sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Melodias dos Salmos: Onde Encontrá-las?

Na sua cultura. Você acha que Deus não teria o poder de preservar a musicalidade de cada canção da época bíblica? Claro que sim! Basta olhar para a própria história do cânon sagrado e sua preservação para se ter esta evidência. Mas realmente, apesar de que os Salmos tivessem uma melodia própria, com o passar do tempo este conhecimento, passado de geração para geração, se perdeu, sendo que Deus preservou tantas outras coisas.  É possível que algumas músicas hebraicas relembrem alguns aspectos das músicas dos Salmos, mas não temos como saber com certeza qual era a melodia de cada um.


Acontece que a música é uma expressão cultural e uma linguagem contextual. A musicalidade de uma canção religiosa é apenas o canal pelo qual passa a mensagem, que é a letra. Ou seja, o importante de uma música é a letra. Por que Deus importou-se tanto em preservar a letra das canções e não se importou em conservar a melodia? Porque num cântico, o que mais importa é a letra. A letra leva o princípio. E a musicalidade a traduz para o contexto, se estiver acomodada ao que seja entendível. Essa é a mesma razão, também, pela qual o Apocalipse já nos adianta várias letras que serão cantadas nas bodas do Cordeiro mas não nos revela qual será a musicalidade das mesmas. Se a conhecêssemos teríamos a tendência de já tentar usar hoje um canal alienado da realidade que aqui vivemos.


E na transmissão da mensagem do evangelho, a mensagem precisa ser contextualizada. Tal contextualização adotará a abordagem mais apropriada de acordo não somente com o contexto, mas também com a cultura. Em tudo aquilo que não fere princípios eternos e mandamentos de Deus, cada cultura deve ser respeitada em seus fatores. E música não é mandamento nem ponto de salvação. Não existe a doutrina bíblica da música. Portanto, outro grande proveito da ação divina em fazer questão de não ter conservado a melodia das canções bíblicas é o respeito pelas culturas. Cada povo, em cada época, expressa e transmite seus valores com musicalidades distintas. Tem havido tentativas modernas de colocar música nos Salmos. Estas iniciativas são muito boas, pois tentam restaurar o poder que havia nestes belos poemas que eram musicados, mas agora de acordo com a atual contemporaneidade. A igreja tem seguido esse princípio.


Então, se você me pergunta: “Qual deve ser a melodia dos Salmos?” Eu lhe respondo: “As melodias da sua cultura, adaptadas às letras das Escrituras, ou vice-versa”. Siga um princípio estabelecido pelos próprios salmistas: “Cantai um cântico novo ao Senhor”. Afinal, Jesus condenou as vãs repetições. Nós não estamos na Judéia da Idade Antiga, portanto, não fique preocupado com isso, e modernize a canção bíblica, preservando somente seu princípio, que está na letra. Bom referenciais para isso podem ser vistos, por exemplos, nas produções da Gravadora Novo Tempo, através dos ministérios de louvor “Está Escrito”, do “Daniel Ludtke”, “Adoradores”, etc. Comece a usar isso bastante nos cultos pessoais e na sua igreja, e depois de um tempo vocês também terão a facilidade pra musicalisar muitos salmos. Um dos meios de chegar, ainda que palidamente, mais perto dos louvores dos salmistas é observar que instrumentos eles usavam. Os salmos são imperativos em instruir que instrumentos usar. Verifique isso na sua Bíblia, faça a lista e monte uma banda contemporânea. Talvez você não encontrará os mesmos instrumentos, mas pegará os instrumentos da sua cultura que produzam os mesmos efeitos daqueles listados nas Escrituras.  E quando fizer isso, descobrirá que poderá, desde que o faça com bom senso, usar todos e quaisquer instrumentos. Quais são os instrumentos da sua cultura? Os salmistas usavam os instrumentos da cultura do antigo Oriente Médio, contexto em que viviam. Passe a usar os instrumentos do seu contexto cultural e você estará seguindo os salmistas no princípio e não no pé da letra. Depois, quem sabe, talvez, quando chegarmos ao Céu teremos a oportunidade de saber quais eram as melodias originais dos salmos. Mas com certeza teremos novas musicalidades para louvar a Deus. E, mais importante do que os detalhes técnicos, é o louvor.


Aí vem outra bênção em Deus não ter permitido que as melodias dos salmos se conservassem através da História. A escritora cristã Ellen G. White disse que no final dos tempos Satanás faria da música um laço na igreja. E a arapuca já pegou os muitos ultra-conservadores. O Diabo coloca o camarada que é conservador em extremo pra ficar achando pêlo em ovo no assunto da música e o faz perder o tempo em preparar e apresentar o conteúdo do evangelho aos que carecem da salvação. Há muitos extremistas que ficam presos nesse laço e endeusam mais a discussão da filosofia da música do que se preocupariam em exaltar o Cordeiro e pregar a mensagem do Advento. E nisso há muita briga inútil. Alguns são levados a pensar que estilo tal ou instrumento tal seriam um falso testemunho. Essas críticas e discussões inúteis é que são um verdadeiro falso testemunho dentro do cristianismo. Agora, já pensou se as melodias originais estivessem aí? Tais extremistas se tornariam também idólatras, radicalizando o sacramento das mesmas. Não conhecermos a musicalidade praticada pelos personagens bíblicos ameniza essas vãs contendas. Afinal, não existem estilos musicais sacramentados em si próprios, em detrimento de outros supostos estilos que seriam, por si mesmos, "do mal". O que manda é o contexto, e ponto final.



A igreja tem se contextualizado bem. Observe o que a igreja tem feito oficialmente, o que ela tem produzido em suas gravadoras, com seus ministérios e com seus cantores, e siga o exemplo. Tenha como seu maior modelo, Cristo. Ele nunca perdeu tempo filosofando sobre música, mas dedicou tempo para cantar. Você quer, um dia, cantar o cântico do Cordeiro? Entregue hoje o seu coração a Jesus, a fim de que possa ir para a eternidade quando Ele voltar. E lá você cantará, com todo o Universo salvo, o cântico de Moisés. Que você possa louvar Aquele que é o Único Digno, por toda a eternidade.


Um abraço,


Pr. Valdeci Jr.

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