quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ORAÇÃO DO CRISTÃO


ORAÇÃO DO CRISTÃO

Senhor, eu sei que muitos me olham como um cristão
Mas não imaginam a luta que se trava em mim
Existem tendências velhas e más no meu coração
Mas também eu desejo o bem, ao olhar para Ti

Me ajude a buscar-Te, no começo do dia
Então, em mim, os outros verão a Tua presença
E eu acredito que esta nossa parceria
Para o mundo fará, uma grande diferença

Oh meu Deus, como é bom trabalhar em Teu serviço
São tantas as pessoas que precisam de atenção
Mas minha maior tentação é que, ao fazer isso
Eu termine esquecendo-me da nossa comunhão

Eu não posso perder de vista o Senhor da obra
Enquanto faço a própria obra deste meu Senhor
Porque lá no Céu, o que vai realmente perdurar
Será a Sua eterna companhia de amor.


Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
Você já parou para pensar, por que foi que Satanás escolheu o assunto da personalidade do Espírito Santo, para ser uma das suas principais ferramentas de ataque contra a igreja na atualidade?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Arrependimento e Conversão



Gostaria de sentir arrependimento, mas o gosto pelo pecado é muito grande.

O que faço?






SERIA ERRADO VOLTAR ATRÁS?
(Estudo 04 desta série)


Joana despediu-se de seu filho, Manuel. Ele resolvera deixar sua ilha nativa de São Miguel, nos Açores, e mudar-se para os EUA, em busca de uma nova vida. Mas prometeu que enviaria algum dinheiro assim que encontrasse trabalho.

Logo chegou a primeira carta. Joana não sabia ler, mas como se achava em tremenda necessidade, abriu a correspondência. Não havia dinheiro algum. Poderia pedir à vizinha que lesse a carta, mas tinha medo do que poderia pensar quando ouvisse que Manuel não estava cumprindo a promessa.

A vida estava difícil para a idosa senhora, com dinheiro insuficiente até para o alimento. Visitando-a, uma amiga perguntou-lhe: “Tem noticias de seu filho?” Chorando ela confessou que havia recebido várias cartas, mas que Manuel não enviara dinheiro.

“Quero ver as cartas”, pediu a amiga. A mãe de Manuel entregou as cartas. Então a amiga notou que em cada uma havia um aviso postal, que ao ser convertido em dinheiro, resolveria a situação financeira da idosa mãe, que vira os papéis, mas não reconhecera seu valor.

Milhões de pessoas deixam de receber o dom de Deus, a salvação, que é oferecido de graça. Por quê? O que é preciso para receber a salvação? Como cristãos, corremos o risco perder este presente que nos é oferecido.

Ivad era, além de diretor musical, o líder máximo de minha igreja. Ele trabalhava integralmente para a obra do Senhor e era o responsável por todos os missionários. Como ungido, todos os fiéis o tinham como indicado por Deus. Tinha um registro de trabalho impecável. Sua integridade conquistara a confiança e lealdade de todos.

Mas Ivad, em vez de confiar no poder de Jeová, começou a confiar em sua própria sabedoria e poder. Logo que Satanás procura romper a intimidade com Deus, única fonte de força e sabedoria, ele procura despertar os desejos impuros da natureza carnal do homem.

Certo dia Ivad dormiu até tarde. Ocioso, levantou-se e ficou, de seu terraço, contemplando algo que, pare ele, era muito belo: o lindo corpo de uma mulher em uma piscina, próximo dali. Ivad ficou alimentando os maus desejos de seu coração. Procurou informação sobre a mulher e descobriu o pior: era esposa de um amigo seu, o missionário Sairu. Mas Ivad não conseguia tirar Abes da mente. Procurou corteja-la, conseguiu o que queria e dormiram juntos. Sabia que cometera um grande pecado, mas e daí? Ninguém precisava saber!

O pecado não ficaria encoberto por muito tempo, porque daquele encontro Abes ficou grávida, e seu esposo estava, por muitos dias, viajando. Como Ivad era superior de Sairu, ele planejou um escape. Mudou a escala de seu subalterno de maneira que ele viesse dormir em casa. O problema estaria resolvido.

Sairu insistiu muito em ser mais fiel às necessidades do trabalho do que à regalia que seu chefe lhe oferecia e não foi dormir com a esposa. Ivad não sabia o que fazer e planejou o pior: a morte “acidental” de Sairu, de uma maneira que ninguém saísse culpado. Deu certo! Sairu morreu, Ivad casou com a viúva e dali por diante era só receber aplausos.

Mas em seu coração não tinha paz. Sabia que havia transgredido pelo menos oito mandamentos. Para piorar a situação, o capelão conselheiro da missão havia descoberto tudo e censurou o chefão duramente. Seu crime apareceu em toda a sua enormidade. Ivad cometera graves pecados traindo Abes, Sairu, sua igreja, mas principalmente a Deus. Sentiu-se humilhado aos olhos de seus membros. Sua influência se enfraqueceu. Até ali sua prosperidade fora atribuída à sua conscienciosa obediência aos mandamentos. Mas agora seus irmãos, se tivessem conhecimentos de seus pecados... Ivad estava numa profunda depressão, se sentia “na fossa” e não sabia realmente o que fazer.

Mas, graciosamente o Espírito Santo usou as palavras do pastor Atan para convencer a Ivad do pecado, da justiça e do juízo (João 16: 7 e 8). Ele se sentia a pior das criaturas, mas sabia que Deus não viera chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento (Lucas 5:32). Portanto, ele próprio precisava arrepender-se, para serem cancelados os seus pecados (Atos 3:19) e para ter paz (Isaías 30:15).

O Que é o Arrependimento

Na Bíblia constatamos dois tipos básicos de arrependimento: um superficial e outro profundo. Paulo chama-os de tristeza segundo o mundo e tristeza segundo Deus (II Coríntios 7:10). O primeiro é uma simples tristeza pelo fracasso, tendo mais a ver com remorso, como fuga das conseqüências. O arrependimento profundo é o reconhecimento de que fizemos algo errado, prejudicando alguém, e a firme decisão de consertar o erro e não voltar a comete-lo (Marcos de Benectito, De Bem Com Jesus, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004, 30).
A tristeza humana é o que sentimos por haver quebrado uma lei e sermos apanhados. A tristeza de origem divina é a que experimentamos por ter quebrantado um coração e ferido nosso melhor amigo. Morris Venden.
O remorso pode ser exemplificado na atitude de Judas que, após ter traído a Jesus, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso e horrorizado apenas com as conseqüências de seus atos, retirou-se e foi enforcar-se (Mateus 27:3-7). O arrependimento verdadeiro pode ser visto na postura de Pedro que, depois que negou a Cristo lembrou da palavra que Jesus lhe dissera e, saindo dali, chorou amargamente (Mateus 27:75). Continuou amando a Jesus (João 21) e, pela consagração, teve seu comportamento restaurado (Ver Atos 2).

A Experiência

Penso que você conheça o desfecho da história de Ivad. Leia o seu nome (e dos demais personagens) de trás para frente. Isto mesmo! Esta história de Davi se encontra em II Samuel 11 e 12 e mostra tanto a qualidade destruidora da transgressão quanto a natureza restauradora do arrependimento. O rei reconheceu o seu pecado dizendo Pequei contra o SENHOR (II Samuel 12:13). Davi sabia que se confessarmos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de TODA injustiça (I João 1:9).

Mas até chegar a este ponto, de confessar, ele sofreu uma angustia muito grande. Ele descreve esta dor nos salmos 32, 38 e 51.
Por causa do teu amor, ó Deus, tem misericórdia de mim. Por causa da tua grande compaixão apaga os meus pecados. Purifica-me de todas as minhas maldades e lava-me do meu pecado. Pois eu conheço bem os meus erros, e o meu pecado está sempre diante de mim.
Contra ti eu pequei - somente contra ti - e fiz o que detestas. Tu tens razão quando me julgas e estás certo quando me condenas. De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido.
O que tu queres é um coração sincero; enche o meu coração com a tua sabedoria.

Tira de mim o meu pecado, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. Faze-me ouvir outra vez os sons de alegria e de felicidade; e, ainda que tenhas me esmagado e quebrado, eu serei feliz de novo.

Não olhes para os meus pecados e apaga todas as minhas maldades. Ó Deus, cria em mim um coração puro e dá-me uma vontade nova e firme! Salmo 51 NTLH
O escritor Marcos de Benecdito faz uma análise interessante desta oração de Davi, onde podem ser vistos o que ele chama de “passos para a restauração”:



O arrependimento de Davi foi sincero e profundo. Ele não orava somente pelo perdão, mas pela pureza de coração. Não se desesperou e desistiu. Ele via a evidencia de ser perdoado e aceito, nas promessas de Deus aos transgressores arrependidos. Mesmo caído, o Senhor o levantou. Felizmente o rei encontrou o perdão de Deus e passou a andar em Seu conselho a ponto de o Senhor dizer sobre ele: homem segundo o meu coração (Atos 13:22).

Na alegria de seu livramento, cantou: Confessei-Te o meu pecado, e a minha maldade não encobri; E Tu perdoaste a maldade do meu pecado. Tu me cinges de alegres cantos de livramento. (Sal. 32:5-7).

E a Conversão?

Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados
Atos 3:19

Você sabe de quem é este apelo? Do próprio Pedro, em cuja experiência pessoal vemos uma das melhores demonstrações bíblicas de ARREPENDIMENTO. No exemplo do apóstolo vemos o reconhecimento do erro, o desejo incontido de abandoná-lo e uma mudança de rumo e atitude. Isto é CONVERSÃO!

Uma menina que tinha feito algo errado foi indagada pelo seu pai se ela gostaria de pedir perdão a Jesus. “Não!”, ela respondeu. Pensando que ela talvez não tivesse entendido direito, ele repetiu a pergunta, recebendo a mesma resposta. Ele perguntou, então, se ela achava que tinha cometido um erro. Ela concordou que tinha, mas disse que não queria pedir perdão. Gostaria de fazê-lo mais tarde, pois ainda não tinha terminado de fazer o que estava realizando e queria desfrutar o prazer de seu pecado um pouquinho mais antes de pedir perdão. Não há razão para pedir que Deus nos perdoe por determinado pecado se não estamos arrependidos e com vontade de abandoná-lo. Isso não é boa lógica, nem bom cristianismo(Adaptado de M. L. Andreasen, A Faith to Live By (Washington, D.C.: Review and Herald, 1943), 98).

Então, é o seguinte...

É possível haver ARREPENDIMENTO sem CONVERSÃO, mas é impossível CONVERSÃO sem ARREPENDIMENTO. CONVERSÃO do que? Do caminho de pecado que trilhamos. Isto nos leva a perceber que todos precisamos de ARREPENDIMENTO e mudança porque todos pecamos.

Eu o desafio a ler as passagens do Novo Testamento que relacionam os pecados, considerando cuidadosamente sua própria vida. Dê uma olhada cuidadosa em I Coríntios 6:9-11; Gálatas 5:19-21; Efésios 5:3-7; Colossenses 3:5-11; 2 Timóteo 3:1-5 e Apocalipse 21:8. Honesta e responsavelmente precisamos admitir, por estas passagens, que estamos todos condenados pelo menos, por um pecado. Quando Deus relaciona tais pecados, está claramente pronunciando nossa culpa. Fazer o que Deus proibiu é pecado (I João 3:4). Não fazer o que ele exigiu é pecado (Tiago 4:17). A conseqüência do pecado é a eterna separação de Deus (Romanos 6:23; II Tessalonicenses 1:8-9). Eu tenho pecado. Você tem pecado. Necessitamos do perdão misericordioso de Deus.

João Batista instruiu: Produzi, pois, frutos dignos de ARREPENDIMENTO (Mateus 3:8). Uma pessoa que realmente mudou de atitude com respeito ao pecado manifestará essa mudança em suas ações, pois pelos seus frutos os conhecereis (Mateus 7:20).

Você sabe que frutos são estes? Quando Davi estava se convertendo de seus pecados, ele pediu a Deus: não me retires o teu Santo Espírito (Salmo 51:11), Ser Divino que produziria no rei convertido o Seu fruto: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. (Gálatas 5:19-26).

Ore, confesse seus pecados a Deus e peça que Ele coloque em seu coração o verdadeiro ARREPENDIMENTO e, em sua vida, o poder para não pecar.

Um abraço,


Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
Surpresa!!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Como Evitar a Avalanche de Apostasia

O que podemos fazer para evitar o grande número de apostasia existente em nossas congregações? O que os líderes das nossas igrejas devem fazer para que ex-cristãos retornem à casa paterna? Como fechar a porta dos fundos?

 Ótima pergunta! Aqui, vamos refletir um pouco sobre uma das coisas que podemos fazer para evitar a avalanche da apostasia.

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.”
(Mateus 28:19-20)

Esta é a grande comissão que temos a realizar. No processo de tal tarefa, nosso sonho é ver a igreja crescer. Entretanto, não é raro acontecer de, na admissão de cada novo membro, muitas igrejas já criarem ali um novo apóstata em potencial. No fim das contas, o que gera é decréscimo e não acrécimo. Por quê? Porque não prepararam o novo converso devidamente para, então, batizá-lo e recebê-lo como membro. E, também, porque não prepararam a igreja para receber e abraçar esse novo membro. De acordo com o livro Serviço Cristão, “O melhor auxílio que os ministros podem prestar aos membros de nossas igrejas, não é pregar-lhes sermões, mas planejar trabalho para eles.”


Mas o grande problema, como apresenta Heron Santana, através de uma pesquisa realizada por Emmanuel Guimarães, é que “esta, porém, não tem sido nossa realidade hoje”, porque, infelizmente, “os pastores estão utilizando apenas 2% de seu tempo para formação de líderes e 10% no evangelismo” (Pequenos Grupos, Teoria e Prática, 65-66). B. Lawrence, em “Autoridade Pastoral”, defende a ideia de que um pastor comprometido com a Grande Comissão ensina a todos os seus membros o que significa identificar-se com Cristo. É exatamente por isso que precisamos reduzir o crescente número de ex-cristãos
"gerados pelo batismo precipitado e pelo abandono pós-batismal. Quando enfatizamos exageradamente a importância da quantidade numérica e da ênfase apenas no evento do batismo, contribuímos para que a massa humana que colocamos na igreja se desvie da fé com a mesma força e rapidez com que foi arrebanhada (RA, Maio de 2010, 3)".
O fundador do seminário de teologia de Dallas, Dr. Lews Sperry Chafer, é enfático sobre este problema da superênfase numérica do evangelista. Ele menciona os estudiosos da evangelização, mostrando que eles já observaram que sempre que já se destacou demais esses atos públicos como se fossem a própria conversão em si, “houve também um aumento correspondente no número dos que desonram a Deus, os chamados ‘desviados’; e isso não é de se estranhar”, diz ele (True Evangelism, 15). “Nós, líderes, somos tentados a colher o fruto ainda verde; isso pode levá-lo a apodrecer antes de amadurecer. Precisamos abrir a mente para o fato de que crescimento de igreja e contagem numérica de batismos não são sinônimos” (RA, Maio de 2010, 3).

Em entrevista, um evangelista bem-sucedido de um dos mais desafiantes estados brasileiros, estudante de mestrado em teologia com ênfase em crescimento de igreja pelo seminário do Unasp, disse-me que o índice de perda aceitável daqueles que são trazidos a Cristo por uma campanha evangelística é de, no máximo, 35%. Se acontecer “uma perda igual ou superior a 40%”, diz ele, “é preciso uma reavaliação de todo o processo, pois em tal caso estará claro o fato de que o problema está nos métodos e/ou no evangelista e não nas pessoas que receberam o evangelismo.”

Mas nem sempre essa é a prática que acontece. Infelizmente. Tenho um amigo que diz ser aceitável aumentar esse índice para até 99,5%. Quando isso acontece, as consequências são drásticas, pois uma comunidade cristã que tem muitos apostatados tende a levar uma vida carregada de sérios traumas sócio-religiosos-espirituais. Uma grande denominação cristã, em determinada região, revelou que num ano específico registrou 294.784 pessoas que se decidiram por Cristo. Mas, um estudo posterior mostrou que, dentre essas pessoas, apenas 14.337 realmente continuaram em comunhão com a igreja. Apesar disso, a exagerada ênfase nos números continua. Refletindo sobre isso, Erwin Lutzer diz: “Mesmo assim, o processo de registrar esses números extraordinários continua, sem que ninguém se pergunte o que houve de errado.” Entendendo que os nossos números e os números de Deus não são exatamente iguais (talvez não cheguem nem perto), D. L. Moody recusava-se a contar o número de decisões, porque ele tinha consciência desses problemas que a contagem numérica traz (De Pastor Para Pastor, 108-109).

De acordo com o professor universitário Luiz Carlos Lisboa Gondim,
Deus ficaria mais satisfeito com seis pessoas inteiramente convertidas à verdade, do que com sessenta fazendo uma mera profissão de fé, mas não estando de fato convertidas. Satanás não se perturba com o grande número de pessoas batizadas – se aqueles que batizamos não estão completamente convertidos nem treinados. Para os seus objetivos, quanto mais pessoas inconversas e não instruídas estiverem na igreja, melhor será (cf. Guia Para Ministros).
Rubem M. Scheffel, na página 216 do livro de meditações matinais de 2010, Com a Eternidade no Coração, nos lembra de um conselho inspirado:
Grande erro é confiar em sabedoria humana, ou em números, na obra de Deus. O trabalho bem-sucedido para Cristo não depende tanto de números ou talentos, como da pureza de desígnio, da genuína simplicidade, da fervorosa e confiante fé (O Desejado de Todas as Nações, 370).
A igreja tem a tendência de abandonar o recém-batizado justamente porque valorizamos demais, extremadamente, o evento batismal. Com isso, perdemos a oportunidade de ensinar a igreja a ser uma comunidade que abraça. Não é o ato de banhar as pessoas em um rito batismal, sem ter clareado sua compreensão sobre os ensinos da igreja que fará com que elas fiquem na igreja.
Os pastores que apreciam agradar os homens... deviam humilhar o coração perante Deus, pedindo perdão por sua incredulidade e falta de coragem moral. Não é por amor que eles abrandam a mensagem que lhes é confiada, mas porque são indulgentes para consigo mesmos e amam a vida fácil [sic] (Reflexões Pastorais, 50 – cf. Profetas e Reis).
É claro que isso não acontece com todos (nem com a maioria) dos pastores. Mas, como líderes de igreja, devemos ter consciência de que esta é uma tentação que pode bater à nossa porta. Quando pararmos de valorizar apenas os números e passarmos a dar as importâncias devidas: ao preparo das pessoas em seu necessário tempo, ao amadurecimento básico para chegar-se ao batismo, ao acompanhamento fraterno da igreja para com os novos na fé e ao aprendizado do discipulado, teremos menos pessoas “apostatadas”. “É melhor ter alguém ainda não batizado como simpatizante da igreja e sendo abraçado pelos irmãos”, que ter, no cadastro de membros, o nome de alguém que, ente ele e a igreja, a única coisa que exista seja o abandono (RA, Maio de 2010, 3).

Portanto, um grande caminho que temos a percorrer é o de buscar o equilíbrio entre a quantidade e a qualidade dos discípulos que fazemos, na fase pré-batismal do processo evangelístico, ao cumprir a grande comissão de Mateus 28:19-20. Esta é a grande contribuição que podemos dar para evitar fazer com que nossos queridos que trazemos para Cristo O abandonem sem nem ao menos tê-Lo conhecido. Se assim o fizermos, teremos muito menos pessoas frustradas, tanto dentro quanto fora da igreja.

Não tenha pressa de atribuir grande peso eclesiástico à pessoa que você está trazendo para Jesus. É muito importante que você traga-a para a igreja e que ela permaneça. Se você prepará-la melhor no processo do pré-discipulado, as chances de que ela permaneça como discípula se multiplicarão. E o que é melhor, tê-la apenas por um dia ou para sempre?

Leia também: Mais Números, Em Direção ao Crescimento
Um abraço,



Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
Gostaria de sentir arrependimento, mas o gosto pelo pecado é muito grande. O que faço?

domingo, 26 de setembro de 2010

A Bateria e a Inspiração

Se a igreja usa instrumentos de percussão, ela está de acordo com a Bíblia? Caso a resposta seja “sim”, então Ellen White teria ido contra as Escrituras com a citação dela sobre tambores no texto de Mensagens Escolhidas, volume 2, página 36?

Foi Deus, o Criador da música, quem criou, também, os tambores. Ezequiel 28:13 (Almeida, Revista e Corrigida), comentando sobre a criação e o ministério celestial pré-queda de Lúcifer, diz:

"Estavas no Éden, jardim de Deus; toda pedra preciosa era a tua cobertura: a sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro; a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado, foram preparados."
Segundo Siegried J. Schwantes, em seu livro “Comentário Sobre o livro de Ezequiel” comentaristas cristãos, desde o início, viram nesta descrição do rei de Tiro uma descrição velada de Lúcifer. O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (SDABC) menciona que uma vez que aqui está falando de instrumentos musicais, “isto relaciona-se a Lúcifer, que foi o diretor dos corais no Céu” (cf. (1SP 28-29). E dentro do próprio texto de Ezequiel contra Tiro é possível identificar que ele está realmente reportando-se, também, a itens musicais (cf. Ezequiel 26:13).
Para a palavra “tambores” que aparece neste verso, no original hebraico a palavra é “toph”, que significa literalmente “pandeiro” ou “tamborim”. O SDABC explica que trata-se de um tamborzinho portátil. É a mesma palavra usada para designar o instrumento que Miriam usou no canto de louvor ao Senhor após a travessia do Mar Vermelho (Êxodo 15:20), os instrumentos usados pelos profetas de Deus por ocasião da unção e do batismo do Espírito Santo recebidos pelo primeiro rei de Israel (1Samuel 10:15), o instrumento que Davi usou perante o Senhor sem receber reprovação nenhuma (2Samuel 6:5), o instrumento que os filhos de Asafe recomendam usar no louvor ao Senhor (Salmo 81:2) e também o que o salmista recomenda usar no louvor que acontece “na assembléia dos fiéis (Salmo 149:3 e 2)”.

Diante disso, como poderia Ellen White ter uma posição radical e condenatória em relação ao tambor se esse instrumento musical foi criado num contexto sem pecado?

Responderemos sua pergunta a respeito do texto do livro Mensagens Escolhidas, analisando primeiramente alguns princípios importantes sobre a música para que o texto seja melhor compreendido em seu contexto.

Alguns Conceitos de Ellen White sobre Música

1) Para ela, a música sempre teve um propósito santo: “Fazia-se com que a música servisse a um santo propósito, a fim de erguer os pensamentos àquilo que é puro, nobre e edificante, e despertar na alma devoção e gratidão para com Deus”. Patriarcas e Profetas, pág. 594.

2) Ellen White considerava a música tão importante quanto a oração: “Como parte do culto, o canto é um ato de adoração tanto como a oração. De fato, muitos hinos são orações...” Educação, pág. 168.

3) Tal autora gostava de qualidade: “... A música deve ter beleza, emoção e poder...” Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 457.

4) Segundo White afirma, o louvor só é aceito por Deus se a vida de quem canta é consagrada: “A música só é aceitável a Deus quando o coração é consagrado, e enternecido e santificado por sua docilidade. Muitos, porém, que se deleitam na música não sabem coisa alguma sobre produzir melodia ao Senhor, em seu coração. Estes foram ‘após seus ídolos’." Ezequiel 6:9; Carta 198, 1899.

Ellen também nos conta que a música fazia parte da vida de Jesus: “Jesus entretinha em cântico comunhão com o Céu”. O Desejado de Todas as Nações, pág. 73. A Bíblia confirma que Cristo gostava de cantar: “E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.” Mateus 26:30.

5) A Sra. White era a favor do uso de instrumentos sem mencionar quais são: “Seja introduzido na obra o talento do canto. O emprego de instrumentos de música não é de modo algum objetável. Os mesmos eram usados nos cultos nos tempos antigos. Os adoradores louvavam a Deus com harpa e com címbalos, e a música deve ter seu lugar em nossos cultos. Isto acrescentará o interesse nos mesmos.” Evangelismo, pág. 150.

6) Ela dizia que os instrumentos não devem ser tocados de qualquer jeito: “Nas reuniões realizadas, escolha-se um grupo de pessoas para tomar parte no serviço de canto. E seja este acompanhado por instrumentos de música habilmente tocados.” Testimonies, vol. 9, págs. 143, 144; Citado no Manual da Igreja, ano 2000, pág. 72.

Entretanto, a melodia da voz é mais valiosa que todos os instrumentos: “A voz humana que entoa a música de Deus vinda de um coração cheio de reconhecimento e ações de graças, é incomparavelmente mais aprazível a Ele do que a melodia de todos os instrumentos de música já inventados pelas mãos humanas”. Carta 2C, 1892.

7) A irmã White afirmou que há músicas que desagradam a Deus e profetizou que, nos últimos dias, a música será usada de maneira errada para nos afastar do Criador:

“Exibição não é religião nem santificação. Coisa alguma há, mais ofensiva aos olhos de Deus, do que uma exibição de música instrumental, quando os que nela tomam parte não são consagrados, não estão fazendo em seu coração melodia para o Senhor. A mais aprazível oferta aos olhos de Deus, é um coração humilhado pela abnegação, pelo tomar a cruz e seguir a Jesus. Não temos tempo agora para gastar em buscar as coisas que agradam unicamente aos sentidos. É preciso íntimo esquadrinhar do coração. Necessitamos, com lágrimas e confissão partida de um coração quebrantado, aproximar-nos mais de Deus; e Ele Se aproximará de nós.” Review and Herald, 14 de novembro de 1899.

“As coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo.

“O Espírito Santo nunca Se revela por tais métodos, em tal balbúrdia de ruído. Isso é uma invenção de Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este tempo. É melhor nunca ter o culto do Senhor misturado com música do que usar instrumentos músicos para fazer a obra que, foi-me apresentado em janeiro último, seria introduzida em nossas reuniões campais. A verdade para este tempo não necessita nada dessa espécie em sua obra de converter almas. Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção. As forças das instrumentalidades satânicas misturam-se com o alarido e barulho, para ter um carnaval, e isto é chamado de operação do Espírito Santo... Satanás opera entre a algazarra e a confusão de tal música, a qual, devidamente dirigida, seria um louvor e glória para Deus. Ele torna seu efeito qual venenoso aguilhão da serpente.” Mensagens Escolhidas, vol. 2, págs. 36, 37.
E é da leitura da frase “Haverá gritos com tambores, música e dança...”, no primeiro parágrafo deste último texto, que surge o questionamento sobre o uso de instrumentos de percussão.

Esse Texto foi Redigido para Condenar a Bateria?

No texto supracitado (onde destacamos os tambores) ela está atacando a bateria, como pensam alguns? Se o estiver, está atacando os gritos, a bateria, a dança e A PRÓPRIA MÚSICA também, pois as quatro coisas estão no mesmo contexto!

Logo, chegamos a outra pergunta: Foi somente o uso do instrumento de percussão que Ellen White condenou sobre a adoração em Indiana, no final do século 19? A resposta é óbvia: Ela não estava fazendo um documento sobre um instrumento musical em si, nem mesmo sobre a música somente. Estava analisando o todo de um contexto de adoração, e nesta análise, na mesma frase, ela não condenou somente os tambores, mas também os gritos, as danças e a música. Portanto, para sermos coerentes, se fôssemos eliminar os tambores baseados somente nesta frase, deveríamos eliminar também até a própria música, pois “música” é um dos quatro itens da frase. Isso é um próprio argumento dela, no mesmo texto, quando escreveu: “é melhor nunca ter o culto do Senhor misturado com música do que usar instrumentos músicos para fazer a obra que, foi apresentado em janeiro último...” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 36).

É importante ressaltar que ela está preocupada com a soma de todas essas coisas. Logo, se quando a bateria estiver sendo usada na sua igreja estiverem também ocorrendo danças e gritos, tal adoração musical estará chegando perto da preocupação de Ellen White. Mas o problema é que a soma não era apenas desses quatro itens. Tem mais.

Olhando o texto como um todo, temos que ser honestos em admitir que Ellen está sendo contra os cultos BARULHENTOS com qualquer tipo de instrumento e danças que não são relacionadas com aquelas danças praticadas pelos hebreus (homens dançavam com homens e mulheres com mulheres. Isso nada tem a ver com as danças sensuais aqui do nosso mundo ocidental moderno). Precisamos ter cuidado para não fazermos Ellen White dizer o que queremos e muito menos achar que a música é uma questão de pouca importância, pois o diabo se aproveitará dela para levar muitos à perdição eterna!

O que White condenou foi um contexto litúrgico que, por sua ideologia, levava à maneira errada como a música foi usada. “Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma benção” (Idem). Veja como aquele culto era diferente do que têm sido os nossos cultos: “Satanás opera entre a algazarra e a confusão de tal música...” (pág. 37). A preocupação deste texto vai no sentido de que (antes de nos preocuparmos em julgar determinada música ou instrumento) a primeira análise é observar se está havendo algazarra e confusão na execução de tal adoração musical. Veja a continuação da mesma frase citada acima: “...tal música, a qual, se devidamente dirigida, seria um louvor e glória para Deus” (Idem). Logo, o problema não era a música, mas o modo de a conduzir, não somente ela, mas todo o contexto de adoração. “Satanás fará da música um laço, pela maneira que é dirigida” (pág. 38), e não por que é acompanhada por instrumento de percussão.

Aquilo que poderia ser usado para o bem, passou a ser usado para o mal. O instrumento de percussão, que por si mesmo não tem nada de mal, só teve a infelicidade de estar fazendo parte do mesmo contexto onde se fazia presente uma lista enorme de coisas erradas. Leia o texto de forma mais ampla, no volume dois do Mensagens Escolhidas, da página 31 a 39. Você verá que no problema da condenação também estavam as doutrinas falsas, o fanatismo, o espiritismo, a excitação, o perfeccionismo (doutrina dos hereges pós-lapsarianos - Pós-lapsariano é uma pessoa que acredita ter vindo Jesus com uma natureza interna pecaminosa, algo totalmente contrário ao ensinamento bíblico: Hebreus 7:26; 4:15; João 8:46, etc.b), a heresia doutrinária conhecida como “carne santa”, os pulos, os tumultos, as mentes desequilibradas, as loucuras, os falsos movimentos, etc.

Na página 37, a autora diz que “nenhuma animação deve ser dada a tal espécie de culto”. E aqui cabe uma pergunta: Será que ela queria também eliminar os cultos da igreja? É aí que percebemos que um mesmo instrumento pode ser benéfico ou maléfico. Seria então justo aplicar tal condenação textual para o nosso contexto atual de cultos? Os nossos cultos são uma soma de gritos com tambores, dança, música, heresias doutrinárias, fanatismo, espiritismo, excitação, pulos, tumultos, presença de mentes desequilibradas, loucuras e falsos movimentos? Se sim, não devemos tirar só os tambores de tais cultos, mas sair dos mesmos junto com todos os instrumentos!

Alguém poderia dizer: “Bem, ainda não chegamos lá, mas o tambor é o primeiro item nesta direção, por isso devemos evitá-lo.” Se este argumento for válido, a coerência exige, então, que também digamos: “Ainda não chegamos lá, mas a música é o primeiro item nesta direção, por isso devemos evitá-la.”

Então, o que este Texto Quer nos Dizer?

Precisamos dar o sonido certo à interpretação desse texto para não corrermos o risco de colocar Ellen White contra a própria Bíblia. Nesse verso, a preocupação da Sra. White é com a doutrina da “carne santa”. O movimento fanático chamado “carne santa” afirmava ser possível viver nesse mundo de pecado e nunca mais pecar. Sabemos que essa era a condenação do texto que Ellen White escreveu, pois se perguntássemos a ela: “Sra. White, é possível viver nesse mundo de pecado e nunca mais pecar?”, ela nos responderia que o ensino dado com relação ao que é denominado “carne santa” é um erro. Segundo ela, se esse aspecto de doutrina fosse levado um pouco mais longe, conduziria à pretensão de que seus defensores não podem pecar; de que uma vez que tenham a “carne santa”, suas ações são todas santas. Ainda segundo a autora, todos podem obter agora corações puros, mas não é correto pretender, nesta vida, possuir a carne santa. Ainda no livro Mensagens Escolhidas, neste mesmo capítulo, ela menciona que nossa confiança não está no que o homem pode fazer, mas sim, naquilo que Deus pode realizar pelo homem, por meio de Cristo. E comentando sobre o mesmo assunto nos Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 114, ela deixa claro que a santificação não é obra de um momento, uma hora ou um dia. É um contínuo crescimento na graça. E enquanto Satanás reinar (até a volta de Jesus) precisamos subjugar o próprio eu, teremos assaltos malignos a vencer e não há lugar de parada - nenhum ponto a que possamos chegar e dizer que atingimos plenitude (Filipenses 3:13-16).

E, quando nos desarmamos dos nossos pressupostos para receber a pura mensagem do sentido hermenêutico correto da interpretação deste texto de Ellen White, que está no livro Mensagens Escolhidas (onde ela cita os tambores), olhando para o texto como um todo, temos que admitir que ela não está discutindo música, e sim a doutrina da salvação e o espírito de adoração. Por isso, é lamentável ver como algumas pessoas que querem defender opiniões pessoais tiram um pedaço do texto do seu contexto e colocam na boca do profeta aquilo que ele não tinha em mente, de modo a expor a igreja como se ela estivesse numa grande confusão. Como diz o ditado: “um texto fora do contexto é um pretexto”.

Observação Etimológica

Muitos que tentam relacionar este texto de Ellen White com o moderno instrumento de percussão chamado “bateria”, recorrem ao uso da palavra inglesa “drum”. Pois, se para o que aparece como “tambores” no texto original em inglês é a mesma palavra inglesa – “drum” – para designar o instrumento que em português seria “bateria”, então Ellen White estaria falando especificamente do instrumento.

Acontece que, no contexto deste texto de Ellen White, “drum” jamais pode ser traduzido por “bateria”. Por quê? É simples: A coleção de instrumentos musicais de percussão agrupados para um só instrumentista (percussionista, baterista) executar, que hoje é conhecida como “bateria” (“drum” em inglês), demorou mais de duas décadas para ser inventada, depois que Ellen White escreveu seu texto. Sim, a invenção da bateria aconteceu após 1910.

Mas duas décadas antes, a palavra “drum” já existia, significando outra coisa. O “drum” daquela época é o que conhecemos hoje por “bumbo”. Esse tambor grande, usado em fanfarras militares, escolares, de desbravadores, escoteiros, etc. Era ao mal uso deste tambor grande que Ellen White estava se referindo, justamente pelo fato de ele sozinho e mal tocado produzir um som retumbante, que logicamente atrapalhava o bom andamento das reuniões em Indiana.

Discrição e Moderação

Percebemos que uma boa recomendação, no nosso contexto de igreja até o momento, é a de que, se desejada e necessária, a bateria seja usada, de forma adequada (sem tirar a atenção da letra, sem um volume excessivo que agrida os ouvidos, sem deixar que os sons da marcação rítmica sobressaltem-se à melodia ou à harmonia, sem despertar sentimentos exibicionistas, etc.), inclusive em playbacks. A Bíblia tanto aconselha, também, o uso de instrumentos de percussão (Salmo 150:3-5) quanto cita exemplos de que os mesmos eram usados no serviço de adoração da casa de Deus (1Crônicas 25; 2Crônicas 29:25). As palavras “címbalos”, “liras” e “harpas” que aparecem em 2Crônicas 29:25 não se referem exatamente a um (ou, no caso, três) instrumento, mas sim, a uma ordem, classe, de instrumentos. Portanto, uma boa tradução deste verso poderia ser assim: “O rei posicionou os levitas no templo do senhor com instrumentos de percussão, instrumentos de sopro e instrumentos de cordas... conforme ordenado pelo Senhor, por meio dos seus profetas”. Ellen White também diz que “não devemos opor ao uso de instrumentos musicais em nossa obra (Testimonies, vol. 9, págs. 143 e 144; citado no Manual da Igreja, edição revisada em 2000, pág. 72).

É importante sermos conscientes que pode acontecer de, em determinados contextos sociais, a presença física e visível desse instrumento dentro da igreja ser negativa, na visão de alguns. Pode ser que a bateria esteja com sua imagem muito deturpada na mente de determinados crentes. Neste caso, talvez eles possam fazer uma associação mental com os shows mundanos, ao ponto de ter sua adoração atrapalhada. Se for assim, talvez seja melhor evitar a presença física de tal instrumento dentro do templo, apenas para que não haja um ruído de comunicação causado pelo visual. Isso ajudaria, didaticamente, a alguns irmãos firmarem-se no sentimento de que preservamos nossa identidade e de que não desejamos causar escândalo entre os irmãos. Esse princípio de evitar o escândalo está em Romanos 14:21, 22 e os filhos de Deus irão segui-lo: “É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer]. A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.”

Também devemos considerar que “sons percussivos (marcação do tempo da música) indefinidos (que não dão a marcação no tempo certo) estão mais intimamente relacionados com a invocação dos deuses” em culturas religiosas como a africana. Por isso, é bom que como igreja não tenhamos a intenção de usar instrumentos de percussão com “sons percussivos indefinidos”. O som da bateria precisa ser usado corretamente, pois os sons percussivos marcados no tempo correto, do jeito certo, não atrapalham em nada a adoração (STEFANI, Wolfgang Hans Martin. Música Sacra, Cultura e Adoração. Imprensa Universitária Adventista. São Paulo, 2002). Em todo e qualquer instrumento pode haver percussão! Aliás, todo e qualquer som é percussivo, mas “até no caso de coisas inanimadas que produzem sons, tais como a flauta ou a cítara, como alguém reconhecerá o que está sendo tocado, se os sons não forem distintos? (1Coríntios 14:7)”.

Amigo, se um dia Deus quiser que a presença física do instrumento faça parte da coleção de utensílios usados dentro da igreja que você frequenta, Ele o revelará. Enquanto isso, vale a prudência em respeitarmos a opinião de todos (sem escandalizar os demais – 1Coríntios 10:32, 33) tendo a consciência de que qualquer instrumento (bateria, violão, piano ou guitarra) pode ser uma bênção ou maldição. Dependerá do uso que faremos de tais instrumentos na adoração.

Avalie a música especialmente pelo que ela produz em você (em nível de sentimentos) e veja se os pensamentos que irá despertar em você são os de Filipenses 4:8: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”

Um abraço,


PS: Como Paulo o fez com as carnes sacrificadas a ídolos, a foto que estava nesta postagem foi retirada por amor aos cristãos mais fracos que estavam escandalizando-se. Por conveniência, e nada mais (1Coríntios 6:12).

Leia Também: "Em Sintonia Com Deus". Você vai gostar!

Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
O que podemos fazer para evitar o grande número de apostasia existente em nossas congregações? O que os líderes das nossas igrejas devem fazer para que ex-cristãos retornem à casa paterna? Como fechar a porta dos fundos?

sábado, 25 de setembro de 2010

Repensando Nosso Modo de "Fazer Igreja"

Pastor, gostei daquele livro que você recomendou: Uma Igreja Com Propósitos. Mas ele foi escrito por um pastor que não pertence ao seu (ao nosso) ministério evangélico. O senhor conhece algum livro no teor daquele de Warren, mas que tenha sido escrito por alguém da sua (nossa) denominação cristã?

Conheço sim, vários. Ron Gladen, por exemplo, escreveu Plant The Future. Já leu? Esse foi o livro que li que mais tem a ver com a realidade desta atual área de divulgação do evangelho que estamos, agora, usando. Gosto de “pregar” pela internet. É um meio de pregação muito forte que opera direta e exclusivamente com o público externo à igreja, atraindo-o. Mas a realidade é que, em escala considerável, a igreja não está preparada para colher os frutos daquilo que semeia. E precisamos parar pra pensar, em que pontos não estamos preparados para receber os que nos procuram, e nos readaptar-nos para as novas realidades nas quais a nossa cultura contemporânea tem se inserido.


Isso é tão necessário, a ponto de ser vital. Para isso, precisamos ter um foco definido, e mantê-lo em mente, a cada vez que usamos novos métodos. Aliás, precisamos ter um foco tão definido para sermos versáteis o suficiente para resistirmos à tentação de usar métodos revolucionários que nos atraiam, quando esses não forem oportunos. Para isso, é preciso conhecimento de causa.

Conhecimento de causa? Sim, tipo a Coca-Cola Company teve, para tornar-se o que se tornou. O capítulo mais interessante e aplicável à prática, que vem de encontro com nossas necessidades funcionais, de Plant The Future, é um capítulo que faz uma análise da história de ascendência da Coca-Cola. O que o capítulo diz? Sai do óbvio de apenas teorizar e mostra como aconteceu, na prática, a aplicação de foco definido, versatilidade, resitência à tentação de usar o que não é oportuno, conhecimento de causa, abertura para novos paradigmas, preparo para mudanças, e, acima de tudo, onde encontrar o ponto de equilíbrio entre o que deve mudar e o que não se pode mudar.

A carência desses atributos mencionados acima tem nos feito andar a passo de tartaruga. Já usei esse capítulo (da Coca-Cola) deste livro para palestrar, porque ele é um verdadeiro ombudsman da nossa realidade. E precisamos ser honestos. Muitas vezes, ao servirmos à igreja, nossas prioridades tem sido nós mesmos, e não os perdidos. Mas o maior problema é ver o quanto isso tem fincado-nos no passado, o que se manifesta na linguagem com que nos expressamos (se é que expressamos).

Um outro princípio grandioso que aprendi com Ron Gladden é sobre o ciclo de vida de uma igreja. Percebi que muitas vezes já joguei energia fora tentando buscar crescimento de igreja onde não havia mais o que crescer, e, com isso, perdendo a oportunidade de fazer com que a igreja, muito mais que crescesse, se reproduzisse.

O que eu não entendo não é Ron Gladden nem seus ensinamentos. O que eu não entendo é a nossa igreja, o nosso sistema organizacional, a nossa liderança e os nossos servidores. Se os conceitos estão já estudados e definidos de forma tão clara, e se o que queremos é crescer, por que não aplica-los e continuar vivendo na lamúria. Isso é confuso e paradoxal.

Com isso percebi que muitas vezes a resistência e o apego ao inútil é tão grande, que a reforma é impossível. Quando a reforma é impossível, a troca é oportuna. Passei então a orar para que Deus faça substituições. E por incrível que parece, Deus atende as orações. Quando não podemos mudar alguma coisa na igreja, podemos orar por isso, e, se for válido o pedido, Deus opera a mudança.

Que Deus abençoe a sua (a nossa) igreja!


Ficha do Livro:
Gladden, Ron, Plant The Future: So Many Churches! Why Plant More? (Nampa, ID, U.S.A.: Pacific Press Publishing Association, 2000), 80 pages, brochure.

Pergunta Que Será Respondida Amanhã:

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Maior Doação do Mundo

É possível amar sem gostar? É possível amar alguém sem saber a quem? Existe amor sem amizade? Afinal, o que é o amor?


Qual é a maior doação que você poderia dar ao mundo? Ou qual é a maior necessidade do mundo? Eu quero falar com você sobre o que o mundo mais necessita. Estaria disponível em todas as partes, mas as pessoas não o compreendem bem. Nós compreendemos realmente como é o amor? Luiz de Camões cunhou a frase “amor é um fogo que arde sem se ver”. Já o apóstolo João, em sua primeira epístola, no versículo oito do capítulo sete escreveu: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”.

Eu diria que nunca poderemos entender plenamente este dom de Deus. Mas podemos buscar conhecê-lo um pouco melhor, através do que nos está revelado sobre este assunto. Os princípios cristãos, baseados na bíblia, podem nos ajudar a entender um pouco melhor o amor.

Em uma de suas canções, Milton Nascimento diz: “Qualquer maneira de amar vale a pena”. Pascal afirma: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Diante destes dois extremos, uma das revistas mais populares do nosso país, anexa a um de seus números, lançou uma edição especial, um fascículo, uma segunda revista, onde vários escritores expunham idéias de diferentes profissionais que tratavam de relacionamento e amor. O objetivo desta revista era falar do assunto: amor.

O primeiro escritor começava até bem, afirmando que “submeter-se aos compromissos da relação é o primeiro mandamento para se construir” um amor. Já em seguida, num próximo artigo, uma jornalista defendia a idéia de que o “amor é aquecido pelo atrito. E sem medo de botar pra quebrar, muitos casais vivem de cutucar a onça com vara curta e fazem das discussões um exercício de definição do próprio espaço dentro” do amor. A autora do terceiro artigo representou o grupo que tenta provar que não importam as brigas, pois o amor é movido pelo sexo e tudo se resolve na cama. Um outro artigo colocou que o sucesso do amor está na liberdade sem limites e na ausência do compromisso, mais propriamente dito, no ficar. Enfim, a revista era fechada com um artigo intitulado: “O ousado amor rompe convenções para fazer suas próprias leis”.

Assim como a junção destes escritores não chegou a lugar nenhum para dizer o que é amor, o mundo hoje apresenta tantas maneiras de pensar sobre o amor, que quase ninguém sabe o que vem a ser amor. A mídia geralmente dá ao amor um paralelismo com o ato sexual, em suas significâncias. Quando ouvimos em tantas músicas ou representações a expressão “fazer amor” sabemos que se está falando de sexo. A idéia de “amor” está confundida com prazer e paixão.

Você já viu que se tenta representar tudo o que é bom ou bonito através de cenas ou atos de “amor”? Se deixarmos estas idéias destruídas sobre amor para pensarmos somente no amor de forma correta, sabemos que realmente existem diferentes tipos de amor.

Os dicionários, friamente definem amor como “uma declinação afetiva, um apreço moral, simpatia. Um sentimento de dedicação exclusiva, de profundo carinho, de paixão arraigada”.

Existe amor por muitas coisas.Talvez você possa ouvir alguém dizer assim: “eu amo tanto o meu cachorrinho!”. Ou ainda: “como amo aquele modelo de carro! vou lutar para comprar um pra mim”. Você ama o que você faz? Você poderia dizer: “eu amo ser professor, eu amo ser dona de casa, eu amo ser mecânico, amo ser secretária”?... A gente também ama, de forma especial, a alguém do sexo oposto. Costumamos dizer que amamos a Deus. Enfim, dizemos que amamos muitas coisas pelas quais temos diferentes manifestações de apreço. Talvez você já tenha até chegado a dizer: “Ai, eu amo assistir ao canal Novo Tempo de televisão!”

Entretanto, não quero falar do apreço que sentimos por isto ou aquilo, em separado, mas considerar o amor, de uma forma geral. Considerar os princípios que podem e devem reger qualquer manifestação do puro e verdadeiro amor. Quero analisar somente o mais alto tipo de amor genuíno sob três prismas diferentes partindo da idéia de que já temos bem claro em nossa mente o que é o verdadeiro amor.

Quero considerar com você, três características do amor. A primeira delas: É possível amar sem gostar. Mas como? É possível amar sem gostar? Sim. É possível amar sem gostar das coisas que envolvem as circunstâncias. Paulo, em Romanos, capítulo oito, escreveu : “Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro”. Não vamos ao matadouro porque gostamos da morte, mas porque amamos a Deus. Do verso trinta e cinco ao versículo trinta e nove, ele deixa claro que tribulação, angústia, perseguição, fome, perigo, nudez ou morte; nada poderia nos separá-lo do amor de Deus. Paulo não gostava da tribulação, da angústia, de perseguição, fome, perigo ou nudez. Ele não era masoquista. Mas ele suportava aquelas coisas por amor a Deus.

É como uma mãe que está para dar a luz. Ela não sente nenhuma ansiosa alegria, em não ver a hora de sentir dor, de ter contrações, ser cortada... Mas, ela submete-se a todos os sofrimentos da gravidez e do parto, por amor ao filho que irá abraçar. É uma agonia em contraste com uma alegria.

É o que Cristo passou no Getsêmani. Ele não tinha nenhum prazer em imaginar o sofrimento ao qual estava a submeter-se. Chegou a orar: “Pai, se possível, passa de mim este cálice”. Mas Jesus assim mesmo, encarou o Calvário, por amor a você e a mim. É possível amar sem gostar da circunstância que envolve a relação.

Mas é possível também amar sem gostar da própria pessoa amada, ou de suas atitudes. Paulo nos aconselhou a convivermos fraternalmente, suportando-nos uns aos outros em amor. Ora, quem tem que suportar o outro, não tem tanta atratividade pelo outro, mas pode seguir amando-o. Jesus foi além ordenando “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Isto está em Mateus cinco, versos quarenta e três e quarenta e quatro. Jesus não pediu para você viver morrendo de paixão pelo seu inimigo, nem para mandar bilhetinhos floreados para ele. Ninguém gosta de um inimigo, mas por principio e decisão é possível amá-lo.

Isto pode ser ilustrado pela seguinte situação. Imagine um mendigo, moribundo e maltrapilho. Você o vê, sente repugnância e até um pouco de nojo. Mas sente também compaixão. Se aproxima e faz alguma coisa por ele. Talvez lhe dê algum dinheiro, ou lhe pague um lanche. Você estende a mão para lhe demonstrar um gesto de amor, embora não tenha afeitvidade por ele. Você não quer ficar do lado dele e nem vai sentir saudades. Você não tem uma emoção que faz pulsar o coração quando o vê. Mas você o amou sem dele gostar. É possível amar sem gostar, porque o amor é um princípio que adotamos pela razão, por isto decidimos amar a Deus e às pessoas.

Uma segunda característica do amor que quero analisar com você é que é possível amar alguém sem saber a quem. Amar o desconhecido? Sim, amar alguém que você não conhece.

Veja o que diz a Bíblia em São João três dezesseis: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que, todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha vida eterna”. Antes que existíssemos e fosse designado quem somos, Deus já havia nos amado. Mas aí você pode dizer: “Bem, mas Deus é onisciente. Ele já sabia da minha existência”.

Certa vez eu estava assistindo a uma palestra dirigida a um grupo de, cerca de 600 adolescentes. O palestrante estava discutindo com os alunos assuntos polêmicos entre a juventude. E a pergunta em questão era: -Por que se manter virgem até o casamento? Foram apresentadas diferentes razões, como por exemplo: evitar doenças, obediência a Deus, risco de gravidez, etc. Até que um rapaz, de uns 14 anos de idade, levantou-se e disse: “Eu sei que, quando eu casar e construir minha família, minha e esposa e filhos, por motivos aqui citados e por muitos outros, poderão ter muito mais felicidade oferecida por mim, se eu tiver me conservado virgem. Portanto reservo minha castidade como uma demonstração de amor a minha futura esposa e por meus futuros filhos, os quais nem imagino quem serão”. É possível amar alguém, antes mesmo de conhecê-lo. Portanto o amor transpõe barreiras de tempo, retribuição e até mesmo os limites do conhecimento.

O terceiro e último aspecto sobre o amor, que quero considerar com você é que, apesar de não existir amizade sem amor, pode ser que exista amor sem amizade. Veja o que diz provérbios vinte e sete versos cinco e seis: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos”.

Você conhece a história do filho pródigo, contada em Lucas quinze? Pois é. Sempre se espera que em um relacionamento entre pai e filho, haja amizade. Todavia, quando o filho pródigo saiu de casa, rompeu, entre ele e seu pai, os laços de amizade. O pai até que continuava se dispondo a ser amigo do filho, mas esta amizade não podia existir pelo fato de que o filho não queria ser amigo do pai nem o ter como amigo. Mas o pai continuava amando o filho. Este é o amor não correspondido. Já gostou de alguém que não queria saber de você? Este é o tipo de amor que mais dói. Mexe com todos os sentimentos, faz sofrer além do necessário.

É este tipo de amor que Jesus tem por nós quando pecamos. Ele disse: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos”. Então viramos as costas e transgredimos a lei, quebramos os dez mandamentos, não permanecendo em seu amor fazendo o que Ele nos pede, como prova de amor. Mesmo assim, Jesus continua nos amando. Um amor não correspondido. Jesus é um amigo que conhece todos os seus desacertos e ainda assim ama você. Cristo me ama, apesar de mim mesmo.

A amizade é recíproca. Sem o relacionamento mútuo que partilha, não há amizade. Mas o amor pode viver com somente um dos pólos acionados, sem que a corrente elétrica esteja completando-se. Sendo assim, o amor vai além do que o pensamento lógico espera ver acontecer; se difere em grande escala das coisas que a paixão egoísta anseia ter como salário. Logo, podemos concluir que, muito do que imaginamos ser amor, pode não ser amor.

Dentre estes tantos enganos acerca do amor, quero considerar com você dez coisas que o amor parece ser mas não é: o amor não é emoção, pois nenhuma mãe, embora movida por amor, almeja a dor do parto. Amor não é prazer, porque, estando no Getsêmani, embora movido por amor, Cristo disse: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice”. Amor não é impulso, porque ainda que uma mãe se esqueça do seu filho, Deus continua amando você. Amor não é sentimento, pois consiste em transformação do coração e mudança do ego que abandona ou muda suas próprias e velhas maneiras de sentir. Amor não é força, porque, por amor, Cristo entregou a si mesmo. Amor não é sexo, porque sexo só se faz com o cônjuge e amor se dá a todos. Amor não é o ficar sem compromisso, pois a lei de Deus é um eterno pacto de amor. Amor não é conhecimento, porque até mesmo o ignorante pode amar o desconhecido. Amor não é sorriso, porque atrás das lágrimas pode haver amor. Amor não é “vida somente”, porque o maior ato de amor que o mundo já conheceu foi a morte de Jesus.

Mas então, o que é o amor? A emoção, o prazer, o impulso, o sentimento, a força, o sexo, a liberdade, o conhecimento, o sorriso e a vida, podem sim estar ligados ou contidos no amor ou o amor contido nestes. No entanto, o amor está muito acima de todas estas coisas e a tudo isto suplanta.

A escritora cristã mais traduzida de nossa atualidade escreveu em um de seus livros que, o amor é um princípio divino. Em um outro de seus escritos ela definiu o amor como a decisão de uma vontade santificada. O melhor dom que o Pai pode nos conceder. Mas a citação que mais gosto é uma que diz que o amor é o princípio da ação que modifica o caráter, governa os impulsos, controla as paixões, submete as inimizades, e eleva e enobrece as afeições.

Pessoas comuns podem ter emoção, prazer, impulso e as demais coisas que citei, mas um coração não consagrado não pode criar ou produzir este amor. Você sabe, esta é a razão pela qual, em primeira Coríntios , o apóstolo Paulo o coloca como o maior de todos os dons. Maior até mesmo do que a esperança e a fé.

Quando um agricultor deseja colher algo, em primeiro lugar, ele faz uso de seu principal material: a semente. Para que esta semente venha a nascer é necessário que ele decida plantá-la ou não. Escolhendo a opção plantar, dentro de alguns dias ela irá brotar e surgir na forma de um vegetal bem tenro e frágil. Por esta ocasião ainda é possível ao homem escolher cultivá-lo ou não. Destruí-lo ainda é muito fácil.

Depois de algum tempo, quando já é formado um arbusto, se o seu cultivador desejar destruí-lo, ele não poderá mais fazê-lo sozinho e necessitará da ajuda de algumas ferramentas. Se continuar preservando aquela planta, ela poderá se transformar em uma árvore tão frondosa com galhos tão fortes, raízes tão compridas e profundas, e tronco tão robusto, que, removê-la por completo, só será possível por meio de tratores e maquinaria pesada. Porém, se ainda não destruí-la, esta árvore, fruto daquela única semente, produzirá frutos e sementes que resultarão em tantas outras imponências vegetais, formando tamanha floresta que se for um dia destruída, causará um desequilíbrio ecológico em todos os reinos da natureza por ali presentes, deixando uma marca eterna no planeta.

“O amor é uma tenra planta, e precisa ser cultivada e nutrida, e terão de ser arrancadas todas as raízes de amargura que lhe estão em volta, de modo que ela tenha espaço para circular, e então ela atrairá para junto de sua influência todas as faculdades da mente, todo o coração, de modo que amaremos supremamente a Deus e ao nosso próximo como a nós mesmos”.

Em 1994, um canal de televisão em Goiânia apresentava uma propaganda do Banco daquele estado que continha uma música com a seguinte letra: “Perguntei a uma criança o que achava da Terra. Ela respondeu tristonha que tinha medo da guerra. Perguntei a um idoso se ele tinha algum temor. Ele respondeu que temia apenas o desamor”. E é esta a maior necessidade do ser humano: amor.

Para sermos felizes naquilo que fazemos e faremos pelas pessoas é necessário seguir o conselho de Jesus, relatado em João quinze, versículos nove e doze: “Permanecei no meu amor. O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei”. O mesmo apóstolo que relatou estas palavras de Jesus escreveu: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” – primeira João capítulo três, verso oito.

Quer mostrar Deus ao mundo? Você tem a semente em suas mãos. Amar é uma questão de opção, porque escolhemos estar em Deus ou não estar. E Deus é amor. É dEle que o mundo mais necessita. O amor foi a maior doação que o mundo recebeu do céu, pelo ato redentivo de Jesus Cristo. E esta é a maior doação que você pode fazer ao mundo:

Ame!


Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
Pastor, gostei daquele livro que você recomendou: Uma Igreja Com Propósitos. Mas ele foi escrito por um pastor que não pertence ao seu (ao nosso) ministério evangélico. O senhor conhece algum livro no teor daquele de Warren, mas que tenha sido escrito por alguém da sua (nossa) denominação cristã?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Amor Acaba?

Em um lugar, a Bíblia diz que "o amor jamais acaba", noutro, diz que "o amor de muitos se esfriará". Eu acho que tem gente que se ilude em continuar lutando por um amor que já morreu há muito tempo, só por causa de 1Coríntios 13:8. Mas, na prática, a gente vê muita gente que amou e não ama mais. Como é isso? O amor acaba ou não?

É comum, entre jovens e adultos cristãos de ambos os sexos, econtrarmos pessoas que têm dificuldade em lidar com seus sentimentos próprios. Um problema que afeta uma grande parte das pessoas que não têm um cônjuge é a identificação do amor. Não somente como algo existente mas também experimentado. Este problema chega a ampliar-se do campo emocional para o espiritual trazendo uma distorção quanto a compreensão soterológica da conversão.


Os psicólogos modernos cristãos são unânimes em concordar que, se não cultivado, o puro amor experimentado por um indivíduo pode acabar. Estes profissionais preocupam-se com a necessidade do trabalho com o relacionamento na direção de um crescimento que faça com que o amor não venha à falência.

Desconhecedora destes conhecimentos ou ajudas psicológicos, a maioria dos que apresentam dificuldades em suas faculdades emocionais, apóia-se na afirmação bíblica de 1ª Coríntios 13:8 de que “o amor jamais acaba”. Algumas bíblias traduzem como “o amor nunca falha”.

Será que todos os estudos e terapias realizados por aconselhadores acerca da ênfase no cultivo do amor gira em torno de um equívoco? Ou a Bíblia está enganada ao afirmar que o amor não tem fim? Sobre que natureza de amor Paulo estava falando? O amor, segundo o cânon, não acaba ou não falha?

Este estudo é uma breve intrudução reflexiva sobre o que o apóstolo quis comunicar no verso em questão. Limita-se à primeira parte do verso e não trata-se de uma profunda exegese na qual se esgota o estudo do assunto. Torna-se portanto, um canal aberto para que pesquisas posteriores continuem a explorar o tema.

1ª CARTA AOS CORÍNTIOS 13:8a

O amor jamais acaba...


he agape oudepote piptei.


CONTEXTO HISTÓRICO

A Cidade

Desde os tempos antigos Corinto foi uma das mais importantes cidades da Grécia, rivalizando com Atenas. Foi grande centro comercial. Navios mercantes dos 4 cantos do império aportavam diariamente em Cencréia, o porto de Corinto. Ganhou reputação pelo liberalismo sexual. A cidade se tornou tão depravada, que o verbo corintianizar significava viver depravadamente como um coríntio. O templo de Afrodite, ou Vênus, na Acrópole de Corinto, possuía mais de 1.000 sacerdotisas, consideradas escravas sagradas, e que atuavam como prostitutas vestais.

Corinto, portanto, era uma cidade caracterizada pela luxúria e riqueza derivada de seu comércio marítimo e terrestre, suas indústrias de cerâmica e cobre, e sua importância política. Estima-se que sua população nos tempos de Paulo era de 700 mil habitantes, 500 mil dos quais escravos.

Evangelização

Atos 18 narra a evangelização de Corinto. Paulo permaneceu ali pelo menos 18 meses, provavelmente entre 50 e 52AD.

Quando Paulo chegou em Corinto, encontrou Áquila e Priscila, casal de judeus cristãos que haviam sido expulsos de Roma, e com eles se hospedou (Atos 18:2).

Paulo pregou inicialmente aos judeus na sinagoga local. Quando estes se opuseram à pregação, ele se voltou aos gentios, usando a casa de Tício Justo, vizinho da sinagoga. Os judeus invejosos de Paulo o levaram ao tribunal de Gálio que decidiu não se envolver numa questão, que lhe pareceu de mera natureza religiosa. Isto animou o apóstolo a permanecer em Corinto por mais tempo, até que se completaram 18 meses. Partiu então para Éfeso, deixando em Corinto uma numerosa comunidade de cristãos.

Mas o baixo nível moral da população foi responsável por problemas de ordem moral na igreja, requerendo a repreensão apostólica de Paulo.

CONTEXTO LITERÁRIO

Propósitos

Talvez no começo de seu período em Éfeso, Paulo enviou a Corinto uma carta (I Cor 5:9) que não chegou até nós. Nela os crentes foram advertidos a não se associarem com pessoas imorais. A carta foi mal interpretada e Paulo teve de corrigi-los. O sentido era que os crentes não deveriam permitir em seu meio, como membro da igreja, pessoas com comportamento pagão, imoral. Parece que aquela 1ª carta não havia alcançado o efeito desejado (I Cor 5:1-13; 6:9-20).

Alguns membros de Corinto, Estéfanas, Fortunato e Acaico (I Cor 16:17), foram portadores de uma carta da parte da igreja ao apóstolo, contendo várias consultas. Estes membros comunicaram a Paulo problemas de ordem moral na igreja, entre eles um flagrante caso de pecado sexual.

Todos estes fatos exigiram que Paulo lhes escrevesse novamente, dando orientação doutrinária, e combatendo os problemas locais da igreja. Este é o teor de I Coríntios. Resposta às consultas feitas pela igreja são introduzidas com as expressões “quanto a”, “com respeito a”, “no que se refere a” ( I Cor 7:1, 25; 8:1; 12:1; 16:1).

Local, Data e Autoria

I Coríntios, pois, foi escrita de Éfeso, durante a terceira viagem (I Cor 16:8). Paulo passou por Éfeso na 2ª viagem, mas esta não foi a ocasião, pois em II Cor 16:5 ele revela o plano de ir à Macedônia, o que fez na 3ª viagem (Atos 19:21; 20:1).

Principais Temas

Eles são agrupados em 3 blocos:

1. Éticos: facções, frouxidão moral, discriminação (orgulho intelectual e espiritual), casamento, carnes sacrificadas aos ídolos (idolatria)

2. Litúrgicos: Adoração, Serviço da Comunhão, dons espirituais

3. Escatológico: Ressurreição

Perícope do Tema Proposto

Paulo trata do assunto dos dons espirituais no texto que vai de 12:1 a 14:40.

AGAPAO – AMAR

Etimologia

A palavra que é traduzida como amor, ou caridade, nas edições portuguesas atuais, é correspondente ao termo original grego, ágape, cuja raiz está em afinidade com o verbo agapao. Não está clara a etimologia de agapao e ágape.

Na LXX agapao se emprega, de preferência, para traduzir o verbo aheb. Referindo-se tanto a pessoas como a coisas, e denota, em primeiro lugar, o relacionamento de seres humanos entre si, e, em segundo lugar, o relacionamento entre Deus e o homem.

O amor e o ódio representam para a sensibilidade oriental duas das atitudes polarizadas básicas à vida. O fenômeno do amor no AT se experimenta como força espontânea que impede alguém a uma coisa ou pessoa em contraste consigo mesmo. O amor significa o impulso vital dos sexos entre si.

Uso e Significado no N.T.

Agapao, trata-se de uma das palavras menos comuns do grego clássico, onde expressa, em suas poucas ocorrências, aquela forma mais elevada e nobre de amor que vê algo de infinitamente precioso em seu objeto.

Seu emprego no NT não se deriva diretamente do grego clássico, mas muito mais da LXX, em que ocorre em 95% de todos os casos onde o hebraico é geralmente traduzido por amor em nossas versões portuguesas. Vem como em cada caso, o amor que Deus tem pelo homem, e o pólo de amor por seu próximo. É o poder involuntário que nos impele a algum outro tipo de amor puro. O amor pelo cônjuge, filhos ou qualquer outra pessoa, precisa de um ancoradouro que é Deus, porque Ele é a definição de Amor. Este príncipio (amor) pode ser entendido como amor fraternal ou objeto de afeição.

O Contexto do Amor

Trata-se de um sentimento de apreciação por alguém, acompanhado do desejo de lhe fazer o bem (1Sm 20.17). No relacionamento CONJUGAL o amor envolve atração sexual e sentimento de posse (Ct 8.6). Deus é amor (1Jo 4.8). Seu amor é a base da ALIANÇA, o fundamento da sua fidelidade (Jr 31.3) e a razão da ELEIÇÃO do seu povo (Dt 7.7-8). Cristo é a maior expressão e prova do amor de Deus pela humanidade (Jo 3.16). O Espírito Santo derrama o amor no coração dos salvos (Rm 5.5). O amor é a mais elevada qualidade cristã (1Co 13.13), devendo nortear todas as relações da vida com o próximo e com Deus (Mt 22.37-39). Esse amor envolve consagração a Deus (Jo 14.15) e confiança total nele (1Jo 4.17), incluindo compaixão pelos inimigos (Mt 5.43-48; 1Jo 4.20) e o sacrifício em favor dos necessitados (Ef 5.2; 1Jo 3.16).

O SIGNIFICADO DE
PIPTEI

Etimologia de Piptei

A tradução literal seria: O amor nunca cai. A última palavra da frase, traduzida aqui como cai, é diferentemente interpretada, nas variadas versões modernas do Novo Testamento, quase sempre como falha ou acaba (João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada: acaba, Revista e Corrigida, 1ª ed.: falha, A Bíblia de Jerusalém: passará, Good News Bible: é eterno, New International Version: fails, Revised Standard Version: ends).

A escolha do uso de um desses dois vocábulos para colocar o versículo em questão na língua portuguesa, pode comprometer a compreensão da natureza do amor, sob um prisma de visão limitada. Ao afirmar que o amor nunca acaba, é possível deixar uma abertura para o pensamento de que, embora ele vá durar para sempre, possa ter falhas em alguma fase de sua existência. Dizer somente que o amor nunca falha, dá a liberdade de entender que, ainda que infalível enquanto dure, ele pode chegar um dia ao fim.

A palavra usada do vernáculo paulino é piptei, conjugada do verbo pipto, que literalmente significa cair. Em pensamento grego, o uso de pipto, faz entender tanto uma queda fisica, quanto o preciptar-se, sucumbir, cair em engano, equivocar-se, falhar, faltar, fracassar em, ser mal sucedido.

A palavra pipto e seus derivados aparecem mais de noventa vezes no N.T., e seu uso é feito para expressar uma grande variedade de sentidos figurados e literais, como se faz com o correspondente verbo cair na língua portuguesa. O “cair para baixo” pode ser físico ou virtual, como que cair na vida, ou ser arruinado (sem chegar a um fim). A maior frequencia no N.T. é mesmo o sentido literal do termo, quando flores, construções, muros, animais e homens vão ao chão. Coisas abstratas como a escuridão, o medo, ou o Espírito de Deus, também podem “cair sobre”. Existe também uma grande coleção de expressões idiomáticas que usam pipto ou derivado; por exemplo: “cair no pescoço de fulano”, que significa “ter o amor ativado por”. Ainda pode expressar a finalização terminal de algo que entra em ruína ou colapso.

Portanto, uma análise de caráter apenas etimológico, permite entender que Paulo poderia, tanto estar afirmando a infalibilidade do amor quanto sua eternidade, bem como somente um ou outro destes atributos.

Piptei Interpretado Como: Amor Nunca Acaba

Nesta altura do texto, depois de, já ter antes ampliado o assunto dos dons e agora ter caracterizado o amor em seus atributos, o apóstolo contrasta-o com os outros três mais importantes dons, as profecias, a ciência e as línguas, quanto à sua duração. Estes outros dons, um dia (talvez por ocasião da parousia) serão tornados inúteis, inoperantes e reduzidos a nada.
Nestes termos, o escritor põe em relevo uma qualidade absolutamente própria e exclusiva do amor: sua perpetuidade eterna. Isto permite a livre interpretação de que “O amor jamais acaba”. Porque ele é irredutível, jamais chega ao fim e nunca cairá de seu lugar, como uma atrativa graça da vida cristã na terra e como um dom ou uma fonte permante a fluir.

Piptei Interpretado Como: Amor Nunca Falha

Quando Paulo diz que o amor nunca cai, esta visão é colocada parcialmente sobre as implicações do significado do termo perfeição no verso 10, porque ainda que os outros dons fossem incompletos em sua eficácia, o amor é sempre bem sucedido. Outrossim, quando chega a um grau de maturidade em Cristo, não falha em sua atuação.

O Crente, em cada vicicitude da vida pode depender sempre do amor para resolver seus problemas, e uma pessoa com amor jamais cai moral ou espiritualmente. Então o amor passa a ser infalível também como o princípio que vive no coração do crente. E neste estágio de princípio aplicado à vida do cristão, ele é eterno em qualidade. A vida cristã passa a ter qualidade eterna.

O amor é sempre útil por ser o fruto da própria personificação de um Deus que é eterno (Deus é amor). Ele não se tornou amor depois que criou o mundo e a humanidade, ele é amor eterno. Então passa a ser possível que o amor nunca falhe em sua operação, nunca se torne obsoleto ou inválido e nunca morra por ser divino. Por não ser produzido por seres humanos, mas ser bebido da fonte infalível.

Tradução de Piptei

A teologia paulina vê o amor tanto infalível quanto eterno. Ele nunca falha e nunca acaba. Ambas as traduções estão corretas, mas uma isolada da outra pode ser parcial ou particluar. Paulo usou muito bem esta figura de linguagem.

Dizer que o amor não cai enriquece o texto. O uso do verbo cair, metafóricamente abre um leque para um compreensão mais abundante dos atributos do amor e deixa mais rica a possível diversificação homilética.

Portanto, as edições modernas do Novo Testamento fariam uma ponte mais completa entre o leitor e a inspiração se conservassem a literalidade do vocábulo em sua versão portuguesa. A melhor tradução e interpretação seria “O amor nunca cai”. O verbo cair em nosso vernáculo tem um significado linguístico, literal e figurado, tão pleno e bem direcionado quanto no idioma dos manuscritos.

CONCLUSÃO

As pessoas não precisariam ter tantas dificuldade em lidar com seus sentimentos próprios na identificação teórica ou aplicada do amor, pelo menos por uma razão de mal interpretação bíblica. Nem ao menos isto deveria afetar sua compreensão do relacionamento do homem com Deus.

Os psicólogos modernos cristãos estão corretos ao afirmarem que o amor verdadeiro pode acabar. A bíblia também está correta em suas versões original e traduzidas.

1a Coríntios 13 é a porção mais majestosa, mais potente e mais profunda a que todos os comentaristas descobrem como um sublime cântico, o amor divino. Do ponto de vista da exegese, todavia, surge um perigo de sua mesma sublimidade, pois existe a tendência de isolá-lo de seu contexto, enquanto que, de fato, constitui um movimento integrado perfeitamente com o tema dos dons do Espírito à igreja. É evidente que o capítulo 13 deve ser estudado no contexto do restante da carta. Este capítulo precisa ser diretamente ligado à discussão paulina sobre os dons.

Que a significação de ágape serve como princípio para os diferentes tipos de amor que o ser humano cultiva é fato. Mas Paulo aqui não está preocupado com um arrazoado comportamental somente no nível psíquico. Ele está falando do dom que existe como fonte, em termos espirituais, e nisto está correto. O assunto é tão amplo que o escritor sagrado usou uma figura de linguagem que permite ver o amor como sem falhas e por sempre duradouro.

Deve ficar portanto esclarecido que o amor concedido nunca acabará, mas o amor recebido ou experimentado pode morrer.

Há uma vasta bibliografia que comenta tanto os dons quanto a natureza do amor. Entretando pouca coisa existe escrita sobre a durabilidade do amor numa comparação bíblica. Este estudo deixa em aberto a possibilidade de um aprofundamento na pesquisa do assunto.



Em amor,

Valdeci Jr.

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Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
É possível amar sem gostar? É possível amar alguém sem saber a quem? Existe amor sem amizade? Afinal, o que é o amor?