Acho que nenhum membro de igreja que nunca foi pastor jamais entenderá completamente a vida de um pastor, e o que é ser um pastor. Mas pode crescer um pouco na compreensão, ainda que parcial. Por isso, embora esse livro seja “De Pastor Para Pastor”, eu o recomendo a você, caso você queira conhecer um pouco mais o(s) seu(s) pastor(es). Afinal, um bom lugar para conhecer o pastor é em sua “Sala”.
As complexidades que o oficio de pastor traz a este profissional podem levá-lo a uma crise. Envolvido por uma série de questionamentos, ele pode até mesmo passar a encarar seu ministério como uma mera profissão. Quando os sensos de vocação e de missão desaparecem, essas dificuldades se tornam problemas intransponíveis e todos os desafios normais dessa ocupação passam a ser grandes problemas, aos olhos do pastor. É aos candidatos a este tipo de crise que o pastor Erwin Lutzer, através do livro De Pastor Para Pastor, dirige-se como um irmão mais velho. Quem já percorreu o caminho sabe fazer uma previsão da caminhada para o iniciante e pode dar-lhe algumas dicas úteis ao transcurso.
Os vinte capítulos da obra estão divididos por tópicos diferentes, de modo que cada capítulo encerra um assunto. Temas estes que são, cada um, um possível problema que se encontre ao pastorear uma igreja. A leitura do livro se faz empática para com o seu público alvo, pois coloca a dificuldade e levanta o questionamento sobre ela, de acordo com a ótica de quem está passando pelo problema. Depois, então, é que o livro segue dando seus conselhos. Os capítulos estão dispostos em uma ordem a partir do problema mais básico que possa aparecer à seqüência em que outros desafios podem ir surgindo e, por fim, terminando com o que o autor considera ser realmente digno de preocupação.
A vantagem do livro de Lutzer é que ele vai direto ao ponto. O título da obra é como um forte argumento ao que é positivo nela. Nada como um pastor mais experiente para falar a um pastor mais inábil. No que está redigido, o autor parece dizer: “Eu também já passei por essa, cara; fica frio, e tenta fazer assim e assim, que vai dar certo”. Isso é confortante, pois o leitor percebe que as pedras que ele está carregando poderão edificar algo nobre – ter um final feliz.
Talvez, por ser alguém mais velho, de outra geração, o pastor Erwin se apresente com uma linguagem que traz as suas incompatibilidades para com a atualidade. Ele poderia chegar mais perto do leitor, quando apresenta os pensamentos de terceiros, com os quais ele não concorda. Sua deficiência literária é que ele coloca as idéias que irá questionar no tempo presente, em primeira pessoa e em tom afirmativo. Além de usar esses modos, o autor persiste nos mesmos por trechos longos, de parágrafos inteiros. Isso faz com que o leitor corra o risco de ter um, de dois problemas, ao fazer sua leitura: a) ficar perdido, sem saber o que o autor pensa e do que ele discorda, até que chegue ao fim do tópico – isto é um ruído de comunicação; b) enganar-se, com pensamentos antônimos ao que o autor gostaria de transmitir – isto é uma comunicação insuficiente.
Isso deve acontecer pelo fato de o autor esquecer-se de que está redigindo uma conversa popular - onde deveria deixar a erudição de lado - e não um tratado acadêmico. Nisso, ele perde a oportunidade de apresentar as idéias com as quais não concorda em tempos verbais no pretérito mais que perfeito e sempre fazendo relembrar ao leitor a quem pertencem as idéias. Nesse caso, redundar em dar os créditos seria benéfico ao leitor e protetor ao autor.
Mas se o leitor sair da zona de conforto no qual a literatura mais jornalística e profissional atual tem lhe deixado e fizer um esforço, é possível, a qualquer um, entender a linguagem do livro que, em suas outras características, é muito clara.
Apesar de identificar-se com o seu público alvo, o livro não tem “super-poderes oni-contextuais”. Por ter sido preparado para pastores americanos e de denominações evangélicas dispensasionalistas, chega a apresentar capítulos inteiros inúteis a um pastor brasileiro-evangélico-adventista. Mas é claro, quando se diz: “li um livro”, não existe mais aquela coisa massorética de prender-se a cada linha, parágrafo e página. Uma boa característica que o homem pós-moderno aprendeu foi saber buscar o que lhe interessa e chutar o resto para a lixeira. Esta é mais uma (como todas) obra para com a qual o leitor não deve hesitar em fazer isso.
A maior vantagem que o livro De Pastor Para Pastor tem é que ele pode ser mais que um livro. Por não ser uma obra extensa, ter títulos e subtítulos secos e claros e boa divisão de capítulos e tópicos, ele pode ser um manual de consulta permanente. Ao longo de sua carreira, o pastor poderá voltar a consultá-lo a cada vez que sentir a necessidade de receber bons conselhos.
Por fim, concluo dizendo que a nobreza deste livro é o seu cunho espiritual. Ele exalta a Cristo, honra a Deus, dignifica o ministério e põe o pastor no seu devido lugar com equilíbrio. Aliás, todo o conteúdo do livro é digno desta palavra: equilíbrio. Com um foco correto no senso de missão necessário, o autor consegue fazer com que muitos leitores retomem decisões práticas em suas vidas.
De pastor pra pastor: dá pra reafirmar a vocação ministerial.
Valeu!
Twitter: @Valdeci_Junior
Ficha do Livro:
Lutzer, Erwin De Pastor Para Pastor: Respostas concretas para os problemas e desafios do ministério. Trad. Josué Ribeiro (São Paulo: Editora Vida, 2000), 160 páginas, brochura.
Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
O que a Bíblia diz Sobre Mensagens Subliminares?
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