Na maioria das vezes somos levados a nos distanciarmos de
Deus pela nossa tendência pecaminosa.
Como conseqüência torna-se mais fácil ignorarmos Sua presença ao invés
de nos achegarmos á Ele, quando deveria acontecer o contrário, pois tudo o que
temos e somos devemos á Deus. É Ele que nos sustêm, que possibilita que
continuemos vivendo apesar das dificuldades. É Ele que nos dá condições de a
cada dia respirarmos, andarmos, sorrirmos ou chorarmos; enfim é Ele que nos
mantêm.
“Muitas vezes o fazemos chorar, mas, é fundamental que
aprendamos uma preciosa lição. Deus sofre em conseqüência do pecado. Ele chorou
diante da tumba de Lázaro. Mas Ele chorou também diante de uma cidade
empedernida, amante do pecado, que rejeitou a Sua graça.
O que Deus não deve sentir ao ver a dureza de um coração que
não quer se arrepender, que não quer aceitar a única solução para o seu mais
grave problema. Ele insta em Sua Palavra e por meio dela para que o homem
abandone aquilo que resultará em sua ruína eterna, para que aceite as provisões
de Sua graça, mas o homem continua teimando no pecado. Ele apela, apela, e
apela: “Não tenho prazer na morte de ninguém. Portanto convertei-vos e vivei.”
Ezeq. 18:32. Todavia, o pecador continua endurecido. Então lágrimas rolam na
face do Salvador, vendo o desfecho final que aguarda pelo renitente neste drama
de rebelião e pecado.
Dar-se-ia porventura o caso de que Jesus esteja insistindo
para que O recebamos em nossos corações e todavia estejamos recalcitrando no
erro? Devemos lembrar que quando Deus nos apela, Ele o faz porque nos ama e
quer nosso bem, e também porque sofre por causa do pecado que amamos e
praticamos. A Bíblia diz que o Espírito intercede com “gemidos inexprimíveis”
(Rom. 8:26). Um gemido tem a ver com dor, sofrimento, tristeza. Ë certamente em
razão do que aqui estamos abordando que a Bíblia diz que há alegria no Céu por
um pecador que se arrepende. Cessam as dores e tristezas no que respeita àquela
alma que abandonou o pecado.
Parece-nos, portanto, vital que a cada dia examinemos a nós
mesmos a ver se de alguma forma temos entristecido o Espírito de Deus.
Lembremo-nos, por exemplo, que ferimos o coração de Deus quando pronunciamos
aquela palavra que jamais deveria sair de nossos lábios? Ou cometemos aquele
ato que não condiz com a nossa fé? Ou freqüentamos aquele ambiente onde não
deveríamos colocar os pés? Ou praticamos um pecado que julgamos ninguém esteja
observando? Ou narramos aquela piada imoral só pelo prazer de ouvirmos as
gargalhadas dos que ás ouvem? Ou mentimos e agimos dolosamente contra o
semelhante por amor de um negócio mais lucrativo? Ou damos rédeas soltas à
língua que deveria ser usada apenas para o louvor de Deus e o benefício do
próximo? A lista poderia se prolongar indefinidamente. “Cada desvio do que é
justo, cada ação de crueldade, cada fracasso da natureza humana pode atingir o
seu ideal, traz-Lhe pesar”. –Educação, pág. 263.
Quando estivermos plenamente conscientes de quanto
sofrimento o pecado tem trazido ao coração de Deus, sem dúvida odiaremos ainda
mais esta coisa maldita. Mais do que nunca pediremos que Ele nos liberte e nos
transforme à Sua semelhança. Oraremos mais intensamente: “Ora vem Senhor Jesus.
Põe logo um fim ao pecado. Que o Teu reino venha!”
“Deus enxugará toda lágrima” equivale a “Deus extirpará para
sempre o pecado”. Que glorioso o dia em que nos reunirmos com Jesus,
contemplarmos Sua face, e Ele sorrir para nós! Nunca mais aqueles santos olhos
derramarão lágrimas, e também nós jamais choraremos. “Vi um novo céu, e uma
nova Terra. O primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o que mar já não
existe”. Apoc. 21:1. A única coisa que ainda restará deste velho mundo serão as
cicatrizes nas mãos de Cristo, que para sempre testificarão do sangue e das
lágrimas que Deus derramou por causa do pecado”[1].
[1] Extraído
de um artigo intitulado “As Lágrimas de Deus”.
Dr. José Carlos Ramos - Professor de Teologia Bíblica
e Sistemática no ENA.
Revista Adventista, janeiro de 1987.
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