quinta-feira, 12 de junho de 2014

Ainda funciona: Porque o evangelismo público permanece essencial para o testemunho da igreja.

Após realizar quatro series de evangelismo público no meu distrito nos últimos três anos, tanto eu quanto a minha congregação estamos cansados. Mas, pela graça de Deus, e através de muito trabalho duro, 29 pessoas foram alcançadas, com a possibilidade de muitos mais nos meses vindouros. Por morar em uma pequena cidade com uma população de apenas 1.900 pessoas, isso é motivo de muito jubilo – e motivo também de reflexão sobre o porquê de métodos que não deveriam ter funcionado, terem funcionado tão bem.

O desafio do evangelismo publico
Através da história do cristianismo no mundo Ocidental, o evangelismo público do tipo clássico parece estar quase extinto. A maioria das igrejas, independente de afiliação denominacional, simplesmente não oferecem mais reuniões de “mensagens completas”, aquele tipo que é realizado ao longo de um período de semanas, abordando um espectro amplo da instrução bíblica, com a intenção de terminar em novos conversos se aliando a igreja local através de batismo ou profissão de fé.

Muitas razoes são dadas para evitar essa forma clássica de evangelismo. Alguns dizem que as pessoas pós-modernas não mais prestam atenção a apresentações bíblicas. Outros acreditam que pessoas estão muito ocupadas para frequentarem todas as noites de uma serie destas. Entre os Adventistas, muitos membros e pastores afirmam que algumas crenças particulares aos Adventistas são muito ofensivas para proclamarem de forma pública. Ainda outros transmitam a ideia de que evangelismo público tem se tornado muito custoso ao considerar o custo benefício, que os conversos provindo de reuniões públicas não permanecem por muito tempo na igreja, e que o evangelismo público exausta a igreja local de forma desnecessária.
Eu admito que existe certa medida de verdade para cada uma dessas objeções. O pós-modernismo é um desafio. Muitas pessoas realmente se encontram mais ocupados que nunca, e portanto não conseguem frequentar reuniões em forma de series. Algumas das nossas crenças são de fato ofensivas a algumas pessoas.

Considerando tudo isso, chegamos a uma pergunta fundamental: Se eu conceder que essas objeções realmente são de certa forma válidas, por que nós acabamos de concluir a nossa quarta série de evangelismo público em três anos – sem mencionar que foram todas no mesmo local (e por isso, potencialmente um local “queimado”)?

Funciona!
A resposta é simples: funciona. Em minha experiência, nada ajuda mais as pessoas a se comprometerem integralmente a Cristo, do que uma boa serie de evangelismo público de “mensagem completa”. Embora eu acredito que um caso para o evangelismo público como uma parte importante do testemunho de qualquer igreja pode ser feito (tanto Jesus quanto os apóstolos realizaram evangelismo público), eu prefiro articular os meus pensamentos acerca a necessidade do evangelismo público no contexto da nossa própria denominação. Aqui estão três razões porque eu acredito que o evangelismo público permanece indispensável ao testemunho da Igreja Adventista:

1.    As crenças exclusivas à Igreja Adventista do Sétimo Dia são tremendamente apelativas à muitas pessoas. O Adventismo tem um papel a desempenhar no tempo do fim que foi entregue pelo próprio Cristo. Esse papel difere genuinamente de qualquer outra entidade religiosa. Embora nós não somos mais amados por Jesus do que qualquer outro grupo Cristão, temos porém uma mensagem única vinda dEle para compartilhar com o mundo. Se nós não transmitirmos essa mensagem única de forma efetiva, muitas poucas pessoas se tornaram membros das nossas igrejas.

Isto dito, transmitir esses tópicos exclusivos em mensagens curtas e sensatas é muito difícil. O sermão sabatino ou até uma serie sucessiva, mas cronologicamente desconexa (por exemplo, uma vez por semana ou nos finais de semana) não é a melhor forma de apresentar esses tópicos.

Claro, é possível alcançar certa medida de sucesso ao utilizar o sermão sabatino como método de evangelismo. Mas, em minha experiência, essa abordagem semanal permanece ineficaz. Apresentar doutrinas peculiares ao Adventismo geralmente leva mais tempo que um sermão de 25-30 minutos. Tais limites de tempo forçam o orador a quebrar o tópico em pedaços (e inevitavelmente incompletos) menores. Mas infelizmente, os ouvintes muitas vezes esquecem pelo menos um pouco do que é apresentado de forma semanal, fazendo com que fique difícil para eles associarem todos os pedaços de informação em um único tópico completo. Essa falta de sequência torna o objetivo de criar ímpeto e convicção no coração dos ouvintes quase impossível.

Em contraste, as reuniões públicas em serie reduz grandemente esses obstáculos. Por exemplo, nas nossas reuniões aqui, nós geralmente apresentamos 17 mensagens ao longo de um período de 15 noites. Essas apresentações cobrem a totalidade dos grandes temas da mensagem adventista, e geram ímpeto de uma noite para a outra. Justamente por termos apenas 17 apresentações, cada secção é robustamente Cristocêntrica.

As pessoas estão mais interessadas nesses tópicos agora do que elas estiveram nos últimos anos. Nas nossas series mais recentes, compareceram 150 pessoas na nossa noite de abertura, dividido igualmente entre Adventistas e visitantes. Ao longo do restante da série, tivemos em média 42 visitas cada noite -  uma excelente taxa de retenção, pela qual nos louvamos a Deus.
Para mim, isso confirma uma questão valiosa: o Adventismo hoje pode apresentar a Bíblia (especialmente as profecias) e o evangelho de tal maneira que as pessoas possam ver em Jesus um Salvador que traz sentido eterno ao caos que percebem ao seu redor. E eu desconheço uma maneira melhor para atrair a atenção das pessoas, do que uma serie de evangelismo público cronologicamente sistemática.

2.    Series de evangelismo público são excelentes para colher amigos da igreja. Eu fico atônito ao ver o número de pastores que abandonam o evangelismo público, afirmando: Eu tentei realizar evangelismo público na minha igreja, e não funcionou. Entretanto, ao fazer-lhes mais perguntas, muitas vezes descobri que pouco ou nenhum preparo fora feito antes das series! Esses pastores esquecem que o tipo mais efetivo de evangelismo público, é precedido por meses (até 12-24 meses0 de pre-evangelismo.
Eu não afirmo ter dominado completamente essa pre-evangelismo nas minhas igrejas. Porém, utilizamos alguns métodos um tanto quanto básicos de preparo, que trazem resultados muito efetivos. Primeiramente, cada membro é regularmente encorajado, tanto do púlpito quanto pessoalmente, a desenvolver amizades com pessoas que não são membras da igreja. Segundamente, ao longo do ano, nós realizamos muitas programações para auxiliar o crescimento dessas amizades, tais como: aulas de culinária, seminários sobre depressão e estresse, palestras sobre finanças, uma liga de verão de baseball (e outros esportes e eventos humanitários), uma maratona de natal no nosso campus, e celebrações musicais nos feriados. No último ano, mesmo em nosso meio rural mais de 1.400 pessoas tiveram algum contato significativo com a nossa igreja através desses eventos. Algumas das pessoas que estamos batizando agora, são justamente estas que entraram pela primeira vez na nossa igreja em algum desses eventos simples de crescimento de amizade.
O número de pastores que deixam de lado esse passo crucial, e que ficam subsequentemente desanimados pela falta de sucesso de suas series me deixa simplesmente perplexo. A despeito da simplicidade desses eventos pre-evangelisticos, eles grandemente pavimentam o caminho para o sucesso de qualquer evangelismo público. É mais provável que as pessoas ouçam os nossos sermões, se antes disso elas se torarem as nossas amigas.

E esse é o ponto: Uma vez que a amizade tem sido criada, o curto, porém firme impulso de uma série de evangelismo público provê uma oportunidade única de testemunho. Isso oferece um ambiente o qual, eu acredito, o Espirito Santo usa para tornar os amigos pre-evangelisticos em membros da e missionários para a igreja. As séries públicas te permitem fazer respeitosos e repetidos apelos para aceitar a Cristo e as Suas mensagens para o tempo presente. As series públicas também te permitem revelar as decepções do tempo do fim de uma maneira sistemática e eficiente, ajudando os amigos dos membros da igreja a compreenderem o porque das praticas únicas aos Adventistas (guarda do sábado, ênfase na profecia bíblica, etc.). Dessa maneira, o evangelismo público é um método de colheita poderoso para o público amigos da igreja que simplesmente funciona não para todos, não todas as vezes, mas no entanto, desconheço qualquer outra alternativa geral.
3.    Evangelismo público alcança pessoas que evangelismo relacional nunca atingirá. Na minha opinião, evangelismo relacional, por mais essencial que seja, nunca irá cumprir a obra da pregação do evangelho por si só. Desenvolver relacionamentos significativos em uma escala grande o suficiente para atingir todas as pessoas intencionadas por Cristo, é simplesmente uma impossibilidade física. Se nos limitarmos a apenas evangelismo relacional, podemos estar mantendo pessoas longe de Cristo, que, de outra forma seriam alcançadas através de métodos anônimos de evangelismo público.
Talvez você se pergunte: Pode algum método de evangelismo público ser anônimo? A resposta vem através de anúncios e marketing, principalmente por meio de folhetos e prospectos evangelísticos.
Por décadas, o folheto evangelístico tem sido um imã para críticas. As bestas de Daniel 7 ou Apocalipse 13 são frequentemente retratadas nas capas, e muitos dos meus colegas pastores desdenham dele. Mas, a despeito de todas as suas imperfeições, os folhetos evangelísticos funcionam. De fato, os maiores detratores em relação aos folhetos (principalmente os já mencionados, com as bestas, etc.) são adventistas multigeracionais. Esses, realmente, podem vir a se ofender com os folhetos. Mas na minha experiência, o não Adventista comum em geral não se ofende. Em vez disso eles talvez fiquem apáticos, ou de certa forma intrigados, ou muitas vezes compelidos a quererem saber mais.
Isso não significa que alguns desses folhetos utilizados para propagar uma série de evangelismo público não atraem, em raras ocasiões, alguns visitantes extremistas e indesejados. Mas na maior parte das vezes, os folhetos retratados com bestas que eu utilizei, atraem pessoas inteligentes, sinceras, e até pessoas cultas e altamente educadas, que estão cansadas da banalização das religiões modernas, e estão desejosas de algo diferente, novo, e sobretudo, real. Eu acredito que é por isso que nas quatro series realizadas aqui, temos visto (e subsequentemente batizado) uma variedade de visitantes representando um amplo espectro de formação educacional e vocacional.
Mas a real eficácia da publicidade através de folhetos evangelísticos vai mais além; diferente do evangelismo relacional, folhetos podem ir a lugares que até os mais amáveis membros da igreja não podem. Os folhetos entram em lares que nunca considerariam nos dar uma oportunidade de partilhar Cristo. E a experiência demonstra que quando distribuímos milhares de folhetos, convidando toda e qualquer pessoa a vir as nossas reuniões, estamos muitas vezes trabalhando com o Espirito Santo. Afinal, é o Espirito que tem estado trabalhando nesses lares por meses ou até anos sem pausa, com a ciência de que um dia, repentinamente, folhetos apareceriam em suas caixas de correspondência, eventualmente ajudando a guiá-los a Cristo.
Folhetos evangelísticos têm ajudado milhares de pessoas que não mantem nenhum contato com a igreja local, a encontrarem o caminho às series evangelísticas, serem batizadas, e se unirem ao movimento Adventista. Dessa forma, a abordagem do evangelismo público é excelente para alcançar pessoas que de outra maneira nunca seriam alcançadas. 


E quanto a você?

Eu não sou, de forma alguma, contra a inovação evangelística. Tampouco acredito que o evangelismo público é uma resposta moldada e engessada que funciona para todos os nossos desafios evangelísticos. No entanto, eu espero que nunca deixamos para trás ferramentas do passado que continuam sendo efetivos para Cristo. Portanto, quero encorajá-los a considerarem fazer algo parecido o seguinte:

      Orar sem cessar sobre a conversão de pessoas a Cristo.
- Pessoas vem até Cristo quando nós oramos.

      Realizar series de evangelismo sempre que possível, sendo você o orador.
- Muitos de vocês podem e devem fazer isso, a ao fazê-lo, estarão cortando drasticamente os custos e irá ajudar os seus novos membros a se integrarem com mais facilidade na sua igreja.

      Não se desanime com os rumores que as pessoas pós-modernas não estão interessadas pela verdade.
- Isso foi dito a mim quando eu pastoreava na região de Seattle no estado de Washington, uma área completamente pós-moderna. Pode surpreender alguns que o evangelismo público foi muito mais fácil lá; as minhas igrejas facilmente batizaram mais pessoas gastando a mesma quantidade de esforço que nós gastamos aqui. Por que? Porque muitas pessoas lá desconheciam quase que completamente tudo sobre Cristo, e estavam portanto sedentas pelo evangelho, após muitos anos de vida pós-moderna.

      Faça o máximo de pré-evangelismo possível, visando as series públicas (não utilizando-as como substituição, mas complemento) como culminação do processo evangelístico.
      Encontre evangelistas que você aprecia e contate-os para adquirir ajuda, utilizando os materiais deles como ponto de partida.
- Eventualmente, você desejará (e necessitará) fazer as pregações suas próprias, mas não tem nada de errado em usar series que já têm sido usadas.

        Realize classes consequentes durante umas oito semanas após a conclusão das suas reuniões. Eu desenvolvi classes chamadas Como Interpretar as Profecias Bíblicas. Escolha um tópico que funciona para você. A classe irá ajudar aqueles que estão na beira de tomar a decisão de passar para o lado da fé. (Realizar outros eventos como classes culinárias, por exemplo, logo após o término de suas reuniões pode ajudar aos interessados a se aproximarem cada vez mais ao comprometimento com Cristo).
      Combine os seus novos conversos com novos amigos dentro da igreja e com ministérios significativos.
- Faça isso por meses após os seus batismos, e se a sua experiência for como a nossa, você reterá a grande maioria.

Na mente de muitos, o evangelismo público clássico não é mais uma opção viável para alcançar pessoas para Cristo. Entretanto, nos meus aproximados 20 anos de ministério pastoral, eu ainda estou para encontrar um método mais eficaz. Quando conduzido corretamente e combinado com um pré e pós evangelismo apropriado, o evangelismo público pode alcançar uma quantidade ampla de pessoas. Esse método certamente não é o mais fácil, mas ele permanece sendo essencial para o testemunho da igreja, pois ainda funciona bem como meio de trazer pessoas à Cristo.


Fonte: Ministry – Fevereiro de 2014 - Shane Anderson

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quer dizer o que pensa sobre o assunto?
Então, escreva aí. Fique à vontade.
Mas lembre-se: não aceitamos comentários anônimos.
Agora, se quiser fazer uma pergunta, escreva para nasaladopastor@hotmail.com