Uma Resenha do Livro “How to Grow an Adventist Church”, de Russell
Burrill.
Um Desafio Ainda Não Alcançado
Estudos mostram que,
dos 300 milhões de americanos, quase 250 milhões são uma população sem-igreja. Ou
seja, somente uns 50 milhões de pessoas pertencem às 324 mil igrejas. Mas,
somente a metade destes frequenta o culto regularmente. Mas se você perguntar
pros americanos, 40% deles vão ter a cara de pau de dizer que foram à igreja na
última semana. Mentira. Trata-se de gente que ainda tem um sentimento ligado à
denominação, mas que na verdade não tem uma experiência real com Deus.
Para estas pessoas,
a igreja se tornou um uma referência social. Elas foram criadas na igreja,
gostam de sua cultura, mas não têm uma religião que se traduza num
relacionamento vibrante esperado por Cristo. E no Brasil, a coisa não é
diferente. Basta visitar as igrejas, olhar a vida das pessoas ou os sites
estatísticos, como por exemplo, o do IBGE, para ver a história se reproduzir.
Como os sem-igreja são?
Classificar sem-igreja
não é fácil. Mas, em linhas gerais, podemos destacar oito grupos.
Os não-cristãos, às
vezes são menos sem-igreja do que os cristãos sem-igreja. São os Mulçumanos,
Hindus, Judeus, Budistas, etc. Vivem nas regiões metropolitanas. Eles não se
consideram sem-igreja, mas nós sabemos que precisam ser evangelizados.
Já os cristãos
nominais, professam o cristianismo, mas dificilmente, ou até nunca frequentam a
igreja. Cresceram na tradição, e só se lembram da igreja nas festas ou nos
funerais. Mas eles se dizem batistas, metodistas, católicos, adventistas, etc.,
mesmo muitas vezes não tendo o nome listado na igreja.
Tem também os que
não aceitam a instituição. Insatisfeitos com a igreja institucional, não vão à
igreja alguma. Preferem adorar a Deus do seu próprio jeito. Mas se acham espirituais
e comprometidos com o cristianismo. Isto inclui uns oito por cento dos
sem-igreja. Esses religiosos sem-igreja, bem como o grupo anterior, são um
público que a Igreja Adventista tem mais facilidade pra alcançar.
Outro grupo que os
adventistas têm se despertado para compartilhar o evangelho com eles é o dos
pós-modernos sem-igreja. Por não crerem que exista uma verdade absoluta, até
que acreditam em Deus, mas o deus deles é uma mistura de várias ideologias que
foram conhecendo. Nesse relativismo, muitos terminam sincronizando as religiões
ocidentais e orientais e criando assim sua própria espiritualidade. Por
relativizarem, são capazes de respeitar crenças diferentes sem nunca aceitá-las.
Os sem-fé são
geralmente ateístas ou agnósticos. Apesar de não serem muitos, são um grupo minoritário específico que
também precisam ser tocados pelo evangelho.
A comunidade
homossexual se sente alienada do cristianismo conservador. Tem alguns deles que
até se juntam às denominações mais liberais que tentam harmonizar o
homossexualismo com o cristianismo.Mas na verdade a maior parte dos gays é
desligada das igrejas conservadoras e consideram as pessoas que pertencem a
elas como preconceituosas e negligentes. E de fato, as igrejas conservadores não
estão preparadas para lidar com essa gente.
Um sétimo grupo
sem-igreja inclui aqueles inseridos na ideologia da Nova Era. A religiosidade
deles mistura paganismo e cristianismo, e às vezes até adoração satânica e
bruxaria. Os crentes da Nova Era estão em crescimento rápido nos EUA. Você pode
ver esse espiritualismo tanto nos produtos do cinema americano quanto da
televisão brasileira.
A gente não pode
esquecer ainda que as pessoas que pertencem e frequentam outras igrejas cristãs
são também parte do nosso público-alvo. São pessoas, muita delas salvas em
Jesus, mas que precisam continuar crescendo no conhecimento da revelação. As crenças
bíblicas que são distintivas no adventismo têm que ser compartilhadas com todos
os que já são cristãos vibrantes, mas que ainda não conhece toda a verdade
presente.
É verdade que o
adventismo cresceu tanto às custas da aceitação daqueles que já eram
protestantes, ao ponto de os adventistas chegarem a ser acusados de “ladrões de
ovelhas”. Mas a coisa tem mudado. Os atuais adventistas não estão mais fazendo
um trabalho tão eficiente em alcançar outros cristãos. Agora são os neopentecostais
e as igrejas independentes que estão assumindo a liderança arrebanhar as roubar
ovelhas já conversas.
Pós Secularismo
Os cristãos
preocupados demais com a influência do secularismo dentro da igreja deem ser
avisados de que tal inquietação já está desatualizada. Estamos passando para
que chamamos de período pós-secular (apesar de que a chegada do pós-secularismo
não elimina de todo o secularismo). Isso não quer dizer que estamos voltando ao
passado. As coisas não estão voltando a ser como eram antes. É que o
pós-moderno assume um comportamento religioso, porém desinstitucionalizado.
Em sala de aula, na
classe de Análise Multidisciplinar da Cidade do programa de Mestrado do
seminário teológico do IAENE, comentando sobre esse livro, o professor Otoniel
Ferreira fez lembrar que “ a afirmação de Harvey Cox no prefácio do seu recente
livro “Fire from Heaven”
(Addison Wesley) deveria cair na igreja como uma bomba. O autor do livro de
referência de 1965, The Secular City, que influenciou duas gerações de líderes da igreja a repensar
a vida e a missão da igreja em face da implacável marcha do secularismo,
escreve 20 anos depois: ‘hoje é o secularismo, e não a espiritualidade, que
pode se dirigir para extinção’.”
Conclusão
Para Russell Burrill, uma vez que as pessoas estão desacreditadas
da igreja mas estão ávidas pela experimentação de uma religiosidade que lhes seja
relevante, precisamos oferecer-lhes algo que faça sentido, na prática, para as
reais necessidades da vida. Não trata-se de esquecer que haverá um Céu. Mas o
Reino de Deus deve começar aqui. E Jesus viveu de uma forma que, incrivelmente,
de há dois mil anos, ainda nos serve de modelo para enfrentarmos esta era
pós-igreja.
O evangelho, mais do que nunca, hoje em dia precisa ser
muito mais relacional do que cognitivo. Não estamos falando do abandono ao
ensino. A transmissão do conhecimento das verdades bíblicas sempre será
indispensável. Mas o que vai tocar realmente o coração dos sem igreja é o
relacionamento autêntico e o serviço de amor que tem um sentido prático da
demonstração do amor de Deus. Isso é vivido tête-à-tête. Gente se importando
com gente em suas redes de amizade, e em seus pequenos grupos de
relacionamentos em seus círculos sociais.
E a sustentação para tudo isso não está no evangelismo
tradicional. Ele tem o seu lugar e sempre será válido. Mas para que a igreja
continue sustentável em seu arrebanhamento de pessoas, o discipulado precisa
tomar conta de tudo o que acontece na igreja. No templo e na vida cotidiana, é
o processo de fazer discípulos, e de ser discipulados pelos mais experientes,
que nos permitirá permear os atuais desafios urbanos e não deixar a bandeira da
igreja cair.
E como vamos fazer isso? É o que você vai descobrir lendo este
livro: Burrill,Russell
How to Grow an Adventist Church.
(HART, Fallbrook,CA. 2009) 110 páginas.
Um abraço,
Pr. Valdeci Jr.
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