segunda-feira, 12 de março de 2012

CONFRONTANDO OS CONTEXTOS URBANOS COM O EVANGELHO


Como confrontar os problemas das grandes metrópoles?


Acabo de ler um artigo de um autor que admiro muito, Roger S. Greenway. Na realidade, é o segundo capítulo de Discipling The City (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1992, páginas 34 a 48), um livro editado pelo próprio Greenway, contendo vários autores. Neste segundo capítulo, que o próprio Greenway escreve, ele faz uma análise dos desafios que as grandes cidades apresentam para a missão do evangelismo cristão.

De acordo com este especialista em missão urbana, o confronto com o evangelho aos contextos urbanos enfrenta vários obstáculos oriundos dos problemas metropolitanos ligados ao recente inchaço demográfico que as grandes cidades receberam na segunda metade do último século. A migração em massa que os camponeses fizeram para tornarem-se cidadãos urbanos criou um leque de contextos que a igreja não pode ignorar. O contexto da pobreza (bem como a necessidade de confrontar a pobreza com a educação), o contexto do pluralismo cultural e religioso, o contexto de nova era urbana eclética, o contexto da fé rural dentro da cidade, o contexto que ele chama de “Contexto do Não-Salvo, Não-Igreijado, Não-Cuidado”, a cosmo-visão sobre a igreja e a comunidade levam à inevitável consideração de que a igreja precisa de um reavivamento, pois o reavivamento está inseparavelmente ligado ao senso de missão dos fiéis.

Abaixo, apresento um breve resumo da apresentação de Roger Greenway, sobre isto que acabo de comentar.

O Contexto da Pobreza

O trabalho infantil, a baixa escolaridade, a presença massiva de crianças nas práticas marginais do crime e da prostituição, são sintomas de um dos maiores problemas do intenso crescimento das densidades demográficas metropolitanas, a saber, a pobreza. Trata-se, na realidade, de “uma inteira rede de problemas que são sociais, econômicos, religiosos e políticos, familiares e pessoais”. “Não há o que questionar, soluções interligadas de longo alcance e de alto-nível têm que ser encontradas para que aconteça uma reorganização na vida urbana em todos os níveis. É nisto que se consiste a missão urbana.”

O Confronto à Pobreza Começa Com a Educação

“Uma maneira de resolver este problema é os professores e líderes de igrejas se tornarem envolvidos pessoalmente com os pobres e com os ministérios voltados para eles. Se cada líder cristão se tornasse pessoalmente envolvido com pelo menos uma pessoa pobre e envolvido em um ministério urbano entre os pobres, as coisas começariam a mudar nas nossas igrejas e escolas. O ensino e a pregação seriam diferentes. Petições nas quais nunca pensamos antes, seriam adicionadas às nossas orações. Nenhuma igreja ou escola seriam a mesma depois que seus líderes se tornassem pessoas envolvidas com os pobres. E a vida nas favelas mudaria também”.

“Quando pastores e professores engajam no ministério voltado aos pobres, estudantes e membros da igreja fazem o mesmo. A membresia costuma fazer o que vê os seus líderes apoiando que seja feito. Mas quando os líderes mostram o caminho e o modelo da genuína compaixão em suas próprias vidas e ministérios, a onda pega nas instituições. A pregação e a instrução passam a ter nova credibilidade e ministérios que nunca haviam sido tentados antes podem ser introduzidos”.

O Contexto do Pluralismo Cultural e Religioso

“Que as crianças não sejam levadas a pensar que o respeito e a tolerância removam a necessidade de se engajar no trabalho missionário e na comunicação do evangelho de Jesus Cristo aos seguidores de outras confissões”.

“O pluralismo é, inquestionavemente, um fenômeno urbano”. “...Como cidadãos bem informados e ativos participantes na vida comunitária, [os líderes cristãos] devem entender pelo menos as noções básicas acerca de todas as grandes religiões”.

“A tendência nas cidades é tratar as crenças religiosas das pessoas como questões de fórum íntimo. Não obstante, o encontro com novas alternativas religiosas pode minar as arraigadas convicções. Fé ingênua e desinformada, que é o tipo de fé com que muitos camponeses chegam à cidade, eventualmente, vai levar paulada. Isso demanda um urgente discipulado dinâmico e bem informado. Ou então, você termina com uma porção de noções religiosas que não têm as escrituras como base autoritativa. É precisamente este tipo de ecletismo que está emergindo como escolha pessoal de muitos metropolitanos sofisticados”.

Uma Nova Era Eclética

“Um dos maiores desafios do discipulado cristão no contexto urbano vem dos encontros inevitáveis que as pessoas experimentam com outras religiões. ...Diariamente, cristãos são pressionados a dar uma definição daquilo em que eles acreditam e da fonte de autoridade religiosa sobre a qual eles se apóiam”.

“Sendo este o caso, é premente que escolas e seminários que preparam líderes cristãos tome medidas para aumentar a efetividade intercultural da educação que oferecem. Todos os estudantes que estão sendo preparados para o ministério cristão precisam adquirir um entendimento básico das religiões e culturas de vários grupos de pessoas que provavelmente encontrarão na cidade”.

“Além disso, eles precisam ser preparados para, diante das crenças e dos valores não cristãos, defender os ensinos cristãos, e para explicar o evangelho para as pessoas que são diferentes deles mesmos, nos moldes culturalmente apropriados”.

O Contexto da Fé Rural na Cidade

“...muitos deles [os camponeses] chegam [à metrópole] pobres de preparo para as pressões e tentações da vida urbana. ...Seus problemas são agravados: uma nova terra, uma nova linguagem, um ambiente urbano, novas atividades, novos tipos de moradia, e novos vizinhos, muitos dos quais eles não entendem.” “...religião da vida rural tem muita coisa positiva, mas o alcance da experiência dos cristãos rurais é bem limitado. Quando chegam ao ambiente urbano, inevitavelmente têm dificuldade de se ajustar às novas e duras realidades da vida urbana”.

“...moças e rapazes que saem para estudar ignoram a mensagem total das Escrituras e vão despreparados para o que encontrarão nas salas de aulas e onde vão morar”.

O Contexto do Não-Salvo, Não-Igreijado, Não-Cuidado

“A maior necessidade das cidades é de discípulos de Cristo, e não daquelas pessoas que só são ‘convertidas’ porque em algum momento de suas vidas disseram ‘sim’ pra Jesus mas nunca foram além disso. A Bíblia não fala de conversos, mas de discípulos. No Novo Testamento, o evangelismo sempre aponta para o discipulado. E discipulado requer compromisso com o Rei e com os propósitos do Rei no mundo”.

Igreja, Comunidade, Cosmo

“A compreensão da tarefa missionária na cidade tem que ver com a  proclamação do evangelho, o plantio e a manutenção das igrejas e a aplicação dos princípios do senhorio de Cristo em todas as áreas da vida comunitária”.
Reavivamento Para o Discipulado e Para a Missão

“É um erro pensar que as igrejas, como as conhecemos, podem providenciar o que precisa ser feito nas cidades sem terem experimentado o reavivamento”. “...na igreja primitiva, ter fé em Jesus significava trabalhar como Seu discípulo”.

.....

É o que diz o Th.D.  professor de missiologia mundial no Calvin Theological Seminary.

Que a igreja ouça os sábios, e acorde para o que precisa conceituar, caso queira realmente colocar o que chama de “evangelismo integrado” em prática, e cumprir sua missão.

Um abraço,

Twitter: @Valdeci_Junior

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