Como surgiu a Páscoa?
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DEFINIÇÃO: Festa
religiosa, em que os judeus comemoram sua saída do Egito, sob o comando de
Moisés. Festa religiosa, em que os cristãos comemoram a ressurreição de Cristo,
seu fundador. Ambas definições estão juntas no "Dicionário Cultural da
Língua Portuguesa" da Editora Brasiliense S/A sob a coordenação geral de
Faissal El-khatib.
A palavra Páscoa vem da palavra hebráica
"pesach" e do grego "pascha" que significam
"passagem". Podem ter diversos significados tais como: passagem da
morte para a vida - passagem de Deus para nos salvar - passagem da escravidão
para a liberdade, enfim, a passagem pela qual o homem que se encontra neste
mundo, passa para um novo céu e uma nova terra.
HISTÓRIA E INSTITUIÇÃO DA PÁSCOA
Israel ainda era apenas um povo
escravizado no Egito, quando Moisés foi enviado por Deus, para libertar Seu
povo. O Faraó, obviamente não quis perder o braço escravo e não permitiu a
saída dos israelitas. Ocorreu então o derramamento das pragas, mas, contudo
Faraó não deixou que os israelitas se fossem.
O juízo de que o Egito fora em
primeiro lugar advertido, deveria ser o último a ser mandado. Deus é longânimo
e cheio de misericórdia. Tem terno cuidado pelos seres formados à Sua imagem.
Se a perda das suas colheitas, rebanhos e gado, houvesse levado o Egito ao
arrependimento, os filhos não teriam sido atingidos; mas a nação obstinadamente
resistiu à ordem divina, e agora o golpe final estava prestes a ser desferido.
A Moisés tinha sido proibido, sob
pena de morte, aparecer outra vez à presença de Faraó; mas uma última mensagem
da parte de Deus deveria ser proferida ao rebelde rei, e novamente Moisés veio
perante ele, com o terrível anúncio: “Assim o Senhor tem dito: À
meia-noite Eu sairei pelo meio do Egito; e todo o primogênito na terra do Egito
morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta com ele sobre o seu
trono, até o primogênito da serva que está detrás da mó, e todo o primogênito
dos animais”. Êx. 11:4
e 5.
Antes da execução desta sentença,
o Senhor por meio de Moisés deu instruções aos filhos de Israel relativas à
partida do Egito, e especialmente para a sua preservação no juízo por vir. Cada
família, sozinha ou ligada com outras, deveria matar um cordeiro ou cabrito
“sem mácula”, e com um molho de hissopo espargir seu sangue “em ambas as
ombreiras, e na verga da porta” da casa, para que o anjo destruidor, vindo à
meia-noite, não entrasse naquela habitação. Deviam comer a carne, assada, com
pão asmo e ervas amargosas, à noite, conforme disse Moisés, com “os
vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o
comereis apressadamente; esta é a Páscoa do Senhor”. Êx. 12:1-28.
O Senhor declarou: “Passarei
pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito,
desde os homens até aos animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízos.
... E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo Eu
sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade,
quando Eu ferir a terra do Egito.”
Em comemoração a este grande
livramento, uma festa devia ser observada anualmente pelo povo de Israel, em
todas as gerações futuras. “Este dia vos será por memória, e
celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por
estatuto perpétuo”. Ao observarem esta festa nos anos futuros, deviam
repetir aos filhos a história deste grande livramento, conforme lhes ordenou
Moisés: “Direis: Este é o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou as
casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as
nossas casas.”
A PÁSCOA CRISTÃ
A páscoa devia ser tanto
comemorativa como típica, apontando não somente para o livramento do Egito,
mas, no futuro, para o maior livramento que Cristo cumpriria libertando Seu
povo do cativeiro do pecado. O cordeiro sacrifical representa o “Cordeiro de
Deus”, em quem se acha nossa única esperança de salvação. Diz o apóstolo: “Cristo,
nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” I Cor. 5:7. Não bastava
que o cordeiro pascal fosse morto, seu sangue devia ser aspergido nas
ombreiras; assim os méritos do sangue de Cristo devem ser aplicados à alma.
Devemos crer que Ele morreu não somente pelo mundo, mas que morreu por nós
individualmente. Devemos tomar para o nosso proveito a virtude do sacrifício
expiatório.
O hissopo empregado na aspersão
do sangue era símbolo da purificação, assim sendo usado na purificação da lepra
e dos que se achavam contaminados pelo contato com cadáveres. Na oração do
salmista vê-se também a sua significação: “Purifica-me com hissopo, e
ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve”. Sal. 51:7.
O cordeiro devia ser preparado em
seu todo, não lhe sendo quebrado nenhum osso; assim, osso algum seria quebrado
do Cordeiro de Deus, que por nós devia morrer. Êxo. 12:46; João 19:36. Assim
também representava-se a inteireza do sacrifício de Cristo.
A carne devia ser comida. Não
basta mesmo que creiamos em Cristo para o perdão dos pecados; devemos pela fé
estar recebendo constantemente força e nutrição espiritual dEle, mediante Sua
Palavra. Disse Cristo: “Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não
beberdes o Seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a Minha carne e
bebe o Meu sangue, tem a vida eterna”. E para explicar o que queria
dizer, ajuntou: “As palavras que Eu vos disse são espírito e vida”. João
6:53, 54 e 63.
O cordeiro devia ser comido com
ervas amargosas, indicando isto a amargura do cativeiro egípcio. Assim, quando
nos alimentamos de Cristo, deve ser com contrição de coração, por causa de
nossos pecados. O uso dos pães asmos (sem fermento) era também significativo.
Era expressamente estipulado na lei da Páscoa, e de maneira igualmente estrita
observado pelos judeus, em seu costume, que fermento algum se encontrasse em
suas casas durante a festa. De modo semelhante, o fermento do pecado devia ser
afastado de todos os que recebessem vida e nutrição de Cristo. Assim Paulo
escreve à igreja dos coríntios:
“Alimpai-vos, pois do fermento velho,
para que sejais uma nova massa. ... Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado
por nós. Pelo que façamos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento
da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade.” I
Cor. 5:7 e 8.
Antes de obterem liberdade, os
escravos deviam mostrar fé no grande livramento prestes a realizar-se. O sinal
de sangue devia ser posto em suas casas, e deviam, com as famílias, separar-se
dos egípcios e reunir-se dentro de suas próprias habitações. Houvessem os
israelitas desrespeitado em qualquer particular as instruções a eles dadas,
houvessem negligenciado separar seus filhos dos egípcios, houvessem morto o
cordeiro mas deixado de aspergir o sangue nas ombreiras, ou tivesse alguém
saído de casa, e não teriam estado livres de perigo. Poderiam honestamente ter
crido haver feito tudo quanto era necessário, mas não os teria salvo a sua
sinceridade. Todos os que deixassem de atender às instruções do Senhor,
perderiam o primogênito pela mão do destruidor.
Pela obediência, o povo devia dar
prova de fé. Assim, todos os que esperam ser salvos pelos méritos do sangue de
Cristo, devem compenetrar-se de que eles próprios têm algo a fazer para
conseguir a salvação. Conquanto seja apenas Cristo que nos pode remir da pena
da transgressão, devemos desviar-nos do pecado para a obediência. O homem deve
ser salvo pela fé, e não pelas obras; contudo, a fé deve mostrar-se pelas
obras. Deus deu Seu Filho para morrer como propiciação pelo pecado, Ele
manifestou a luz da verdade, o caminho da vida, Ele concedeu oportunidades,
ordenanças e privilégios; e agora o homem deve cooperar com esses instrumentos
de salvação; deve apreciar e usar os auxílios que Deus proveu - crer e obedecer
a todas as reivindicações divinas.
Com vemos Jesus foi identificado com o
cordeiro da “páscoa judaica”, que a exemplo daquele, foi morto para que os que
cressem nÊle, não morressem. Na verdade, Jesus é a nossa Páscoa.
A INSTITUIÇÃO DA PÁSCOA CRISTÃ
Em Mateus 26:17 em diante, é narrada a
celebração da última páscoa em que Jesus participou com Seus discípulos e a
partir do verso 26 está a instituição da páscoa pelo Senhor Jesus, oferecendo
sua vida, simbolicamente representada pelo pão, sua carne, e pelo vinho, seu
sangue, que Ele derramaria no calvário, por muitos, para remissão dos pecados.
A páscoa cristã, em verdade, é celebrada
no coração de cada cristão, que oferece a Deus sua própria vida, salva pelo
Cordeiro Divino, que tem em si mesmo, vida eterna, podendo assim, ser o
cordeiro de toda família humana que o aceite como tal.
AS “OUTRAS” PÁSCOAS.
Até agora, embora aparentemente eu tenha
me referido a duas páscoas, a páscoa cristã e judaica são a mesma, instituída
pelo mesmo Deus, com a mesma finalidade. A diferença é que a judaica prefigura
a cristã, onde o cordeiro é substituído pelo próprio “Cordeiro de Deus”, Seu
Filho, Jesus.
Entretanto, o mundo tem criado suas
próprias “páscoas”.
Assim, temos a “páscoa” dos coelhos, a
“páscoa” dos ovos de chocolates, que nada lembram a salvação da qual Deus nos
tem feito dignos. Desviam nossas crianças do verdadeiro sentido da páscoa, não
os deixando ver que estão perdidos, necessitados de alguém que os substitua na
morte. Há apenas a alegre festa dos chocolates, onde tudo parece estar muito
bem, ninguém com pecados a resgatar, ninguém necessitado de um Salvador, mas
apenas aguardando uma festa totalmente distanciada do verdadeiro cristianismo.
Na Páscoa Judaica, eles devem estar
vestidos como quem está pronto para viajar, conscientes de que não estão em sua
terra, mas partem em busca de uma nova pátria, a terra prometida.
Na Páscoa Cristã, quando temos recebido
Jesus, como nosso cordeiro pascal, temos que estar conscientes de que também
somos peregrinos, apenas de passagem por esta terra, e aguardamos novos céus e
nova terra (Apocalipse 21:1) e (II Pedro 3:13).
Feliz Páscoa!
Pr. Valdeci Jr.