Acontece que a música é uma expressão cultural e uma
linguagem contextual. A musicalidade de uma canção religiosa é apenas o canal
pelo qual passa a mensagem, que é a letra. Ou seja, o importante de uma música
é a letra. Por que Deus importou-se tanto em preservar a letra das canções e não
se importou em conservar a melodia? Porque num cântico, o que mais importa é a
letra. A letra leva o princípio. E a musicalidade a traduz para o contexto, se
estiver acomodada ao que seja entendível. Essa é a mesma razão, também, pela
qual o Apocalipse já nos adianta várias letras que serão cantadas nas bodas do
Cordeiro mas não nos revela qual será a musicalidade das mesmas. Se a conhecêssemos
teríamos a tendência de já tentar usar hoje um canal alienado da realidade que
aqui vivemos.
E na transmissão da mensagem do evangelho, a mensagem
precisa ser contextualizada. Tal contextualização adotará a abordagem mais
apropriada de acordo não somente com o contexto, mas também com a cultura. Em
tudo aquilo que não fere princípios eternos e mandamentos de Deus, cada cultura
deve ser respeitada em seus fatores. E música não é mandamento nem ponto de
salvação. Não existe a doutrina bíblica da música. Portanto, outro grande
proveito da ação divina em fazer questão de não ter conservado a melodia das canções
bíblicas é o respeito pelas culturas. Cada povo, em cada época, expressa e
transmite seus valores com musicalidades distintas. Tem havido tentativas
modernas de colocar música nos Salmos. Estas iniciativas são muito boas, pois
tentam restaurar o poder que havia nestes belos poemas que eram musicados, mas
agora de acordo com a atual contemporaneidade. A igreja tem seguido esse
princípio.
Então, se você me pergunta: “Qual deve ser a melodia dos
Salmos?” Eu lhe respondo: “As melodias da sua cultura, adaptadas às letras das
Escrituras, ou vice-versa”. Siga um princípio estabelecido pelos próprios
salmistas: “Cantai um cântico novo ao Senhor”. Afinal, Jesus condenou as vãs
repetições. Nós não estamos na Judéia da Idade Antiga, portanto, não fique
preocupado com isso, e modernize a canção bíblica, preservando somente seu
princípio, que está na letra. Bom referenciais para isso podem ser vistos, por
exemplos, nas produções da Gravadora
Novo Tempo, através dos ministérios de louvor “Está Escrito”, do “Daniel Ludtke”,
“Adoradores”, etc. Comece a usar isso bastante nos cultos pessoais e na sua
igreja, e depois de um tempo vocês também terão a facilidade pra musicalisar
muitos salmos. Um dos meios de chegar, ainda que palidamente, mais perto dos
louvores dos salmistas é observar que instrumentos eles usavam. Os salmos são
imperativos em instruir que instrumentos usar. Verifique isso na sua Bíblia,
faça a lista e monte uma banda contemporânea. Talvez você não encontrará os
mesmos instrumentos, mas pegará os instrumentos da sua cultura que produzam os
mesmos efeitos daqueles listados nas Escrituras. E quando fizer isso, descobrirá que poderá,
desde que o faça com bom senso, usar todos e quaisquer instrumentos. Quais são
os instrumentos da sua cultura? Os salmistas usavam os instrumentos da cultura
do antigo Oriente Médio, contexto em que viviam. Passe a usar os instrumentos
do seu contexto cultural e você estará seguindo os salmistas no princípio e não
no pé da letra. Depois, quem sabe, talvez, quando chegarmos ao Céu teremos a
oportunidade de saber quais eram as melodias originais dos salmos. Mas com
certeza teremos novas musicalidades para louvar a Deus. E, mais importante do
que os detalhes técnicos, é o louvor.
Aí vem outra bênção em Deus não ter permitido que as
melodias dos salmos se conservassem através da História. A escritora cristã
Ellen G. White disse que no final dos tempos Satanás faria da música um laço na
igreja. E a arapuca já pegou os muitos ultra-conservadores. O Diabo coloca o
camarada que é conservador em extremo pra ficar achando pêlo em ovo no assunto
da música e o faz perder o tempo em preparar e apresentar o conteúdo do
evangelho aos que carecem da salvação. Há muitos extremistas que ficam presos
nesse laço e endeusam mais a discussão da filosofia da música do que se
preocupariam em exaltar o Cordeiro e pregar a mensagem do Advento. E nisso há
muita briga inútil. Alguns são levados a pensar que estilo tal ou instrumento
tal seriam um falso testemunho. Essas críticas e discussões inúteis é que são
um verdadeiro falso testemunho dentro do cristianismo. Agora, já pensou se as
melodias originais estivessem aí? Tais extremistas se tornariam também
idólatras, radicalizando o sacramento das mesmas. Não conhecermos a musicalidade
praticada pelos personagens bíblicos ameniza essas vãs contendas. Afinal, não existem estilos musicais sacramentados em si próprios, em detrimento de outros supostos estilos que seriam, por si mesmos, "do mal". O que manda é o contexto, e ponto final.
A igreja tem se contextualizado bem. Observe o que a igreja tem feito oficialmente, o que ela tem
produzido em suas gravadoras, com seus ministérios e com seus cantores, e siga o exemplo. Tenha como seu maior modelo, Cristo. Ele nunca
perdeu tempo filosofando sobre música, mas dedicou tempo para cantar. Você
quer, um dia, cantar o cântico do Cordeiro? Entregue hoje o seu coração a
Jesus, a fim de que possa ir para a eternidade quando Ele voltar. E lá você
cantará, com todo o Universo salvo, o cântico de Moisés. Que você possa louvar
Aquele que é o Único Digno, por toda a eternidade.
Um abraço,
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