Como confrontar os problemas das grandes metrópoles?
Acabo de ler um artigo de um autor que admiro muito, Roger
S. Greenway. Na realidade, é o segundo capítulo de Discipling The City (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1992,
páginas 34 a 48), um livro editado pelo próprio Greenway, contendo
vários autores. Neste segundo capítulo, que o próprio Greenway escreve, ele faz
uma análise dos desafios que as grandes cidades apresentam para a missão do
evangelismo cristão.
De acordo com este especialista em missão urbana, o
confronto com o evangelho aos contextos urbanos enfrenta vários obstáculos
oriundos dos problemas metropolitanos ligados ao recente inchaço demográfico
que as grandes cidades receberam na segunda metade do último século. A migração
em massa que os camponeses fizeram para tornarem-se cidadãos urbanos criou um
leque de contextos que a igreja não pode ignorar. O contexto da pobreza (bem
como a necessidade de confrontar a pobreza com a educação), o contexto do
pluralismo cultural e religioso, o contexto de nova era urbana eclética, o
contexto da fé rural dentro da cidade, o contexto que ele chama de “Contexto do
Não-Salvo, Não-Igreijado, Não-Cuidado”, a cosmo-visão sobre a igreja e a
comunidade levam à inevitável consideração de que a igreja precisa de um
reavivamento, pois o reavivamento está inseparavelmente ligado ao senso de
missão dos fiéis.
Abaixo, apresento um breve resumo da apresentação de Roger
Greenway, sobre isto que acabo de comentar.
O Contexto da Pobreza
O trabalho infantil, a baixa escolaridade, a presença
massiva de crianças nas práticas marginais do crime e da prostituição, são
sintomas de um dos maiores problemas do intenso crescimento das densidades
demográficas metropolitanas, a saber, a pobreza. Trata-se, na realidade, de “uma
inteira rede de problemas que são sociais, econômicos, religiosos e políticos,
familiares e pessoais”. “Não há o que questionar, soluções interligadas de
longo alcance e de alto-nível têm que ser encontradas para que aconteça uma
reorganização na vida urbana em todos os níveis. É nisto que se consiste a
missão urbana.”
O Confronto à Pobreza Começa Com
a Educação
“Uma maneira de resolver este problema é os professores e
líderes de igrejas se tornarem envolvidos pessoalmente com os pobres e com os
ministérios voltados para eles. Se cada líder cristão se tornasse pessoalmente
envolvido com pelo menos uma pessoa pobre e envolvido em um ministério urbano
entre os pobres, as coisas começariam a mudar nas nossas igrejas e escolas. O
ensino e a pregação seriam diferentes. Petições nas quais nunca pensamos antes,
seriam adicionadas às nossas orações. Nenhuma igreja ou escola seriam a mesma
depois que seus líderes se tornassem pessoas envolvidas com os pobres. E a vida
nas favelas mudaria também”.
“Quando pastores e professores engajam no ministério voltado
aos pobres, estudantes e membros da igreja fazem o mesmo. A membresia costuma
fazer o que vê os seus líderes apoiando que seja feito. Mas quando os líderes
mostram o caminho e o modelo da genuína compaixão em suas próprias vidas e
ministérios, a onda pega nas instituições. A pregação e a instrução passam a
ter nova credibilidade e ministérios que nunca haviam sido tentados antes podem
ser introduzidos”.
O Contexto do Pluralismo Cultural
e Religioso
“Que as crianças não sejam levadas a pensar que o respeito e
a tolerância removam a necessidade de se engajar no trabalho missionário e na
comunicação do evangelho de Jesus Cristo aos seguidores de outras confissões”.
“O pluralismo é, inquestionavemente, um fenômeno urbano”.
“...Como cidadãos bem informados e ativos participantes na vida comunitária,
[os líderes cristãos] devem entender pelo menos as noções básicas acerca de
todas as grandes religiões”.
“A tendência nas cidades é tratar as crenças religiosas das
pessoas como questões de fórum íntimo. Não obstante, o encontro com novas
alternativas religiosas pode minar as arraigadas convicções. Fé ingênua e
desinformada, que é o tipo de fé com que muitos camponeses chegam à cidade,
eventualmente, vai levar paulada. Isso demanda um urgente discipulado dinâmico
e bem informado. Ou então, você termina com uma porção de noções religiosas que
não têm as escrituras como base autoritativa. É precisamente este tipo de
ecletismo que está emergindo como escolha pessoal de muitos metropolitanos
sofisticados”.
Uma Nova Era Eclética
“Um dos maiores desafios do discipulado cristão no contexto
urbano vem dos encontros inevitáveis que as pessoas experimentam com outras
religiões. ...Diariamente, cristãos são pressionados a dar uma definição daquilo
em que eles acreditam e da fonte de autoridade religiosa sobre a qual eles se
apóiam”.
“Sendo este o caso, é premente que escolas e seminários que
preparam líderes cristãos tome medidas para aumentar a efetividade
intercultural da educação que oferecem. Todos os estudantes que estão sendo
preparados para o ministério cristão precisam adquirir um entendimento básico
das religiões e culturas de vários grupos de pessoas que provavelmente
encontrarão na cidade”.
“Além disso, eles precisam ser preparados para, diante das
crenças e dos valores não cristãos, defender os ensinos cristãos, e para explicar
o evangelho para as pessoas que são diferentes deles mesmos, nos moldes
culturalmente apropriados”.
O Contexto da Fé Rural na Cidade
“...muitos deles [os camponeses] chegam [à metrópole] pobres
de preparo para as pressões e tentações da vida urbana. ...Seus problemas são
agravados: uma nova terra, uma nova linguagem, um ambiente urbano, novas
atividades, novos tipos de moradia, e novos vizinhos, muitos dos quais eles não
entendem.” “...religião da vida rural tem muita coisa positiva, mas o alcance
da experiência dos cristãos rurais é bem limitado. Quando chegam ao ambiente
urbano, inevitavelmente têm dificuldade de se ajustar às novas e duras
realidades da vida urbana”.
“...moças e rapazes que saem para estudar ignoram a mensagem
total das Escrituras e vão despreparados para o que encontrarão nas salas de
aulas e onde vão morar”.
O Contexto do Não-Salvo,
Não-Igreijado, Não-Cuidado
“A maior necessidade das cidades é de discípulos de Cristo,
e não daquelas pessoas que só são ‘convertidas’ porque em algum momento de suas
vidas disseram ‘sim’ pra Jesus mas nunca foram além disso. A Bíblia não fala de
conversos, mas de discípulos. No Novo Testamento, o evangelismo sempre aponta
para o discipulado. E discipulado requer compromisso com o Rei e com os
propósitos do Rei no mundo”.
Igreja, Comunidade, Cosmo
“A compreensão da tarefa missionária na cidade tem que ver
com a proclamação do evangelho, o
plantio e a manutenção das igrejas e a
aplicação dos princípios do senhorio de Cristo em todas as áreas da vida
comunitária”.
Reavivamento Para o Discipulado e
Para a Missão
“É um erro pensar que as igrejas, como as conhecemos, podem
providenciar o que precisa ser feito nas cidades sem terem experimentado o
reavivamento”. “...na igreja primitiva, ter fé em Jesus significava trabalhar
como Seu discípulo”.
.....
É o que diz o Th.D. professor
de missiologia mundial no Calvin
Theological Seminary.
Que a igreja ouça os sábios, e acorde para o que precisa
conceituar, caso queira realmente colocar o que chama de “evangelismo
integrado” em prática, e cumprir sua missão.
Um abraço,
Twitter: @Valdeci_Junior
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quer dizer o que pensa sobre o assunto?
Então, escreva aí. Fique à vontade.
Mas lembre-se: não aceitamos comentários anônimos.
Agora, se quiser fazer uma pergunta, escreva para nasaladopastor@hotmail.com