sábado, 19 de julho de 2014

ADORAÇÃO ADVENTISTA: A Música Em Espírito e em Verdade

Enquanto escrevo este texto sou elevado para mais perto do Céu através de David Phelps, ouvindo o que há de melhor dele na web. Cada música, mais inspiradora que a outra. É como Ernest Castillo escreve no prólogo de En Espíritu y en Verdad, sobre “un canto nuevo”, que vem a inspirar. Quando vamos atrás da prática da música contemporânea estamos simplesmente sendo obedientes à ordem bíblica: “Cante um cântico novo a Jeová, toda a terra” (Salmo 96:1). Aí está a inovação global do louvor.

Por isso, Jesus quebra a linha de raciocínio da mulher samaritana que via separatismo entre povos por causa da exaltação de determinados gostos preferenciais litúrgicos como tendo algo de bom “do lado de cá” e formas erradas “do lado de lá”. “Muitos têm deixado de crer na proposta que os seguidores de Jesus oferecem, porque em vez de encontrar a água viva que sacia a sede da alma, encontram apenas um conjunto de ritos, formas e cerimônias externas que não satisfazem”, escreve Adriana Perera no primeiro capítulo deste abençoadíssimo livro, ao comentar a declaração de Ellen G. White: “A religião não tem que se limitar a formas ou cerimônias externas”. E neste capítulo, apoiada em White, Perera deixa clara a advertência de que não existe essa de que os adventistas do sétimo dia sejam de Deus e demais cristãos não o seriam, só porque adoram de maneiras diferentes. Por isso, o louvor deve ser o caminho transcultural que deve levar todos a Cristo.

Esta universalização do louvor deve vir no respeito às diferenças. Unidade nas diversidades, tanto geográficas quanto históricas. É então que Lilianne Doukhan conduz o leitor da visão global presente para a análise todo-abrangente cronológica. No segundo capítulo deste livro (publicado pela editora oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia em seu país de origem há menos de um ano), ela apresenta “a música da igreja através da história”. Vale a pena destacar que na época dos pais da igreja “segundo documentos desse tempo, os hinos... provinham da música secular. Esta técnica foi usada repetidamente pelos reformadores ao longo da história, e seu uso permitia que a congregação pudesse cantar sem necessidade de aprender a toada, pois já estavam familiarizados com ela”.

Portanto, em seus primórdios a igreja não tinha essas discussões e preconceitos musicais como nos moldes atuais. O catolicismo enfiou isso no cristianismo. Foi no “Concílio de Laodícéia (c. 363-364 d.C.)” que “decidiram proibir tudo, incluindo o cântico congregacional na igreja”. E assim a Igreja privava o povo não somente de aprender através do que poderiam obter da leitura bíblica, mas também de louvar através do que poderiam expressar através da música.

Até que veio a Reforma. “Lutero... deu aos crentes a oportunidade de se unirem em cântico congregacional”.  E então, “as boas-novas eram comunicadas mediante o uso de toadas populares e conhecidas. Existiam distintos gêneros usados para este propósito”: Volkslied (canto popular), Volksballad (a balada popular), Hoflied (o canto da corte) e o Gessellschaftslied (o canto social). “Lutero usava melodias provenientes de todos estes tipos de canções para espalhar o evangelho”. Ele era missional. “Usar melodias emprestadas era uma prática artística comum na época de Lutero, mas também era uma forma de expressar as crenças de Lutero acerca da função da Igreja no mundo. Para Lutero, toda música era espiritual, ou seja, útil para a teologia. Se a igreja quisesse alcançar o mundo, necessitava ser capaz de se comunicar na linguagem do mundo”.

Sem alienar-se, o pai da Reforma protestante era contextual. “Lutero também usou os ritmos vivos característicos do seu tempo”. E isto espalhou-se na contrafacta. Na Idade Média, “os grandes compositores de motetos e missas, com frequência usaram canções populares ou seculares conhecidas como base para suas obras religiosas”. E assim, as “melodias populares eram escolhidas pelos compositores por serem doces e porque as pessoas estavam familiarizadas com elas”. Ainda mais, “as toadas também eram usadas para substituir letras pecaminosas por letras religiosas, para que assim as pessoas se esquecessem das canções imorais e se lembrassem das novas”.

Hoje, muito tempo depois, alguns perguntam sobre a canção Castelo Forte. Em “sua versão rítmica original” era “cheia de dinâmica e ritmo enérgico”. Por quê? Porque “Lutero desfrutava de cada aspecto da vida e de suas alegrias. Por esta razão, as melodias de Lutero, tanto as originais como as emprestadas, se caracterizavam por seus ritmos vivos e pela sincopa”. E prosseguindo no tempo, “uma análise da música do século XVII mostra que persiste o elemento rítmico na maioria das composições sacras”. E “quatro séculos depois da Reforma, os músicos continuaram compondo hinos com base nos modelos populares seculares, com novos textos”. Mesmo no Metodismo (que, em muitos aspectos, concebeu o Adventismo), “Wesley tomou toadas emprestadas dos corais luteranos, da música clássica e das árias de ópera”. Como dizia William Booth, “não me importa se a chamas de secular ou de sacra”.  E assim sempre foi. “Nos movimentos de reavivamento do século XIX”, usavam “uma linguagem sensível, melodias de tipo folclórico, fáceis de ensinar e contagiosas”. E “durante o século dezenove”, época dos nossos pioneiros, “a adoração e a música estavam agora nas mãos das pessoas comuns, que juntaram melodias do repertório folclórico e da música popular”. Por que hoje deveria ser diferente?

O que Ellen White diria sobre isso tudo? É aí que entra o rico artigo de alguém que é teólogo e musicólogo e, ao mesmo tempo, profundo amante e defensor da IASD. E neste terceiro capítulo do livro En Espíritu y en Verdad, Elena G. de White y la Música, o autor coloca que “quando Ellen White nasceu... as reuniões campestres... se caracterizavam pelo entusiasmo e a espontaneidade, onde os gritos de ‘glória’ e ‘aleluia’ e os hinos cantados com fervor, a capela ou ao som de órgão, reforçavam os fortes chamados dos pregadores à conversão e à santidade”. E mais especificamente quanto à música, “a hinódia adventista convertia o culto em um momento de grande entusiasmo e fervor, marcado por expressões animadas como ‘glória’ e ‘aleluias’. E Tiago White gostava de cantar tais hinos de maneira contagiosa, marcando o ritmo batendo na Bíblia”. O capítulo tem ainda um exercício hermenêutico quanto à famosa e polêmica citação de Ellen White sobre ao contexto da ‘carne santa’ em Indiana, na projeção futura quanto aos ‘gritos, com danças, músicas e tambores’, trazendo o leitor a uma compreensão correta do texto.

E a utilidade de tal capítulo se compreende na análise da posição de EGW quanto à música sacra (congregacional e devocional) e também à música em geral, na aplicação para nossos dias. “Neste momento prometedor para a música adventista, faria bem a nós, músicos e líderes, recordar nossa história, não deixando de lado a herança preciosa dos hinos tradicionais, e incorporando novas composições que... ajudem a evitar os excessos causados pelo emocionalismo na adoração”. O melhor de tudo deste capítulo é a vasta bibliografia que ele apresenta.

O que você acha do Hinário Adventista do Sétimo Dia? Temos a resposta de Miguel A. Valdivia quanto a isso em relação ao hinário em espanhol. Talvez o leitor brasileiro possa pensar sobre o que isso teria a ver com ele. A questão é que os princípios seguidos pela igreja são os mesmos. E os aproveitamentos que o adorador adventista pode ter do hinário de sua igreja também se assimilam nas mais diferentes culturas, línguas e lugares do mundo. O que o autor coloca neste artigo é sobre a postura do adventista quanto ao hinário de sua igreja nas implicações para a vida diária cristã, para a comunhão coletiva da comunidade de crentes e para o cumprimento da missão, na consciência de que “a igreja vai incorporando mudanças em sua vida litúrgica”, porque as doxologias e formas de adoração, com o tempo, evoluem.

E é aí que entra Homero Salazar, falando sobre o “ministério da música na igreja” e a importância do mesmo. Assim, ele apresenta a música na igreja primitiva e compara com a música na igreja da atualidade. Como deve ser o louvor congregacional? Os ensinos de Salazar são práticos, claros e diretos ao ponto. Por exemplo: você acha que qualquer hino serve para ser cantado em qualquer ocasião? Ele explica sobre os bons usos e os usos equivocados  do hinário. Ele mostra como os cânticos poderiam (e muitas vezes acontece) ser usados de forma errada. Para isso, abre uma explicação muito boa sobre as diferentes naturezas dos cânticos de adoração, cânticos de louvor, cânticos de edificação, cânticos de motivação missionária, cânticos para evangelização, cânticos para ocasiões especiais e cânticos para fortalecer os valores morais. E ao concluir o capítulo falando da bênção dos cultos múltiplos e compartilhando sua experiência pessoal, o autor termina refletindo no desafio que é para a IASD o lidar com os conflitos e transições de gerações no sentido de manter a tocha brilhando até que Cristo venha.

"Existem os Instrumentos Satânicos?" Este é o capítulo seis de “En Espíritu y en Verdad”, escrito por Hugo Chinchay, que tem tanto formações teológicas quanto musicais e administrativas nas melhores universidades adventistas de sua (nossa) cultura religiosa. “Ele tem dirigido coros, grupos musicais e cantado em quartetos e grupos por mais de 25 anos”, sempre sendo um obreiro de destaque no trabalho integral em servir à IASD. Para responder à pergunta, o autor faz uma profunda análise dos “instrumentos musicais na Bíblia”, e uma dedicada e didática exegese de 2Crônicas 29, quanto aos “Instrumentos do templo” e as orientações do Senhor. Se ele trata da percussão? Exatamente isso, pois o zelo de Chinchay pela igreja é muito grande. Por isso, apoiado em “Ellen White e os instrumentos musicais”, esse pastor especialista em música reflete sobre o delicado assunto da “associação entre instrumentos e música” e termina com uma lista prática e instrutiva de “pautas para a introdução de novos instrumentos”, exortando que, “finalmente, nunca nos esqueçamos de que a voz da congregação é mais importante que qualquer instrumento musical”.

E acima disso, está a importância da mensagem que é comunicada, direta ou indiretamente pela adoração. Por exemplos. Você sabe dar uma resposta adventista quanto ao que vem a ser uma “mensagem subliminar”? Já ouviu falar de James Vicary e de seu pioneirismo nas mensagens subliminares da publicidade? Você sabe o que a Ciência diz sobre as mensagens subliminares? Será que pode haver, ou não, uma mensagem subliminar em uma canção que nos introduza a uma conduta inapropriada? São estas as respostas que Josué Cortés, formado em Ciências e doutorado em Medicina, dá no sétimo capítulo do livro editado por Perera. Alguém já lhe chamou pra ouvir uma música tocada ao revés e descobrir que mensagem há no “pano de fundo” daquela gravação? Como se grava isso? É intencional ou acidental? Ou seria espiritual do mal? É perigoso? Isto existe mesmo? Existe isso em músicas religiosas também? Só para o mal, ou para o bem também? Que efeitos tais gravações podem ter sobre a nossa vida? Vou deixar você estudar profundamente esse assunto lendo este texto deste doutor no seu próprio livro, pois como ele mesmo diz: “Tenhamos a atitude ‘bereana’ de investigação. Amemos sempre a verdade e suspeitemos sempre do sensacionalismo espiritual”.

O ponto alto do livro é o capítulo oito, que trata de falar sobre “A Música e a Adoração”. Afinal, este é o tema da obra. André Reis é um verdadeiro ministro de música adventista, que tem escrito em periódicos oficiais da igreja e palestrado oficialmente por Uniões e Universidades adventistas que o convidam para ensinar exatamente sobre o tema em questão. E realmente precisamos de instrução, porque “se bem que Deus tenha criado a música, não deu instruções específicas para compor música estritamente ‘divina’. O estilo da música não é uma preocupação tratada nas Escrituras Sagradas”. E ao analisar o desenvolvimento da liturgia ao longo da história, Reis coloca que “este silêncio da Bíblia não é acidental”. Por quê? Você vai descobrir lendo o livro. Mas diante de tantos desafios, ele aconselha que “devido a tantas linhas de pensamento que prevalecem na igreja adventista sobre o papel da música no culto, a melhor estratégia é desenvolver princípios musicais fundamentados nos conceitos bíblicos de adoração”.

Ao analisar “os princípios do culto cristão”, com profunda busca bíblica, Reis evidencia que “o culto cristão tem que ser” cristocêntrico, racional, edificante, exultante e transformador. Uma rica cadeia sistemática de passagens bíblicas é disponibilizada ao leitor para esse entendimento. Mas como construir, na prática acertada, esse tipo de musicalidade eclesiástica hoje, dentro do contexto em que estamos? Aí está o melhor do livro, em dar o passo-a-passo bem útil a ser aplicado, para que, “na igreja, a música, em vez de ser um ponto de divisão”, possa, “na realidade, unir a igreja”.

E falando em princípios, a editora do livro tem também, na sequência, a autoria de um capítulo sobre “as mensagens da música”. Ela instrui sobre como que na mensagem musical deve haver os princípios da qualidade, da participação, do propósito e da pertinência. Além de ensinar os detalhes sobre cada um desses tópicos, Perera explica que “o que é apropriado para uma cultura pode não o ser para outra, e o que é conveniente em uma congregação pode causar confrontação em outras. Paulo segue escrevendo em 1Coríntios 10:32-33: ‘Não sejais tropeço nem a judeus, nem a gentios, nem à igreja de Deus; como também eu em todas as coisas agrado a todos, não procurando meu próprio benefício, mas o de muitos, para que sejam salvos’”. Quanto à mensagem verbal, a mesma autora ensina como fazer com que a mesma tenha os princípios da criatividade, da memorização, da compreensibilidade e da verdade, seguindo as instruções de 1Conríntios 14:15-17.

Sabe aquelas associações mentais que a gente faz ligando determinadas tomadas musicais com determinados contextos? “A música não tem um ‘significado intrínseco’ que seja entendido por todas as pessoas da mesma forma e em qualquer tempo e lugar. Portanto, as associações dão significado à música, e estas variam com o tempo. A música pro órgão, por exemplo, era usada nos circos e festas romanas nos séculos II e III. E no século XVIII ainda não se aceitava o órgão em muitas igrejas cristãs, por ter tais conotações pagãs. No nosso século, o órgão é considerado o rei dos instrumentos litúrgicos no mundo cristão, e está estreitamente associado às catedrais e aos templos. Se as associações nunca tivessem mudado, o órgão ainda hoje seria associado à música de fundo que os mártires cristãos que morriam no circo romano escutavam, e deveríamos tirar os órgãos das nossas igrejas por esse motivo”. A música é uma linguagem poderosa que, embora composta por diferentes mensagens, deve comunicar, em nós e através de nós, Jesus.

E quais são os efeitos da mesma? Uma peça musical pode trazer diferentes efeitos de comoção. Os sentimentos de uma peça musical podem ser refletidos fisicamente, no corpo. Podem afetar a mente. O que é melhor para o cérebro pode variar entre tocar um instrumento e escutar uma música. Depende de uma série de fatores. Existem vários autores que podem fazer-nos enxergar os porquês de a música estimular as emoções, a partir de diferentes prismas. Qual deve ser a nossa resposta? A memória desempenha vários papéis na música que escolhemos escutar, pois a música possui um elemento surpresa capaz de criar várias coisas no ouvinte, como por exemplo, o prazer. Baseados nas reações às músicas que escutamos, podemos dizer que existem músicas intrinsecamente boas ou más? Por quê? Respondendo a estes questionamentos, a professora Lourdes E. Morales Gudmundsson leva o leitor a refletir sobre “como podemos escolher a música que melhor contribua para uma vida cristã nobre e positiva”, no capítulo 10 de “En Espíritu y en Verdad”.

Mas nada melhor do que um dos nossos maiores teólogos para nos falar sobre a adoração e sua natureza prática na Igreja Adventista: Ángel Manuel Rodriguez. Doutorado em teologia pela Andrews Universitiy, ele atuou na docência universitária como professor, decano acadêmico e presidente de universidade, sendo que por uma década foi o diretor do Instituto Mundial de Pesquisa Bíblia da Igreja Adventista, tendo contribuído para os adventistas com vários livros e dezenas de artigos. E neste livro, En Espíritu y en Verdad, ele soma-se aos demais autores para levar o leitor a refletir sobre: a) qual vem a ser a conexão entre o mandamento do sábado e a adoração a Deus; b) de que maneira podemos avaliar os elementos do serviço de adoração para preservar o princípio de que Deus é o verdadeiro centro da adoração; c) quais são os elementos mais importantes da adoração na IASD; d) de que maneira a postura corporal demonstra a natureza integral da adoração; e e) qual é a resposta chave que deve nos levar a determinar o que vem a ser apropriado para o culto.

É um desafio! Principalmente quando aparece por aí essa tal de MCC: Música Contemporânea Cristã. Novamente Perera, mostra mais curiosidades indispensáveis ao leitor sobre a evolução da adoração. “Nossos hinos protestantes provêm da reforma litúrgica em que Martinho Lutero reage contra o canto gregoriano. Não obstante, estes hinos foram consideramos ‘profanos’, ‘sensuais’ e ‘mundanos’ pela igreja oficial do século XVI. Por outro lado, existem numerosos compositores que escreveram obras seculares com a mesma estrutura musical do coral ou hino luterano, mas com letra secular e em um contexto musical não religioso. Talvez não seja necessário mencionar a Cantata do Café de J. S. Bach, o Ode to Joy de L. V. Beethoven, o Va Pensiero de G. Verdi, o O Fortuna de C. Orff, etc.”. Por isso Paulo aconselha: “Não se conforme com este século!”. E o salmista completa: “Cantai um cântico novo ao Senhor”. O que Jesus faria se estivesse no nosso lugar? É exatamente esta resposta que Perera persegue para então arrazoar sobre música e cultura, sobre a delimitação dos limites e sobre o propósito da MCC.

Indo mais ao ponto, o que você quer saber é sobre “como escolher o estilo musical apropriado para sua igreja”. Janette Rodríguez Flores é profundamente bíblica (com espesso embasamento em EGW também) ao redigir esta resposta. Ela trabalha com as seguintes questões: a) que elementos influem sobre nosso gosto musical? b) que impacto tem o grupo em geral do que se forma parte sobre o estilo de música do indivíduo?; c) como podemos aplicar o princípio de Romanos 12:10 no contexto da adoração entorno dos estilos musicais; e d) será que é apropriado que o estilo de adoração varie segundo a congregação? “Oremos e busquemos ativamente criar um espírito de unidade na nossa igreja local mediante a escolha de estilos que sejam adequados para toda a nossa congregação”, abaliza esta mestra na música adventista.

Há poucas semanas, participei de um acampamento de jovens cristãos. Muitos talentos musicais reunidos. Tivemos os programas espirituais na sexta à noite e no sábado. E estava proposto que para o sábado à noite teríamos uma hora social temática de festa da roça. Foi natural, pegarmos os violões e cantarmos músicas caipiras, “da terra”, e sertanejas, cujas letras não ferissem nossos princípios. Mas uma pessoa presente “rasgou as vestes”. E a consequência de sua atitude, que não foi das mais felizes, foi, em certos aspectos, de uma negatividade desnecessária à comunidade, por vários dias posteriores. Tudo por desinformação quanto ao assunto sobre “a música secular na vida do cristão”. E eu não tiro a razão, quando temos tão pouco escrito sobre o assunto. Mas agora não vamos mais precisar ter desculpas. Rafael Rodríguez Chalas, doutor, ministro de música, professor e violonista clássico, mostra a música secular à luz da Bíblia, da Reforma e do adventismo, levando o leitor a conclusões equilibradas.

Porque precisamos que o espírito de união reine entre nós. Por isso, Flores volta com mais um capítulo (15) levando o adorador a refletir da uniformidade à unidade tanto na adoração pessoal quanto na pública. Mais Bíblia e mais Espírito de Profecia, para discutir sobre os pertinentes questionamentos: Qual é o papel do louvor na devoção pessoal do crente? Quais são alguns exemplos do uso da música na adoração pessoal? O que os salmos 38, 45, 54, 55 e 71 poderiam nos ensinar? Será que o processo de louvor começa com uma pessoa, e vai se expandindo, como e até onde? A leitura do salmo 105 é muito importante para refletir na explicação de como é o convite à comunidade religiosa para que se una em adoração. “A Bíblia nos provê lições práticas e reveladoras para desenvolver uma vida de devoção pessoal e coletiva. Para isso, o coração deve estar livre de egoísmo. Devemos buscar o que beneficia a congregação, e não o que eu prefiro ou o que me fala no âmbito pessoal”. Resultado? “Unidade na diversidade, graças ao amor de Deus”.

“Como Organizar o Ministério da Música e da Adoração em sua Igreja?” É o capítulo 16, com o pastor e doutor Andrés Flores. Ele explica sobre “como apoiar a equipe de música e adoração”, colocando qual é o “papel do pastor e da comissão da igreja”, nos sentidos de urgência e de liderança quanto aos recursos, o respaldo e a confiança da igreja e o apoio espiritual. Ensina também sobre “como formar uma equipe de música e adoração”, desde a escolha do líder até os demais componentes, a visão desta equipe, a colaboração do pastor e a orientação bíblica que tal ministério deverá seguir. Por fim, dá várias dicas de recursos práticos que podem ser buscados para a equipe de música e adoração da igreja, mostrando qual é o resultado que pode ser alcançado com um programa de música bem organizado que seja compreensível, original e espiritual, o que se pode fazer pra desenvolver a capacidade dos líderes de adoração e de que maneiras se pode facilitar a comunicação e a colaboração entre a equipe de adoração e o pregador.

É com muita emoção que chegamos ao último capítulo de “En Espíritu y en Verdad” com Alejandro Bullón. Ele faz uma exposição sobre “as emoções na adoração”. Ao ler o que este grande pastor e escritor escreve, o leitor é levado a refletir sobre: a) o que implica o conselho de EGW acerca de que se deve cultivar a voz para que “resulte agradável ao ouvido e impressione o coração”; b) como podemos distinguir entre as emoções santificadas e as emoções pecaminosas; c) quais são os perigos do emocionalismo; d) o atual desafio da igreja hoje, que “não é adotar um estilo de adoração para o corpo universal, mas respeitar a diversidade das culturas que formam parte da nossa grande família”; e e) o maior milagre que Deus pode fazer no coração dos cristãos.

No apêndice do livro está um documento sobre a “Filosofia de Música Adventista do Sétimo Dia”, votada oficialmente pela instituição, pois o livro En Espíritu y en Verdad “não propõe mudança alguma à teologia ou às doutrinas da IASD. Todos os autores são obreiros ou leigos ativos da IASD com um profundo respeito pelos regulamentos e políticas da igreja” e pelo Espírito de Profecia da mesma. “Mas a hora vem, e é agora, quando os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em Espírito e em Verdade; porque o Pai também busca por tais adoradores que assim O adoram” (João 4:23).

Eu comprei esse livro e em poucas semanas o li duas vezes. Portanto, lhe aconselho que acesse o site Amazon e compre já o seu exemplar deste livro (PERERA, Adriana (Ed.). En espíritu y en verdad: la música y la adoración en la Iglesia Adventista delSéptimo Dia. Nampa, Idaho: PacificPress Publishing Association, 2013, 176 páginas) e leia-o, o mais rápido possível. Faça-o sempre em oração, para que tudo isso redunde em bênçãos missionais para você e para sua igreja. E que Deus o abençoe! Agora, chega de David Phelps, e vamos dormir ao som de Leonardo Gonçalves!


Um abraço,
Pr. Valdeci Jr.



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