As reformas trabalhista e previdenciária, além de outras possíveis, são, hoje, pratos cheios para quem gosta de uma boa polêmica. É nítido perceber que, desde a opinião de um trabalhador comum até a defesa de alguém muito influente na nossa sociedade, toda apologia vem carregada de outros valores, seja qual for sua polarização. São questões que envolvem, quase integralmente, os seres, as entidades, as representações, as instituições e as pessoas.
E por isso é tão difícil saber o quanto de acerto e de erro há nos itens, na forma e nos momentos, tanto da reforma trabalhista quanto da previdenciária. De uma coisa não resta dúvida: o nosso país está profundamente carente de grandes reformas, para além destas citadas. E o que gera essa ansiedade? A profunda consciência do caos social presente.
Mas, sejam quais forem as reformas necessárias, todas elas são apenas galhos de um grande tronco, que seria a reforma da vontade. Se a vontade individual e egocêntrica fosse substituída pelo que é correto, já teríamos, como dizem, “meio caminho andado”. Talvez você esteja tentando imaginar o que essas menções político-econômicas têm a ver com a proposta desta coluna. Tudo! Porque, na realidade, a reforma social de que o Brasil precisa é a mesma da qual falamos em nossos termos devocionais.
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Agora já não falo mais dos galhos nem do tronco, mas da raiz, que se chama caráter. “A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado [erro] pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.”[i] Se os representantes do povo passassem a ter essa conduta, que crise perduraria?
Por mais que muitos julguem que essa ou aquela reforma seriam autênticas, a confusão existe porque a preocupação não está na principal reforma a ser feita. E daí vêm as polarizações, as incertezas, os desentendimentos e os insucessos. E isso não é de hoje. Outros brasileiros como Hipólito José da Costa, José Bonifácio de Andrada e Silva, Irineu Evangelista de Souza, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Monteiro Lobato, Oswaldo Aranha, Eugênio Gudin, Roberto Campos, Gustavo Franco, etc., além de vislumbrarem reformas bem sucedidas, também viram reformas implantadas se tornarem grandes fracassos e sonharam com reformas que nunca foram implantadas.
Estamos no mesmo barco, mas não podemos nos acomodar. A verdadeira reforma espiritual não é apenas uma pré-disposição de pensamento. Porque, se ela estiver limitada a uma proposta ideológica abstrata, corre o risco de cair nos extremismos e de perder o foco necessário. Mas sim, é justamente por ter que ser integral que tal reforma é, também, prática. Para ser autêntica, o motivo que a origina deve ser a profunda consciência da situação de pecado que domina. Se não tiver o desejo, nenhum cristão pode ser reformado. Nosso único desejo deve ser o de que a vontade de Deus impere. Esse sacrifício é o primeiro passo para sermos moldados à semelhança do caráter de Cristo.
Talvez você já tenha sido frustrado por tentativas de reformas espirituais que não foram adiante. Ou, pior ainda, pode ser que carregue frustrações quanto a mudanças que desejou para sua vida espiritual, mas nunca nem mesmo ousou iniciá-las. Por favor, não pare de sonhar com a implantação prática da de uma reforma integral no seu cristianismo. E além de sonhar, permita que o Senhor faça a obra inteiramente. Mas permita completamente, e isso será tudo. “…É Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele; [sim] …aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la…” (Filipenses 1:6; 2:13). E quando Ele assim o fizer, ouse praticar.
Um abraço,
Pr. Valdeci Jr.
[i] White, Ellen G. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, Educação, 8 ed. 2001, p. 57.
Fonte: http://noticias.adventistas.org/pt/coluna/valdeci-junior/reforma-trabalhista-previdenciaria-ou-espiritual/
Ótimos textos, continue atualizando o blog.
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