sexta-feira, 1 de julho de 2011

De Volta Pra Casa



O “filho pródigo”, (Lc 15) era batizado? Aquela parábola é para ilustrar alguém já batizado ou que ainda não batizou-se?
Amigo, em primeiro lugar, precisamos buscar entender qual é o objetivo do texto em questão (Lc 15:11-32). O assunto do batismo não é tratado ali simplesmente porque tal parábola não tinha o objetivo de ensinar sobre o batismo. Não é um ensino sobre o batismo ou seus simbolismos.

A parábola está figurando o arrependimento de um pecador e a maneira como Deus o aceita de volta. Não foi preocupação, nem do escritor Lucas, nem do Autor da parábola (Jesus), mencionar se o batismo entra neste processo ou não.

Note também que esta pode não ser uma história que realmente aconteceu. É uma “parábola”. O que é uma parábola? É uma narrativa, imaginada ou verdadeira, que se apresenta com o fim de ensinar uma verdade. o emprego contínuo que Jesus fez das parábolas está em perfeita concordância com o método de ensino ministrado ao povo no templo e na sinagoga. os escribas e os doutores da Lei faziam grande uso das parábolas e da linguagem figurada, para ilustração das suas homílias. Tais eram os Hagadote dos livros rabínicos. A parábola tantas vezes aproveitada por Jesus, no Seu ministério (Mc 4.34), servia para esclarecer os Seus ensinamentos, referindo-se à vida comum e aos interesses humanos, para patentear a natureza do Seu reino, e para experimentar a disposição dos Seus ouvintes (Mt 21.45 - Lc 20.19). Por ser uma figura criada com fins didáticos específicos, a parábola contem somente os elementos do que se quer ensinar.

Um outro ponto a ser considerado é que, na época de Jesus, a maioria dos pecadores arrependidos não era batizada. Isto porque ainda estavam vivendo muito do contexto do Antigo Testamento, com por exemplo, o fato de Jesus observar as festas do Tempo. Antes da morte de Cristo, no contexto do Velho Testamento, não havia batismo. O texto que nos fala sobre o simbolismo do batismo é Romanos 6:1-4. O simbolismo é morte - sepultamento - ressurreição de Jesus, e nossa aceitação do Seu sacrifício. Assim quando um cristão se batiza, simbolicamente ele está morrendo para o mundo e ressurgindo para uma nova vida com Cristo. Somente mergulhando alguém na água, é que se pode ver o simbolismo em seu verdadeiro significado.

Na época de Israel não havia o batismo dessa forma porque não faria sentido, já que Cristo ainda não havia morrido, contudo havia o sacrifício de animais que apontava para o sacrifício vindouro de Cristo na cruz , e havia também a circuncisão (A circuncisão é o ato de cortar o prepúcio, que é a pele que cobre a glande (cabeça) do pênis)..

Em Josué 5:8, encontramos este relato, “Tendo sido circuncidada toda a nação, ficaram no seu lugar no arraial, até que sararam”. Para entendermos melhor como isso se deu, vale ressaltar que no capítulo anterior (cap.4), lemos a respeito da travessia do Jordão, assim como houve quando o mar se abriu ( Êxodo 14:15-31), vejamos agora como a circuncisão foi comparada ao batismo por Paulo: “tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés.” I Coríntios 10:2. A experiência dos filhos de Israel era uma figura do batismo. Os Israelitas estavam envoltos na água quando cruzaram o mar, pois a nuvem os cobria e tinham o mar de ambos os lados; e nesse sentido foram batizados.

Entendemos, portanto que assim como a travessia feita pelo povo no mar, ou no rio Jordão, representou o batismo, a circuncisão representou a conversão.

Deus instituiu este ato (circuncisão) como um pacto entre Ele e Abraão e seus descendentes para que fosse um sinal externo de que eles eram um povo escolhido por Deus. Entretanto vejamos alguns versos do Novo Testamento a respeito da circuncisão interior:

“Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus.” Rom. 2:29

“Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor”.Gálatas 5:6

“Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura”.Gálatas 6:15

A circuncisão no Novo Testamento toma outra forma. O pacto que Deus quer estabelecer com Seu povo no Novo Testamento, toma a forma do batismo, que é a expressão de algo maravilhoso que acontece no coração. Colossenses 2:11 e 12 diz: "Nele também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo; tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos."

Isto nos leva a perceber que o perdão dos nossos pecados (que inclusive é o assunto principal da parábola do filho pródigo) não se dá somente quando nos batizamos. De acordo com a Bíblia os únicos requisitos para que o pecador seja perdoado são os seguinte:

1. Arrepender-se do pecado:“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados,”Atos 3:19

2. Confessar o pecado a Deus: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” I Jo. 1:9

3. Perdoar o próximo: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as nossas ofensas”. Mt. 6:14 e 15

Vemos, portanto que o perdão para os pecados é concedido a todo aquele que se arrepende, confessa seu pecado a Deus, e perdoa o próximo, e o batismo é também símbolo do novo nascimento, mas não significa que só após o batismo a pessoa é perdoada.

Na Bíblia encontramos a história do ladrão na cruz que não tinha condições físicas de batizar-se no momento de evidenciar sua crença no Senhor; se o tivesse, teria aceitado o batismo. Como ele não poderia descer do madeiro onde estava pendurado, mas creu em Jesus e o aceitou, o Senhor concedeu-lhe o perdão, e deu-lhe a salvação.

Isto não quer dizer que nós não precisemos do batismo; o ladrão na cruz não tinha condições físicas para faze-lo; já muitos de nós temos. Se tivermos como ir a um tanque batismal ou rio e não o fizermos, não estamos provando que realmente aceitamos a Jesus. (Leia Marcos 16:16 e Mateus 10:32 e 33).

Um abraço do seu amigo e irmão em Cristo,

Twitter: @Valdeci_Junior


Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
Pastor, como sua igreja passou a ter as doutrinas que tem hoje? Quando a igreja foi fundada já foi estabelecida com todas as atuais doutrinas, como estão? Ou elas foram se desenvolvendo aos poucos? Se foi o caso, em tal desenvolvimento foi tudo um "mar de rosas", ou houve tensões?

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