Aparício Lamounier Vilela, de Campo Belo, Minas Gerais, foi condenado e preso em 1927, acusado de ter matado seu próprio tio. Ele protestava, dizendo que era inocente, mas não era isto o que a Justiça apontava. Quatro anos depois, os bens de Aparício, em sacrifício financeiro de sua própria família, foram leiloados pela justiça para indenizar a família do assassinado. Como o acusado continuava alegando sua inocência, e sua família o apoiasse, o sistema judiciário continuou sendo procurado para rever o caso, por muitos anos. Mais de duas décadas se passaram e a promotoria mantinha sua posição. Mas, em 1952, o fazendeiro Saturnino Vilela Filho resolve confessar sua responsabilidade pelo assassinato. A Justiça foi obrigada a reconhecer que estava errada[1].
Mas se era “justiça”, como poderia ser errada? Um sistema que fez com que um homem inocente perdesse metade de sua vida no isolamento, separação, humilhação e vergonha, poderia ser chamado de “justiça”? Como reparar um erro tão grande?
Depois que o Estado de Minas Gerais passou a ter a responsabilidade de rever o erro judiciário, a postergação dessa revisão também já virou história. Agora, uma indenização de R$ 65 milhões deve ser paga para que a “justiça” seja feita. Mas Aparício faleceu em 1991 sem ver a justiça aparecer. Mais de dez anos depois da morte deste injustiçado, as oito décadas do caso continuam a trazer à família Vilela sua única alternativa: esperar que a “justiça” seja feita.
Você já se sentiu injustiçado? Há alguns dias, dirigindo uma semana de oração, um pastor amigo meu foi abordado por um dos membros daquela igreja. O rapaz de 18 anos lhe contou que não consegue gostar de ninguém. Ele tem uma imensa dificuldade de relacionar-se com o sexo oposto, por carregar consigo um trauma que traz da infância: era violentado sexualmente por seu tio, desde os oito anos de idade. O que você faria se soubesse que seu filho, na fase infanto-juvenil, está sendo estuprado, há dois ou três anos, pelo seu próprio irmão? Não é injusto que um adulto estrague uma criança indefesa desta forma? O que você faria numa questão de injustiça?
Costumamos dizer que a justiça pertence a Deus; que Ele é justo; que Ele vai fazer justiça. Como “errar é humano”, não podemos confiar na justiça humana. Por isto esperamos a justiça de um Ser que seja, no mínimo, perfeito. Quando Jesus voltar e definitivamente separar os bons dos maus (Mateus 25:31-46), como poderemos confiar que Ele realmente estará sendo justo? Como poderei ter certeza de que Deus não estará sendo um tirano, que vai fazer as coisas segundo o que Ele acha certo? Será que não correremos o risco de ficar insatisfeitos com Sua arbitragem?
Quem Prevalecerá Neste Mundo?
Quando João teve uma visão sobre como será a volta de Jesus, ele viu que os mortos justos ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos. Esta é a primeira ressurreição (Apocalipse 20:4-5), também chamada de ressurreição da vida (João 5:29). Paulo fala que neste evento nós, os crentes que ainda não tivermos morrido, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares (1Tessalonicenses 4:17).
Neste período, nenhuma pessoa salva em Jesus permanecerá no Planeta Terra. Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição (Apocalipse 20:6)!
As pessoas que não forem salvas também deixarão de ser personagens deste mundo.
Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do homem. Pois nos dias anteriores ao Dilúvio, o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; e eles nada perceberam, até que veio o Dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do Filho do homem.
Aconteceu a mesma coisa nos dias de Ló. O povo estava comendo e bebendo, comprando e vendendo, plantando e construindo. Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu e os destruiu a todos. Acontecerá exatamente assim no dia em que o Filho do homem for revelado (Mateus 24:37-39; Lucas 17:28-30).
Os seres humanos vivos serão realmente aniquilados da face da Terra. Na mesma visão, João viu que, ao acontecer o arrebatamento glorioso dos salvos,
os demais (os perdidos) foram mortos com a espada que saía da boca daquele (Cristo) que está montado no cavalo. E todas as aves se fartaram com a carne deles. Pois a terra não esconderá mais os que foram mortos (Apocalipse 19:11-21 - NVI; Isaías 26:21 - NTLH).
Uma vez que os que aceitaram a Jesus terão ido embora com Ele, e todas as outras pessoas terão morrido, a Terra permanecerá por algum tempo sem habitantes humanos. Os que tiverem morrido sem Jesus não participarão da primeira ressurreição. Sua vez estará 1000 anos adiante em uma outra ressurreição. A estrutura física do planeta também estará bastante destroçada, por conseqüência das sete catástrofes naturais que acontecerão um pouco antes da volta de Jesus (Apocalipse 16:18-20).
O Abismo
No antigo Oriente Médio, cada “nação civilizada” considerava seu reino – a esfera abaixo da proteção de suas divindades – como o lugar no qual existia a ordem. Todas as demais regiões eram encaradas como se estivessem num estado caótico, ou seja, num “abismo”, semelhante às águas revoltas do mar durante uma tempestade ou às correntes de um rio durante uma grande enchente – Kenneth Strand, Andrews University, Michigan, EUA.
É por isto que o profeta Jeremias, visionando o quadro caótico do planeta pós-humanidade, descreveu-o usando as mesmas palavras que Moisés usara para descrevê-lo em seu período antes da Criação: Olhei para a terra,e ela era sem forma e vazia; para os céus, e a sua luz tinha desaparecido... os montes tremiam; todas as colinas oscilavam... não havia mais gente; todas as aves do céu tinham fugido em revoada (Jeremias 4:23-25 – Grifo acrescentado, em comparação com Gênesis 1:2).
A caricatura abismal nada mais é do que uma tentativa dos autores bíblicos de descrever os efeitos ruinosos do governo do príncipe deste mundo (João 16:11). É a melhor expressão encontrada para apresentar o quadro de desolação da Terra no final do reino satânico. Como Satanás é o autor do caos e pertence ao caos, ele terá a Terra transformada em abismo para lhe servir de exílio, para um tempo de reflexão.
Vi descer dos céus um anjo que trazia na mão a chave do Abismo e uma grande corrente. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos; lançou-o no Abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações, até que terminassem os mil anos (Apocalipse 20:1-3).
Depois de ter se acostumado a trabalhar, por cerca de 6000 anos, com a mente de milhões de pessoas, Satanás se sentirá muito só, na terra solitária (Levítico 16:22 – RA). Ele não terá mais nada para fazer. Haverá tempo suficiente para o grande Azazel contemplar o estrago que fez. Sua liberdade de enganar os humanos lhe será tirada e ele estará retido de suas atividades.
Enquanto Isso, na Sala de Justiça...
Um Grande Congresso
Enquanto isso, os holofotes do Universo se voltarão do planeta Terra para uma outra direção. Os que forem levados para o Céu com Jesus serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos (Apocalipse 6:6). Será uma continuação maximizada da experiência que os seguidores do Senhor já experimentam hoje (Efésios 2:6). A geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo, para servir a Deus (1Pedro 2:9; Apocalipse 1:6), estará num relacionamento próximo dEle, com desafios criativos, realizações, recompensas e felicidade, por um tempinho básico: 1000 anos!
Gosto muito de ir aos eventos realizados pela igreja: congressos de jovens, assembléias de pastores, encontros de casais, acampamentos, retiros, excursões, etc. Quanto maior o evento, mais o aprecio, por ter um número maior de pessoas. Quando vem gente de todas as partes, fico muito alegre em rever amigos que tenho espalhados por este Brasil afora e também por outros países, pra matar a saudade, colocar os assuntos em dia e sorrir bastante. Acho muito bom também ter contato com pessoas de diferentes costumes e culturas. Seu jeito diferente de ser me faz compreender mais os planos do Deus todo abrangente que temos. Antes de fixarmos nosso habitat definitivo onde passaremos a eternidade, Deus vai fazer um grande congresso conosco. Estamos muito enraizados neste nosso mundo tão mau. Precisaremos de um tempo para esquecer tudo de ruim que vemos na situação atual do nosso planeta e aprendermos a “cultura” do Céu. Vamos ficar num ambiente ideal para que os crentes das mais variadas culturas se familiarizem uns com os outros.
Não sei exatamente quem estará lá, mas já pensou você se encontrando e partilhando experiências com Isaac Newton? Como será quando Dwight Mood se encontrar com o evangelista João Batista? Imagine: Adão se encontrando com São Francisco de Assis; Martin Luther King Junior com Martinho Lutero; o profeta Isaías com o rei Manassés... Epa! Péraí! Aí não! Manasses não mandou serrar Isaías ao meio? Sim, o profeta morreu sem saber que depois o rei se arrependeu e se converteu. Teremos tantas surpresas estranhas!
De repente, eu vou chegar ao Céu e talvez encontrar alguém lá, sobre quem vou dizer assim: “Meu Deus, essa pessoa nunca poderia estar aqui! Ela foi uma pessoa má! Prejudicou-me lá na Terra, e agora está aqui?” Ou pode ser que eu chegue ao Céu e não encontre pessoas que eu gostaria de encontrar... Será que, quando isto acontecer, não vou ter de novo uma sensação de estar presenciando um erro judicial? Não terei a decepção de ter vivido uma vida inteira confiando na justiça de Deus, pra depois ver-Lhe agindo arbitrariamente, tomando as decisões que bem quer, a Seus próprios caprichos?
É aí que vem a grande resposta. Justamente na fase de erradicação do mal, Deus não vai deixar oportunidade para que as dúvidas sobre Sua justiça se repitam, porque foram elas que deram início ao pecado. Deus é diferente de tudo e de todos. Ele preparou um tempo especial para prestar contas de cada detalhe da Sua justiça e do Seu juízo, para cada ser humano que estiver salvo.
Checando Pela Última Vez
Durante mil anos, no intervalo entre a volta de Jesus e a vida na Nova Terra, os santos estarão com Cristo no Céu, com acesso ao “grande processo judiciário”. Os que tiverem morrido fiéis ao testemunho de Jesus e à palavra de Deus, e que não tiverem adorado a besta nem a sua imagem, nem recebido a sua marca, se assentarão em tronos e lhes será dada autoridade para julgar (Apocalipse 20:4 - Adaptado).
Haveremos de julgar o mundo, os anjos e as coisas desta vida. E, quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade, mas abandonaram sua própria morada, Ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia. Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no tártaro (em trevas morais), prendendo-os em abismos tenebrosos (cadeias de escuridão) a fim de serem reservados para o juízo (1Coríntios 6:2-3; Judas 6; 2Pedro 2:4 - Adaptados).
Nessa época, teremos acesso ao banco de dados de Deus. Poderemos rever os registros e checar se os nomes dos que estarão no Céu, constam no livro memorial (Malaquias 3:16) do Senhor. Saberemos por que todos os seres humanos e anjos que se descadastraram estão perdidos. Mas veja bem: se Deus é Deus, se Ele é perfeito e justo, não teria nenhuma necessidade de prestar relatórios para nós, pobres mortais. Mas Ele nos respeita tanto, que haverá um milênio, onde o enfoque vai ser a demonstração do Seu amor no fato de que Ele presta contas da Sua própria Justiça. Por isto Ele consegue ser, ao mesmo tempo, Amor e Justiça. Resumindo os dois grandes fatores: Deus não somente é Justo, mas também presta conta disso para nós, por nos amar.
Será “Por Amor”
Este amor de Deus por Suas criaturas é tão grande, que Ele vai querer que o mal seja enfim completamente erradicado de todo o Universo, sem resquícios de dúvida sobre tal aniquilação, para que nunca mais, ninguém corra o risco de ser contaminado pelo pecado.
Portanto, depois de terminadas as fases de investigação do juízo e de instauração do inquérito, infeliz ou felizmente a hora da execução da sentença vai chegar. Jesus descerá novamente à Terra com os salvos e a Nova Jerusalém.
Quando terminarem os mil anos, acontecerá a ressurreição da condenação e todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz. Nesta segunda ressurreição, quando o restante dos mortos sair das sepulturas, Satanás será solto da sua prisão de atividades, porque agora terá novamente a quem tentar. Ele sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a areia do mar. As nações marcharão por toda a superfície da terra e cercarão o acampamento dos santos, a cidade amada, na intenção de tomá-la à força. O Senhor estará assentado em seu grande trono branco de julgamento quando a sua glória encherá a terra inteira e o céu. Porque o SENHOR Deus virá da sua morada, no céu, a fim de castigar os moradores da terra por causa dos seus pecados. Então, cada um dos condenados será executado de acordo com o que tiver feito, segundo o que estiver registrado nos livros. Um fogo descerá do céu e devorará aqueles cujos nomes não forem encontrados no livro da vida. O Diabo, que os enganava, será lançado no lago de fogo – que é a segunta morte – que arde com enxofre; eles sofrerão a morte eterna, e estarão destruídos para sempre (Isaías 6:1-3; Apocalipse 20:5-15 – NVI; Isaías 26:21 – NTLH; João 5:29 – ECA).
A Bíblia não ensina que há um inferno onde os maus ficam queimando e sendo atormentados por demônios pela eternidade. Você acha que um Deus de amor iria ser justo em fazer com que a pessoa pagasse 30 ou 80 anos de pecado nesta vida, com uma eternidade de sofrimento extremo, sem esperança de salvação? Que tipo de deus seria esse que teria prazer em um inferno infinito? Credo! Este questionamento é levantado pelo teólogo Clark Pinnock: “Será que Aquele que disse para amar os nossos inimigos pretende cultivar a vingança sobre Seus próprios inimigos por toda a eternidade?[2]”. Apresento como resposta as palavras de um outro teólogo, Oscar Cullmann, que disse que esta idéia de almas imortais “é um dos maiores equívocos do cristianismo” apostatado[3].
Deus é um Deus de amor!
Justiça, Afinal
A glória de Deus limpa o mal que está naquilo que é bom. O SENHOR cuida de todos os que o amam, mas a todos os ímpios destruirá (Salmo145:20). O mesmo fogo que consumirá de vez o pecado e todos os seus resquícios, purificará a Terra dos mesmos. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será queimada (2Pedro 3:10). Aquele que estará assentado no trono dirá: “Estou fazendo novas todas as coisas!” Então veremos novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra já terão passado; e o mar deixará de existir. Logo em seguida, vamos ver a Cidade Santa, a nova Jerusalém, descendo dos céus, da parte de Deus. Ouviremos uma forte voz que virá do trono e dirá: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou” (Apocalipse 21:1-5).
Então, pela eternidade, nesse Planeta Terra recriado, jamais haverá algo impuro, nem ninguém que pratique o que é vergonhoso ou enganoso, nenhuma pontinha de pecado, mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro (Apocalipse 21:27). Ali sim, para sempre haverá justiça...
Entretanto, a justiça deve começar aqui:
Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis. Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação. Guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam. Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém (2Pedro 3:11-14).
Cantem com George Frederick Haendel: “Aleluia! Pois o Senhor Onipotente reina”!
Um abraço,
Pr. Valdeci Jr.
Twitter: @valdeci_junior
Twitter: @valdeci_junior
[1]Extraído de http://www.espacovital.com.br/asmaisnovas22032005a.htm
[2]Clark H. Pinnock, “ The Destruction of the Finally Impenitent”, Crisswell Theological Review 4 (1990): 247.
[3]Oscar Cullmann, Immortality of the Soul or Resurrection of the Dead? The Witness do the NT (Londres: Epworth, 1964), 15.
Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
O que posso fazer, hoje, para livrar-me da condenação do juízo de Deus?
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