sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Maior Doação do Mundo

É possível amar sem gostar? É possível amar alguém sem saber a quem? Existe amor sem amizade? Afinal, o que é o amor?


Qual é a maior doação que você poderia dar ao mundo? Ou qual é a maior necessidade do mundo? Eu quero falar com você sobre o que o mundo mais necessita. Estaria disponível em todas as partes, mas as pessoas não o compreendem bem. Nós compreendemos realmente como é o amor? Luiz de Camões cunhou a frase “amor é um fogo que arde sem se ver”. Já o apóstolo João, em sua primeira epístola, no versículo oito do capítulo sete escreveu: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”.

Eu diria que nunca poderemos entender plenamente este dom de Deus. Mas podemos buscar conhecê-lo um pouco melhor, através do que nos está revelado sobre este assunto. Os princípios cristãos, baseados na bíblia, podem nos ajudar a entender um pouco melhor o amor.

Em uma de suas canções, Milton Nascimento diz: “Qualquer maneira de amar vale a pena”. Pascal afirma: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Diante destes dois extremos, uma das revistas mais populares do nosso país, anexa a um de seus números, lançou uma edição especial, um fascículo, uma segunda revista, onde vários escritores expunham idéias de diferentes profissionais que tratavam de relacionamento e amor. O objetivo desta revista era falar do assunto: amor.

O primeiro escritor começava até bem, afirmando que “submeter-se aos compromissos da relação é o primeiro mandamento para se construir” um amor. Já em seguida, num próximo artigo, uma jornalista defendia a idéia de que o “amor é aquecido pelo atrito. E sem medo de botar pra quebrar, muitos casais vivem de cutucar a onça com vara curta e fazem das discussões um exercício de definição do próprio espaço dentro” do amor. A autora do terceiro artigo representou o grupo que tenta provar que não importam as brigas, pois o amor é movido pelo sexo e tudo se resolve na cama. Um outro artigo colocou que o sucesso do amor está na liberdade sem limites e na ausência do compromisso, mais propriamente dito, no ficar. Enfim, a revista era fechada com um artigo intitulado: “O ousado amor rompe convenções para fazer suas próprias leis”.

Assim como a junção destes escritores não chegou a lugar nenhum para dizer o que é amor, o mundo hoje apresenta tantas maneiras de pensar sobre o amor, que quase ninguém sabe o que vem a ser amor. A mídia geralmente dá ao amor um paralelismo com o ato sexual, em suas significâncias. Quando ouvimos em tantas músicas ou representações a expressão “fazer amor” sabemos que se está falando de sexo. A idéia de “amor” está confundida com prazer e paixão.

Você já viu que se tenta representar tudo o que é bom ou bonito através de cenas ou atos de “amor”? Se deixarmos estas idéias destruídas sobre amor para pensarmos somente no amor de forma correta, sabemos que realmente existem diferentes tipos de amor.

Os dicionários, friamente definem amor como “uma declinação afetiva, um apreço moral, simpatia. Um sentimento de dedicação exclusiva, de profundo carinho, de paixão arraigada”.

Existe amor por muitas coisas.Talvez você possa ouvir alguém dizer assim: “eu amo tanto o meu cachorrinho!”. Ou ainda: “como amo aquele modelo de carro! vou lutar para comprar um pra mim”. Você ama o que você faz? Você poderia dizer: “eu amo ser professor, eu amo ser dona de casa, eu amo ser mecânico, amo ser secretária”?... A gente também ama, de forma especial, a alguém do sexo oposto. Costumamos dizer que amamos a Deus. Enfim, dizemos que amamos muitas coisas pelas quais temos diferentes manifestações de apreço. Talvez você já tenha até chegado a dizer: “Ai, eu amo assistir ao canal Novo Tempo de televisão!”

Entretanto, não quero falar do apreço que sentimos por isto ou aquilo, em separado, mas considerar o amor, de uma forma geral. Considerar os princípios que podem e devem reger qualquer manifestação do puro e verdadeiro amor. Quero analisar somente o mais alto tipo de amor genuíno sob três prismas diferentes partindo da idéia de que já temos bem claro em nossa mente o que é o verdadeiro amor.

Quero considerar com você, três características do amor. A primeira delas: É possível amar sem gostar. Mas como? É possível amar sem gostar? Sim. É possível amar sem gostar das coisas que envolvem as circunstâncias. Paulo, em Romanos, capítulo oito, escreveu : “Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro”. Não vamos ao matadouro porque gostamos da morte, mas porque amamos a Deus. Do verso trinta e cinco ao versículo trinta e nove, ele deixa claro que tribulação, angústia, perseguição, fome, perigo, nudez ou morte; nada poderia nos separá-lo do amor de Deus. Paulo não gostava da tribulação, da angústia, de perseguição, fome, perigo ou nudez. Ele não era masoquista. Mas ele suportava aquelas coisas por amor a Deus.

É como uma mãe que está para dar a luz. Ela não sente nenhuma ansiosa alegria, em não ver a hora de sentir dor, de ter contrações, ser cortada... Mas, ela submete-se a todos os sofrimentos da gravidez e do parto, por amor ao filho que irá abraçar. É uma agonia em contraste com uma alegria.

É o que Cristo passou no Getsêmani. Ele não tinha nenhum prazer em imaginar o sofrimento ao qual estava a submeter-se. Chegou a orar: “Pai, se possível, passa de mim este cálice”. Mas Jesus assim mesmo, encarou o Calvário, por amor a você e a mim. É possível amar sem gostar da circunstância que envolve a relação.

Mas é possível também amar sem gostar da própria pessoa amada, ou de suas atitudes. Paulo nos aconselhou a convivermos fraternalmente, suportando-nos uns aos outros em amor. Ora, quem tem que suportar o outro, não tem tanta atratividade pelo outro, mas pode seguir amando-o. Jesus foi além ordenando “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Isto está em Mateus cinco, versos quarenta e três e quarenta e quatro. Jesus não pediu para você viver morrendo de paixão pelo seu inimigo, nem para mandar bilhetinhos floreados para ele. Ninguém gosta de um inimigo, mas por principio e decisão é possível amá-lo.

Isto pode ser ilustrado pela seguinte situação. Imagine um mendigo, moribundo e maltrapilho. Você o vê, sente repugnância e até um pouco de nojo. Mas sente também compaixão. Se aproxima e faz alguma coisa por ele. Talvez lhe dê algum dinheiro, ou lhe pague um lanche. Você estende a mão para lhe demonstrar um gesto de amor, embora não tenha afeitvidade por ele. Você não quer ficar do lado dele e nem vai sentir saudades. Você não tem uma emoção que faz pulsar o coração quando o vê. Mas você o amou sem dele gostar. É possível amar sem gostar, porque o amor é um princípio que adotamos pela razão, por isto decidimos amar a Deus e às pessoas.

Uma segunda característica do amor que quero analisar com você é que é possível amar alguém sem saber a quem. Amar o desconhecido? Sim, amar alguém que você não conhece.

Veja o que diz a Bíblia em São João três dezesseis: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que, todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha vida eterna”. Antes que existíssemos e fosse designado quem somos, Deus já havia nos amado. Mas aí você pode dizer: “Bem, mas Deus é onisciente. Ele já sabia da minha existência”.

Certa vez eu estava assistindo a uma palestra dirigida a um grupo de, cerca de 600 adolescentes. O palestrante estava discutindo com os alunos assuntos polêmicos entre a juventude. E a pergunta em questão era: -Por que se manter virgem até o casamento? Foram apresentadas diferentes razões, como por exemplo: evitar doenças, obediência a Deus, risco de gravidez, etc. Até que um rapaz, de uns 14 anos de idade, levantou-se e disse: “Eu sei que, quando eu casar e construir minha família, minha e esposa e filhos, por motivos aqui citados e por muitos outros, poderão ter muito mais felicidade oferecida por mim, se eu tiver me conservado virgem. Portanto reservo minha castidade como uma demonstração de amor a minha futura esposa e por meus futuros filhos, os quais nem imagino quem serão”. É possível amar alguém, antes mesmo de conhecê-lo. Portanto o amor transpõe barreiras de tempo, retribuição e até mesmo os limites do conhecimento.

O terceiro e último aspecto sobre o amor, que quero considerar com você é que, apesar de não existir amizade sem amor, pode ser que exista amor sem amizade. Veja o que diz provérbios vinte e sete versos cinco e seis: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos”.

Você conhece a história do filho pródigo, contada em Lucas quinze? Pois é. Sempre se espera que em um relacionamento entre pai e filho, haja amizade. Todavia, quando o filho pródigo saiu de casa, rompeu, entre ele e seu pai, os laços de amizade. O pai até que continuava se dispondo a ser amigo do filho, mas esta amizade não podia existir pelo fato de que o filho não queria ser amigo do pai nem o ter como amigo. Mas o pai continuava amando o filho. Este é o amor não correspondido. Já gostou de alguém que não queria saber de você? Este é o tipo de amor que mais dói. Mexe com todos os sentimentos, faz sofrer além do necessário.

É este tipo de amor que Jesus tem por nós quando pecamos. Ele disse: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos”. Então viramos as costas e transgredimos a lei, quebramos os dez mandamentos, não permanecendo em seu amor fazendo o que Ele nos pede, como prova de amor. Mesmo assim, Jesus continua nos amando. Um amor não correspondido. Jesus é um amigo que conhece todos os seus desacertos e ainda assim ama você. Cristo me ama, apesar de mim mesmo.

A amizade é recíproca. Sem o relacionamento mútuo que partilha, não há amizade. Mas o amor pode viver com somente um dos pólos acionados, sem que a corrente elétrica esteja completando-se. Sendo assim, o amor vai além do que o pensamento lógico espera ver acontecer; se difere em grande escala das coisas que a paixão egoísta anseia ter como salário. Logo, podemos concluir que, muito do que imaginamos ser amor, pode não ser amor.

Dentre estes tantos enganos acerca do amor, quero considerar com você dez coisas que o amor parece ser mas não é: o amor não é emoção, pois nenhuma mãe, embora movida por amor, almeja a dor do parto. Amor não é prazer, porque, estando no Getsêmani, embora movido por amor, Cristo disse: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice”. Amor não é impulso, porque ainda que uma mãe se esqueça do seu filho, Deus continua amando você. Amor não é sentimento, pois consiste em transformação do coração e mudança do ego que abandona ou muda suas próprias e velhas maneiras de sentir. Amor não é força, porque, por amor, Cristo entregou a si mesmo. Amor não é sexo, porque sexo só se faz com o cônjuge e amor se dá a todos. Amor não é o ficar sem compromisso, pois a lei de Deus é um eterno pacto de amor. Amor não é conhecimento, porque até mesmo o ignorante pode amar o desconhecido. Amor não é sorriso, porque atrás das lágrimas pode haver amor. Amor não é “vida somente”, porque o maior ato de amor que o mundo já conheceu foi a morte de Jesus.

Mas então, o que é o amor? A emoção, o prazer, o impulso, o sentimento, a força, o sexo, a liberdade, o conhecimento, o sorriso e a vida, podem sim estar ligados ou contidos no amor ou o amor contido nestes. No entanto, o amor está muito acima de todas estas coisas e a tudo isto suplanta.

A escritora cristã mais traduzida de nossa atualidade escreveu em um de seus livros que, o amor é um princípio divino. Em um outro de seus escritos ela definiu o amor como a decisão de uma vontade santificada. O melhor dom que o Pai pode nos conceder. Mas a citação que mais gosto é uma que diz que o amor é o princípio da ação que modifica o caráter, governa os impulsos, controla as paixões, submete as inimizades, e eleva e enobrece as afeições.

Pessoas comuns podem ter emoção, prazer, impulso e as demais coisas que citei, mas um coração não consagrado não pode criar ou produzir este amor. Você sabe, esta é a razão pela qual, em primeira Coríntios , o apóstolo Paulo o coloca como o maior de todos os dons. Maior até mesmo do que a esperança e a fé.

Quando um agricultor deseja colher algo, em primeiro lugar, ele faz uso de seu principal material: a semente. Para que esta semente venha a nascer é necessário que ele decida plantá-la ou não. Escolhendo a opção plantar, dentro de alguns dias ela irá brotar e surgir na forma de um vegetal bem tenro e frágil. Por esta ocasião ainda é possível ao homem escolher cultivá-lo ou não. Destruí-lo ainda é muito fácil.

Depois de algum tempo, quando já é formado um arbusto, se o seu cultivador desejar destruí-lo, ele não poderá mais fazê-lo sozinho e necessitará da ajuda de algumas ferramentas. Se continuar preservando aquela planta, ela poderá se transformar em uma árvore tão frondosa com galhos tão fortes, raízes tão compridas e profundas, e tronco tão robusto, que, removê-la por completo, só será possível por meio de tratores e maquinaria pesada. Porém, se ainda não destruí-la, esta árvore, fruto daquela única semente, produzirá frutos e sementes que resultarão em tantas outras imponências vegetais, formando tamanha floresta que se for um dia destruída, causará um desequilíbrio ecológico em todos os reinos da natureza por ali presentes, deixando uma marca eterna no planeta.

“O amor é uma tenra planta, e precisa ser cultivada e nutrida, e terão de ser arrancadas todas as raízes de amargura que lhe estão em volta, de modo que ela tenha espaço para circular, e então ela atrairá para junto de sua influência todas as faculdades da mente, todo o coração, de modo que amaremos supremamente a Deus e ao nosso próximo como a nós mesmos”.

Em 1994, um canal de televisão em Goiânia apresentava uma propaganda do Banco daquele estado que continha uma música com a seguinte letra: “Perguntei a uma criança o que achava da Terra. Ela respondeu tristonha que tinha medo da guerra. Perguntei a um idoso se ele tinha algum temor. Ele respondeu que temia apenas o desamor”. E é esta a maior necessidade do ser humano: amor.

Para sermos felizes naquilo que fazemos e faremos pelas pessoas é necessário seguir o conselho de Jesus, relatado em João quinze, versículos nove e doze: “Permanecei no meu amor. O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei”. O mesmo apóstolo que relatou estas palavras de Jesus escreveu: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” – primeira João capítulo três, verso oito.

Quer mostrar Deus ao mundo? Você tem a semente em suas mãos. Amar é uma questão de opção, porque escolhemos estar em Deus ou não estar. E Deus é amor. É dEle que o mundo mais necessita. O amor foi a maior doação que o mundo recebeu do céu, pelo ato redentivo de Jesus Cristo. E esta é a maior doação que você pode fazer ao mundo:

Ame!


Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
Pastor, gostei daquele livro que você recomendou: Uma Igreja Com Propósitos. Mas ele foi escrito por um pastor que não pertence ao seu (ao nosso) ministério evangélico. O senhor conhece algum livro no teor daquele de Warren, mas que tenha sido escrito por alguém da sua (nossa) denominação cristã?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quer dizer o que pensa sobre o assunto?
Então, escreva aí. Fique à vontade.
Mas lembre-se: não aceitamos comentários anônimos.
Agora, se quiser fazer uma pergunta, escreva para nasaladopastor@hotmail.com