Para entender a doutrina do santuário, é preciso entender
como os ritos e os ministérios no santuário terrestre funcionavam. A função
crucial do santuário era para ser a habitação de Deus (Êxodo 25:8). Por isso,
Ele é arbitrário quanto à arquitetura de Sua própria casa. A construção do
santuário contou com um modelo específico (pátio, lugares santo e santíssimo,
móveis, coberturas) que comunicava a Israel, de formas não verbais, conceitos
de Sua divindade. Por exemplo, o princípio da gradação da santidade expresso
pelo valor de cada cortina do mais caro no exterior e do mais barato mais
interior, mais próximo dEle; dos móveis mais baratos mais longe do santíssimo e
dos mais caros mais perto do santíssimo; exaltando assim a santidade do Senhor.
O que nos ensina sobre hoje preservamos o senso da santidade de Deus. Ou seja,
ao dar instruções para a edificação do santuário terrestre, o Grande Mestre
estabeleceu princípios que deviam ser um auxílio espiritual para Israel durante
toda a sua experiência futura, afirmou E. G. White, em Exaltai-O, MM, 1992, p. 174.
Se comparados com os cultos pagãos, os ritos que Deus deu
para Israel eram extremamente complexos. Por exemplo, nos templos pagãos
(divididos também em lugares santo e santíssimo) tinha sempre a estátua do
deus. No santuário Israelita, no lugar que era para ter tal escultura, tinha a
lei de Deus, representação de Seu próprio caráter e presença. O que se aplica
para todos os tempos e épocas, em que o povo de Deus respeita Sua lei, e os
demais povos não veem os significados espirituais da observação à lei.
No pátio, o altar de holocausto é o lugar do ofertante, do
sacrifício e da substituição. A profunda compreensão disso leva ao maior senso
para o quanto o pecado ofende profundamente a Deus. Na pia, os sacerdotes deveriam lavar as mãos
e os pés simbolizando que Deus exige pureza dos que ministram em Seu santuário.
No lugar santo, o candelabro, ao iluminar o santuário
revelava a Cristo como a luz do mundo, a própria presença de Deus. A mesa com
os pães da presença ensinava sobre alimento, provisão e sustento providos pelo
supremo Deus para as necessidades do Seu povo, apontando para Cristo como o
“Pão da Vida”, o provedor espiritual para os crentes. Ou seja, nada vinha de
outros deuses. E no altar de incenso, a queima araônica constante apontava para
a contínua intercessão de Cristo no santuário celestial.
No santíssimo a arca e o propiciatório ensinavam sobre o
trono, a lei, a justiça e a graça de Deus. A presença de Deus naquela luz
reivindicava que tudo estivesse certo, tanto quanto aos ritos, quanto às
pessoas.
As vestes dos sacerdotes eram compostas de cinco peças que nos
ensinam lições espirituais. O aspecto mais curioso é que eram tecidas e decoradas
com os mesmos materiais da cortina interior do templo. Sacerdote e santuário
estavam puramente conectados. E no sacerdócio, aprendemos mediação,
substituição e intercessão, no que ele apontava para a obra de Cristo.
O entendimento sobre os ritos e os sacrifícios que
aconteciam no santuário, nos ajuda a entendermos realidades práticas da nossa
vida cristã hoje.
Os ritos revelam os valores mais profundos de uma sociedade
(batismo, casamento, santa ceia, festa de debutantes, etc.), auto explicando-se
não verbalmente. A interpretação dos ritos sacrificais do santuário aponta para
a oposição entre a vida e a morte como sendo fundamental para todo o sistema
ritual israelita. Deus é a fonte da vida. Portanto, tudo o que é oferecido a
Deus deve ser fisicamente imaculado. Sobre as críticas quanto aos ritos serem
arcaicos ou preconceituosos, é preciso observar os princípios da oposição entre
a vida e a morte, uma vez que os israelitas estavam contagiados pela cultura
egípcia que era fascinadíssima com a morte. E Deus precisava banir tais
pressupostos da mente daquele povo.
Mas se Deus procurava banir a morte, porque exigia
sacrifício? Aqui entra a explicação da graça substitutiva. O Senhor odeia
extremamente a morte, mas ama tanto o pecador, que, para protegê-lo desta
maldição, a atrai para Si mesmo. No sacrifício o adorador se identificava com o
animal oferecido. Com aquele gesto, Deus estava ensinando o custo e a
enormidade do pecado. A mesma mensagem era comunicada frequentemente de várias
maneiras. Não é preciso encontrar um significado específico para cada oferta,
sacrifício, detalhe, etc., porque muitas vezes era ali usado o princípio
pedagógico da repetição para o aprendizado. É por isso que frase “para fazer
expiação” aparece em conexão com a maioria dos sacrifícios.
Nas culturas dos povos pagãos a gordura era considerada a
parte mais saborosa, seleta e simbolizadora da fartura da mesa dos reis. A
melhor parte. Por isso, a gordura do sacrifício era “de Deus”. Ele era o rei
dono de tudo. Logo, o sacerdote não comer a gordura era pra simbolizar isso: o
melhor sempre vai para Deus. Evitar colesterol e colocar combustível no fogo
eram consequências, e não o princípio.
O pronto crucial que precisamos entender é sobre como
funcionavam os dois ministérios do tabernáculo. Entendemos os serviços do
ministério como algo bifásico: diário e anual. O serviço diário contaminava
constantemente o santuário. Logo, havia necessidade de purificação, que era o
serviço anual, como relatado em Levítico 16. Este sistema ilustrava de forma
muito clara o sistema da salvação, da cruz até a consumação escatológica. Isso
nos faz entender o ministério do santuário celestial em duas fases: a
investigação e a terminação da obra (até 1844 e de 1844 em diante),
distinguindo a compreensão soteriológica entre o tipo e o antítipo das obras
nos santuários terrestre e celestial. Deus mostrava para Israel que embora Ele
assumisse os pecados do povo, Ele não é o autor do pecado, por isso o pecado
era transferido para o bode Azazel. Na visão escatológica também. Cristo
assumiu os pecados temporariamente, porque por final o pecado deve ser
transferido para a responsabilidade de quem o desencadeou.
E assim, o pecado estará banido para sempre. Estas são as
boas novas, Esta é a nossa esperança!
Este texto são as anotações que fiz da palestra dada pelo
pastor Elias Brasil em Porto Alegre, no dia 02 de agosto de 2014.
Que Deus lhe abençoe,
Pr. Valdeci Jr.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quer dizer o que pensa sobre o assunto?
Então, escreva aí. Fique à vontade.
Mas lembre-se: não aceitamos comentários anônimos.
Agora, se quiser fazer uma pergunta, escreva para nasaladopastor@hotmail.com