sábado, 25 de janeiro de 2014

Vícios de Trabalho em Equipe

Em toda gestão de recursos humanos, ou trabalho em grupo, onde se fazem necessárias reuniões administrativas ou estratégicas, há muita coisa positiva a ser conquistada e aprendida. Existe também a negativa dos riscos a serem assumidos. O Conselho de Ética em Pesquisa já assume diretamente que não existe interatividade humana sem riscos.

Seja numa empresa, numa escola, num grupo de voluntários, numa equipe de trabalho ou de turistas, quando vamos nos sentindo à vontade com o grupo, quando a rotina passa a fazer parte e quando nos parece que já estamos plenos, começam a surgir os riscos de viés de procedimentos. Como membros de uma equipe, podemos, sem perceber, cair em tendências viciosas ao operar e interagir. E conhecer estas possíveis tentações é importante para saber evitá-las.

Uma inclinação equivocada pode ser a de interessar-se apenas quanto o assunto é de interesse pessoal. Quando um membro de equipe é assaltado por este mau comportamento, de duas uma: ou ele comparece apenas nas reuniões que lhe são de interesse; ou ele só se mostra interativo quando a ação do grupo é de seu interesse. E mais cedo ou mais tarde, os colegas vão perceber. No primeiro caso, o membro da equipe prejudica o grupo por não dar sua contribuição para outros assuntos, e vai ficar prejudicado pelo fato de quando os outros perceberem também não lhe darão o devido apoio em seus interesses. No segundo caso, sua apatia prejudicará a motivação, e logo, a performance, dos demais, por contagiá-los, e seu interesse diferenciado por apenas seus próprios assuntos, causarão um clima de antipatia entre os demais.

O oposto disso se dá na intromissão, que também é um problema. Outro viés no qual um membro de trabalho em equipe pode cair é o de intrometer-se demais naquilo que não lhe compete. Tanto em suas falas quanto no expressar de suas vontades quanto às decisões a serem tomadas. Se o trabalho é em equipe, cada um precisa fazer a sua parte. Mas o que caiu neste problema vai querer dar pitaco em todas as partes. Seria como um zagueiro se colocando ao lado do técnico para falar como o atacante, o volante, o goleiro, os meias, os laterais, etc., deveriam jogar. Chato, não? Pior que isso. Se todos resolvem querer resolver tudo, a perda de tempo será tão grande, que nada será resolvido. Além do mais, os demais se sentirão invadidos, e talvez até inúteis. No fim, desmotivados.

Quando se está trabalhando em equipe por repetitivas atividades, pode surgir também a algum membro do time o intuito reivindicatório de querer que as coisas sejam sempre do seu jeito. “My way, or the highway”, diria um patrão transtornado com isso. Quanto maior a equipe, mas coisas serão operacionadas em modos que talvez não sejam o meu. E o bem comum só prosperará se os indivíduos comuns abrirem mão de suas particularidades em prol do todo. Quando o reivindicador é incisivo, demais membros da equipe o abandonarão. Ele perderá sua credibilidade, pois quem não respeita e valoriza o jeito de ser dos outros, também não merece tal respeito, é o que os demais vão pensar. Aí entra a lei da reciprocidade.

Qualquer um dos transtornos comportamentais acima pode levar a pessoa a um quarto vício. O de ser e não ser do grupo ao mesmo tempo. Por exemplo. O conselho pedagógico de uma escola se reúne para decidir sobre o material didático. O professor João não gostou do material. Depois, no momento vago de uma reunião de pais, quando uma mãe o aborda criticando o material, ele tem a evasiva de dizer: “pois é, eu também não gostei deste livro, mas o pessoal lá do conselho pedagógico quis assim...”. Isto é traição e covardia. Uma pessoa de caráter que se preze, ou assumirá que faz parte da equipe, ou terá a hombridade suficiente para sair da mesma (apesar de que a fuga também geralmente será prejudicial, ao próprio indivíduo, e raramente ao grupo). Sem anular-se, o professor João poderia dizer: “pois é, mas essa foi a decisão da maioria do nosso grupo, que crê que dará certo, por isso estamos juntos, tanto para fazer os devidos ajustes quanto, para se necessário for, até mudar a decisão; para que a senhora pudesse ser ouvida devidamente os recursos que temos são..”.

E quando o corpo se desenvolve em tamanho, inevitavelmente ele terá partes. Se abertas, estas partes são funções cooperativas do todo. Cooperação é o princípio de toda ação conjunta. Se sectárias, estas partes serão células cancerosas. Panelinhas, abertas ou fechadas. Entende? Claro que sim. São as bolhas sociais formadas por grupos afins de amigos, faixa etária, parentes, etc. Uns formam panelinhas (são cegos) e outros são levados pelas panelinhas (maria-vai-com-as-outras). Numa comunidade sadia, estes pequenos grupos serão uma bênção. O problema é quando o indivíduo passa a opinar por decisões não pelo que seria melhor, mas pelo que seus afins estão querendo. Isso é irracionalidade. Afasta as pessoas e prejudica os relacionamentos. Além do desempenho da equipe ficar totalmente prejudicado, é claro.

E o vício mais perigoso é o de levar as coisas para o lado pessoal. Têm esta falta de habilidade em relacionar-se, as pessoas que não conseguem, por exemplo, separar as ideias das pessoas. O certo seria: “embora discordemos, embora pensemos de forma oposta, eu aceito, sem restrições, a sua pessoa”. Agora, a doença é: “se você age diferente de mim, se você pensa diferente de mim, se você se expressa diferente de mim, então é porque você tem algo contra mim ou contra os meus”. Esta baixa auto-estima é contagiante. Geralmente, a pessoa que caiu neste vício, age também da forma inversa: “sua ideia ou ação pode até ser linda e maravilhosa, mas como não gosto da sua pessoa, desaprovo totalmente sua proposta”.

Participantes de equipes que caem nesses vícios geralmente não o sabem. No caso não intencional, é porque têm boa intenção e, dando o seu melhor, se afunilam pro lado errado. Nesse caso, precisam dar ouvidos às advertências de quem lhes tente abrir os olhos sobre isso. Mas não podemos negar o fato de que uns poucos talvez possam enveredar-se para um destes desvios de forma premeditada, ou consciente. A estes, seria bom que soubessem pelo menos que, ainda que as pessoas não o digam, elas percebem. Eles não passam por despercebidos. Conscientes ou apenas equivocados, de qualquer forma, o que os que terminaram adquirindo estes hábitos de relacionamento de grupo negativos mais precisam é de uma coisa: conscientização da necessidade ao retorno da simplicidade e pureza no proceder da interação de si para com os demais. Este retorno os fará muito mais felizes, por estarem bem, e por fazerem outros felizes também.

Boa sorte pro seu time,
Valdeci Jr.

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