segunda-feira, 21 de março de 2011

Jesus Dava Testemunho de Si Mesmo?



Os versículos João 5:31 e João 8:14, parecem ser contraditórios entre si, pois em um Jesus diz que dá testemunho de si e no outro não




Se testifico acerca de mim mesmo, o meu testemunho não é válido
 (João 5:31)

Ainda que eu mesmo testemunhe em meu favor, o meu testemunho é válido, pois sei de onde vim e para onde vou. Mas vocês não sabem de onde vim nem para onde vou
 (João 8:14)
Estes dois versos, que aparentemente se contradizem, na verdade, complementam-se. Para compreendê-los, é imprescindível conhecer uma informação peculiar sobre algo que acontecia naquele contexto cultural: “os judeus exigiam mais de um testemunho para condenar ou justificar uma declaração (nota de rodapé da Bíblia Nova Versão Internacional)”.

No evangelho de João há uma preocupação em mostrar as duas naturezas reais e presentes em Jesus: sua humanidade e sua divindade. Portanto, neste enfoque de apresentar que Cristo era totalmente humano e totalmente divino ao mesmo tempo, o evangelista seleciona fatos da vida do Mestre que reforcem essa defesa. E é esta a pauta em destaque.

A discussão era sobre o fato de que Jesus não era simplesmente um ser humano. Era o Verbo, Deus, em carne e osso humanos. Para aqueles judeus que conviviam com Ele, vendo-o como um cidadão comum, era muito difícil acreditar nisso. Na formação desse debate, quem estaria certo? Um dos meios para chegar à resolução desta pergunta era a quantidade e a qualidade das pessoas que pudessem dar seu testemunho sobre um dos posicionamentos. Quem testemunharia a respeito de Cristo?

Então, em João 5:31 Jesus está querendo dizer mais ou menos assim: “Sobre minha declaração, de que o próprio Deus seja o meu Pai, para vocês, na tradição de vocês, minhas palavras não valem nada, pois vocês exigem mais de um testemunho para justificar ou condenar uma declaração; sendo assim, tenho consciência de que se apenas eu estou testificando acerca de mim mesmo, pra vocês, o meu testemunho não tem valor”.

Observe que Jesus segue colocando isto em cheque, ao longo do texto do evangelho de João, e principalmente no capítulo cinco: quem é que tem moral pra testemunhar a respeito dEle, sobre sua paternidade divina? Nos versos 33 e 34 Ele diz que até que poderiam existir testemunhas humanas ao Seu favor, mas que Ele não está preocupado com estas exigências da tradição. E nos versos seguintes ele mostra que existem outras “testemunhas” além das pessoas: a)Suas obras são suas testemunhas; b)O Pai é sua testemunha; c)As Escrituras são suas tesmunhas; d)Moisés é sua testemunha; etc.

Mas a dúvida e o debate não terminam no capítulo cinco. Como já citei acima, essa apologia permeia todo o evangelho de João. Portanto, podemos seguramente dizer que no outro verso em questão, João 8:14, o assunto está apenas continuando. E aqui Jesus deixa tudo bem claro, sem rodeios. Parafraseando: “Olha, querem saber de uma coisa? Mesmo que a tradição de vocês tenha uma exigência de que se alguém testemunhasse de si mesmo o seu testemunho não seria válido, se eu testemunhar em meu próprio favor, o meu testemunho é válido sim senhores, porque eu sei de onde vim e para onde vou. E não dá pra ser o contrário, usando um de vocês como testemunha, porque vocês não sabem de onde vim nem pra onde vou”.

Concluindo, vemos que os versos João 5:31 e 8:14 harmonizam-se. No primeiro, Jesus deixa claro que ele sabe que a princípio não há muito crédito no fato de alguém testemunhar sobre si mesmo, mas no segundo Ele diz que mesmo assim, o maior crédito que Ele tem é o Seu próprio testemunho.

Um abraço,

Twitter: @Valdeci_Junior

Pergunta Que Será Respondida Amanhã:
Se não existe uma alma fora do corpo, então como entender a expressão usada pelos escritores da Bíblia quando dizem:  “E fui levado em espírito a um certo lugar”?

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