoração e de que maneiras se pode facilitar a comunicação e a colaboração entre a equipe de adoração e o pregador.

É com muita emoção que chegamos ao último capítulo de “En Espíritu y en Verdad” com Alejandro Bullón. Ele faz uma exposição sobre “as emoções na adoração”. Ao ler o que este grande pastor e escritor escreve, o leitor é levado a refletir sobre: a) o que implica o conselho de EGW acerca de que se deve cultivar a voz para que “resulte agradável ao ouvido e impressione o coração”; b) como podemos distinguir entre as emoções santificadas e as emoções pecaminosas; c) quais são os perigos do emocionalismo; d) o atual desafio da igreja hoje, que “não é adotar um estilo de adoração para o corpo universal, mas respeitar a diversidade das culturas que formam parte da nossa grande família”; e e) o maior milagre que Deus pode fazer no coração dos cristãos.

No apêndice do livro está um documento sobre a “Filosofia de Música Adventista do Sétimo Dia”, votada oficialmente pela instituição, pois o livro En Espíritu y en Verdad “não propõe mudança alguma à teologia ou às doutrinas da IASD. Todos os autores são obreiros ou leigos ativos da IASD com um profundo respeito pelos regulamentos e políticas da igreja” e pelo Espírito de Profecia da mesma. “Mas a hora vem, e é agora, quando os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em Espírito e em Verdade; porque o Pai também busca por tais adoradores que assim O adoram” (João 4:23).

Eu comprei esse livro e em poucas semanas o li duas vezes. Portanto, lhe aconselho que acesse o site Amazon e compre já o seu exemplar deste livro (PERERA, Adriana (Ed.). En espíritu y en verdad: la música y la adoración en la Iglesia Adventista delSéptimo Dia. Nampa, Idaho: PacificPress Publishing Association, 2013, 176 páginas) e leia-o, o mais rápido possível. Faça-o sempre em oração, para que tudo isso redunde em bênçãos missionais para você e para sua igreja. E que Deus o abençoe! Agora, chega de David Phelps, e vamos dormir ao som de Leonardo Gonçalves!


Um abraço,
Pr. Valdeci Jr.



terça-feira, 10 de junho de 2014

Ellen White Era Contra a Bateria Na Música Sacra?

Além da postagem abaixo, compensa verificar também "Música Adventista - Clique Aqui".

Ellen White e a Bateria Na Musica by sales402

Música Contemporânea X Fogo Estranho

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Tambores e Os Instrumentos do Senhor

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Como Fazer Um Ministério de Louvor

Acaba de ser lançado oficialmente pela União Sul Brasileira da IASD, este excelente material, produzido por Fernando Iglesias: Ministério de Louvor, Como Fazer? Um treinamento completo, prático, equilibrado, e sem os extremismos que rondam por aí, na marginalidade da discussão filosófica iasdiana. O mais esclarecedor é a prática oficial e geral da igreja. Portanto, vamos distribuí-lo em massa para aqueles que fazem a música na igreja acontecer.




Um abraço,
Pr. Valdeci Jr.

Leia Também: Música Adventista

O que fazer com a Música na Igreja?

O que fazer com o assunto da música na igreja?

Uma boa resposta vem deste sermão do Pr. Fernando Iglesias: "Unidade No Amor". Clique, assista, e mude o seu jeito de pensar, como Paulo pede em Romanos 12:1-2.

Leia também: "A Bateria e a Inspiração".

Um abraço,

Pr. Valdeci Jr.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Bateria e Instrumentos de Percussão na Igreja

A percussão era usada no templo do Antigo Testamento? A Bíblia e o Espírito de Profecia proíbem o uso de percussão? Qual a posição oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia a respeito da bateria?

Definição - A bateria pode ser definida como “os instrumentos de percussão de uma banda de música ou de uma orquestra” ( Dicionário Brasileiro Globo, 50ª. ed. ). Em outras palavras, bateria ou percussão se referem aos vários instrumentos que marcam o ritmo ou andamento musical, com timbres, tons e formas variadas. Uma bateria pode ser muito bem ilustrada pelos instrumentos de uma fanfarra. Exemplos de instrumentos de percussão: bumbo, caixa, pratos (címbalo), etc.
A Bateria no Templo do Antigo Testamento - Em II Crônicas 29:25 (ver também I Crônicas 25) temos a seguinte descrição dos instrumentos do templo: “Também estabeleceu os levitas na Casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo o mandado de Davi...” Alaúde e harpa são instrumentos de corda, todavia, címbalo é um instrumento de percussão, segundo o Dicionário Bíblico Adventista, pág. 254 . Note a descrição deste instrumento: “Dois tipos de címbalos têm sido achados pelos arqueólogos. Um destes tipos consiste em dois pratos achatados, feitos de metal, que eram batidos um no outro de forma ritmada; o outro tipo consiste em duas espécies de conchas, batida uma na outra” (R. N. Champlin, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, vol. 4. Pág.426). Hoje os címbalos são usados na bateria convencional como ximbal (pratos sobrepostos) e pratos de vários timbres e formas. No Salmo 150, temos o convite ao louvor e adoração a Deus com vários tipos de instrumentos: “Louvai-O ao som da trombeta; louvai-O com saltério e com harpa. Louvai-O com adufes e danças; louvai-O com instrumentos de cordas e com flautas. Louvai-O com címbalos sonoros; louvai-O com címbalos retumbantes” (versos 3 a 5). Podemos concluir que havia instrumentos de percussão que eram usados na música do templo, escolhido por orientação divina para o louvor e adoração. Como notamos a Bíblia não proíbe o uso de bateria, pois no templo, havia instrumentos de percussão..
Nos escritos de Ellen White - Sobre instrumentos musicais, E. G. White, inspirada por Deus, escreveu: “Nas reuniões realizadas, escolha-se um grupo de pessoas para tomar parte no serviço de canto. E seja este acompanhado por instrumentos de música habilmente tocados. Não devemos opor ao uso de instrumentos musicais em nossa obra. Esta parte do serviço deve ser cuidadosamente dirigida; pois é o louvor de Deus em cântico” ( Testimonies, vol. 9, págs. 143 e 144; citado no Manual da Igreja, edição revisada em 2000, pág. 72). Uma vez que não há nenhum texto no Espírito de Profecia que condene o uso de bateria ou percussão como instrumento a ser usado no louvor (ou qualquer outro instrumento) pode-se afirmar o seguinte: a ênfase não é qual o instrumento a ser usado, mas como ele é usado. A recomendação é ser habilmente tocado, e é claro, nos princípios bíblicos. O Espírito de Profecia nos fornece ampla informação concernente à música de louvor e adoração, com princípios inspirados tanto para o canto como para o tipo de música a ser ouvida e executada, mas não proíbe o uso de percussão.
 Posição da IASD - A Igreja Adventista, para os que consideram a igreja remanescente, é dirigida por Deus, não por homens. É a igreja militante que vai vencer na graça de Jesus. O Espírito de Profecia nos revela qual deve ser nossa atitude em relação à organização da nossa igreja: “Mas quando numa assembléia geral, é exercido o juízo dos irmãos reunidos de todas as partes do campo, independência e juízo particulares não devem ser mantidos, mas renunciados. Nunca deve um obreiro considerar virtude a persistente conservação de sua atitude de independência, contrariamente à decisão do corpo geral. Deus ordenou que os representantes de Sua igreja de todas as partes da Terra, quando reunidos numa Associação Geral, devam ter autoridade” ( Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 408). Sendo assim, qual é a posição oficial da igreja resolvida em Associação Geral ? A resposta está em um documento que foi publicado na Revista Adventista, agosto de 2005, págs. 12 a 16. Neste documento temos os princípios bíblicos e do Espírito de Profecia resumidos e bem explicados. Sobre o uso de bateria, depois de estudá-lo, podemos concluir o seguinte: a igreja não proíbe seu uso, mas devemos ter cuidado ao usá-la, para que não tome o lugar da mensagem. A melodia deve estar em maior evidência do que o acompanhamento, para que a letra da música possa ser claramente compreendida e a mensagem propagada. Isso vale para todos os demais instrumentos musicais de acompanhamento.
Cuidado com as Críticas - Deus não nos colocou como juiz dos nossos irmãos, por isso devemos ter cuidado ao condená-los pelo uso de esse ou aquele instrumento. Não devemos abrir mão dos princípios bíblicos e do Espírito de Profecia a respeito da música, mas devemos respeitar os diferentes gostos e elementos culturais. Nossa igreja tem órgãos oficiais que divulgam a música, como a Voz da Profecia. Quando criticamos estes órgãos, estamos lutando contra nossa própria obra. Cabe a Deus o direito de julgar, e o nosso de respeitar a igreja e seus líderes. É muito mais fácil deixar a responsabilidade para a instituição da igreja do que tentar levá-la sobre si. A igreja respeita suas convicções pessoais e gostos, por isso, respeite a igreja de Deus. Naquilo que ela ou seus líderes errarem, Deus fará Seu juízo.
Conclusão - Havia instrumentos de percussão ou bateria entre os instrumentos escolhidos para o templo do Antigo Testamento, mostrando que Deus não se opunha ao seu uso no serviço de adoração e louvor. A Bíblia e o Espírito de Profecia não proíbem o uso de instrumentos de percussão, mas recomenda princípios em que eles devam ser usados e executados. A posição oficial da igreja é o uso equilibrado e cuidadoso de todos os instrumentos (incluindo a bateria), seguindo os princípios inspirados, mas não proíbe o uso de nenhum deles. Como cristãos devemos ser cuidadosos tanto ao escolher nossa música para louvor, adoração e outros fins, e também para não sermos críticos e emitir condenação deliberadamente, mas respeitar nossa igreja e suas recomendações.


Escrito por:
Pr. Yuri Ravem
Postado em:
http://www.advir.com.br/sermoes/sermoes_c_usodabateria.asp
Adaptado para uso da Escola Bíblica da Novo Tempo

terça-feira, 13 de maio de 2014

Cristãos Em Busca do Êxtase: Para Compreender A Nova Liturgia e o Papel da Música na Adoração Contemporânea

RESENHA DO LIVRO

A obra Cristãos Em Busca do Êxtase apresenta um olhar sobre a liturgia de diversas manifestações religiosas da humanidade, numa comparação com determinadas buscas religiosas atuais. Para isto, busca fazer uma análise desde conhecimentos filosóficos, sociológicos e históricos. Dentro da História, procura analisar certos aspectos das religiões antigas, e mesmo de formas primitivas de religiões ainda existentes.

Para analisar a era presente, o autor faz uma busca nas características pós-modernas do ser humano. Neste âmbito, o livro é uma boa fonte de pesquisa sobre vários aspectos do comportamento do homem pós-moderno face à religiosidade inerente na espécie humana. Um olhar global da religião contemporânea também pode ser analisado por este prisma do comportamento do homem pós-moderno.

A parte mais relevante da obra é a demonstração de que o pentecostalismo e o carismatismo vêm a ser uma versão evangélica cristã do pós-modernismo. Mas tal reflexão da obra se prende mais aos aspectos litúrgicos do pentecostal do que à linha de comportamento mais holística do mesmo. Afinal, esta é a proposta da obra.

E o ponto alto do livro é quando chega a analisar a psicologia do transe. Seriam as atividades de cultos dos religiosos levadas aos excessos, a ponto de tirar a mente da razão. Assim como qualquer outra coisa em excesso (até mesmo a água) pode fazer mal, o autor chama a atenção para o perigo do desequilíbrio em se dar ênfase demais em um aspecto litúrgico em detrimento dos outros elementos da adoração, no sentido de que isto pode fazer muito mal à experiência religiosa dos adoradores.

Por fim, Dorneles apresenta sua visão particular sobre o culto bíblico e suas possíveis aplicações à religião contemporânea. Há quem discorde e há quem concorde com determinadas interpretações construídas na obra. Na comparação de apenas dois links já dá pra se ver este contraste, a exemplo de muitos outros que podem ser achados por uma simples busca no Google. A favor: http://musicaeadoracao.com.br/livros-indice/livros-recomendados/ ; Contrário: http://vanessinhameira.blogspot.com.br/2012/02/cristaos-em-busca-do-extase-e-musica-3.html . Em cada um destes sites há várias outras postagens sobre a mesma obra, seguindo, cada uma respectivamente, sua linha de pensamento.

Mas como em toda e qualquer leitura que não seja a Bíblia é preciso fazer o pente fino crítico no sentido de ler de tudo e reter o que é bom, nesta obra também é oportuno se fazer o mesmo. As exegeses praticadas pelo autor em “Cristãos em Busca do Êxtase” são adequadas para levar o leitor ao exercício da interpretação textual, ainda que seus pressupostos o levem, numa mesma hermenêutica, a conclusões distintas. De qualquer forma, não deixa de ser uma rica fonte de pesquisa.

Semelhante a uma verdadeira “tese doutoral”, o livro é acadêmico. Todavia, é também acessível ao nível popular da leitura. O autor escreve bem, pois afinal, é doutor em Comunicação Social. Além do conteúdo redigido por ele, nesta sua obra, traz a participação de outras obras na seção dos apêndices e ainda apresenta uma baita bibliografia de outros autores que o leitor pode consultar. Entretanto, além de “Cristãos Em Busca do Êxtase” estar esgotado, a Unaspress não apresenta planos de recolocá-lo à disposição do público. O autor pensa em reeditá-lo em outra editora, entretanto, não na mesma versão. De acordo com ele, “numa versão revisada e atualizada”.

Os dados catalográficos da versão que li são: DORNELES, Vanderlei. Cristãos em Busca do Êxtase: Para Compreender a Nova Liturgia e o Papel da Música na Adoração Contemporânea. 5ª Edição. Engenheiro Coelho: SP, Unaspres, 2008, 271 páginas. Espero que você consiga algum exemplar, pelo menos em algum sebo. Eu também estou procurando um, rsrsrs. De qualquer forma, fica aqui a ponderação de que a as atuais formas de liturgia que vão surgindo, bem como o papel da música na adoração, devem ser levados à reflexão, tanto quanto suas utilidades em religar o homem a Deus, quando em seus riscos de excesso. Que o Senhor lhe abençoe em suas formas de adorá-Lo.

Um abraço,
Pr. Valdeci Jr.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Música Adventista

 Em Alagoas, me chamaram pra uma discussão sobre música. Eu disse que não estava afim. Mas insistiram em saber o que eu pensava sobre a filosofia da música. Quer saber? Pra debater sobre isso primeiro é preciso estudar. Então, pra saber um pouquinho do que penso sobre isso, primeiro dê uma lidinha nos textos linkados abaixo:










Uso dos Tambores na Adoração do Templo Após os Eventos Narrados em Crônicas: https://nasaladopastor.blogspot.com/2010/12/uso-dos-tambores-na-adoracao-do-templo.html




Centro White da Conferência Geral Publica Resposta Sobre Bateria - https://nasaladopastor.blogspot.com/2011/04/centro-white-da-conferencia-geral.html











Demais Tags sobre Música - http://nasaladopastor.blogspot.com/search/label/M%C3%BAsica  Quando chegar no fim da última postagem, lá no rodapé da página, clique em Postagens Mais Antigas.

E por favor, só venha discutir sobre música comigo depois que tiver lido, pelo menos, todos estes textos, na íntegra e atentivamente, porque eu vou lhe fazer perguntas específicas de detalhes contidos neles, ok? Rsrsrs.

Um abraço e um beijo carinhosos, fraternos e cristãos bem no seu coração,

Do pastor que te ama,

Valdeci Jr.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

CULTURA MUSICAL - Apocalipse 07-09

A leitura de hoje é toda recheada de louvores cantados a Deus, pelos seres humanos, mas, no Céu. Por enquanto, costumamos louvar a Deus, mas não ainda num contexto celeste. A música de adoração usada na igreja é uma questão de gosto, cultura e legenda. E a música do Céu.
Quando perguntam-me: “qual é a melhor música para ser cantada na igreja?” costumo responder que a música na igreja deve louvar e adorar, pois a casa de Deus é lugar para adorá-Lo. “Tal cântico serve de instrumento de prestação de culto, de adoração?”. Se a música não puder conduzir os adoradores à veneração ao sagrado, não é apropriada para a igreja. Mas isto não quer dizer que, se não serve para ser usada na igreja, então é pecaminosa. Porque em toda adoração deve haver louvor, mas nem sempre há adoração em todo louvor. Diante de tanta diferença de gostos e formações culturais geradas pela tranculturação interna dentro da nossa sociedade brasileira, nossos músicos precisam ter uma flexibilidade e bom senso muito grandes para produzir musicas que se adéqüem a diferentes contextos de adoração. Como este leque é bem extenso, poderá haver músicas que sirvam para adoração em um contexto, e em outro não. Precisamos musicar seguindo o conselho de Paulo em 1Tessalonicenses 5:51, analisando o contexto e as pessoas que participarão. Se a música levar a maior parte das pessoas a Jesus, num espírito de adoração e louvor, sem ruído de comunicação, ela é adequada; caso contrário, deve ser substituída (mas tal substituição não quer dizer que em outro contexto a música não seja adequada), a despeito dos gostos particulares.
Quase tudo que cantamos aqui, não servirá para ser cantado na eternidade. Mas até onde vai o equilíbrio de sermos cultos cidadãos da Terra e do Céu ao mesmo tempo? Se quisermos esquecer-nos das coisas que para trás ficam e prosseguir para o alvo, devemos estabelecer como padrão, o alvo. Deus aprova nossos costumes uma vez que sigamos o conselho dado através de Paulo em Filipenses 4:8. Uma vez que observarmos os diferentes aspectos das canções que usamos, como ritmo, harmonia, melodia, instrumentos, maneira de interpretação, acordes, etc., e deixarmos que suas influências seculares sejam moldadas e substituídas pelas celestes, estaremos em conformidade com o padrão de 1Coríntios 10:31.
Se a música espelha o padrão cultural, nossa expressão do Reino dos Céus através do canto se dará à proporção da adoção dos fatores culturais do Céu em nossa vida. Se não os temos, sejamos receptores da transculturação entre a nossa cultura e a do Céu ao selecionarmos músicas que consigam inserir em nós os seus atributos culturais.

Valdeci Júnior

Fátima Silva

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"Cristãos em Busca do Êxtase" e a Música

O livro "Cristãos em busca de êxtase" (Unaspress) é uma excelente pesquisa histórica e contém informação preciosa nesses dias de explosão neo-pentecostal.

No entanto, na parte bíblica do livro há uma argumentação que destoa do bom nível da pesquisa. A análise bíblica que o autor faz da música sacra contém falhas, especialmente ao usar o episódio do transporte da arca como uma revelação normativa para a música cristã. Trechos do livro estão disponíveis na net em forma de artigos e o leitor pode encontrá-los facilmente.

Resumindo a idéia de Dorneles: quando Davi transportou a arca ao som de tambores, tudo deu errado, e Uzá morreu. Quando Davi excluiu os tambores, tudo deu certo. E, segundo ele, após esse episódio, o tambor foi excluído do templo.

Ele escreveu que “o tambor não fazia parte da música do templo, por orientação do próprio Deus a Davi.” E acrescentou que “a exclusão do tambor no templo pode indicar também que esse instrumento (...) deveria estar fora do culto”.

Ele sugere que Deus orientou não ter tambores, ou seja, Deus orientou a “exclusão do tambor” e que por causa dessa orientação divina, tambores deveriam “estar fora do culto” e “sem recomendação”. Apesar de não afirmar claramente que “Deus proibiu os tambores”, há uma “proibição” implícita nos argumentos de Dorneles.

A seguir, algumas observações sobre a argumentação dele.

1) Dorneles coloca erradamente a culpa nos tambores

Fazendo essa contraposição entre “com tambores deu errado” e “sem tambores deu certo”, Dorneles leva os leitores a concluírem exatamente isso: a culpa foi dos tambores. Se ele não teve essa intenção, toda a sua argumentação foi inútil para qualquer outro propósito, visto que ele destaca apenas os tambores e ignora outros elementos da narrativa.

O equívoco de Dorneles aqui é básico: nem a Bíblia nem Ellen White sugerem que o problema do primeiro transporte teve algo a ver com tambores. O problema foi a “violação de um mandado explícito”, foi desobedecer às claras instruções divinas quanto ao transporte da arca (Êx.25:14, Nm.4:15, 7:9 e 10:21).

Nem a Bíblia e nem Ellen White tocam na questão da música ou do uso de instrumentos musicais como sendo a causa da morte de Uzá. Segundo White, “houve uma desatenção direta e indesculpável às determinações do Senhor.” Nada sobre a questão musical.

Ela acrescenta que “o Senhor não podia aceitar o serviço, porque não era efetuado de acordo com Suas orientações”, mas novamente não cita a música. Ela não inclui a música entre a “declaração compreensível da vontade de Deus em todas estas questões” cuja negligência “desonrava a Deus”. E, finalmente, Ellen White afirma que Davi foi “levado a compenetrar-se, como nunca dantes, da santidade da lei de Deus, e da necessidade de obediência estrita”(Patriarcas e Profetas, 705 e 706). De novo, nada sobre a música.

Ao extrair homileticamente uma "lição musical" desse episódio (que é possível), parece que Dorneles viu algo que a Bíblia não mostrou, e que Ellen White também não viu. É um equívoco usar o transporte da arca para reprovar o uso de certos instrumentos musicais, pois a Bíblia simplesmente não diz isso.

2) A argumentação de Dorneles serve para condenar a flauta também. 

Curiosamente, podemos substituir “tambor” por“flauta” em quase toda argumentação de Dorneles sem prejuízo para a sua linha de raciocínio e sem ferir os textos bíblicos usados. Veja:

“Na condução da arca de Quiriate-Jearim até a casa de Obede-Edom, houve música com flautas (1Cr 13:8 e 2Sm 6:5). Nessa viagem, tudo deu errado.
“Três meses depois, Davi juntou o povo para buscar a arca da casa de Obede-Edom. Houve alegria, mas ao contrário da primeira tentativa, desta vez a orquestra não teve flautas, mas harpas, alaúdes e címbalos (1Cr 15:16). O transporte deu certo.”

E então? A culpa é dos tambores ou das flautas? E ainda há outros parágrafos:

“A lista dos ‘instrumentos do Senhor’ aparece em diversas ocasiões, sempre sem inclusão das flautas (ver 1Crônicas 25:1 e 6, 16:5, 2Crônicas 5:12 e 13).”
“A música que se fez no transporte da arca até Jerusalém, sem uso de flautas, foi chamada de "música de Deus" (1Crônicas 16:41 e 42), enquanto que a banda que deu o ritmo da dança, quando Uzá morreu, não recebeu essa adjetivação (ver 1Crônicas 13:8).”
“No livro de Isaías, há juízos pronunciados contra pessoas que celebravam festas com embriaguez e música com flautas (ver Isaías 5:12).”

E a conclusão parafraseada também seria: “o textos de Isaías 5:12 e os fatos relacionados com o transporte da arca e com a música do templo deixam esse instrumento sem recomendação.”

Os flautistas precisam ser alertados disso, urgentemente! Mas estranhamente, parece que Dorneles ainda não escreveu nada contra as flautas.

3) A argumentação de Dorneles é favorável à dança

Dorneles divide o transporte da arca em 2 tentativas, destacando dois pontos:
1) a primeira teve dança e tambor, e deu errado.
2) a segunda não teve tambor, e deu certo.

Nas palavras do autor:
"Na condução da arca de Quiriate-Jearim até a casa de Obede-Edom, houve música com tamboris e Davi dançou e se alegrou, ao ritmo da banda (1Crônicas 13:8 e 2Samuel 6:5). Nessa viagem, tudo deu errado."

Mas de acordo com 2 Sm 6:14, Davi dançou na segunda parte do transporte (da casa de Obede-Edom até Jerusalém). Isso compromete o raciocínio do autor. Se na segunda parte a viagem foi abençoada por Deus, então isso coloca a dança de Davi sob a iluminação divina, pois o transporte deu certo.

Dorneles escreveu: "Três meses depois, Davi juntou o povo para buscar a arca da casa de Obede-Edom. Desta vez, ele orientou que ninguém conduziria a arca, senão os levitas (1Samuel 15:2). Houve alegria, mas ao contrário da primeira tentativa, desta vez a orquestra não teve tambor, mas harpas, alaúdes e címbalos (1Crônicas 15:16). O transporte deu certo."

Não teve tambor, mas teve dança. Se o autor vincula o "dar certo" com a ausência de tambores, alguém poderia usar o mesmo argumento e vinculá-lo à presença da dança. Logo, o mesmo argumento que bane o tambor, consegue mais do que pretendia e acaba sacralizando a dança.

Algumas versões da Bíblia não registram “dança” durante o trajeto em que Uzá morreu (de Quireate-Jearim até Obede-Edom) mas usam o verbo “alegrar-se”. 
Questionado sobre isso, Dorneles responde que o verbo usado na primeira tentativa, em 2 Sm 6:5 (sachaq), pode ser traduzido como “dançar”. Para ele, na primeira tentativa houve tambores e dança (sachaq), e o transporte deu errado.

Mas isso só gera mais problemas para a teoria de Dorneles. Ao ser repreendido por Mical, Davi responde dizendo que faria de novo (2 Sm 6:21), e ele usa a mesma palavra de 2 Sm 6:5 e 1 Cr 13:8 (sachaq).

Resumindo: usando a tradução preferida de Dorneles, Davi “dançou” (sachaq) na primeira tentativa, “dançou” na segunda, e ainda afirmou que “dançaria” (sachaq) de novo:

“Pois eu continuarei a dançar em louvor ao SENHOR”. (2 Sm 6:21) 
NTLH 
“foi perante Senhor que dancei; e perante ele ainda hei de dançar". 
Almeida Atualizada
yo danzaré ante Yahveh”. 
Bíblia de Jerusalém (1976)
“therefore I will play, and dance before the Lord.” 
Septuaginta.

Se nesse episódio houve de fato um “reforma musical” promovida por Davi, parece que o próprio Davi não entendeu direito. Ou então, a ordem de Deus teria sido: “tirem os tambores e comecem a dançar!” De qualquer forma, a argumentação de Dorneles não faz sentido.


Dorneles afirma que “a questão que procurei mostrar no meu texto é a mudança da música do primeiro para o segundo transporte. Essa mudança certamente foi resultado o mandato de Deus a Davi (...)”.

Então, a mudança não foi tanto musical, pois além de Davi dançar e afirmar que continuaria dançando, Ellen White descreve assim o segundo trajeto:

“Outra vez pôs-se em movimento o longo séquito, e a música de harpas e cornetas, trombetas e címbalos, ressoava em direção ao céu, misturada com a melodia de muitas vozes. "E Davi saltava. ... diante do Senhor" (II Sam. 6:14), acompanhando em sua alegria o ritmo do cântico.”

A dança de Davi acompanhava o ritmo. Era “música e dança, em jubiloso louvor a Deus”. Quando artculistas dizem a música do segundo trajeto foi "branda", "suave", "menos ritmada", trata-se de especulação, imaginação e inferência. O fato é que Davi dançou acompanhando o ritmo da música e depois ainda afirmou que continuaria dançando. Isso coloca uma interrogação na teoria da suposta “reforma musical que excluiu os tambores”.

4) A descrição de Dorneles é diferente da descrição de Ellen White

Ellen White não descreve o primeiro transporte da arca em tons negativos como Dorneles o faz. Inclusive quando fala da música.

Sobre a música do segundo transporte da arca, Dorneles diz: “Embora informe que Davi tenha dançado (1Cr 15:29), o cronista repete várias vezes a lista de instrumentos, que não sugere uma música feita para dançar.”

Talvez a música não tenha sido feita para dançar, mas provocou dança, e Davi dançou seguindo o ritmo da música, como diz Ellen White: Davi estava “acompanhando em sua alegria o ritmo do cântico”. Se ele acompanhava o ritmo, o andamento da banda, era porque a música era propícia para isso.

Falando sobre o fatídico 1º trajeto, Ellen White diz: “era seu intuito tornar aquele ato um espetáculo de grande regozijo e imponente manifestação.” Não era uma multidão seguindo um trio elétrico de carnaval. Ellen White diz que “Davi estava radiante de santo zelo.”

Ao contrário de Dorneles, ao falar da música do primeiro transporte, Ellen White não usa expressões negativas. Ela descreve essa música como “cânticos de regozijo, unindo-se melodiosamente uma multidão de vozes com o som de instrumentos músicos”. Era “uma cena de triunfo”, com “alegria solene”(Patriarcas e Profetas, 704). As palavras "melodiosamente" e "solene" devem ser destacadas.

Agora veja como Dorneles faz uma leitura tendenciosamente negativa da música do episódio:
"A música que se fez no transporte da arca até Jerusalém, sem uso de tambores, foi chamada de "música de Deus" (1Crônicas 16:41 e 42), enquanto que a banda que deu o ritmo da dança, quando Uzá morreu, não recebeu essa adjetivação (ver 1Crônicas 13:8)."

No entanto, levando em conta a informação bíblica e de Ellen White, esse parágrafo acima poderia ser reescrito assim:
“A música que deu o ritmo da dança de Davi, sem flautas, foi chamada de “música de Deus” (1Crônicas 16:41 e 42), enquanto que a banda que acompanhou a “cena de triunfo”, "melodiosamente" com “alegria solene”, quando Uzá morreu, não recebeu essa adjetivação (ver 1Crônicas 13:8)."

Esse parágrafo está perfeito, segundo a Bíblia e Ellen White, e tem um tom diametralmente oposto ao que Dorneles escreveu. Percebam como a argumentação de Dorneles é frágil e depende de contorcionismos linguísticos, mensagens nas entrelinhas, jogo de palavras, omissão de trechos (que é o próximo item).

5) Dorneles omite pedaços de textos bíblicos

Além de omitir as flautas em sua argumentação contra os tambores, Dorneles faz citações estranhas, amputadas, para dar uma impressão de que a Bíblia condena apenas os tambores. Por exemplo, ele escreveu:
“No livro de Isaías, há juízos pronunciados contra pessoas que celebravam festas com embriaguez e música com tambores (ver Isaías 5:12 e 24:8 e 9).”

E completa dizendo que “os textos de Isaías 5:12 e 24:8 e 9 e os fatos relacionados com o transporte da arca e com a música do templo deixam esse instrumento sem recomendação.”

O problema é que esses textos também falam de harpas, alaúdes e flautas. Por que extrair cirurgicamente apenas os tambores, dando-lhes uma conotação negativa? Veja os textos bíblicos na íntegra:

Harpas e liras, tamborins, flautas e vinho há em suas festas, mas não se importam com os atos do Senhor, nem atentam para obra que as suas mãos realizam.” (Is 5:12)
“O som festivo dos tamborins foi silenciado, o barulho dos que se alegram parou, a harpacheia de júbilo está muda. Já não bebem vinho entoando canções; a bebida fermentada é amarga para os que a bebem.” (Is 24:8-9)

Os leitores menos atentos e não-bereanos são induzidos por Dorneles a concluir que Deus está pronunciando juízos apenas contra quem usa tambores, o que não é verdade. A menos que Dorneles também esteja publicando textos contra esses outros instrumentos por aí, o que não é o caso, essa é uma péssima maneira de usar a Bíblia.
6) Dorneles usa o templo judaico como normativo para o culto cristão
Ele escreveu:

“O estudo dos textos bíblicos que citam os instrumentos musicais esclarece que o tambor não fazia parte da música do templo, por orientação do próprio Deus a Davi.”

Por orientação do próprio Deus, não entravam no templo várias outras coisas: mulheres, crianças, estrangeiros, aleijados, etc. A pergunta que devemos responder é: o templo é o nosso modelo de culto e música cristãos? Dorneles acha que sim:

“Uma vez que o templo de Israel era uma representação do santuário celestial e do trono de Deus, a música na igreja hoje deve ter sua referência maior na música usada nesse templo.”

Já é bem comum o argumento “se não tinha no templo de Jerusalém, não podemos usar na igreja”. Na realidade, ao mirar na percussão, esse argumento atinge quase todos os instrumentos atuais.

O 
palestrante Daniel Spencer resume essa teoria, dizendo que “nosso Templos são cópias das igrejas primitivas, cópias das sinagogas, cópias do templo de Salomão, cópia do santuário, cópia do santuário do céu.” Mas isso também não é verdade e uma simples comparação do propósito e da liturgia do templo judaico com o culto cristão revela o equívoco.

Nosso culto não tem muita coisa a ver com o modelo de culto primitivo (nas casas). O culto da igreja primitiva até se assemelhava em certos aspectos às reuniões da sinagoga. Mas a sinagoga e o templo apresentam profundas e marcantes diferenças entre si. A começar pela principal atividade do templo: o sacrifício. Além disso, em vários aspectos a sinagoga não tem absolutamente nada a ver com o templo (participação de leigos, mulheres, gentios, leitura e explicação da Palavra, etc).

Bastaria um exemplo pra expor o equívoco desse argumento: Não havia pregação no templo, e nosso culto hoje é centralizado na pregação.

O ministério levítico, inclusive o musical, era cerimonial, conectado aos sacrifícios e ofertas, E remunerado. Não é um modelo a ser estritamente seguido, mas dele podemos extrair princípios. O próprio Bacchiocchi, que já defendia muitas dessas idéias agora expostas por Dorneles, menciona esse caráter cerimonial da música do templo em:

“O livro de Crônicas apresenta o ministério musical dos levitas como parte da apresentação da oferta diária no templo." (O cristão e a música rock, 205)

Nos textos onde cita o templo judaico, Ellen White não traça paralelos literais com a igreja. Ela extrai princípios de adoração e não listas inflexíveis de instrumentos. “Da santidade atribuída ao santuário terrestre, os cristãos devem aprender como considerar o lugar onde o Senhor Se propõe encontrar-Se com Seu povo" (Testemunhos Seletos, vol. 2, 193). Nesse texto, ela usa a santidade do templo para extrair um princípio para o culto cristão: a reverência.

7) Dorneles usa a regra do “não Está Escrito aqui, então está proibido”

Dorneles transforma uma lista de instrumentos que não inclui os tambores numa “proibição” aos tambores. A ausência dos tambores na lista de instrumentos do templo é entendida como uma proibição divina aos mesmos. No entanto, isso é um desrespeito ao princípio reformado “tota scriptura” de interpretação, já que os salmos claramente incentivam o uso de tambores.

Não existe em parte alguma da Bíblia a proibição “não usem tambores”. É uma proibição inferida, imaginada a partir da tal lista. Mas existem vários textos com o incentivo “usem tambores” no próprio hinário do Templo (Salmos)! Assim, textos claros deveriam ter a precedência sobre textos obscuros. Não há nenhuma explicação para essa lista ter prioridade sobre os outros inúmeros textos claros.

E Dorneles fica devendo uma explicação sobre que tipo de raciocínio ele utilizou para conseguir igualar uma “não menção” a uma "proibição". Os guardadores do domingo amariam essa explicação: eles insistem que a “não menção” ao mandamento do sábado no Novo Testamento representa uma invalidação do mesmo. Estaria Dorneles vendo inteligência nesse horroroso argumento anti-sábado?

Dorneles 
escreveu posteriormente: “E isso fica tão claro para Israel que ao longo de mais de 500 anos, a lista é repetida em diversos textos (I Crônicas 15:16, 19-24, 28, 16:5, 42, 23:5, 25:1, 6, II Crônicas 5:12-13, 29:25-27, Neemias 12:27, Isaías 39:20). A lista é consistente, não havendo qualquer relevante alteração entre os textos.”

Vamos analisar essas tais listas :
1 Cr 15:16 - 
alaúde, harpa, címbalo. Aqui Deus “proibiu” a trombeta e o shofar.
1 Cr 15:19-24 - 
alaúde, harpa, címbalo, trombeta. Aqui Deus “proibiu” só o shofar.
1 Cr 15:28 – 
shofar, alaúde, harpa, címbalo, trombeta. Aqui, meio indeciso, Deus permitiu a volta da trombeta e do shofar.
1 Cr 16:5 – 
alaúde, harpa, címbalo. Após ter permitido, Deus muda de idéia e “proíbe” a trombeta e o shofar novamente.
1 Cr 16:42 – 
trombeta, címbalo e kliy shiyr (outros instrumentos musicais). Se o v.5 e o v.42 representam uma lista só, menciona “outros instrumentos” além desses, e a lista não é consustente. Se são duas listas, elas não seguem um padrão, por isso também não é consistente.
1 Cr 23:5 – não lista instrumentos específicos.
1 Cr 25:1 – 
alaúde, harpa, címbalo. Deus “proibiu” a trombeta e o shofar.
1 Cr 25:6 - 
alaúde, harpa, címbalo. Deus “proibiu” a trombeta e o shofar.
2 Cr 5:12-13 - 
alaúde, harpa, címbalo, trombeta e kliy shiyr (outros instrumentos musicais). Mais uma vez, a lista não segue um padrão consistente e inclui “outros instrumentos”.
2 Cr 29:25-27 - 
alaúde, harpa, címbalo, trombeta. Deus “proibiu” só o shofar.
Ne 12:27 – 
alaúde, harpa, címbalo. Deus “proibiu” a trombeta e o shofar.
Is 39:20 – não existe esse texto
Acrescentamos:
2 Cr 20:28 - 
alaúde, harpa, trombeta. Deus “proibiu” o címbalo e o shofar.
Ed 3:10 - 
címbalo e trombeta. Aqui, Deus “proibiu” o alaúde, harpa e o shofar.

Ao contrário do que Dorneles afirma, a lista não é tão consistente e há sim relevantes alterações entre os textos. Se a teoria do “não está escrito, então está proibido” estiver correta, ela mostra que Deus estava indeciso e não sabia se queria mesmo autorizar ou proibir, afinal..

E se consultássemos os especialistas (salmistas)? A citação de instrumentos na adoração nos Salmos é riquíssima:

Trombetas (Sl 98:6), Shofar (Sl 98:6), Harpa (Sl 43:4; 98:5), Percussão (Sl 81:2; 149:3),Flauta (título do Salmo 5), Alaúde (Sl 71:22), etc.

Se houve de fato uma “proibição” divina ao uso de instrumentos, os salmistas aparentemente desconheciam ou a desobedeceram, pois incentivam o uso de uma gama enorme de instrumentos. É mais correto pensar que tal “proibição divina” a instrumentos de percussão nunca existiu.

8) Dorneles usa o argumento “os salmistas ainda não tinha luz”

Para confirmar e esclarecer as teorias de seu livro, Dorneles lançou um artigo chamado "O canto do Senhor". Nele, ele escreve sobre o Salmo 150:

“quando fala de como louvar, Davi naturalmente expressa a compreensão do louvor a Deus daquela fase de sua vida. A experiência do templo agregou mais luz a essa compreensão.”

Dorneles supõe que ao incentivar o uso de tambores, Davi ainda não tinha luz (conhecimento revelado) sobre o assunto. Dorneles não faz essa suposição baseado na Bíblia, mas num salmo apócrifo (veja próximo tópico).

Não cremos em inspiração verbal, mas acontece que essa proposta de Dorneles é semelhante à dos que adotam o método histórico-crítico de interpretação bíblica. Quer dizer que os compiladores dos Salmos não foram dirigidos pelo Espírito Santo, compilando para todas as gerações posteriores algo que apóia o que Deus supostamente já havia proibido? Os compiladores posteriores dos Salmos não repararam na letra dos Salmos “sem luz” que incentivam o uso da percussão?

Um outro autor, Gilberto Theiss, escreveu sobre o Salmo 150: “provavelmente, tenha sido escrito em um momento histórico da vida de Israel onde não havia ainda uma clara instrução divina acerca da forma apropriada para a adoração litúrgica”.

Isso é grave, pois uma afirmação desse porte está á beira de negar a inspiração plenária das Escrituras. Em quais partes dos Salmos ou da Bíblia como um todo poderíamos confiar, então? Não há nenhuma indicação bíblica de que o argumento da “falta de luz” seja verdadeiro. Há bastante instrução litúrgica na Torah. O autor do Salmo 150, bem como do 149, do 81, etc foram divinamente inspirados e não houve nenhuma correção posterior ou contradição do que eles escreveram sobre percussão.

Concordando com Dorneles, Gilberto Theiss, escreveu: “No tocante à adoração musical, o povo progressivamente foi abandonando os velhos costumes egípcios. Entre esses costumes que foram abandonados, destacamos as danças e o uso de tambores.”

A Escola dos Profetas (onde os alunos usavam percussão), os Salmos e textos bíblicos e rabínicos que falam claramente da percussão e da dança em celebrações religiosas refutam isso. Os hebreus usavam percussão e continuam usando. Os hebreus dançavam e os judeus modernos continuam dançando. Não precisamos distorcer textos e reescrever fatos históricos apenas para combatermos a dança. Existem outros argumentos para isso.

Além disso, o argumento da “falta de luz” também atinge as Escolas de Profetas. Deus criou uma instituição que ensinava música sacra com tambores. Talvez, o próprio Deus não tivesse luz sobre a música ideal ainda... Um pensamento absurdo.

O argumento da “falta de luz” gera um blackout...

9) Dorneles confundiu o Salmo 150 com o Salmo 151 (apócrifo)

Para dar força ao argumento da “falta de luz”, Dorneles comete uma gafe incrível no artigo“O canto do Senhor”. Para comprovar que o incentivo ao uso de tambores do Salmo 150 foi escrito antes da tal “reforma musical” de Davi, ele cita um comentário a respeito de um salmo que não existe na Bíblia!

Ele diz:
“Entre outras fontes de especialistas, a publicação The Septuagint Version (Zondervan: Grand Rapids, MI), diz que o Salmo 150 é “um salmo genuíno de Davi, composto quando ele venceu o combate com Golias”. Nesse caso, quando fala de como louvar, Davi naturalmente expressa a compreensão do louvor a Deus daquela fase de sua vida. A experiência do templo agregou mais luz a essa compreensão.”

Antes de tudo, seria importante saber quais são essas “outras fontes de especialistas”. Suspeito que isso seja apenas um recurso retórico para dar um falso peso acadêmico à bobagem que vem logo depois: a citação do apócrifo Salmo 151, presente na Septuaginta, que nada tem a ver com o Salmo 150.

Dorneles usa a versão Septuaginta para afirmar que o Salmo 150 é “um salmo genuíno de Davi, composto quando ele venceu o combate com Golias”, mas a Septuaginta traz isso no Salmo 151 (nao-inspirado) e não no 150.

Para ler o Salmo 151 on-line:
Em grego: 
http://www.septuagint.org/LXX/Psalms/151
Em inglês: 
http://ecmarsh.com/lxx/Psalms/index.htm

O que tem a ver um Salmo com o outro? Nada. Um é apócrifo, o outro é inspirado. Um traz informações sobre a data de sua composição, o outro não. Claramente Dorneles não percebeu que estava analisando o salmo errado. Até agora não encontramos nenhum esclarecimento ou errata de sua parte. Enquanto isso, o equívoco se alastra pela internet.

(O site Advir retirou o texto do ar, e o site musicaeadoracao apenas suprimiu esse trecho, mas manteve a argumentação sem divulgar nota esclarecedora)

10) Dorneles coloca os salmistas em desobediência

“Naquele dia, foi que Davi encarregou, pela primeira vez, a Asafe e a seus irmãos de celebrarem com hinos ao Senhor” (1Cr 16:7).

Asafe, que participou do transporte da arca e assumiu a liderança da música após isso, escreveu: “Comecem o louvor, façam ressoar o tamborim, toquem a lira e a harpa melodiosa." (Sl 81:2)

Asafe, um grande mestre da música em Israel, desconhecia a tal “reforma musical” que supostamente teria proibido os tambores. E é difícil conciliar a argumentação de Dorneles com o título do Salmo 5: “Ao mestre de canto, para flautas. Salmo de Davi.”

O compositor deveria acrescentar ao título: “eu não tinha luz quando fiz isso”, já que o acompanhamento deveria ser com flautas. No mínimo, os compiladores deveriam ter tomado alguma providência.

11) Dorneles usa a falácia da “falsa analogia”

Ele compara o uso de instrumentos musicais a costumes inadequados, como o uso de bebida forte, a poligamia e a escravidão:

“Da mesma forma que a revelação posterior, corroborada por estudo e reflexão, iluminou esses fatos que aos poucos foram sendo eliminados, a questão da música também deve ser objeto de estudo para compreensão e juízo acertados.”

A sutileza do erro aqui consiste em comparar coisas incomparáveis. Os costumes inadequados citados foram claramente corrigidos pelo Senhor. Através de claros preceitos e exemplos, vemos claramente Deus corrigindo as questões da bebida forte, da poligamia e da escravidão (essa, mais sutilmente). Para cada uma dessas práticas errôneas, temos um “Assim diz o Senhor” em sentido contrário.

Isso não acontece com a música como Dorneles acha que aconteceu: uma reforma musical divinamente instruída que baniu instrumentos da adoração e que seria aplicável ainda hoje. Dorneles compara correções claramente presentes na Bíblia com uma suposta correção imaginada.

Onde está essa "revelação posterior, corroborada por estudo e reflexão" no caso da música?
No mínimo, deveria ficar biblicamente evidenciado que a ordem bíblica contrária aos tambores é tão clara e direta quanto a ordem bíblica contrária à bebida forte ou à poligamia. Do contrário, incorre-se aí na falácia da falsa analogia.


12) A discussão "dentro do templo x fora do templo"

A questão “Dentro x Fora do Templo” aparece no livro e nos artigos de Dorneles disponibilizados na net. O argumento é: "os hebreus até usavam tambores em momentos de adoração, mas fora do templo, por isso não devemos usá-los dentro das igrejas. Tambores não entraram no templo e não devem entrar na igreja!"

Creio que esse argumento merece ser analisado mais criticamente. Não adoramos no Templo e, incrivelmente, nem temos o Templo como nosso modelo de práticas de culto. Qualquer culto cristão, seja ele feito num prédio ou debaixo de uma árvore, é “fora do templo”. Casas cristãs de culto não são “templos judaicos”.

Nossas casas de culto, que chamamos de “igreja”, não são “o Templo de hoje”. E nossa liturgia tem pouco a ver com a liturgia do Templo (com exceção dos princípios).

Muitas coisas deixaram de entrar no serviço do Templo [crianças, mulheres, gentios] mas nem por isso sua ausência deve servir de "padrão" para hoje. Por que então se singulariza a suposta ausência dos tambores e se omite a confirmada ausência de outros elementos?

Qual o princípio por trás da ausência das crianças no serviço do Primeiro Templo, por exemplo? Aplicando-se o método de interpretação de Dorneles, deveríamos deixar as crianças fora da igreja, pois não entravam no templo.

Isso mostra que o raciocínio "se tambores não entraram no templo judaico, não devem entrar na igreja" é discutível, pois a estreita comparação "templo-igreja" é discutível. O que mais não entrava no templo judaico? Eu não poderia entrar, por ser mulher. E provavelmente você, leitor, também não, por ser gentio.

Uma vez, Paulo foi condenado pelos judeus sob a falsa acusação de ter levado um efésio chamado Trófimo para dentro do templo, além do espaço permitido aos gentios (At 21:28,29).

28 "- clamando: Varões israelitas, acudi; este é o homem que por toda parte ensina a todos contra o povo, contra a lei, e contra este lugar; e ainda, além disso, introduziu gregos no templo, e tem profanado este santo lugar.
29 - Porque tinham visto com ele na cidade a Trófimo de Éfeso, e pensavam que Paulo o introduzira no templo."

Se Dorneles estivesse certo, o discurso dos judeus seria aplicável até hoje, e cenas como essa deveriam se repetir a cada sábado nos “templos”.

Outro problema é que a adoração bíblica não se restringia ao que acontecia no Templo. Apesar de ser o centro de adoração por excelência, o templo não representava toda a experiência de adoração do povo de Israel. O que se fazia no Templo tinha sua função, mas fora do Templo o povo adorava a Deus em cultos genuínos, com vários instrumentos e sob a aprovação divina.

Ellen White classifica como “culto” e “louvor” várias cenas de adoração fora do templo. Ela chama de “culto”, por exemplo, a música feita pelos profetas (ao ar livre) em 1 Sm 10:5 (Patriarcas e Profetas, 610).

E a ironia é: o transporte da arca, o evento que marcou a suposta "reforma musical", aconteceu ao ar livre! Assim, a discussão "dentro x fora do templo" perde muito o seu sentido.

Conclusão

O livro "Cristãos em busca do êxtase" é um excelente levantamento histórico do carismatismo e do pentecostalismo. Também faz uma ótima análise do papel da música nesse processo. No entanto, ao usar a Bíblia para analisar a música sacra, o autor apenas fez eco a argumentos usados contra a música contemporânea já fartamente refutados.

É hora de levarmos a discussão sobre música e adoração a um outro nível, mais alto, mais comprometido com a Bíblia. Grande parte das publicações sobre música começam afirmando que isso não é uma “questão de gosto”, que devemos saber a “vontade de Deus”. No entanto, após essa introdução bem-intencionada, os autores passam a expor suas opiniões pessoais costuradas com versos citados pela metade, descontextualizados, mal compreendidos e mal aplicados.

É incrível como a discussão sobre música parece ocorrer numa dimensão paralela, num universo onde a exegese é tosca, ilógica e a Bíblia é pisoteada. Ao adentrar nessa discussão, precisamos manter o mesmo nível, seguir as mesmas regras de interpretação bíblica que usamos em outros assuntos. Infelizmente, os artigos de Dorneles (um deles é parte de um capítulo de seu livro) não contribuíram para isso.

Por Vanessa Meira.