Por favor, me indique mais um bom livro que traga o equilíbrio sobre o uso da música pelo cristão.
Uma outra leitura que lhe recomendo é o artigo de Michael Tomlinson "Música Contemporânea é Música Cristã" (clique aqui), publicado pela revista Ministry.
Em Cristo,
Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
O “filho pródigo”, (Lc 15) era batizado? Aquela parábola é para ilustrar alguém já batizado ou que ainda não batizou-se?
Um dos melhores livros que já comprei na minha vida, é este que estou indicando aqui hoje. Mas, como tem pessoas que criticam quando um pastor fala de música, dizendo que quem tem que falar de música seja alguém com formação em música, hoje vou deixar André Reis apresentar o livro aqui. Tirei a resenha abaixo do site dele. Muito boa.
Foi lançado em Janeiro de 2010 pela Review and Herald of livro "In Tune with God", da Dr. Liliane Doukhan. Tive o privilégio de tê-la como minha professora de Bibliografia e Pesquisa quando estudei música na Andrews no ano de 1999.
A Dra. Lilianne Doukhan é formada em piano pelo Conservatório de Estrasburgo e Ph.D. em Musicologia. Ela é atualmente professora de História da Música e Literatura, no departamento de música da Universidade Andrews, e ocupa a cadeira Oliver Beltz em Adoração e Música na Igreja no Seminário Teológico da Universidade Andrews.
O livro "In Tune With God" é fruto de toda uma vida de estudos da música secular e sacra e suas implicações antropológicas, sociológicas e religiosas. Embora escrito para o contexto adventista, sem dúvida o livro pode articular soluções para vários grupos religiosos.
O livro começa com o capítulo "A Natureza da Música", uma discussão sobre aspectos técnicos da música tais como melodia, harmonia e ritmo e como cada uma age na percepção de certa peça musical.
Bastante interessante é sua discussão sobre "ritmo", faceta profundamente mal compreendida da música. Ela mostra como o ritmo é responsável pela organização da música e longe de ser o vilão na música sacra, ele é necessário para ordenar a música e é capaz de energizar uma peça musical. Citando outros autores, Doukhan conclui que é o ritmo que confere à música sua capacidade de influenciar o ser humano para a ação, objetivo sublime da adoração. Quando bem utilizado, o ritmo certamente poderia ter uma parte a cumprir na revitalização da música na adoração adventista atual.
Especialmente interessante é o capítulo "The Meaning of Music" onde Doukhan analisa o que é música e onde também procura desmontar mitos sobre certos estilos de música como "sacros" e "não-sacros". Entre muitos conceitos valiosos, ela diz que valor da música sacra depende do contexto em que é tocada.
A página 47 traz a seção: "Estética x Ética" em que Doukhan analisa o conceito equivocado de que a expressão da verdade depende da beleza do meio que expressa essa verdade.
Doukhan começa essaa seção dizendo que "Música que eleva nossa mente não é necessariamente sacra por ter essas qualidades; e música barata ou que é tocada de maneira medíocre não tem nada a ver com religião ou moralidade e sim com mal-gosto." (p. 47).
Para apoiar seu ponto, Doukhan cita Harold Best, guru da música sacra ao dizer que : "A beleza de Deus não é beleza estética mas beleza moral e ética. A beleza da criação não é beleza moral; é beleza estética, beleza de artefato. A beleza estética está na maneira e na qualidade inerente a algo que é feito ou dito. A verdade está no que é dito. ... Ser movido emocionalmente pela música não é o mesmo que ser espiritualmente ou moralmente transformado por ela." (p. 48).
Em outras palavras, se o meio carece de estética ou beleza, a "verdade" que ele expressa está comprometida. Essa equivalência de estética = verdade está bastante impregnada na psiquê adventista moderna. Junte-se a isso o conceito implícito em várias escolas de pensamenteo de que o culto adventista tem aspectos quase salvíficos e precisa ser "aceitável a Deus" do ponto de vista soteriológico e os abusos e extremismo se alastram desenfreadamente.
Obviamente a música do culto precisa ser aceitável, mas esse "aceitável" tem muito pouco a ver como aspectos estéticos da música e do culto. O culto é aceitável pelas suas qualidades intangíveis do adorador como a justiça e obediência como lemos em Amós: "Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras. Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!" (Amós 5:23-24).
Entre outros capítulos importantes do livro, tais como discussões sobre histórica da música, eu gostaria de destacar o capítulo "Música no Templo" em que Doukhan analisa os instrumentos e a música do templo de Salolmão e no Templo de Herodes. Esse capítulo foi traduzido pelo Pr. Isaac Meira e pode ser lido aqui em nosso blog.
Doukhan também analisa a música sacra de vários pontos de vista inclusive do ponto de vista do Pastor. Ela analisa vários conceitos musicais de Ellen White.
Doukhan dedica toda uma seção do livro (quatro capítulos) para falar sobre a os desafios e potencial da música contemporânea (p. 215). Aqui ela demonstra profundo equilíbrio, evitando as armadilhas exegéticas esposadas por outros autores adventistas como Bacchiocchi e outros. Certamente o fato de Doukhan ter profundo conhecimento de aspectos musicológicos ajuda a propor soluções de bom senso às muitas dificuldades da música sacra adventista.
Ao falar do rock (p. 243), ela insiste em que se faça distinção entre os vários estilos de música rock. Essa falha em itemizar estilos musicais juntamente com a legendária tendência evangélica de demonizar o rock tem levado ao repúdio de qualquer música secular popular e seus instrumentos (percussão, bateria, guitarra) como "rock" ou "heavy metal.
Neste capítulo ela também discute a agenda cultural que está por trás do rock e como músicos podem evitar essa agenda ao incorporar aspectos dessa música na música sacra pós-moderna.
E embora Doukhan não repudie completamente elementos da música rock na música sacra, Doukhan dá um alerta para músicos sacros, dizendo que "É necessário um músico de alto calibre para transformar a música rock em um evento de adoração. A linguagem musical moderna, de maneira geral, empresta vários elementos do cenário do rock: instrumentos, técnicas, acordes, ritmos, etc. Este é o idioma da geração mais jovem e seria muito difícil, senão impossível, fazer voltar o relógio em termos de instrumentos e estilos. Semelhantemente, ninguém hoje sequer cogitaria em usar uma charrete ou um jumento para ir ao trabalho. As ferramentas hoje são muito diferentes mas o espírito deve se manter o mesmo. Se usados com maestria e equilíbrio, de forma apropriada a certa circunstância, as ferramentas de hoje podem enriquecer certas experiências musicais e dar ao povo a oportunidade de louvar e cantar em seu próprio idioma. Se não é possível alcançar esse objetivo, se "há mais medo de perda do que a expectativa de ganho", então deve-se reconhecer as limitações de certo estilo, ou os limites pessoais e renunciar ao seu uso. Afinal de contas, não se trata de nós ou da música. Estamos falando sobre adoração, sobre ser leais a Deus. O que está em jogo aqui é, primeiramente e acima de tudo, o reino de Deus e o bem-estar espiritual dos indivíduos que nos foram confiados." (p. 248; grifo nosso).
E é justamente essa abordagem equilibrada que recomenda o livro In Tune With God para o leitor judicioso e interessado em analisar todos os lados de uma questão antes de tomar sua posição. Leitores críticos teriam que ser muito experientes na área de teologia e da música para desafiar a Dra. Doukhan a propor soluções mais factíveis às várias questões da música sacra adventista moderna do que ela o fez no seu belo livro.
O livro pode ser lido em parte no Google Books. Quem estiver interessado em adquiri-lo pode fazê-lo através do Amazon.com, que envia livros internacionalmente.
Um abraço e ótima leitura!
André Reis
Fonte: Aventismo Relevante
Uma outra leitura que lhe recomendo é o artigo de Michael Tomlinson "Música Contemporânea é Música Cristã" (clique aqui), publicado pela revista Ministry.
Em Cristo,
Twitter: @Valdeci_Junior
Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
O “filho pródigo”, (Lc 15) era batizado? Aquela parábola é para ilustrar alguém já batizado ou que ainda não batizou-se?