terça-feira, 20 de novembro de 2012

O CASTIGO DIVINO


Uma abordagem sobre o caráter de Deus


Alguns adventistas que pretendem exaltar o caráter amorável de Deus argumentam que é contrário a Sua natureza executar juízos ou castigos. No entanto, o apóstolo Paulo diz claramente na epístola aos Hebreus que como o pai castiga o seu filho que ama, Deus também castiga aos que ama (Hb 12:4–11 ). Isto significa que Ele castiga. No entanto, o castigo de Deus é uma conseqüência de nosso pecado. Não se origina em Deus (Tg 1:13). A necessidade de castigo se origina em nós. Em nosso pecado, em nossa desobediência, em nossa dificuldade para atender as coisas de Deus.
Deus é amor e misericórdia (1 Jo 4:8), mas também é justiça (Sl 89:14), e a Sua justiça pode por vezes manifestar-se em juízo punitivo contra o pecado e a transgressão (Rm 1 e 2). A Bíblia fala a respeito das manifestações de juízo como sendo atos de Deus, isto é, Deus agindo (Gn. 6:13 e 17; Gn. 19:24; Ex. 12:12 e 29; etc.).

Juízos no passado
A destruição de Mídiã e de Jericó são dois bons exemplos dessa realidade. Números 31 descreve a destruição total dos midianitas que haviam conspirado a fim de seduzir os israelitas e induzi-los à fornicação e idolatria, no incidente em Baal-Peor (Num. 25:1-9). O resultado foi uma praga contra os israelitas, que lhes custou 24 mil mortos, além do afastamento de Deus. A hediondez do pecado deles contra o povo eleito junto com a ameaça de sedução à apostasia sujeitaram os midianitas ao julgamento divino, de modo que se formou um exercito de 12 mil guerreiros; mil de cada tribo, sob a liderança de Finéias, neto de Arão (v. 6).
O ataque foi tão bem-sucedido que, sem uma baixa sequer (v.49), os israelitas derrotaram e mataram os cinco reis dos midianitas bem como todos os seus soldados. Balaão, que fora o instigador da apostasia em Baal-Peor, morreu nessa batalha. Todas as mulheres e as jovens que haviam sido sexualmente ativas foram sentenciadas à morte (vs. 15-18), depois de Moisés haver ordenado nesse sentido. Somente foram poupadas as virgens, as quais foram tomadas como servas nas casas dos israelitas.
Teria sido moralmente justificada essa ação militar? Os que desejam argumentar que foi uma atitude cruel e desnecessária devem discutir com o próprio Deus que comandou a operação. Entretanto, parece que, à luz de todas as circunstâncias e do contexto da crise, a integridade da nação toda estava em perigo. Se a terrível ameaça que pesava contra a existência de Israel, como povo da aliança, houvesse sido tratada de forma menos rigorosa, é muitíssimo duvidoso que os Israelitas tivessem conseguido conquistar Canaã, ou exigido a devolução da Terra Prometida como herança sagrada de Deus.
Sobre a destruição de Jericó, Josué declara: “Tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio de espada, tanto homens como mulheres, tanto meninos como velhos, também bois, ovelhas e jumentos” (Js 6:21).
“A destruição total do povo de Jericó não era senão um cumprimento das ordens previamente dadas por intermédio de Moisés, concernentes aos habitantes de Canaã: ‘Quando... o Senhor Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás. Das cidades destas nações... nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida.’ Deut. 7:2; 20:16. Para muitos estas ordens parecem ser contrárias ao espírito de amor e misericórdia estipulado em outras partes da Bíblia; mas eram na verdade os ditames da sabedoria e bondade infinitas. Deus estava para estabelecer Israel em Canaã, desenvolver entre eles uma nação e governo que fossem uma manifestação de Seu reino na Terra. Não somente deveriam ser os herdeiros da verdadeira religião, mas deveriam disseminar seus princípios por todo o mundo. Os cananeus haviam-se entregado ao mais detestável e aviltante paganismo; e era necessário que a Terra fosse limpa daquilo que de maneira tão certa impediria o cumprimento dos graciosos propósitos de Deus. Aos habitantes de Canaã havia sido concedida ampla oportunidade para o arrependimento. ... Semelhantes aos homens antediluvianos, os cananeus apenas viviam para blasfemar o céu e contaminar a Terra. E tanto o amor quanto a justiça exigiam a imediata execução destes rebeldes a Deus, e adversários do homem.” – Patriarcas e Profetas, p. 492.

Juízos no presente
O Espírito de Profecia declara: “A medida que transcorre o tempo, torna-se mais e mais evidente que os juízos divinos estão no mundo. Por meio de incêndios, inundações, e terremotos, Deus está advertindo da Sua próxima vinda os habitantes deste mundo. Aproxima-se o tempo da grande crise da história do mundo, em que cada ato do governo de Deus será observado com interesse intenso e apreensão indizível. Os juízos seguir-se-ão em sucessão rápida: incêndios, inundações e terremotos, com guerra e efusão de sangue. Oh! Se o mundo ao menos conhecesse o tempo da Sua visitação!” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 333).
E acrescenta: “Nosso Deus é um Deus de misericórdia. Com longanimidade e terna compaixão Ele trata com o transgressor da Sua lei. E, contudo, nestes nossos dias, quando homens e mulheres têm tantas oportunidades para se familiarizarem com a divina lei como revelada no Santo Escrito, O grande Governador do universo não pode olhar com qualquer satisfação a ímpia cidade, onde reina a violência e o crime. O fim da tolerância de Deus com os que persistem na desobediência está se aproximando rapidamente.
                   Devem os homens ficar surpreendidos com uma súbita e inesperada mudança no trato do Supremo Governador com os habitantes do mundo caído? Devem eles ficar surpreendidos quando a punição segue a transgressão e a crescente criminalidade? Devem-se surpreender de que Deus leve a destruição e a morte sobre aqueles cujo ganho ilícito tem sido obtido através do engano e fraude? Muito embora o fato de que crescente luz com respeito aos reclamos de Deus tem estado a brilhar em seu caminho, muitos se têm recusado a reconhecer a soberania de Jeová, e têm escolhido permanecer sob a bandeira negra do originador de toda rebelião contra o governo do Céu.
 A longanimidade de Deus tem sido muito grande – tão grande que quando consideramos o contínuo insulto a Seus santos mandamentos, ficamos maravilhados. O Onipotente tem estado a exercer um poder restringidor sobre Seus próprios atributos. Mas certamente, Ele se levantará para punir o ímpio, que tão ousadamente tem resistido aos justos reclamos do Decálogo.
 Deus concede ao homem um período de graça; mas há um ponto além do qual a divina paciência se esgota, e os juízos de Deus se seguem seguramente. O Senhor trata pacientemente com os homens, e com cidades, misericordiosamente dando advertências para salvá-los da ira divina; mas virá o tempo quando não mais se ouvirão súplicas por misericórdia, e o elemento rebelde que continua a rejeitar a luz da verdade será riscado, em misericórdia para com eles mesmos, e para com aqueles que de outro modo seriam influenciados por seu exemplo.
 É chegado o tempo em que haverá no mundo tristeza que nenhum bálsamo humano pode curar. O Espírito de Deus está sendo retirado. Catástrofes por mar e por terra seguem-se umas às outras em rápida sucessão. Quão frequentemente ouvimos de terremotos e furacões, de destruição pelo fogo e inundações, com grande perda de vidas e propriedade! Aparentemente, essas calamidades são caprichosos desencadeamentos de forças da Natureza, desorganizadas e desgovernadas, inteiramente fora do controle do homem; mas em todas elas podem ler-se o propósito de Deus. Elas estão entre os instrumentos pelos quais Ele busca despertar homens e mulheres para que sintam o perigo.” (Profetas e Reis, pp. 270-272).
O Espírito de Profecia declara também que os anjos são os mensageiros e emissários de Deus para executarem Seus juízos. “Já os anjos de Deus estão a trabalhar no juízo, e o Espírito de Deus está gradualmente abandonando o mundo.... A Seus anjos dá Ele a incumbência de executar Seus juízos.” (Testemunhos Para Ministros, p. 431).

Juízos no futuro
As últimas pragas, como a morte, são atos que, segundo o profeta, são a estranha obra de Deus (Is 28:21). Atos de juízo. Novamente o juízo é um castigo. Mas não originado em Deus. É uma conseqüência de nossas faltas. O castigo e o juízo se originam em nós. Se nós não cometêssemos nenhuma falta, se nunca tivéssemos pecado, Deus também nunca teria castigado. A morte do pecador não existiria. Mas a realidade é que o pecado existe em nós, somos desobedientes, somos tardos para aceitar os ensinos de Deus. Por esta razão, existe o castigo sobre o pecador, existe a morte do pecador e existem as sete últimas pragas como castigo sobre a sociedade humana.
As sete últimas pragas são descritas como “a ira de Deus” (Ap. 15:1). Depois de derramar a terceira praga, diz o anjo de Deus: “Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois; porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tem dado a beber; são dignos disso”. Em resposta a estas palavras o profeta ouve outra voz dizer: “Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos” (Ap. 16: 5-7).

A Morte do Ímpio
Algumas pessoas crêem que o pecado é auto destrutivo uma vez que traz em si mesmo conseqüências e resultados específicos que destroem o pecador. Esse é, geralmente, o caso. Mas a extinção final do pecado, do pecador e dos poderes do mal é algo diferente. Neste caso, Deus é descrito como estando direta e pessoalmente envolvido.
Na morte de Jesus o Pai estava envolvido diretamente também. Jesus bebeu da taça do julgamento de Deus (Mt 23:39). O Pai não O poupou (Rm. 8:32),  mas O feriu (Is 53:4), “fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is 53:6), “agradou moêlo”(Is 53:10) e O entregou para morrer (Rm. 4:25).
Em apoio desse ponto Ellen White comentou: “A espada da justiça foi desembainhada, e a ira de Deus contra a iniqüidade recaiu sobre o substituto do homem, Jesus Cristo, o unigênito do Pai” (SDABC, vol. 5, p. 1.103).
Foi necessário que Jesus morresse como portador do pecado. Aceitou a justiça e a justa vontade do Pai para Ele. Na cruz, Ele sofreu até que, voluntariamente, entregou a vida a Seu Pai. Uma vez que Sua morte era parte do plano da salvação.
Ellen White disse que “alguns têm visão limitada quanto à expiação. Pensam que Cristo sofreu apenas pequena parte da pena da Lei de Deus; julgam que, ao passo que a ira de Deus foi experimentada por Seu querido filho, Este tinha, através de todos os Seus dolorosos sofrimentos, a demonstração do amor de Seu Pai e de Sua aceitação; que as portas do sepulcro se achavam iluminadas diante dEle por vívida esperança, e que Ele tinha a constante evidência de Sua futura glória. Eis um grande engano. A mais intensa angustia de Cristo era o senso de desagrado do Pai. Sua agonia mental por causa disso foi tão intensa, que o homem pode ter apenas uma pálida concepção a esse respeito.” (Testemunhos para a Igreja, vol. 2, p. 19).
Na verdade Jesus experimentou o abandono divino como nenhum ser humano jamais experimentou (Mt. 27:46). Levou sobre Si o pecado do mundo todo e experimentou a segunda morte (Ap. 20:14).
As palavras de Ellen White são esclarecedoras: “Cristo sentiu a angústia que há de experimentar o pecador quando não mais a misericórdia interceder pela raça culpada. Foi o sentimento do pecado, trazendo a ira divina sobre Ele, como substituto do homem, que tão amargo tornou o cálice que sorveu, e quebrantou o coração do Filho de Deus” (O Desejado de Todas as Nações, p. 561).
No caso dos ímpios, eles receberão a recompensa de acordo com suas obras (Ap. 20:13). Essa não será uma dor auto-infligida ou provocada por Satanás. Deus, pessoalmente, dará a eles o que escolheram como seu destino final: morte eterna.
O fogo de Apocalipse 21 será literal. É um fogo que consome tudo e todos (Ap 20:9). É um fogo que purifica a Terra. Não se trata simplesmente da glória de Deus. É um fogo que se expande, pois abrange toda a Terra. Como se originará esse fogo? Nós não o sabemos. A Bíblia não explica os detalhes. Geralmente quando acendemos um fogo temos algo que dá origem a esse fogo. Por exemplo, um fósforo. O que Deus utilizará para iniciar esse fogo não sabemos. De qualquer maneira, será um fogo poderoso que destruirá eternamente tudo o que existe sobre a Terra, incluindo os ímpios (Ml 4:1-3). Na epístola de São Judas 7 lemos que como exemplo desse fogo destruidor, Deus nos deu o caso da destruição de Sodoma e Gomorra. Nada restou dessas cidades. Foram totalmente destruídas e queimadas pelo fogo literal.

Conclusão
O amor de Deus é santo, não indulgente ou sentimental. O salmista diz: “Justiça e direito são o fundamento do Teu trono; graça e verdade Te precedem” Sl. 89:14. Amor e justiça são dois lados da mesma moeda e precisam ser colocado no devido equilíbrio.
Conquanto a destruição dos ímpios seja mencionada como o “estranho ato” de Deus (Is. 28:21), a verdadeira justiça requer punição e execução apropriadas. “[Deus] recompensará cada um segundo as suas obras.” (Rm. 2:6). Tormento infindável não é justiça. Mas a justiça requer castigo adequado pelos pecados e crimes que o impenitente tenha cometido. Amor e justiça são dois aspectos do caráter divino. É o santo amor que finalmente torna o Universo seguro.
Unicamente Deus, a Fonte de vida, tem o direito e autoridade de privar um ser vivente de sua vida. Aos que escolheram permanecer rebeldes e impenitentes, Ele terá que punir de acordo com seus atos e privá-los da própria vida. Isto é simplesmente justiça e misericórdia.


Érico Tadeu Xavier
Docente da Faculdade de Teologia da Bolívia

Leia também sobre este tema em: Deus Castiga e também em Quando Deus Não Responde, Que Bênção!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quer dizer o que pensa sobre o assunto?
Então, escreva aí. Fique à vontade.
Mas lembre-se: não aceitamos comentários anônimos.
Agora, se quiser fazer uma pergunta, escreva para nasaladopastor@hotmail.com