Acabo de ficar chocado com o que eu mesmo terminei de escrever: “Reavivados de Férias”. Vou explicar. Escrevo e gravo os programas “Reavivados Por Sua Palavra”, em casa (no Rio Grande do Sul), e envio a matéria bruta do conteúdo a ser editado e colocado no ar para a sede da Novo Tempo (SP). Como o programa é diário, e faço isso semanalmente, mando uma média de sete a cada vez. Acontece que, desta vez, enviei 41 programas de uma vez só. Então, entrei no Facebook e criei uma conversa coletiva com meus três produtores de Jacareí para checarmos se estaria tudo “ok” com o material. Quando solicitado pelo Face para nomear a conversa, dei o título de “Reavivados de Férias”. Até aí tudo bem, por tratar-se da provisão antecedente de trabalho suficiente para não faltar nada durante as férias. Mas os reavivados tiram férias? Sim, esse termo terminou me levando à reflexão de realidades mais profundas sobre nossa condição de “Reavivamento e Reforma”.
Desde que passei a ser pastor de igrejas, há anos venho observado um fenômeno interessante. É muito comum que nos meses de dezembro a fevereiro as entradas financeiras de uma congregação sofram baixas. E isso é intrigante. Por que aqueles que são doadores regulares durante os demais nove meses do ano entregariam menos ofertas e dízimos justamente nos meses em que há mais dinheiro, inclusive em suas mãos? Seria por que o volume maior de dinheiro os levaria à tentação de não doar? Estariam viajando e doariam em outras igrejas? Não estariam instruídos o suficiente para administrar uma quantia monetária um pouco maior? As despesas extras mensais típicas de fim e começo de ano estariam minando mais os seus bolsos? Depois de perseguir hipótese por hipótese e, ao desvendá-las, sempre me decepcionar com um “não”, encontrei um “especialista” que me deu uma resposta convincente.
Esse colega era um pastor designado para trabalhar exclusivamente com a Mordomia Cristã[1], atendendo a todas as igrejas de uma grande área geográfica. E ele me explicou que o problema estava sim relacionado à Mordomia Cristã, mas não no assunto “Dízimos e Ofertas”[2]. Então ele me mostrou alguns estudos que apontavam para um tipo de “férias de Deus”. Eu fiquei assustado. Ao chegar o verão, a rotina da vida muda. Alguns trabalham mais, passando a ter dois ou três empregos, para aproveitar o mercado aquecido e fazer sua provisão anual (ou conseguir um “extra” para quitar dívidas). Outros param de trabalhar por alguns dias ou semanas. E ainda outros fazem os dois. E, infelizmente, a mudança temporária de afazeres cotidianos também acontece no costume das disciplinas espirituais[3]. A raiz da infidelidade vem da indevoção!
A comunhão com Deus não acontece num passe de mágica. Leitura bíblica, tempo de oração profunda, prática de louvor e testemunho pessoal são o pão de cada dia[4]. No dia em que você não come, ou come mal, o organismo passa mal. Muitos dias sem comer, ou sem comer bem, trazem a fraqueza, a enfermidade, a falta de poder, a infidelidade, a apostasia. E isso não pode acontecer só porque você apertou a tecla “pause” para alguns outros usos diários. A narrativa bíblica está repleta de heróis da fé que caíram ao baixar a guarda (Abraão, Moisés, Sansão, Saul, etc.), inclusive e muitas vezes, após grandes experiências espirituais (Davi, Elias, Pedro, Judas, etc.). Alguns se reergueram, mas outros deixaram, para sempre, de ser heróis. E essa tentação ao fracasso continua a bater à porta dos crentes que, geralmente, colocam Jesus na gaveta justamente no sábado ou domingo à noite, após terem tido “um dia de adoração”.
Espero que, como eu, você também tenha a oportunidade de ter um repouso neste verão. Quanto ao seu trabalho, faça isso! Mas não quanto à sua fé. O mandamento de Jesus dado em Mateus 6:33 significa que a devoção pessoal é prioridade acima do recreio, do lazer, do prazer e do descanso. Ao fazer longa viajem, vá ouvindo áudios que lhe falem de Deus. Leve material evangelístico e vá distribuindo. Ao levantar-se (talvez não tão cedo, rsrsrsrs), faça seu culto pessoal. Se for trabalhar dobrado, faça como Lutero, que então orava em dobro. Na sua pesquisa para montar o roteiro, inclua as igrejas. Continue cuidando da sua saúde, pois afinal, dar recriação ao restante do corpo e não ao sistema digestivo seria uma aberração. No seu relaxamento, inclua músicas cristãs. Continue lendo a Bíblia diariamente e não perca os cultos. “Portanto, fiquem vigiando e orem sempre” (Lucas 21:36). O reavivamento e a reforma não têm pausa. O amor e o cuidado do Senhor por você não têm descanso[5]. Tire férias, mas não de Deus!
[3] Foster, Richard, Celebração da Disciplina: O Caminho do Crescimento Espiritual. (São Paulo: Editora Vida, 2007).
[5] João 5:17; 1Coríntios 13:8.
Fonte: http://noticias.adventistas.org/pt/coluna/valdeci-junior/ferias-ate-de-deus/
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