sábado, 30 de agosto de 2014

Desigualdades na Igreja e no Mundo

Por que há desigualdades no mundo e na igreja?

“Pois nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra” (Deuteronômio 15:11).

Este texto bíblico é claro em seu significado. Diz que sempre existirão pobres no mundo e inclusive entre o povo de Deus, pois nesta ocasião Deus estava falando ao povo de Israel; nós somos o Israel espiritual.

Isto ocorre não por que seja da vontade de Deus ou da igreja, mas sim como uma conseqüência do pecado. Deus está predizendo neste verso uma das conseqüências do mal ter entrado no mundo: as desigualdades sociais.

O Senhor não apenas disse que tal (desigualdade social) haveria entre o mundo e Seu povo; Ele proveu e ordenou uma solução momentânea para o mesmo (quando Jesus voltar, a solução será completa, pois terminará o pecado e suas conseqüências):

“Eu ter ordeno: livremente abrirás a mão a teu irmão, para o necessitado e o pobre...”. Deus colocou sobre a responsabilidade do mais abastados, ajudar aqueles que são menos afortunados. Nos dias de hoje, esta ordem de Deus está sendo seguida por poucos; Deus irá pedir contas a cada um por isto (leia atentamente Mateus 25:31-46).

Isto não quer dizer que a pessoa ao ser ajudada não necessite trabalhar quando tem saúde para isto e também a oportunidade de ter um emprego:

“Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma”. (2 Ts 3:10 RA).

A Bíblia condena o sustento daqueles que não querem trabalhar, que por preguiça não se esforcem:

“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio”. (Provérbios 6:6 RA).

Cristo faz referência à existência dos pobres (desigualdade social) em Mateus 26: 11:

 “Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes”.

“Nunca irá acabar a necessidade de se demonstrar generosidade e caridade cristãs. Tiago diz que os pobres são os que Deus escolheu para Si (Tg 2:5). Os pobres necessitados têm direito de pedir a ajuda dos que têm meios e deve ser lhes ser dado a ajuda que necessitam, não de mal grado senão liberalmente. A aparente contradição entre este versículo e o verso 4 se deve a que no verso 4 se apresenta o resultado da cooperação com o plano aqui exposto (ver com. vers. 4). Contudo nunca chegaria o momento quanto não haveria oportunidade de ajudar a algum semelhante”[1].

Plano de Deus Para Sanar a Desigualdade em Israel[2]


O povo devia ser impressionado com o fato de que era a terra de Deus que se lhes permitia possuir por algum tempo; de que Ele era o legítimo possuidor, o proprietário original, e de que desejava se tivesse consideração especial pelos pobres e infelizes. A mente de todos devia ser impressionada com o fato de que os pobres têm tanto direito a um lugar no mundo de Deus como o têm os mais ricos.

Tais foram as disposições tomadas por nosso misericordioso Criador a fim de diminuir o sofrimento, trazer algum raio de esperança, lampejar uma réstia de luz na vida dos que são destituídos de bens e se acham angustiados.

O Senhor queria pôr obstáculo ao amor desordenado à propriedade e ao poderio. Grandes males resultariam da acumulação contínua da riqueza por uma classe, e da pobreza e degradação por outra. Sem alguma restrição, o poderio dos ricos se tornaria um monopólio, e os pobres, se bem que sob todos os aspectos perfeitamente tão dignos à vista de Deus, seriam considerados e tratados como inferiores aos seus irmãos mais prósperos. A consciência desta opressão despertaria as paixões das classes mais pobres. Haveria um sentimento de aflição e desespero que teria como tendência desmoralizar a sociedade e abrir as portas aos crimes de toda espécie. Os estatutos que Deus estabelecera destinavam-se a promover a igualdade social. As disposições do ano sabático e do jubileu em grande medida poriam em ordem aquilo que no intervalo anterior havia ido mal na economia social e política da nação.

Aqueles estatutos destinavam-se a abençoar os ricos não menos que os pobres. Restringiriam a avareza e a disposição para a exaltação própria, e cultivariam um espírito nobre e de beneficência; e, alimentando a boa vontade e a confiança entre todas as classes, promoveriam a ordem social, a estabilidade do governo. Nós nos achamos todos entretecidos na grande trama da humanidade, e o que quer que possamos fazer para beneficiar e elevar a outrem, refletirá em bênçãos a nós mesmos. A lei da dependência recíproca vigora em todas as classes da sociedade. Os pobres não dependem dos ricos mais do que estes dependem daqueles. Enquanto uma classe pede participação nas bênçãos que Deus conferiu aos seus vizinhos mais ricos, a outra necessita do serviço fiel, e da força do cérebro, ossos e músculos, coisas que são o capital do pobre. ...

Muitos há que insistem com grande entusiasmo que todos os homens deviam ter participação igual nas bênçãos temporais de Deus. Mas isto não foi o propósito do Criador. A diversidade de condições é um dos meios pelos quais é desígnio de Deus provar e desenvolver o caráter. Contudo, é Seu intuito que aqueles que têm haveres terrestres se considerem simplesmente como mordomos de Seus bens, estando-lhes confiados os meios a serem empregados para o benefício dos sofredores e necessitados.

Cristo disse que teremos os pobres sempre conosco; e Ele une Seu interesse com o de Seu povo sofredor. O coração de nosso Redentor compadece-se dos mais pobres e humildes de Seus filhos terrestres. Ele nos diz que são Seus representantes na Terra. Pô-los entre nós para despertar em nosso coração o amor que Ele sente pelos que sofrem e são oprimidos. A piedade e a benevolência a eles mostradas são aceitas por Cristo como se o fossem para com Ele mesmo. Um ato de crueldade ou negligência para com eles, é considerado como se fosse praticado a Ele. (Patriarcas e Profetas, págs. 534-536[3]).



[1] SDABC, Vol. 5 (Cd Rom em Espanhol).
[2] Estudo extraído do livro Beneficência Social,  cap. 20: Ministério em favor dos Pobres – Casa Publicadora Brasileira.
[3] Idem.

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