Os irmãos de Jesus mencionados na
Bíblia eram filhos de José e Maria?
Jesus não teve apenas irmãos, mas também irmãs (Marcos 6:3). Os nomes de
Seus irmãos são conhecidos (Tiago, José, Judas e Simão [Mat. 13:55]), mas não
os nomes das irmãs. Uma vez que a palavra “irmão” é algumas vezes usada nas
Escrituras para designar uma pessoa não necessariamente nascida do mesmo pai e
mãe, surgem perguntas sobre os “irmãos” e “irmãs” de Jesus.
Na tradição católico-romana, há a necessidade de esclarecimento quanto a
isso, devido à crença na perpetuidade da virgindade de Maria. Para nós, essa
pergunta tem conotação histórica, mas não teológica. Essa controvérsia remonta
à metade do segundo século e ainda não foi resolvida a contento; a evidência
bíblica permite interpretações diferentes.
1. Filhos
de José e Maria. – Alguns consideram este o ensino do Novo Testamento.
Jesus é chamado o primogênito de Maria (Luc. 2:7); se foi o primogênito é
porque teve mais irmãos, porque senão seria o unigênito de Maria. E somos
informados de que José conheceu Maria, isto é, teve relação sexual com ela,
após o nascimento de Jesus (Mat. 1:25). Portanto, a conclusão mais lógica seria
de que a expressão “irmãos de Jesus” se refere aos filhos de José e Maria. Além
disso, não existe uma menção clara nos Evangelhos de que José era viúvo antes
de se casar com Maria, ou de que tivesse filhos de um casamento anterior.
2. Primos
de Jesus. Esta interpretação baseia-se no argumento de que a palavra
“irmão” podia algumas vezes designar um parente chegado, um primo. Entre outras
coisas, essa teoria ensina que a mãe de Tiago e José não era a mãe de Jesus,
mas a irmã dela, Maria, a esposa de Cléopas (João 19:25). Seu irmão Tiago é o
mesmo chamado filho de Alfeu e Cléopas (Marcos 3:18). Esta idéia considera os
“irmãos de Jesus” como Seus primos. Mas o elevado grau de especulação dessa
teoria e o fato de que dificilmente haveria uma evidência para o uso de “irmão”
com o significado de “primo”, descartam essa hipótese.
3. Meio-irmãos.
Muitos argumentos apóiam e desapoiam essa idéia.
Primeiro, em
lugar algum no Novo Testamento os “irmãos de Jesus” são explicitamente chamados
“filhos de Maria”. A passagem que mais se aproxima dessa idéia é Mateus 13:55:
“Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama Sua mãe Maria, e Seus irmãos,
Tiago, José, Simão e Judas? Mas Jesus é o único chamado especificamente filho
de Maria. Alguém poderia argumentar que o texto diz implicitamente que Maria
era a mãe apenas de Jesus, não de Seus irmãos mencionados na passagem.
Segundo, a palavra “irmão”, é usada na
literatura grega para se referir a um meio-irmão; assim, o termo em si mesmo
não é conclusivo para responder à pergunta.
Terceiro, a palavra “primogênito”, não infere
que Maria tivesse outros filhos (aliás, sugere). Ela é usada em Lucas 2:7 para
preparar o caminho para a dedicação de Jesus ao Senhor como primogênito (verso
23). Uma antiga inscrição egípcia menciona uma mulher que morreu ao dar à luz
seu “primogênito”. Por ela poderia se concluir que Maria tinha outros filhos,
mas isto é literatura egípcia e não hebraica.
Quarto, o fato de que José não teve relações
sexuais com Maria a não ser após ela ter dado à luz a Jesus (Mat. 1:25), não
quer dizer necessariamente que ela teve outros filhos. O propósito da
informação de Mateus foi enfatizar que Maria era ainda virgem quando do
nascimento de Jesus. O que também já sugere que após Jesus ter nascido ela
passou a ter uma vida sexual ativa. Analisando o contexto histórico deles,
dificilmente alguém teria uma vida sexual ativa e ao mesmo tempo um estilo de
vida contraceptivo.
Quinto, o fato de que os “irmãos” de Jesus
tentaram várias vezes controlá-lo, sugere a possibilidade de que eles eram mais
velhos tinham autoridade sobre os mais novos. Mas o fato de eles estarem
acompanhado Maria quando ela procurou a Jesus (Mateus 12:47-50) sugere que eles
fossem filhos de Maria. Pode ser que alguns fossem e outros não.
Finalmente, o fato de Jesus, durante Sua
crucifixão, ter confiado Sua mãe aos cuidados de João pode denotar duas coisas
diferentes: a) Que os “irmãos” de Jesus não eram filhos de Maria; caso
contrário, eles teriam assumido essa responsabilidade automaticamente, o que
dispensaria o pedido de Jesus a João, que não queria deixar sua mãe sem um
filho para cuidar dela; b) Que Jesus preferiu que João e não os irmãos mais
novos cuidassem de Maria; como eles, automaticamente cuidariam dela, foi
preciso que Jesus, o primogênito, quem ditava as regras, deixasse as coisas
definidas, então, por isto ele fez o pedido a João.
Embora esse assunto esteja ainda em debate,
parece que a melhor solução pode ser a primeira ou a última: Jesus tinha
irmãos, mas pode ser que fossem filhos de José e Maria, ou pode ser que os
irmãos de Jesus eram Seus meio-irmãos. Mas esta última opção deixaria uma
complicada pergunta, muito óbvia: Por que o Senhor fechou a madre de Maria?
Esta é uma pergunta teológica, e é bom notar que Bíblia não responde a essa
questão. Alguns sugerem que talvez Deus quisesse preservar a singularidade da
experiência de Maria como mãe do Salvador, mas isto seria cobrir uma conjectura
com outra conjectura.
O que sabemos
é: Jesus era primogênito; Jesus conviveu com José e Maria; Jesus era,
biologicamente, filho apenas de Maria. Mas Jesus foi chamado de filho de José e
de Maria; Jesus teve irmãos e irmãs; os irmãos de Jesus conviveram com Maria.
Um abraço,
Pr Valdeci Jr.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quer dizer o que pensa sobre o assunto?
Então, escreva aí. Fique à vontade.
Mas lembre-se: não aceitamos comentários anônimos.
Agora, se quiser fazer uma pergunta, escreva para nasaladopastor@hotmail.com