sexta-feira, 30 de novembro de 2012

GÁLATAS - Gálatas 01-03


Para introduzir a nossa leitura do livro de Gálatas, quero apresentar-lhe Erwin Gane, em seu livro, “The Battle for Freedom” da  Pacific Press.  Gane comenta que “a epístola escrita aos Gálatas é a mais controvertida de todas as escritas pelo apóstolo Paulo e afeta decisivamente a compreensão que o homem moderno tem do cristianismo do Novo Testamento. Essa epístola está relacionada com as questões mais profundas da existência e destino humanos. Isso tem exercido uma influência de vigência permanente em toda a história do pensamento teológico.
“Não existe um corpo de documentos que seja mais interessante, no Novo Testamento, do que as epístolas escritas por Paulo. A razão é que, de toda a literatura, as cartas são as de caráter mais personalizados – pessoais. Mas é também por sua própria natureza que as epístolas se tornam a parte daqueles escritos mais difíceis de entender. E nisso, entre todas, se destaca a epístola aos Gálatas, que chega a arder com o fogo da controvérsia. O tema é vital porque o apóstolo define os grandes princípios do evangelho e a justificação pela fé através do Senhor Jesus Cristo. É como uma espada candente nas mãos de um gigante. O grande apóstolo Paulo usou-a assim porque, tanto a sua pregação sobre as boas novas do evangelho quanto o seu apostolado estavam sob o ataque de inimigos astutos e dissidentes.
“Nessa epístola, o apóstolo Paulo, que tanto sofreu, escreveu algumas das coisas que Pedro mencionou como sendo ‘difíceis de entender’. Tais ‘mistérios’ da escrita teológica vieram, realmente, diretamente do punho de Paulo. Portanto, estudar o livro de Gálatas sob uma orientação teológica correta pode conduzir o leitor à análise e à compreensão das questões mais importantes (e, às vezes, difíceis) que têm a ver com a lei e a graça, que já perturbaram aos cristãos da antiguidade e ainda perturbam muitos cristãos hoje em dia.”
Com esse teólogo, a ajuda do Espírito Santo e meu próprios estudos acerca do livro de Gálatas, descobri que na carta que Paulo escreveu aos cristãos da Galácia, podemos aprender sobre assuntos muito importantes como: a) Como trazer uma igreja dividida à união; b) Como estar bem com Deus; c) Como compreender o papel da fé e das obras na vida cristã; d) Como obter e conservar a justiça que Cristo oferece; e) A necessidade constante de pertencer, exclusivamente, a Jesus; f) Os porquês de Deus ter as Suas leis; g) Como Deus preparou o mundo para a vinda de Cristo; g) Como nós, seres humanos, podemos ser escravos ou livres; e, h) Como andar no Espírito.
Descubra tudo isso e muito mais estudando o livro de Gálatas!



Valdeci Júnior
Fátima Silva

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O TESTEMUNHO DE UMA IGREJA UNIDA - 2Coríntios 11-13


Examinando os últimos capítulos de Coríntios, fiquei muito impressionado com a preocupação que Paulo tinha com a necessidade de que houvesse harmonia nos relacionamentos entre os cristãos. E no volume 1 da obra “Testemunhos Seletos”, encontrei um comentário sobre o testemunho de uma igreja unida, que quero compartilhar com você:
“Se o mundo vê harmonia perfeita na igreja de Deus, isto será poderosa demonstração aos seus olhos em favor da religião cristã. Dissensões, lamentáveis desinteligências, pequenas causas sujeitas à comissão da igreja, desonram a nosso Redentor. Tudo isso se pode evitar mediante a entrega do próprio eu ao Senhor, e se os seguidores de Cristo obedecerem à voz da igreja. A incredulidade sugere que a independência individual nos aumenta a importância, que é fraqueza subordinar nossas idéias do que é direito e conveniente ao veredicto da igreja; ceder a esses sentimentos e pontos de vista, porém, não é seguro, levando-nos à anarquia e confusão. Cristo viu que a unidade e a comunhão cristã eram necessárias à causa de Deus, e portanto a recomendou aos discípulos. E a história do cristianismo de então para cá demonstra de modo conclusivo que unicamente na união está a força. Subordine-se o juízo individual à autoridade da igreja.”
“Os apóstolos sentiram a necessidade de unidade estrita, e para esse fim trabalharam zelosamente. Paulo exortou os Coríntios nas seguintes palavras: ‘Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo sentido e em um mesmo parecer’” 1Coríntios 1:10.
Aos romanos, escreveu ele: “Ora o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para a glória de Deus.” Romanos 15:5-7. “Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos.” Romanos 12:16.
E em sua segunda epístola aos Coríntios, Paulo diz: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos; sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco.”  2Coríntios 13:11.
O testemunho da harmonia de uma igreja unida tem um poder de impacto muito grande sobre o mundo. Tal influência torna-se a própria demonstração da presença de Deus na Terra. Portanto, devemos estudar muitas vezes esses conselhos apostólicos sobre como termos um perfil comunitário assim. Desenvolva isso na sua igreja e em sua comunidade de crentes.


Valdeci Júnior
Fátima Silva

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

OFERTAR PRA QUÊ? - 2Coríntios 08-10


Você gosta de dar ofertas? Gosta de receber oferta? É bom, na necessidade de um produto, receber a oferta promocional do mesmo, feita por alguma loja. Mas... E na hora de dar oferta, o que você pensa?
Se quiser pensar um pouco mais sobre esse assunto, leia os capítulos da leitura de hoje. Em 2Coríntios 8, Paulo já começa organizando uma coleta para os pobres de Jerusalém. Os coríntios tinham se oferecido para contribuir, no entanto, as boas intenções deles não tinham entrado em prática. Sendo assim, o apóstolo apelou-lhes, citando o exemplo das igrejas da Macedônia, que apesar de muito pobres, tinham se envolvido voluntariamente. No verso 9, Paulo explica que a suprema razão para a generosidade cristã é o ato de dar. Um grande exemplo disso é o ato de empobrecer-se de Cristo, que largou mão da glória e da posição que Ele tinha por direito, por nossa causa. Os coríntios entenderam o recado porque Cristo tinha se tornado exatamente o que eles eram – pobres – para que dessa forma eles pudessem se tornar o que Jesus é: rico.
Agora, o que é um coração generoso? 2Coríntios 9:10 fala sobre dar generosamente. Uma pessoa que tem o coração generoso, na realidade, é marcada pela evidência clara que pode ser vista da obra do Espírito Santo na vida dela. E o amor de Deus é demonstrado quando Ele entrega Seu Filho por nós (João 3:16), pois a obra da encarnação não é operada pelo Espírito Santo? É por isso que no livro aos gálatas está escrito que Seu fruto é o amor.
Quando dedicamos tempo, energia e dinheiro numa coisa, evidenciamos que nosso coração está naquilo ali. É um apego amoroso. Ao dedicar tempo, energia e dinheiro na Causa de Deus, demonstramos que temos um coração cheio de gratidão a Deus. Isso é uma resposta natural de uma pessoa que se deu conta de que recebeu, de forma muito profunda, as bênçãos do Senhor e a graça de Jesus.
Quando nos comprometemos assim, seja ajudando um filho de Deus ou Sua casa, na realidade, estamos comprometendo o próprio coração. E isso é muito bom. Em 2Coríntios 10:6, por exemplo, Paulo sabia que os coríntios estavam em grave perigo de se afastar do evangelho, então, nesse capítulo podemos perceber a preocupação de Paulo, expressando que o cristão deve ser leal. E quando vamos para essa instância, a oferta deixa de ser uma questão de voluntariado e passa a ser uma questão de compromisso e fidelidade.
Deus pode trabalhar no coração do ser humano a ponto de tornar alguém altruísta. Peça para que Ele faça isso com você.


Valdeci Júnior
Fátima Silva

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O PENTECOSTALISMO MODERNO NA PAROUSIA


Introdução
Jorge Lucien Burlandy

O pentecostalismo tem atraído a milhões de pessoas comuns que se veem tentadas a se tornarem seus adeptos. Mas este movimento religioso também tem despertado a atenção de muitos pesquisadores, tanto apologistas quanto críticos. Uma reunião de teólogos dissertando sobre este assunto pode ser vista na revista Parousia do primeiro semestre de 2000, sob a coordenação do então diretor de seminário teológico, Jorge Lucien Burlandy. Por tratar-se de um periódico acadêmico, além de trazer os ricos textos sobre o referido assunto, também disponibiliza ao leitor uma rica lista de referências bibliográficas e notas elucidativas.

O Movimento Pentecostal no Brasil: Breve Análise Histórica e as Principais Razões Para o Seu Crescimento
Edilson Valiante

O então professor de teologia sistemática no SALT, professor Edilson Valiante, começa com o primeiro capítulo sobre o “Movimento Pentecostal no Brasil: Breve Análise Histórica e as Principais Razões Para o Seu Crescimento”. Sob a perspectiva de Paul Freston, Valiante resume este histórico em três ondas, em cada uma das quais ele destaca o que considera as principais denominações representantes.

Da primeira onda, o professor Edilson faz o resumo histórico da Assembleia de Deus e da Congregação Cristã no Brasil. Da segunda onda, ele destaca a Igreja do Evangelho Quadrangular, a Igreja Evangélica Pentecostal “O Brasil Para Cristo”, a Igreja Pentecostal “Deus é Amor” e a Igreja Adventista da Promessa. E da terceira Onda, ele disserta sobre a Igreja da Nova Vida, a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Cristã Apostólica Renascer em Cristo e a Igreja Internacional da Graça de Deus.

Abrindo um parêntese, aqui, é curioso o contraste do pensamento de Mendonça que “considera a Congregação como a primeira igreja pentecostal legitimamente brasileira[i]” com o de Reily que diz que a Igreja Adventista da Promessa, surgida “em 1932 da Igreja Adventista do Sétimo Dia”, é reconhecida como a primeira igreja pentecostal genuinamente brasileira[ii]. Após este resumo histórico, Valiante então procura apontar o que ele considera “as principais razões para o crescimento do movimento pentecostal no Brasil”. Segundo ele,

A complexidade do fenômeno pentecostal torna impossível a tarefa de alinhar todas as possíveis razoes de seu crescimento, ainda mais quando reconhecemos que existem relações causais de interdependência e interpenetração. Além disso, o estudo transpassa o campo meramente religioso, tornando obrigatória uma reflexão interdisciplinar, em áreas como psicologia, história, política e economia.

Como razões psicológicas, Valiante destaca: a) a reação pentecostal “diante da incapacidade das igrejas tradicionais de se tornarem menos estáticas”, com a “recuperação do místico, do emotivo na vida religiosa”; b) a facilidade pentecostal de mobilizar as massas; c) a criação da expectativa “de uma vida melhor, sob a ação do ‘sagrado’”; d) a tendência brasileira da “procura de soluções fáceis a situações complexas”; e) a “democratização do religioso” através de “lideranças autóctones” de “gente do próprio povo que entende suas necessidades”, da “participação mais efetiva do universo feminino” e da informalidade litúrgica; e f) “a formação religiosa do povo brasileiro” que, por quatro séculos, já vivia uma religião de católicos leigos receptores de um simbolismo curandeiro místico folclórico, das tradições informais indígenas e dos panteões e emotividades afros (fatores esses que encontram no pentecostalismo um lugar comum para reunirem-se).
Como razões econômicas, Valiante aponta “que as igrejas pentecostais têm crescido às expensas da crise econômica crônica em que vive o país”, atuando nas lacunas deixadas pela precariedade da saúde pública e do processo constantemente migratório das classes trabalhadoras que se tornam vulneráveis a qualquer tipo de mudança, inclusive a religiosa. Ainda ressalta a ambição pelo negócio próprio que motiva os líderes a promoverem a tal religiosidade e os adeptos a sonharem com as promessas dos mesmos (teologia da prosperidade).

As principais razões relativas ao poder advêm das bancadas evangélicas no legislativo e no executivo, e da utilização da mídia. “Uma igreja com maior força política terá mais poder de fogo nas famosas mesas de barganha”. E o uso dos “meios de comunicação de massa” na “concorrência... por pontos no Ibope. Isso é poder”.

Valiante conclui dizendo que “a valorização da experiência sobre a crença e a ênfase nas emoções sobre a razão parecem oferecer motivos intrínsecos suficientes para o crescimento acelerado do movimento pentecostal”. E nisto, ele vê um cumprimento profético através da “avaliação escatológica do crescimento pentecostal”.

O Dom de Línguas em 1Coríntios 12-14
Gerhard F. Hasel

O segundo artigo de Parousia: Pentecostalismo Moderno é uma adaptação do último capítulo do livro Speaking in Tongues: Biblical Speaking in Tongues and Contemporary Glossolalia, do falecido diretor e professor do seminário teológico da Andrews University, Gerhard F. Hasel, no qual ele analise o dom de línguas em 1Coríntios 12-14.

Após uma introdução na qual visualiza as diferentes possibilidades de interpretação deste trecho bíblico, este Ph.D. descreve o cenário histórico e o contexto nos quais os três capítulos de 1Coríntios 12-14 foram escritos. Depois disso, ele passeia pelas versões bíblicas King James Version, New English Biblie, Bíblia de Jerusalém, New International Version, New Revised Standard Version e Elberfelder Bibel, fazendo, em cada uma destas traduções modernas, uma análise do falar em línguas.

Baseado nisso, Hasel sugere que “não há nenhuma razão terminológica convincente para concluir que a expressão “falar em línguas” em 1Coríntios 12-14 tenha outro sentido, diferente, do restante do Novo Testamento”. Para ele, “não há igualmente nenhuma razão convincente para que o falar em línguas em Corinto refira-se a glossolalia no sentido de fala desconexa de pessoas em êxtase religioso ou algo parecido”.

Para chegar a esta conclusão, Hasel faz uma extensa confrontação do falar em línguas com: a) a língua dos anjos; b) a fala em mistérios; c) a compreensão; d) as religiões helênicas de mistério; e) a edificação da igreja; f) um sinal para os incrédulos; g) a interpretação; h) a profecia; i) a oração; e j) a adoração de forma ordenada. E tal conclusão é a de que o falar em línguas no Novo Testamento era o milagre de conseguir, repentinamente, comunicar-se com pessoas de idiomas estrangeiros, “dado pelo Espírito Santo aos crentes [não todos] com um propósito específico”: a pregação do evangelho.

Teologia da Prosperidade: Breve Análise Crítica
Alberto R. Timm

Como descrito na introdução, “este artigo analisa criticamente os postulados básicos da Teologia da Prosperidade à luz das Escrituras. A primeira parte desta matéria consta de uma breve exposição sobre Malaquias 3:7-12”, observando as maldições e as bênçãos a partir de tal passagem. Maldiçoes decorrentes da infidelidade e bênçãos decorrentes da obediência.

O Ph.D. Timm ao analisar as implicações da teologia da prosperidade, esclarece que esta corrente de pensamento: a) distorce o caráter de Deus; b) apresenta “uma linguagem utópica da existência humana no contexto do grande conflito cósmico”; c) distorce a própria essência dos ensinos de Cristo; d) aplica erroneamente à igreja do Novo Testamento muitas das promessas que eram específicas à prosperidade teocrática do antigo testamento; e e) desvirtua o amplo espectro da obediência cristã.

O resumo é o de que: a) a fidelidade esperada pelas passagens bíblicas que prometem bênçãos é a de guardar os mandamentos de Deus; b) no contexto em que a teologia da prosperidade é pregada tais preceitos são desvirtuados; c) a prosperidade que a Bíblia enfoca não é necessariamente financeira ou material; e d) a verdadeira religião cristã tem pressupostos e propósitos muito mais elevados do que este paradoxal existencialismo que é ao mesmo tempo altruísta e egoísta. Ou seja, uma contrafação da verdade.

Carismas no Século XXI? Análise de Três Teorias Sobre a Existência de Dons Miraculosos na Atualidade
Marcos de Benedicto

Nada melhor do que ler uma análise desta, realizada por alguém que é, ao mesmo tempo,  teólogo, redator e comunicador social. Na realidade, o conteúdo deste artigo de Benedicto é paralelo ao material que já comentei aqui em “Você Acredita em Milagres?”, resenha do livro do mesmo autor, O Fascínio dos Milagres, pois ambos os materiais advêm de sua dissertação de mestrado “O toque da fé: paradigmas bíblicos da cura divina”.

“Este artigo analisa o debate atual quanto à vigência dos dons espirituais miraculosos na igreja”, em especial, na igreja pentecostal. Entre o “sim” e o “não” quanto à veracidade da autenticidade dos milagres, há algumas diferentes “teorias sobre os dons”.

Marcos de Benedicto apresenta primeiro a “abordagem fundacional”, na qual “o pentecostes é único e irrepetível”, “a finalidade dos milagres era autenticar o testemunho dos apóstolos sobre Jesus”, “a igreja primitiva tinha relativamente poucos milagres” e “os milagres anunciavam o fim de uma era e o começo de outra”. Sobre esta teoria, Benedicto destaca seis pontos positivos, mas nela encontra também seis pontos negativos, discordando de que qualquer manifestação miraculosa contemporânea seria falsa.

Na abordagem carismática, “a igreja necessita dos dons-sinais para cumprir sua missão”, “a diferença entre as listas de dons sugere um caráter completo e instrumental”, “a analogia da igreja como organismo corporativo pressupõe que todos os dons são necessários”, “a história registra testemunhos de milagres em fases tardias da igreja”, e “1Coríntios 13 sugere que os dons-sinais prosseguirão até a ‘parousia’”.  Apesar de encontrar seis pontos positivos nesta teoria, Benedicto vê na mesma nove pontos negativos, em especial, a supervalorização exagerada quanto à busca desequilibrada por milagres.

John MacArthur é um dos mais ácidos críticos do carismatismo. Segundo ele, o ministério de cura de Jesus e dos apóstolos tinham seis características que o dos carismáticos não possui. Jesus e os apóstolos: (1) curavam com uma palavra ou toque; (2) curavam instantaneamente; (3) curavam totalmente; (4) curavam todo mundo; (5) curavam doenças orgânicas; e (6) ressuscitavam mortos.

Para Marcos de Benedicto, a teoria que “parece corresponder melhor aos dados bíblicos” é a da “abordagem cíclica”. Os argumentos são os de que: a) “a profecia de Joel parece ter dupla aplicação”; b) “a metáfora das chuvas ‘temporã’ e ‘serôdia’ sugere dois movimentos de ‘refrigério’”; c) “os milagres dos tempos bíblicos aparecem em ‘ondas’”; d) “a ocorrência de milagres diabólicos no fim dos tempos pressupõe milagres divinos”; e e) “o anjo poderoso de Apocalipse 18:1 pode simbolizar um movimento de evangelização”. Apesar de ver dois pontos negativos nesta teoria, nela o autor vê muita lógica, destacando seis pontos positivos, dentre os quais a prudência do equilíbrio espiritual quanto à aceitação dos milagres, e não o ceticismo ou fascínio pelos mesmos.

Ação Evangelística Junto às Igrejas Pentecostais: Refletindo em Termos de Possiblidades
Juan Millanao

Em minha pesquisa de mestrado, estou perseguindo a seguinte pergunta: “Por que muitos pentecostais concordam com as principais doutrinas adventistas, mas preferem permanecer em suas igrejas?” E quem me parece chegar mais perto da preocupação deste problema levantado é Juan Millanao neste artigo, quando escreve sobre ação evangelística junto às igrejas pentecostais. Ele faz uma reflexão em termos de possibilidades missionárias, mas, como Wilson Endruveit em sua monografia em 1976[iii], não discute as diferenças entre os adventistas e os pentecostais quanto ao comportamento, ao modo de pensar e ao que consideram autoritativo para ser adotado como regra de fé e prática.

David Bosh, uma das autoridades mundiais em Missão Urbana, explica que “as razões pelas quais as pessoas se tornam membros da igreja podem variar muito e é possível que, frequentemente, pouco tenham a ver com um compromisso com aquilo que a igreja supostamente defende”[iv]. Se não fosse assim, não haveria pensadores adventistas como Millanao, preocupados em sugerir estratégias para alcançar determinados públicos-alvo, em especial, os pentecostais.

Tais fenômenos são indicadores de que existe algo incompatível no diálogo entre adventistas e pentecostais. E analisar suas diferenças pode ajudar na procura pela identificação desta limitação de comunicação. E nisto foi que vi a validade deste número de Parousia com destaque para esta matéria de Millanao, na qual “o autor, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, analisa, desde a perspectiva de uma testemunha pessoal, as possibilidades de influir e ser influenciado pelos membros das igrejas pentecostais em termos do partilhar do evangelho”.

Conclusão

Este é o ponto que faz relevante a necessidade de pensar em nossos irmãos pentecostais como pessoas com as quais devemos dialogar sobre o evangelho de Jesus Cristo. Se você tem este espírito cristão, recomendo-lhe a leitura de Parousia: Revista do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia - Sede Brasil-Sul, Engenheiro Coelho, v. 1, n. 1, p. 19-50, jan-jun. 2000.

Um abraço,

Pr. Valdeci Jr.



[i] “Evolução Histórica e Configuração Atual do Protestantismo no Brasil” em Introdução ao Protestantismo no Brasil, Ed. Antônio Gouveia Mendonça e Prócoro Velasques Filho (São Paulo: Loyola, 1990), 49.
[ii] REILY, Duncan Alexander. História documental do protestantismo no Brasil. 3. ed. São Paulo: ASTE, 2003, 365.
[iii] ENDRUVEIT, Wilson Harle. Movimento carismático: um estudo exegético e teológico de suas principais características. São Paulo: Faculdade Adventista de Teologia - Instituto Adventista de Ensino, 1976.
[iv] BOSCH, David J. Missão transformadora: mudanças e paradigma da teologia da missão. Tradução de Geraldo Korndorfer, Luís M. Sander. São Leopoldo: Sinodal, 2007, 497.

A LEITURA ESTÁ MUITO BOA! - 2Coríntios 05-07


Sabe aqueles versos clássicos da Bíblia, dos quais conseguimos nos lembrar com facilidade? Aqueles que sabemos de cor, como “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará”, “Jesus chorou”, etc.? No comentário de hoje, vou citar alguns desses versos para você.
O primeiro deles é: “O amor de Cristo nos constrange.” Bonito, não é mesmo? Um outro versículo bem conhecido é: “Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más.” Sabe onde está escrito esse verso na Bíblia? Antes da resposta, leia outro verso: “Porque se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” Gostou? Então veja se você gosta desse outro: “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio.”
Estou pensando se vou dizer onde estão esses versos, mas antes, quero trazer mais um verso lindo, que diz: “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele os tornássemos justiça de Deus.” Outra passagem bíblica bem conhecido é aquela: “Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que há de comum entre o crente e o descrente? Pois somos santuário do Deus vivo. Como disse Deus: Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” Lembrou? Você já conhecia essa citação? Veja se você se lembra desta outra: “A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte.”
Geralmente, uma seleção de alguns versículos clássicos da Bíblia é fruto de pesquisa. Quase sempre são versos catados aqui e ali na imensidão de textos bíblicos. Agora, você já pensou se encontrássemos essas citações que apreciamos em um só lugar? Pois quero lhe dizer que você pode encontrar todos esses textos que eu li em um mesmo lugar: na nossa leitura bíblica de hoje.
Então, não perca tempo! Pegue sua Bíblia e delicie-se em uma leitura gostosa e envolvente. Mencionei apenas alguns versos, para deixar você com água na boca. Mas existem muitas outras declarações bonitas em 2Coríntios 5-7. Antes de fazer qualquer coisa, gaste meia hora para ouvir a voz de Deus. Boa leitura!



Valdeci Júnior
Fátima Silva

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

2CORÍNTIOS - 2Coríntios 01-04


 Ontem, terminamos de ler a primeira carta aos coríntios. Essa carta nos permitiu acessar o solo no qual o cristianismo literalmente brotou. Vimos o cristianismo crescendo, florescendo e se difundindo, bem como o evangelho penetrando em uma das grandes cidades do mundo antigo. Como já comentamos, Paulo tentou preparar os discípulos para conseguir pregar o evangelho na sofisticada cultura de Corinto, com uma expectativa de que aqueles cristãos criassem uma identidade própria sólida como cristãos para que eles fossem capazes de suportar os assaltos da pressão social.
Agora, passando para a segunda carta escrita aos crentes de Corinto, também podemos ver os argumentos bem fundamentados de Paulo e seu entusiasmo pelo evangelho. Nesse livro, que começamos a ler hoje, poderemos descobrir, talvez, a carta mais pessoal de Paulo. Nela, você não se encontra só com o Paulo corajoso e triunfante. Encontra, também, um homem profundamente preocupado e ameaçado. Ao concluir a leitura de 1Coríntios, você deve ter aprendido sobre as condições em Corinto. Quando ler 2Coríntios, você poderá aprender sobre as condições na pessoa de Paulo.
Penso que você perceberá algo curioso. Enquanto estiver lendo essa carta, será tentado a se desligar do contexto dela. Cuide com esse detalhe porque, afinal de contas, você irá se deparar com alguns tópicos que dificilmente ocupam espaço nos debates de hoje, que é sobre os desajustes de Paulo com os coríntios e sobre as discussões acerca da legitimidade do apostolado. Mas, pensando bem, uma vez que 1Coríntios trata do ministério, você precisa pensar que, se como cristão, quiser contribuir para que o evangelho do reino seja levado a todo o mundo, então essa é uma epístola que realmente precisará estudar com muita atenção.
Todo cristão tem o seu ministério pessoal, como testemunha de Cristo. Portanto, das experiências de Paulo registradas em 2Coríntios, poderá aprender algumas coisas muito importantes sobre o seu papel de testemunha do cristianismo neste mundo. Por exemplo, o que significa ser um ministro, em nome de Jesus Cristo, como criar um ministério pessoal baseado na Cruz e na ressurreição de Jesus, quais são as verdadeiras qualidades de um ministério eficiente e, por último, como as nossas fraquezas podem ser transformadas em uma verdadeira força para o nosso ministério.
Curioso, não é mesmo? Mas é isso mesmo que você está pensando. Você pode, hoje, ser um verdadeiro ministro e embaixador de Cristo e do reino celestial dEle aqui no planeta Terra. Você acha que é muito privilégio? É sim, mas é dessa forma que Deus quer olhar para você. Então, quer aprender como ter um ministério cristão desse tipo? Comece a ler 2Coríntios hoje, lendo os quatro primeiros capítulos.



Valdeci Júnior
Fátima Silva

domingo, 25 de novembro de 2012

Sociologia da Religião no Brasil


A cada censo demográfico realizado pelo IBGE, o retrato nacional dos católicos diminui e  o contingente dos evangélicos se mostra maior (clique aqui e veja) . Isso é um fenômeno social que implica em mudanças significativas nas características culturais da população e obriga os antropólogos e cientistas sociais (até mesmo os ateus) a aceitarem os estudos em religiões, e ainda terem que ceder ao fato de trocar figurinhas com teólogos. E o interessante é que, é exatamente em função de um meio religioso não erudito, o pentecostalismo, que teólogos, antropólogos e sociólogos se encontram.

O “Seminário: Pentecostalismo em Debate” foi um simpósio acadêmico realizado na PUC/SP em 1996, mas é um marco historio ao qual deve se dar especial atenção retrovisora até hoje, e ainda o será por muito tempo. Por isso, existe o livro “Sociologia da Religião no Brasil”. Ler este livro é como estar participando do seminário. Eu recomendo ao leitor que o leia em três dias, como foi o congresso, lendo assim, em cada dia, a parte respectiva daquele dia. É como estar lá no evento!

Este encontro de acadêmicos aconteceu por uma crise existente naquela época: “como estudar cientificamente os pentecostais”. Pois, como fenômeno religioso, o pentecostalismo, por apresentar-se como o segundo maior movimento cristão desde a Reforma), termina sendo objeto de análise de pesquisa, até aos dias de hoje. Minha dissertação de mestrado tem que ver com o pentecostalismo. E eu sou apenas uma gota neste vasto e complexo oceano. Já adianto ao leitor que eles começaram e terminaram o debate sem resolver completamente este problema. Isso é o que podemos chamar de verdadeiro brainstorm. Por exemplo, no meio do evento (livro) você tem Antônio Gouveia Mendonça expressando não concordar que as igrejas que hoje chamamos de neo-pentecostais (ele também não concordava com esse termo) sejam consideradas como igrejas pentecostais. Em seguida, você vê ele tomando pau por causa disso até ao fim do evento, ficando claro que a maioria dos estudiosos ali presentes via todas estas igrejas do espírito, de manifestação glossolálica, como pentecostais (embora distintas e necessitadas de uma classificação). Entretanto, o livro ainda foi publicado com um texto, na contracapa, de Antônio Gouveia Mendonça mantendo sua posição, fazendo parecer que aquela era a posição da maioria dos participantes.

As questões metodológicas de pesquisa em estudos de religião no Brasil, como apresentou o professor Pedro Ribeiro de Oliveira na primeira palestra do encontro, são um dilema entre academia e instituições religiosas. A crítica deste doutor foi a de que “as igrejas pouco fazem uso do saber produzido nos programas de pós-graduação, como se o caráter acadêmico de um estudo o desqualificasse como fonte de inspiração para a prática”. E esta distância na qual a igreja se matem da profundidade acadêmica, faz com que os resíduos que boiem não sejam os mais nobres.

Luiz Eduardo W. Wanderley  concordou que no “esforço continuado de pesquisadores do campo religioso para um diálogo profícuo entre o discurso teológico e os discurso das Ciências Humanas, tornando-os comensuráveis, o estranhamento ainda é grande”. E então este sociólogo sugere que “talvez a medida prática mais em evidência” seja “a do equilíbrio entre adaptação e criatividade”. Vivemos “numa época em que o mito da neutralidade científica parece cair por terra” e os “estudos sociais sobre a realidade da América Latina, que esqueçam ou miniminizem a dimensão religiosa ficarão viesados”, explicou este doutor ao comentar sobre o perigo em confundir secularização com secularismo.

O antropólogo Pierre Sanchis, então professor na UFMG e integrante do ISER, então critica os professores Pedro e Luiz Eduardo, analisa o que eles disseram de bom, e começa a sugerir  um modelo de diálogo para construir pesquisa e métodos entre academia e instituições “para orientar sua pesquisa e ação”. O “conflito das interpretações” nos estudos em religião é apresentado por Júlio de Santa Ana, doutor em Ciências da Religião, fazendo lembrar que “a religião é um aspecto importante da realidade humana e parece ser indissociável do processo social, pois permite o desenvolvimento de convicções e valores, contribuindo de maneira decisiva para a formação de diversos tipos de comunidades”. “Ou seja, as transformações religiosas – quando ocorrem – estão relacionadas a transformações sociais muito mais amplas”. Por isso, “as ‘Ciências da Religião’ têm que ser preeminentemente históricas”, embora “a tradição não pode ser deixada de lado”.

Um dos sucessos do pentecostalismo é um dos entraves para os acadêmicos que pesquisam este movimento: emoções. Como sistematizá-las empiricamente? Mas como fugir disso? “Qualquer religião tem uma certa capacidade e possibilidade de ‘auto-secularizar-se’; não obstante, para manter-se viva, renovada, revitalizada, lhe é preciso manter uma certa tradição fundamental. É o elemento da memória, que na maioria dos casos se manifesta com tonalidades emocionais”. “É o que obriga estes estudos ao diálogo, ao intercâmbio de posições, reconhecendo que o ‘sentido’ do fenômeno religioso não se produz apenas nos textos. Segue a leitura, exegeses e interpretação de textos uma prática que também deve ser interpretada”. Aí surge uma próxima grande dificuldade: como classificar as diferentes igrejas pentecostais.

Diante disso, Antonio Gouveia Mendonça propôs que o pentecostalismo precisaria ser conceituado do ponto de vista sociológico como um movimento histórico dentro das igrejas cristãs, com vistas a não vê-lo como institucionalizado.  Cultural? Também, pois como explicou Cecília Loreto Mariz, embora tenha “sido apontado este tipo de sincretismo [a mistura que as igrejas fazem da cultura profana com a tradição sacra] dessas novas igrejas”, vem a pergunta “que igreja ou religião não importa elementos de outras tradições sagradas e profanas[i]?

Deve ter sido por isso que Dario Paulo Bezerra Rivera disse que “o vazio de uma tradição é preenchido pela experiência”. Exatamente o que acontece no pentecostalismo. Sob a ótica da sociologia weberiana, podemos dizer que a principal diferença que o pentecostalismo traz em relação ao protestantismo histórico é esta “forma de se apropriar da memória religiosa. No protestantismo, a Bíblia constitui-se em um recipiente de memória escrita ao qual é preciso voltar continuamente. Já no caso do pentecostalismo, a recuperação ou reapropriação da memória não se opera por meio de um processo racional, e sim emocional”.

Isso é tão complexo, que veja como o simpósio intelectual terminou:

- “Há uma dificuldade de saber o que é pentecostalismo”. (Elisabete).

- “Então eu me pergunto se devemos continuar procurando definir a essência do pentecostalismo” (Regina Reyes Novais).

E a sociologia não precisa entender isso realmente, pois lhe basta estudar os resultados sociais expressados nos fatores culturais dos movimentos comportamentais do indivíduo e de seu coletivo.  Quanto a nós, religiosos, porém, por sermos pessoas espirituais, Deus nos guiará enquanto abrirmos nosso coração à influência do Espírito Santo, comparando coisas espirituais com coisas espirituais (1Coríntios 2:13).

Em Cristo,

Pr. Valdeci Jr.

 Referência Bibliográfica: SOUZA, Beatriz Muniz de; GOUVEIA, Eliane Hojaij; JARDELINO, José Rubens Lima. Sociologia da religião no Brasil. São Paulo: Pontificia Universidade Catolica de São Paulo PUC, 1998. ca 200.



[i] “Profano” aqui está na significação da visão sociológica de tudo aquilo que não faz parte da simbologia sacra da tradição religiosa predominante, e não na significação teológica do que seria pecado; em minha linguagem, creio que a palavra que melhor expressaria isso seria “secular”.

O BATISMO PELOS MORTOS - 1Coríntios 14-16


O que um defunto tem a ver com um tanque batismal? Essa é uma boa pergunta. Aliás, é uma pergunta que está relacionada com uma heresia que existe entre alguns cristãos causada pela má interpretação de um só versículo da Bíblia. Está na nossa leitura bíblica de hoje: “que farão, aqueles que se batizaram pelos mortos?”
No decorrer de 1Coríntios, ao chegar no capítulo 15, encontramos esse assunto sobre defuntos. Nesses versos, Paulo fala primeiro da ressurreição de Cristo e, depois, passa a falar da ressurreição de todos os seres humanos. Quando chega o verso 29, Paulo escreve: “Se não há ressurreição, que farão aqueles que se batizaram pelos mortos?” Alguns leitores superficiais pegam esse verso para sair por aí dizendo que se você teve um parente que não aceitou a Jesus e morreu sem ser batizado, você poderia ser batizado no lugar desse falecido. Já pensou se fosse assim? A pessoa iria para o Céu de maneira forçada. É até engraçado.
Mas se não é isso, o que esse verso significa? Em 1Coríntios 15:29, a palavra “pelos”, que aparece nas Bíblias em português, é a tradução do original grego da palavra “huper”. Huper indica um propósito e não uma substituição. Portanto, o verso poderia ser traduzido usando outra expressão mais ou menos assim “por causa dos”, em lugar de “pelos’. Entende? Então, olhando todo o contexto, poderíamos traduzir esse verso assim: “Se Cristo não ressuscitou dentre os mortos, aqueles que morreram ‘em Cristo’ perecem e, sem esperança, tornamo-nos desesperançados e infelizes, especialmente aqueles que se ingressaram na comunidade dos crentes e foram batizados em virtude daqueles que morreram em Cristo (ou seja, por causa do testemunho deixado por aqueles que morreram em Cristo), esperando reunir-se novamente com estes.”
Paulo está falando de alguém que não segue a Jesus, mas tem um parente, um amigo, ou um conhecido que tem certa influência sobre ele, que é cristão. Depois que esse cristão morre, essa pessoa que não segue a Jesus, motivada pelo exemplo do falecido, resolve entregar-se a Cristo através do batismo. Isso é o batismo “pelos” ou “por causa dos” mortos. Entendeu?
Com isso, aprendemos algumas lições. Tudo o que se pode fazer pela salvação de uma pessoa é enquanto ela está viva, pois, depois de morta, o seu destino eterno está decidido. Compensa muito servir a Jesus, até no sentido de que, mesmo depois de morto, a influência que deixamos como cristãos poderá contribuir para motivar alguém a buscar o caminho da salvação. Podemos até morrer, mas o nosso testemunho continua vivo.
Seja um cristão! Imagine quantas pessoas você influenciará com o seu exemplo.


Valdeci Júnior
Fátima Silva

sábado, 24 de novembro de 2012

A SOLUÇÃO É SIMPLES - 1Coríntios 11-13


Ontem, comentei sobre a teoria da circulação sanguínea, de William Harvey; algo que mudou todo o conceito médico. Na realidade, as descobertas sobre o coração e a circulação do sangue revolucionaram a medicina a tal ponto, que foi a partir delas que a medicina passou a adquirir fundamento científico. Harvey foi considerado o pai da fisiologia.
Mas não aconteceu tudo num “mar de rosas”. Na realidade, a teoria da circulação sanguínea não foi facilmente aceita pelos contemporâneos de Harvey. Ele demorou para publicar suas idéias porque temia que não fossem aceitas, porque, há quinze séculos, ninguém ousara falar algo contra as teorias de Galeno, que por sinal estavam equivocadas. Harvey estava certo. Aquela tradição realmente fez com que os galenistas não somente rejeitassem as teorias de Harvey, mas o difamassem, de modo a impedir muitos dos avanços daquelas idéias.
Na época de Paulo, acontecia algo parecido entre os cristãos. E o pior é que isso acontece hoje em dia também. Paulo tinha chegado a Corinto com as boas novas da salvação. Aquilo tudo era algo muito fantástico. E os cristãos ficaram tão empolgados que chegaram a exagerar na própria religiosidade. Isso é um fenômeno de desequilíbrio que pode ser libertinagem ou fanatismo.
Por exemplo, no capítulo 11, Paulo começa resolvendo um desses problemas que os coríntios tinham. Aqueles cristãos não tinham a devida noção sobre os detalhes da adoração. Para ter uma idéia, nesse assunto da comunhão coletiva dos crentes, eles estavam chegando ao ponto de ir à Santa Ceia para praticar glutonaria. Além disso, eles brigavam para ver quem tinha os melhores dons, que dom era mais importante que o outro, etc. Resumindo, aqueles cristãos, cheios de “picuinhas”, faziam “tempestades em copos d’água”.
Ironicamente, Paulo apresentou-lhes uma solução que era o mais simples de tudo. Tão óbvio, tão singelo, e eles nem tinham pensado naquilo! Muitas vezes, as coisas mais essenciais da vida são tão simples, que nós, querendo ser sofisticados demais, nem acreditamos. Acho que esse foi o problema na época das descobertas de William Harvey. Parece que as maiores dificuldades de Harvey estavam na simplicidade dos seus métodos e também na formação de muitas idéias baseadas em simples deduções. E aí, os cientistas, querendo ser entendidos demais, tinham dificuldades de aceitar algo que fosse tão simples.
De forma semelhante, para todos aqueles problemas dos coríntios, o apóstolo apresentou uma solução aparentemente simplória, porém maravilhosa: o amor. Isso é tão simples, que chega a ser surpreendente. Nisso está a solução para todos os problemas da sua vida cristã e, talvez, para todos os problemas da sua vida. É muito simples, é o amor.


Valdeci Júnior
Fátima Silva

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

BÊNÇÃO TRANSMITIDA - 1Coríntios 08-10


“O ontem é um cheque cancelado, o amanha é uma nota promissória e o hoje é o único caixa que você tem. Assim, gaste-o sabiamente” (Kay Lyons). Quero lhe dar uma dica de como gastar um pedacinho do seu dia sabiamente: leia a Bíblia. Hoje, amanhã, depois, todos os dias. Você topa? Faça a leitura bíblica, e você receberá uma bênção especial na sua vida. Essa bênção está disponível para nós. Falta-nos apenas a tomarmos como posse.
Para tanto, leia 1Coríntios 8-10. É curioso que ser um “abençoado” não é algo inerente do ser humano. O próprio termo, como um verbo no particípio, já deduz que a situação de ter a bênção é uma situação passiva. O indivíduo simplesmente recebe, pois a bênção é algo transmitido. O problema é que o ser humano tem a tendência de perder essa visão.
Acabei de analisar um livro que foi muito lido: “The Secret” (O Segredo). Esse é um dos livros mais diabólicos que já examinei, pois transmite exatamente o equívoco que o homem tem quando pensa que  em si mesmo tem algum tipo inerente de princípio vitalizador. Esse extremismo é a parte da auto-ajuda que ficou doente. Na leitura de hoje, especificamente em 1Coríntios 10:16, aprendemos de onde pode vir a nossa real ajuda. O cálice da bênção é uma participação no sangue de Cristo.
Até no século XVII, a medicina não sabia que o sangue funciona num sistema circulatório. Todos os médicos acreditavam nas teorias de Galeno, que tinha vivido no segundo século depois de Cristo. William Harvey, um médico inglês, através da matemática, apresentou um novo argumento sobre o funcionamento do coração. Até a época de Harvey, acreditava-se que o sangue movimentava-se em sistema de fluxo e refluxo ou por algum tipo de mobilização regional. Mas quando Harvey, pela observação, estimou que, em apenas uma hora, passassem pelo coração quase trezentos litros de sangue, ele chegou à conclusão de que isso só seria possível se fosse o mesmo sangue que estivesse circulando pelas mesmas vias, voltando sempre ao ponto de origem.
Harvey, embora tenha sido um cientista criacionista, não chegou nem perto do profundo conhecimento que Paulo escreveu na carta aos coríntios. Uma coisa fantástica é saber que o sangue circula nos corpos humanos. Agora, algo incomparavelmente mais sublime, extraordinário e lindo é saber que os seres humanos podem ter vida eterna se receberem a doação de sangue que Jesus fez na cruz do calvário.
Essa é a maior bênção que você pode receber quando se dedica a Jesus. Ao estar em contato com a Palavra de Deus, você receberá bênçãos que são vitais e eternas.



Valdeci Júnior
Fátima Silva

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O EQUILÍBRIO DOS CORPOS - 1Coríntios 05-07


Nos dias atuais, quase todas as pessoas possuem uma visão errada sobre o seu próprio corpo. Vivemos em um desequilíbrio porque a noção de moralidade no ser humano está totalmente deturpada. Veja bem: de um lado da balança, encontramos muitas pessoas complexadas, com a auto-estima no “dedão do pé”, sentindo-se feias, tendo vergonha do próprio corpo, não se dando o devido valor a si mesmas e, conseqüentemente, vivendo uma vida triste. No outro prato desequilibrado da balança, existe uma super valorização do corpo, onde as pessoas querem ser perfeitas, praticar o exibicionismo, idolatrar o próprio corpo, e até sacrificar muitas coisas para conseguir isso. Essas pessoas ficam obcecadas pelos corpos alheios, desejando o proibido ou então tendo inveja das outras. Isso vai até os extremos das explorações morais, comerciais, sexuais, e tantas outras aberrações comportamentais aceitáveis e não-aceitáveis dos indivíduos.
O autor disso tudo é o Diabo. Desde o princípio, seu objetivo foi distorcer a imagem do Criador e de tudo o que Ele fez. O evolucionismo existe, por exemplo, para tentar tirar todo o valor da Criação e reduzir a nossa imagem à imagem de meros objetos orgânicos.
Se você fizer a leitura de hoje, verá que na época dos apóstolos isso já existia. Aliás, a primeira atitude dos seres humanos quando o pecado entrou no mundo foi apresentar um comportamento desequilibrado em relação aos seus corpos. Em 1Coríntios 5, Paulo não esconde o fato de que, na própria igreja, eles tinham o problema da imoralidade. Assim, ele dá uma dura nos crentes por causa disso, advertindo-os sobre o respeito, os limites da sexualidade e dos relacionamentos. O apóstolo defende o matrimônio e a família, instrui que se a igreja tiver problemas com isso, deve haver uma disciplina. No capítulo 6, ele apresenta, claramente, a visão equilibrada que devemos ter sobre a nossa sexualidade e o nosso corpo. Leia os capítulos inteiros na sua Biblia, mas quero destacar apenas um verso que trata desse equilíbrio: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo.”
Como podemos fazer isso? Aí, em 1Coríntios 7, Paulo fala aos coríntios acerca do casamento. Dentro do plano de Deus de respeitar o próprio corpo, amá-lo, protegê-lo e preservá-lo para o casamento - e todas as intimidades somente para dentro do casamento -, conseguimos mentalizar e viver esse equilíbrio. Você quer essa felicidade para sua vida?
Peça essa pureza para Deus através da oração!


Valdeci Júnior
Fátima Silva

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

1CORÍNTIOS - 1Coríntios 01-04


Para começar o estudo, a síntese, a reflexão da leitura de mais um livro da Bíblia, vamos analisar a primeira das duas cartas que Paulo escreveu para os cristãos que moravam em Corinto. É curioso que, na realidade, essa deve ter sido a segunda carta, mas chamamos esse livro de 1Coríntios, porque a outra carta que Paulo escreveu antes não foi colocada na Bíblia, portanto, é desconhecida para nós cristãos. Essa primeira epístola é tanto um documento importante quanto um documento que traz algumas surpresas.
É importante porque é um dos documentos cristãos mais antigos que temos. Deve ter sido escrito antes dos evangelhos. E o interessante é que essa carta traz um dos relatos mais detalhados sobre as primeiras congregações cristãs que existiram.
Quando lemos 1Coríntios, podemos perceber que Paulo tenta preparar os primeiros discípulos cristãos para conseguir viver o evangelho na cultura de Corinto, a capital política da Grécia e centro comercial e intelectual. Era uma cidade muito sofisticada, estabelecendo uma identidade própria, como cristãos, apesar da pressão social.
Agora, o que é surpreendente nesse livro é que, ao escrevê-lo, o apóstolo não faz um tratado teológico. Na verdade, essa epístola é o trabalho de um pastor evangelista muito ocupado no seu ministério em tratar dos problemas dos membros da igreja dele que ficava em Corinto. E mais surpreendente ainda, é quando vemos os tantos problemas, tentações e divisões dos cristãos daquela época.
Por isso, temos muito a aprender. Há muitos dos temas que Paulo trata com eles que têm tudo a ver com as mesmas preocupações de nós, cristãos de hoje em dia, no pleno século XXI. Depois de quase dois mil anos, entre nós ainda existem divisões entre os cristãos, ainda existem as tentações sexuais, ainda estamos esperando a volta de Jesus, ainda precisamos saber como usar os dons do Espírito, saber como dirigir os cultos de adoração, e por aí vai... Pense: esses assuntos não são preocupação ainda hoje entre nós, cristãos? Você quer aprender sobre eles? Então não deixe de ler a primeira carta aos coríntios. Esses são os assuntos desse livro da Bíblia, além do seu tema principal, que é o amor.
Então, quando você começar a lê-lo, lembre-se de manter no seu coração a esperança e um pedido para o Senhor: que Ele, o mesmo Deus que inspirou o apóstolo a escrever esse livro maravilhoso, também esteja com você, ajudando a entender o livro de 1Coríntios e a aplicar as lições preciosas desse livro na sua vida, em uma prática tão boa a ponto de ajudar você a se preparar melhor para ir viver no Céu um dia, se Deus quiser.


Valdeci Júnior
Fátima Silva

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O CASTIGO DIVINO


Uma abordagem sobre o caráter de Deus


Alguns adventistas que pretendem exaltar o caráter amorável de Deus argumentam que é contrário a Sua natureza executar juízos ou castigos. No entanto, o apóstolo Paulo diz claramente na epístola aos Hebreus que como o pai castiga o seu filho que ama, Deus também castiga aos que ama (Hb 12:4–11 ). Isto significa que Ele castiga. No entanto, o castigo de Deus é uma conseqüência de nosso pecado. Não se origina em Deus (Tg 1:13). A necessidade de castigo se origina em nós. Em nosso pecado, em nossa desobediência, em nossa dificuldade para atender as coisas de Deus.
Deus é amor e misericórdia (1 Jo 4:8), mas também é justiça (Sl 89:14), e a Sua justiça pode por vezes manifestar-se em juízo punitivo contra o pecado e a transgressão (Rm 1 e 2). A Bíblia fala a respeito das manifestações de juízo como sendo atos de Deus, isto é, Deus agindo (Gn. 6:13 e 17; Gn. 19:24; Ex. 12:12 e 29; etc.).

Juízos no passado
A destruição de Mídiã e de Jericó são dois bons exemplos dessa realidade. Números 31 descreve a destruição total dos midianitas que haviam conspirado a fim de seduzir os israelitas e induzi-los à fornicação e idolatria, no incidente em Baal-Peor (Num. 25:1-9). O resultado foi uma praga contra os israelitas, que lhes custou 24 mil mortos, além do afastamento de Deus. A hediondez do pecado deles contra o povo eleito junto com a ameaça de sedução à apostasia sujeitaram os midianitas ao julgamento divino, de modo que se formou um exercito de 12 mil guerreiros; mil de cada tribo, sob a liderança de Finéias, neto de Arão (v. 6).
O ataque foi tão bem-sucedido que, sem uma baixa sequer (v.49), os israelitas derrotaram e mataram os cinco reis dos midianitas bem como todos os seus soldados. Balaão, que fora o instigador da apostasia em Baal-Peor, morreu nessa batalha. Todas as mulheres e as jovens que haviam sido sexualmente ativas foram sentenciadas à morte (vs. 15-18), depois de Moisés haver ordenado nesse sentido. Somente foram poupadas as virgens, as quais foram tomadas como servas nas casas dos israelitas.
Teria sido moralmente justificada essa ação militar? Os que desejam argumentar que foi uma atitude cruel e desnecessária devem discutir com o próprio Deus que comandou a operação. Entretanto, parece que, à luz de todas as circunstâncias e do contexto da crise, a integridade da nação toda estava em perigo. Se a terrível ameaça que pesava contra a existência de Israel, como povo da aliança, houvesse sido tratada de forma menos rigorosa, é muitíssimo duvidoso que os Israelitas tivessem conseguido conquistar Canaã, ou exigido a devolução da Terra Prometida como herança sagrada de Deus.
Sobre a destruição de Jericó, Josué declara: “Tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio de espada, tanto homens como mulheres, tanto meninos como velhos, também bois, ovelhas e jumentos” (Js 6:21).
“A destruição total do povo de Jericó não era senão um cumprimento das ordens previamente dadas por intermédio de Moisés, concernentes aos habitantes de Canaã: ‘Quando... o Senhor Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás. Das cidades destas nações... nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida.’ Deut. 7:2; 20:16. Para muitos estas ordens parecem ser contrárias ao espírito de amor e misericórdia estipulado em outras partes da Bíblia; mas eram na verdade os ditames da sabedoria e bondade infinitas. Deus estava para estabelecer Israel em Canaã, desenvolver entre eles uma nação e governo que fossem uma manifestação de Seu reino na Terra. Não somente deveriam ser os herdeiros da verdadeira religião, mas deveriam disseminar seus princípios por todo o mundo. Os cananeus haviam-se entregado ao mais detestável e aviltante paganismo; e era necessário que a Terra fosse limpa daquilo que de maneira tão certa impediria o cumprimento dos graciosos propósitos de Deus. Aos habitantes de Canaã havia sido concedida ampla oportunidade para o arrependimento. ... Semelhantes aos homens antediluvianos, os cananeus apenas viviam para blasfemar o céu e contaminar a Terra. E tanto o amor quanto a justiça exigiam a imediata execução destes rebeldes a Deus, e adversários do homem.” – Patriarcas e Profetas, p. 492.

Juízos no presente
O Espírito de Profecia declara: “A medida que transcorre o tempo, torna-se mais e mais evidente que os juízos divinos estão no mundo. Por meio de incêndios, inundações, e terremotos, Deus está advertindo da Sua próxima vinda os habitantes deste mundo. Aproxima-se o tempo da grande crise da história do mundo, em que cada ato do governo de Deus será observado com interesse intenso e apreensão indizível. Os juízos seguir-se-ão em sucessão rápida: incêndios, inundações e terremotos, com guerra e efusão de sangue. Oh! Se o mundo ao menos conhecesse o tempo da Sua visitação!” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 333).
E acrescenta: “Nosso Deus é um Deus de misericórdia. Com longanimidade e terna compaixão Ele trata com o transgressor da Sua lei. E, contudo, nestes nossos dias, quando homens e mulheres têm tantas oportunidades para se familiarizarem com a divina lei como revelada no Santo Escrito, O grande Governador do universo não pode olhar com qualquer satisfação a ímpia cidade, onde reina a violência e o crime. O fim da tolerância de Deus com os que persistem na desobediência está se aproximando rapidamente.
                   Devem os homens ficar surpreendidos com uma súbita e inesperada mudança no trato do Supremo Governador com os habitantes do mundo caído? Devem eles ficar surpreendidos quando a punição segue a transgressão e a crescente criminalidade? Devem-se surpreender de que Deus leve a destruição e a morte sobre aqueles cujo ganho ilícito tem sido obtido através do engano e fraude? Muito embora o fato de que crescente luz com respeito aos reclamos de Deus tem estado a brilhar em seu caminho, muitos se têm recusado a reconhecer a soberania de Jeová, e têm escolhido permanecer sob a bandeira negra do originador de toda rebelião contra o governo do Céu.
 A longanimidade de Deus tem sido muito grande – tão grande que quando consideramos o contínuo insulto a Seus santos mandamentos, ficamos maravilhados. O Onipotente tem estado a exercer um poder restringidor sobre Seus próprios atributos. Mas certamente, Ele se levantará para punir o ímpio, que tão ousadamente tem resistido aos justos reclamos do Decálogo.
 Deus concede ao homem um período de graça; mas há um ponto além do qual a divina paciência se esgota, e os juízos de Deus se seguem seguramente. O Senhor trata pacientemente com os homens, e com cidades, misericordiosamente dando advertências para salvá-los da ira divina; mas virá o tempo quando não mais se ouvirão súplicas por misericórdia, e o elemento rebelde que continua a rejeitar a luz da verdade será riscado, em misericórdia para com eles mesmos, e para com aqueles que de outro modo seriam influenciados por seu exemplo.
 É chegado o tempo em que haverá no mundo tristeza que nenhum bálsamo humano pode curar. O Espírito de Deus está sendo retirado. Catástrofes por mar e por terra seguem-se umas às outras em rápida sucessão. Quão frequentemente ouvimos de terremotos e furacões, de destruição pelo fogo e inundações, com grande perda de vidas e propriedade! Aparentemente, essas calamidades são caprichosos desencadeamentos de forças da Natureza, desorganizadas e desgovernadas, inteiramente fora do controle do homem; mas em todas elas podem ler-se o propósito de Deus. Elas estão entre os instrumentos pelos quais Ele busca despertar homens e mulheres para que sintam o perigo.” (Profetas e Reis, pp. 270-272).
O Espírito de Profecia declara também que os anjos são os mensageiros e emissários de Deus para executarem Seus juízos. “Já os anjos de Deus estão a trabalhar no juízo, e o Espírito de Deus está gradualmente abandonando o mundo.... A Seus anjos dá Ele a incumbência de executar Seus juízos.” (Testemunhos Para Ministros, p. 431).

Juízos no futuro
As últimas pragas, como a morte, são atos que, segundo o profeta, são a estranha obra de Deus (Is 28:21). Atos de juízo. Novamente o juízo é um castigo. Mas não originado em Deus. É uma conseqüência de nossas faltas. O castigo e o juízo se originam em nós. Se nós não cometêssemos nenhuma falta, se nunca tivéssemos pecado, Deus também nunca teria castigado. A morte do pecador não existiria. Mas a realidade é que o pecado existe em nós, somos desobedientes, somos tardos para aceitar os ensinos de Deus. Por esta razão, existe o castigo sobre o pecador, existe a morte do pecador e existem as sete últimas pragas como castigo sobre a sociedade humana.
As sete últimas pragas são descritas como “a ira de Deus” (Ap. 15:1). Depois de derramar a terceira praga, diz o anjo de Deus: “Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois; porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tem dado a beber; são dignos disso”. Em resposta a estas palavras o profeta ouve outra voz dizer: “Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos” (Ap. 16: 5-7).

A Morte do Ímpio
Algumas pessoas crêem que o pecado é auto destrutivo uma vez que traz em si mesmo conseqüências e resultados específicos que destroem o pecador. Esse é, geralmente, o caso. Mas a extinção final do pecado, do pecador e dos poderes do mal é algo diferente. Neste caso, Deus é descrito como estando direta e pessoalmente envolvido.
Na morte de Jesus o Pai estava envolvido diretamente também. Jesus bebeu da taça do julgamento de Deus (Mt 23:39). O Pai não O poupou (Rm. 8:32),  mas O feriu (Is 53:4), “fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is 53:6), “agradou moêlo”(Is 53:10) e O entregou para morrer (Rm. 4:25).
Em apoio desse ponto Ellen White comentou: “A espada da justiça foi desembainhada, e a ira de Deus contra a iniqüidade recaiu sobre o substituto do homem, Jesus Cristo, o unigênito do Pai” (SDABC, vol. 5, p. 1.103).
Foi necessário que Jesus morresse como portador do pecado. Aceitou a justiça e a justa vontade do Pai para Ele. Na cruz, Ele sofreu até que, voluntariamente, entregou a vida a Seu Pai. Uma vez que Sua morte era parte do plano da salvação.
Ellen White disse que “alguns têm visão limitada quanto à expiação. Pensam que Cristo sofreu apenas pequena parte da pena da Lei de Deus; julgam que, ao passo que a ira de Deus foi experimentada por Seu querido filho, Este tinha, através de todos os Seus dolorosos sofrimentos, a demonstração do amor de Seu Pai e de Sua aceitação; que as portas do sepulcro se achavam iluminadas diante dEle por vívida esperança, e que Ele tinha a constante evidência de Sua futura glória. Eis um grande engano. A mais intensa angustia de Cristo era o senso de desagrado do Pai. Sua agonia mental por causa disso foi tão intensa, que o homem pode ter apenas uma pálida concepção a esse respeito.” (Testemunhos para a Igreja, vol. 2, p. 19).
Na verdade Jesus experimentou o abandono divino como nenhum ser humano jamais experimentou (Mt. 27:46). Levou sobre Si o pecado do mundo todo e experimentou a segunda morte (Ap. 20:14).
As palavras de Ellen White são esclarecedoras: “Cristo sentiu a angústia que há de experimentar o pecador quando não mais a misericórdia interceder pela raça culpada. Foi o sentimento do pecado, trazendo a ira divina sobre Ele, como substituto do homem, que tão amargo tornou o cálice que sorveu, e quebrantou o coração do Filho de Deus” (O Desejado de Todas as Nações, p. 561).
No caso dos ímpios, eles receberão a recompensa de acordo com suas obras (Ap. 20:13). Essa não será uma dor auto-infligida ou provocada por Satanás. Deus, pessoalmente, dará a eles o que escolheram como seu destino final: morte eterna.
O fogo de Apocalipse 21 será literal. É um fogo que consome tudo e todos (Ap 20:9). É um fogo que purifica a Terra. Não se trata simplesmente da glória de Deus. É um fogo que se expande, pois abrange toda a Terra. Como se originará esse fogo? Nós não o sabemos. A Bíblia não explica os detalhes. Geralmente quando acendemos um fogo temos algo que dá origem a esse fogo. Por exemplo, um fósforo. O que Deus utilizará para iniciar esse fogo não sabemos. De qualquer maneira, será um fogo poderoso que destruirá eternamente tudo o que existe sobre a Terra, incluindo os ímpios (Ml 4:1-3). Na epístola de São Judas 7 lemos que como exemplo desse fogo destruidor, Deus nos deu o caso da destruição de Sodoma e Gomorra. Nada restou dessas cidades. Foram totalmente destruídas e queimadas pelo fogo literal.

Conclusão
O amor de Deus é santo, não indulgente ou sentimental. O salmista diz: “Justiça e direito são o fundamento do Teu trono; graça e verdade Te precedem” Sl. 89:14. Amor e justiça são dois lados da mesma moeda e precisam ser colocado no devido equilíbrio.
Conquanto a destruição dos ímpios seja mencionada como o “estranho ato” de Deus (Is. 28:21), a verdadeira justiça requer punição e execução apropriadas. “[Deus] recompensará cada um segundo as suas obras.” (Rm. 2:6). Tormento infindável não é justiça. Mas a justiça requer castigo adequado pelos pecados e crimes que o impenitente tenha cometido. Amor e justiça são dois aspectos do caráter divino. É o santo amor que finalmente torna o Universo seguro.
Unicamente Deus, a Fonte de vida, tem o direito e autoridade de privar um ser vivente de sua vida. Aos que escolheram permanecer rebeldes e impenitentes, Ele terá que punir de acordo com seus atos e privá-los da própria vida. Isto é simplesmente justiça e misericórdia.


Érico Tadeu Xavier
Docente da Faculdade de Teologia da Bolívia

Leia também sobre este tema em: Deus Castiga e também em Quando Deus Não Responde, Que Bênção!

RELACIONAMENTOS: ESSE É O PONTO - Romanos 14-16


Estamos chegando ao final do livro de Romanos. Espero que você esteja muito feliz por participar do “Por Dentro da Bíblia”, lendo a Palavra de Deus diariamente. Para entender o que estou falando, é o seguinte: temos um plano, um programa de lermos a Bíblia inteira em um ano. Então, lemos três a cinco capítulos por dia todos os dias. Isso cada um faz individualmente. E aqui no programa “Por Dentro da Bíblia”, eu faço um comentário geral sobre a leitura ou algo relacionado da leitura. Dessa forma, vamos nos “relacionando” e, também, nos relacionando com Deus.
Por falar nesse assunto de nos relacionarmos bem, esse é o ponto da leitura de hoje. No capítulo 14, onde a realidade do assunto vem desde o capítulo 12, o assunto é o bom convívio e o não-escândalo entre os irmãos. E uma dica para entender o livro de Romanos e os escritos de Paulo de uma maneira geral, é que precisamos manter o foco no assunto principal do texto. Paulo, quando escrevia, como alguém muito culto, tinha em mente, de maneira bem clara e definida, o ponto principal do que ele estava falando. Ao tratar do assunto principal, de vez em quando, o apóstolo dava alguns toques em um ou outro assunto secundário que estavam relacionados com o que ele estava falando, mas não era exatamente o que ele estava falando.
Isso ocorre, por exemplo, em Romanos 14, quando ele cita a questão dos alimentos. Para entender esse assunto, é preciso comparar com 1Coríntios 8. Da mesma forma, Paulo fala da questão dos dias que, para entender, precisa comparar com Colossenses 2:16. Mas o segredo é procurar entender o assunto principal. E é sobre esse ponto principal que quero concluir, pois foi sobre isso que Paulo terminou, na teoria e na prática, o livro que ele escreveu para os Romanos.
O assunto “relacionamentos” era muito importante na mente de Paulo. Uma das coisas mais importantes do cristianismo é o bom relacionamento com Deus e com as demais pessoas. E nisso, você precisa sempre lembrar uma coisa: a felicidade elevada ao coração é igual à soma dos relacionamentos elevados à compreensão. Isso é fundamental, porque a compreensão, a aceitação e a cooperação são tudo.
Afinal de contas, o que iremos levar dessa Terra para o Céu? Não levaremos casas, carros, emprego, diplomas, nada. Isso tudo vai ficar e queimar, apodrecer, acabar. Mas no Céu, nos encontraremos com Jesus, esse Senhor maravilhoso com quem nos relacionamos, e com as pessoas queridas que amamos que forem para lá.
Portanto, valorize aquilo que é mais importante neste mundo: as pessoas!


Valdeci Júnior
Fátima Silva

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CONFIRMAÇÃO OU PREDESTINAÇÃO? - Romanos 11-13


Inserida no cristianismo, existe uma heresia sobre a predestinação, oriunda da época de Calvino. Segundo tal ensinamento, o homem já nasceria destinado ao Céu ou ao inferno, e não haveria nada que se pudesse fazer para mudar isso. Para defender esse ensino, usa-se, equivocadamente, Romanos 9:18. E os problemas aparecem por: 1) Tirar o texto do seu contexto; 2) Ignorar o que o autor está realmente querendo dizer; 3) Misturar um texto com outro. E esse foi o erro de Calvino.
Então, para entender esse assunto - dos ramos enxertados de Romanos 11 - é preciso ver onde começa (cáp. 9) e onde termina (cáp. 11) o assunto. O problema de Calvino foi que quando ele tentou fazer essa delimitação, ele misturou isso aí com o capítulo 8, que fala de outros assuntos.
No capítulo 9, Paulo muda de direção no texto. Ele discute o método para ser filho de Deus, argumentando que não basta ser da descendência de Abraão. Deus estabeleceu um meio para que as pessoas pudessem fazer parte do seu povo: a fé. Então, nesse contexto, o entendimento de Paulo é que os gentios não são aqueles que não tiveram oportunidade de conhecer a Deus, mas aqueles que anteriormente rejeitaram a Deus. Porque, para o judeu, o entendimento era de que as nações tinham tido a chance de aceitar a Deus, mas como tinham rejeitado a Ele na Torre de Babel, então Deus tinha estabelecido o seu pacto com Abraão.
Mas a desobediência por parte de homens que não aceitaram anteriormente não significa que eles estão rejeitados para sempre. Pelo contrário, todos são objetos da misericórdia de Deus. Essa é a mensagem de Romanos 11.
Jerusalém, na época da pregação dos apóstolos (começo do livro de Atos), tinha perto de cinqüenta mil habitantes e, nessa ocasião, já havia mais de dez mil cristãos. Então, como o cristianismo foi o grupo judeu mais bem-sucedido entre todos os grupos religiosos judeus do primeiro século, o sucesso dos cristãos levantava oposição dos demais grupos, por isso veio a perseguição. Era essa a problemática que Paulo estava resolvendo: a aceitação não dependia da nacionalidade, dependia de sua entrega a Jesus. Assim, se ela já pertencia à videira desde o começo, continuaria sendo um bom galho; se não, Deus enxertaria a pessoa, e ela passaria a fazer parte do Corpo de Cristo.
Nesse ponto entra a aplicação de Romanos 9:18. Deus confirma ou desaprova uma pessoa em Seu reino, de acordo com a escolha que ela fez, e não de acordo com os pressupostos culturais, a opinião dos outros, ou os preconceitos separatistas.
Escolha estar perto de Jesus!



Valdeci Júnior
Fátima Silva