quinta-feira, 31 de maio de 2012

ESTRELA ESTER - Ester 08-10


Veja se não é muito irônico: Ester, que tinha sido escolhida, exclusivamente por sua beleza e pela atração que ela havia exercido sobre o rei, tinha medo e insegurança que a perturbavam, mesmo ela sendo rainha. Ela não era uma princesinha com a influência do reino do “papai rei”. Quando ela passou trinta dias sem ser chamada pelo rei, não sabia mais se o rei já não tinha arrumado outra.
Ester era judia, órfã e sem lar. Ela tinha sido criada por Mardoqueu, um parente dela. Não sabemos ao certo como foi, mas ela entrou no concurso de beleza e venceu. Agora, era uma rainha que vivia tranqüila, mas só por um tempo.
De repente, ela foi informada de que o povo judeu tinha uma data marcada para ser totalmente eliminado. E agora, tinha um desesperador desafio da luta pela sobrevivência.
Mas Ester foi corajosa. Ela formulou um plano de ação e, mesmo que morresse, morreria tentando agir. Mardoqueu também deu bons conselhos, dos quais podemos tirar três princípios:
1. Nenhuma posição privilegiada jamais pode isentar alguém da responsabilidade de responder ao chamado de Deus.
2. Apesar da situação parecer perdida, Deus nunca se encontra de mãos atadas.
3. Uma oportunidade dada por Deus é um privilégio concedido a um indivíduo.
Antes da corte, Ester foi ensinada a ter confiança em Deus. E foi aí que ela decidiu jejuar. Com muita paciência, convidou o rei Assuero e o vice-regente Hamã para dois banquetes. Aproveitando o momento certo, apresentou o seu caso, não questionando a justiça do rei, mas pedindo, humildemente, por misericórdia por ela e seu povo.
Na realidade, percebemos que ela foi orientada e iluminada por Deus, conquistando o respeito e a atenção do seu marido. A resposta dele foi incumbir a própria Ester de reescrever a lei que ele tinha feito de matar os judeus. A palavra de rei não voltava atrás, mas poderia receber acréscimos, ser reformulada, etc. Foi esse gancho que Ester aproveitou e, com isso, tornou-se a heroína do povo.
Isso que aconteceu com Ester é uma lembrança da soberania de Deus. Para realizar Sua vontade, Ele usou a beleza de Ester, sua voz e inteligência. Talvez, até a atitude de respeito dela para com o marido, bem como a fé que ela, de maneira admirável, tinha destemidamente. A palavra Ester significa “estrela”. Por meio da obediência, aquela mulher tornou-se uma verdadeira estrela no reino.
Aproveite esses princípios do conselho do Mardoqueu: aceite o chamado de Deus, creia que Ele, apesar de tudo parecer contrário, estará com você e encare essas oportunidades como um privilégio para você brilhar como uma estrela para Ele.

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quarta-feira, 30 de maio de 2012

HAMÃ E MARDOQUEU - Ester 05-07


Hoje, vamos iniciar meditando em Ester 11:6: “Então Hamã apanhou o cavalo, vestiu Mardoqueu com o manto e o conduziu sobre o cavalo pelas ruas da cidade, proclamando à frente dele: ‘Isto é o que se faz ao homem que o rei tem o prazer de honrar’!”. Conhece essa história?
Com certeza, afinal, você já começou a leitura desse livro ontem. Mas prosseguindo, vamos falar de Hamã, um dos homens mais infelizes que já existiu na longa história da humanidade. A honra que ele tinha desejado e sugerido, pensando que era ele quem iria ser o contemplado, ia agora ser conferida para seu inimigo. E o pior de tudo, foi que o próprio Hamã foi obrigado a ser o mestre de cerimônias da condecoração. Difícil, não? É difícil para nós imaginarmos o ódio que ele deve ter sentido ao ter que ficar gritando: “Isto é o que se faz ao homem que o rei tem o prazer de honrar!” Já pensou?
Hamã pode ser considerado, na Bíblia, o símbolo do tipo de homem que é tão egoísta e ganancioso, a ponto de resolver conseguir êxito e reconhecimento a qualquer preço. Ele tinha sido promovido e esperava que todo mundo reconhecesse ele. Quando Mardoqueu, por princípio, não dava o reconhecimento que ele queria, Hamã ficava indignado. Foi por isso que ele não só procurou dar um jeito de punir Mardoqueu, mas também tratou de mostrar o ódio que ele tinha dele para o povo. Tudo em nome da ganância.
Mardoqueu era muito diferente: humilde, dedicado, servia bem tanto a Deus quanto ao rei sem problema nenhum. Ele teve até uma intuição profética para desafiar sua filha para uma missão! Ele enfrentava os problemas da vida numa boa, sem esquentar a cabeça e por princípios. Era um homem bom, diferente de Hamã, que caiu na própria armadilha por ser tão mau.
E sabe que não foi a única vez na história da humanidade que um homem terminou sendo enforcado na própria forca que ele armou para outra pessoa. Quantas vezes a pessoa que é cruel termina comendo o fruto amargo da crueldade dela mesmo. Quantas vezes, a gente não vê um homem que é visceralmente egoísta na vida, morrendo desolado!
É, mas nem sempre isso acontece. Muitas vezes os “Hamãs da vida” terminam enforcando os “Mardoqueus da vida” e ainda acabam com a raça deles. Mas, de modo algum, o caso é sempre esse. Não é sempre assim, porque Deus ainda se encontra atrás das sombras, vigiando os que são dEle. E no fim, os “Mardoqueus da vida” terminam recebendo a recompensa merecida.
Vale a pena ser bom!

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terça-feira, 29 de maio de 2012

ESTER, JOVEM TESTEMUNHA - Ester 01-04


Antes de fazer a leitura de hoje, quero convidá-lo para ler Ester 4:14, onde diz: “Quem sabe, se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha?”
Uma vez, em um grande congresso bíblico, num acampamento, havia milhares de jovens que tinham vindo de mais de vinte faculdades diferentes. Nesse encontro, a música tema era “Preparar o Caminho”. Diz que ninguém que estivesse presente ali poderia esquecer o entusiasmo com que aqueles jovens cantavam. Coisa bonita de se ver!
Você que é um jovem cristão, pode ser uma influência entre milhares de pessoas. Muitos jovens podem ser uma estrela brilhando num espaço de escuridão imenso. Mas, existem aqueles que não dão a mínima para esse tipo de apelo.
Mas é por isso mesmo que Deus está chamando aqueles que ouvem a voz dEle, para que se tornem instrumentos dEle. Com certeza, Ele irá abençoar muito aos que responderem esse apelo.
Uma jovem estudante que estava nesse acampamento mandou uma mensagem, falando sobre a experiência dela no acampamento. Veja que testemunho bonito: “Eu sempre tive medo de testemunhar de Jesus, mas agora, com a ajuda do Espírito Santo, vou testemunhar de todas as maneiras possíveis.” Nessa mensagem, ela contou como foi que, naquele fim de semana, encontrou uma oportunidade para fazer isso: “Mesmo aqui neste congresso cristão, já conversei com um rapaz, um estudante. Ele disse para mim que, na verdade, a religião não significava muita coisa para ele. Daí, contei para ele sobre o quanto Cristo significava para mim. Quando terminei, ele me disse assim: ‘Sabe, ninguém tinha falado comigo desse jeito antes. Você terminou me ajudando de verdade. Muito obrigado’.”
Diante disso, fico me perguntando. Qual seria o impacto que o cristianismo poderia causar se tivéssemos centenas de jovens como aquela estudante? O impacto esperança teria efeito, se a gente tivesse centenas de jovens dispostos a testemunhar de Cristo assim? Como estamos falando de estudantes, no livro chamado Educação, pág. 271, diz: “Com tal exército de obreiros como o que poderia fornecer a nossa juventude devidamente preparada, quão depressa a mensagem de um Salvador crucificado, ressuscitado e prestes a vir poderia ser levada ao mundo todo! Quão depressa poderia vir o fim – o fim do sofrimento, da tristeza e do pecado!”
Quer uma prova disso? Talvez, você já não tenha mais seus 15 anos, mas pode ter um espírito jovem. Leia a história da jovem Ester e veja o poder que o evangelho teria se mais jovens se envolvessem na pregação. Você vai ficar empolgado para testemunhar.
Procure testemunhar no dia de hoje para alguém e desfrute dessa alegria também!

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

ORAÇÃO DE NEEMIAS - Neemias 12-13


Vamos terminar de ler mais um livro da Bíblia? Nos últimos capítulos de Neemias, vemos esse homem de Deus como o grande reformador. Temos, também, a lista dos sacerdotes e levitas, a dedicação dos muros de Jerusalém e, por fim, as últimas reformas realizadas por ele. Quero, no entanto, destacar a última parte do último verso do último capítulo do seu livro. Ele merece nossa atenção porque está relacionado conosco.
Neemias conclui o livro dele com uma expressão que é bem característica da sua personalidade e que é, também, um dos traços de caráter mais proeminentes da vida e obra desse reformador: uma vida de comunhão. Neemias levou uma vida devocional constante e íntima com a Fonte de toda fortaleza e sabedoria. Suas orações foram, realmente, o segredo do sucesso dele.
Veja essa oração: “Em tua bondade, lembra-te de mim, ó meu Deus.” Vemos claramente que essa oração foi maravilhosamente respondida pelo Senhor, porque, olhando para a Bíblia como um todo, percebemos que as memórias de Neemias formam parte permanente da Palavra de Deus.
“Em tua bondade, lembra-te de mim, ó meu Deus.” É interessante porque Neemias encomenda-se a Deus para que o Senhor o recompense.
Você sabe que esse pode ser o resumo das nossas petições? Não precisamos de mais nada para ser felizes, sabia? “Lembra-te de mim, ó Deus!” É tudo!
Veja bem. Mesmo que, depois de uma vida de inesgotável atividade e utilidade, ainda venhamos enxergar 1001 motivos para nos aborrecermos e nos arrependermos, ainda podemos clamar como Neemias: “Salva-me, Deus meu, conforme a grandeza de tua misericórdia!” Assim, podemos esperar humildemente que o Senhor lembre, tanto de nós, como dos nossos serviços. Não que essas nossas obras tragam algum mérito para nós. Não! Porque, por um outro lado, a Bíblia fala que a justiça do homem é como um trapo de imundícia para Deus. Então, não é através das nossas obras, mas apesar delas. É como Neemias disse: “em tua bondade”, “conforme a grandeza da tua misericórdia”. É pela graça de Deus, sem fazer nada para merecer. Neemias tinha feito muito, mas quando pediu a atenção de Deus, não reivindicou os méritos dos feitos dele. Ele disse que clamava isso, baseado na graça de Deus.
Filipenses 4:19 diz: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus.” Percebe? Deus cuida de nós não baseado no que somos ou temos. Tudo é baseado no quanto Ele é amor.
Lindo, não acha? Faça dessa oração a sua oração também para resumir tudo da sua vida: “Em tua bondade, lembra-te de mim, ó meu Deus.”





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domingo, 27 de maio de 2012

CONTRATO NEGÓCIO FECHADO - Neemias 09-11



Você gasta quanto tempo para fazer sua leitura bíblica diária? Para lermos os capítulos propostos para o dia, dificilmente gastamos uma hora, certo? Geralmente, de 20 a 40 minutos é o tempo necessário. Mas o relato bíblico de hoje conta sobre alguns crentes que liam a Bíblia durante três horas.
Imagina, três horas! Dá para ler muita coisa! Um dia desses, levei meu carro numa loja para trocar os pneus e fazer outros reparos. Fiquei três horas esperando para o serviço ser feito. Em pouco tempo, terminei de ler o livro que havia levado e fiquei sem saber o que fazer.
Então, pedi para a atendente da loja conseguir para mim o manual do usuário dos pneus novos que eu estava colocando no carro para que pudesse ler. Pode parecer estranho, mas eu o li.
Você gosta de ler manuais? Ainda mais manual de pneu de carro, né? Mas resolvi lê-lo e saiba que foi ótimo. Nele, descobri muitas coisas que eu tinha direito por comprar aqueles pneus que eu jamais descobriria, se não tivesse lido. Descobri, também, que se o pneu furar em qualquer lugar do país, posso levá-lo numa loja autorizada da rede, que tem garantia até contra furos. Muitas vezes, por não conhecer nossos direitos, perdemos muitas coisas.
Pense: Quantos contratos já assinou sem ler todas aquelas cláusulas? E também, por não ler, muitas vezes desconhecemos nossas obrigações. Por ignorância, por causa disso, podemos até chegar a passar por situações constrangedoras.
O pior é quando isso acontece em nossa vida espiritual. No nosso relacionamento com Deus também existe um contrato de direitos e deveres, sabia? Porém, você pode falar: mas se é relacionamento, não tem contrato! Será? O casamento não é o mais profundo dos relacionamentos e amizades? Ele não é um dos principais contratos que o ser humano assume?
Agora, veja o contrato feito na leitura bíblica de hoje entre um povo que amava apaixonadamente ao Senhor e Ele os amava de forma tão incondicional. É muito mais empolgante de ler que qualquer manual de garantia de pneus – eu lhe garanto.
Você não estará só lendo. Estará cumprindo parte do contrato do mesmo jeito que eles faziam. Porque, se você observar bem, verá que aquele relacionamento bonito deles começou pela devoção pessoal e leitura bíblica. Isso está em Neemias 9. No capítulo 10, tem o acordo, propriamente dito e no 11, a recompensa, os direitos e os privilégios que o negócio fechado trouxe.
Negócio fechado, e você desfrutará de muitas bênçãos de Deus, como aqueles judeus. No final, o mais feliz com isso tudo e o que será mais beneficiado será você.

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sábado, 26 de maio de 2012

QUEM FOI NEEMIAS - Neemias 05-08


Quero que você saiba que é muito, mas muito importante para nós e muito mais importante ainda para Deus. Gosto de repetir isso sempre porque Deus ama muito os filhos dEle. E, afinal, todo mundo tem alguma virtude e/ou qualidades especiais, não é mesmo?
Falando da nossa leitura, estamos estudando sobre uma pessoa muito especial: Neemias. Ontem, quando começamos a estudar seu livro, procurei dar uma introdução geral ao livro para tentar ajudar você a entender melhor o contexto daquilo que você estudará nesses dias e, hoje, quero falar mias sobre a pessoa de Neemias.
A palavra Neemias significa “a consolação de Jeová”. Quer dizer que o Senhor consola. Na realidade, quando vemos tantas pessoas de má índole no meio do povo e olhamos para Neemias, nos dá um consolo, porque Neemias foi um homem muito bom. Ou seja, ele tinha muitas características boas na personalidade dele como um estadista patriota. Sobre seu patriotismo, você já pode encontrar nos primeiros quatro versículos do livro Neemias, mas têm mais qualidades.
Nos capítulos 1:5-11; 4:4-5 e 9, você poderá ver que Neemias era, também, um homem de muita devoção. A fé dele está mais claramente expressa nas palavras de Neemias 2:20 e 4:14. Já no capítulo 4:20 e 6:10-11, a característica de Neemias que pode ser vista é que ele era um homem de valor.
Diligência! Essa era uma grande virtude desse homem. Veja em Neemias 4:21-23 e 6:3.
Agora, se quiser encontrar um homem que tinha habilidade para coordenar, leia Neemias 4:13-20. Por fim, mais duas características de Neemias eram: firmeza no direito (Neemias 13: 11, 17 e 25) e reformador zeloso (Neemias 5; 13:15 a 31).
São muitas qualidades, não? Resumindo: Neemias era um homem de patriotismo, de devoção, de fé, de valor, de diligência, de habilidade para coordenar, de firmeza no direito e de zelo na reforma. Inspirador, você não acha?
Mas a inspiração que quero trazer, é motivar você a fazer uma lista das suas qualidades. Quais são as suas virtudes? Você tem consciência delas? Então, identifique-as e entregue-as para Jesus. Muitas vezes, Satanás procura colocar em nossa mente o pensamento de que somos pequenos, insuficientes, incapazes para realizar o trabalho de Deus. Mas isso não é verdade. Se rogarmos sabedoria e capacitação a Deus, Ele nos encherá de dons especiais (Tiago 1:5). Descubra quais são seus dons e, em oração, deponha todas as suas qualidades no altar do Senhor, para Ele usá-las, do jeito dEle.
Ilumine a vida das pessoas que cercam você através dos seus dons e talentos.



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sexta-feira, 25 de maio de 2012

INTRODUÇÃO A NEEMIAS - Neemias 01-04


Vamos avançando no plano de ler a Bíblia. Hoje, iniciamos a leitura do livro de Neemias. Nele, encontramos uma coisa curiosa: nos manuscritos hebraicos, o livro de Esdras e Neemias aparecem juntos. Na realidade, esses dois livros, no original, são um livro só. Por isso aparecem um ao lado do outro na nossa Bíblia em português.
Jerônimo foi o primeiro a separar os livros de Esdras e Neemias. Apesar de que, provavelmente esse livro tenha sido uma compilação de Esdras, é muito provável, também, que Neemias tenha participação nessa autoria. De qualquer forma, ao começarmos a ler o livro de Neemias, estamos apenas dando seqüência aos mesmos assuntos que já vínhamos estudando: a reconstrução dos muros de Jerusalém, a repetição de certas leis divinas e a restauração das ordenanças antigas.
Além do livro de Ester, esses dois livros são os únicos que foram escritos depois do tempo que os judeus sofreram o exílio em Babilônia. Portanto, são muito importantes para nos dar informações quando queremos tentar reconstruir a história dos judeus nesse período.
Como o livro de Neemias é histórico, ele conta sobre o plano de Deus na restauração dos judeus. Então, é através dessa parte da Bíblia que vemos como foi dada - para os judeus daquela época - uma outra oportunidade para que pudessem cooperar com os propósitos eternos e demonstrar o direito que eles tinham de existir como nação.
Mas a parte mais interessante do livro é que Neemias mostra como realmente as profecias de Isaías e Jeremias, que foram escritas bem antes, terminaram se cumprindo. Esse é um material documentário de muito valor. Para os estudiosos mais aprofundados, isso termina chamando a atenção para o fato de que as profecias de Daniel 8-9 estão claramente ligadas a fatos históricos reais, comprovados pela ciência chamada história. Falando dos detalhes, o livro de Neemias é um dos grandes documentos que ajudam os estudiosos a perceber que a Bíblia tem razão naquilo que conta de história.
Porém, muito mais que isso, na prática, na nossa devoção de cada cristão, tanto no livro de Esdras quanto de Neemias, podemos ver muitos exemplos instrutivos que ilustram um fenômeno interessante que pode acontecer no meio do povo de Deus. Neemias mostra como poucas pessoas podem fazer grandes coisas para Deus quando são guiadas por dirigentes piedosos, sinceros, abnegados, mas, ao mesmo tempo, intrépidos e determinados. Verdadeiros líderes nas mãos de Deus podem levar pouca gente a realizar grandes feitos.
Uma boa parte do conteúdo do livro de Neemias edifica e fortalece muito a nossa fé para passarmos a olhar para Deus de uma forma infalível.
Estude Neemias!

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quinta-feira, 24 de maio de 2012

FIQUE NA LINHA - Esdras 07-10


“Você já imaginou o que aconteceria se tratássemos nossa Bíblia do jeito que tratamos nosso celular?” Essa é a pergunta que está numa mensagem de e-mail que recebi. É um texto muito interessante que nos faz refletir. Na referida mensagem, o autor nos leva a pensar em como temos amado mais as coisas seculares que as espirituais.
O texto faz uma série de questionamentos: Já imaginou o que aconteceria se tratássemos a Bíblia do jeito que tratamos o celular? Já pensou se carregássemos sempre a Bíblia no bolso ou na bolsa? Se déssemos uma olhada nela várias vezes ao dia? E se, sempre que esquecêssemos nossa Bíblia pessoal no carro, em casa ou no escritório, voltássemos para pegá-la? E se usássemos a Bíblia diariamente para enviar mensagens aos nossos amigos?
O que mais fazemos com o celular? Ah, se tratássemos a Bíblia de um jeito como se não pudéssemos viver sem ela! É assim que fazemos com o celular, não é? E se fizéssemos isso com a Bíblia? Já pensou se déssemos a Bíblia de presente para nossas crianças e as educássemos a sempre carregar sua Bíblia por onde fossem, principalmente, para a escola? E se usássemos a Bíblia quando viajamos? Para quê? Por costume, por apego, para entretenimento e nos casos emergência! Não é para isso que o celular serve? Que tal se lançássemos mão da Bíblia, inclusive, nos casos de emergência?
E tem mais. O celular pode ficar sem sinal, a Bíblia não. Ela “pega” em qualquer lugar e não fica sem crédito! Para os usuários dela, não é preciso se preocupar com a falta de crédito, porque Jesus já pagou a conta e os créditos não têm fim. Amém! Por isso, também não tem conta no final do mês. Há mais duas vantagens da Bíblia, em relação ao celular. No celular, a ligação pode cair a qualquer momento e a bateria também acaba. Com a Bíblia, a ligação não cai e a carga da bateria é para a vida inteira.
E então? “Você Já imaginou o que aconteceria se tratássemos nossa Bíblia do jeito que tratamos nosso celular?” A vida seria muito diferente...
Estou falando isso porque a leitura de hoje nos mostra um homem que tratava a Bíblia assim. Se você prestar atenção, perceberá que o sucesso que Esdras teve era devido à maneira como ele tratava as Escrituras Sagradas. Leia, por exemplo, Esdras 7:6-10.
É por isso que não canso em fazer o comentário diário para apelar para que você fique por dentro da Bíblia. Busque ao Senhor enquanto é possível achá-lo! Valorize Sua Palavra e fique na linha!
Seja feliz!

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

SER CRISTÃO SEM FREQUENTAR A IGREJA


Posso dizer que sou um cristão adventista, se não vou à igreja?


Realmente, uma das grandes tendências doentias hoje é que, mesmo dentro da igreja, haja o individualismo.



Mas vou deixar que um dos teólogos mais ouvidos e respeitados em todo o mundo, responda. 

Russell Burrill explica que

o duro individualismo... faz com que os [cristãos] pensem que podem servir a Deus separados de qualquer ligação com a comunidade de fiéis. Tal pensamento é absolutamente estrangeiro ao pensamento dos cristãos do primeiro século.
Este envolvimento em uma comunidade de crentes [é] o que a maioria dos cristãos precisa desesperadamente nos dias de hoje. Ao invés de uma opção para os cristãos... seria impossível ser um cristão do Novo Testamento e não estar envolvido na comunidade. Cristãos isolados não são cristãos, mesmo que seus nomes estejam nos livros das nossas igrejas. Comunidade não é obtida ao tornar-se membro, mas também não é obtida sem tornar-se membros. Comunidades cuidadosas onde as pessoas verdadeiramente ministram uns aos outros são a base em que toda missão real pode acontecer nas igrejas adventistas.
As igrejas adventistas modernas tornaram-se muito dependentes dos pastores que, em grande parte das igrejas, sem ele nenhum ministério é possível. Como resultado, os adventistas possuem um clero frustrado e esgotado. Os desafios de pastorear não serão resolvidos se pedirmos para que os pastores tornem-se mais qualificados em mais áreas. Carl George descreveu a necessidade da maioria das igrejas:
Mostre-me uma igreja grande e centralizada no pastor e eu lhe mostrarei uma equipe de clero cansada. Mostre-me uma igreja grande, dirigida por leigos, organizada de maneira simples onde o clero não está exausto por estar trabalhando demais, e eu lhe mostrarei uma igreja não irá parar de crescer, pois serão capazes de cuidar muito bem ao chamar Deus a uma nova vida através disso.
A essência do pecado é a tentativa de viver separado da comunidade, isolado uns dos outros.
Os adventistas com freqüência proclamam que Deus quer restaurar a humanidade a Sua imagem. Se for assim, então, no coração do adventismo deve haver o desejo de restaurar as comunidades quebradas em comunidades que reflitam a imagem divina.

É por isso que me apego, com unhas e dentes, ao conselho bíblico:

“Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia”.

Como tarefa de casa, recomendo-lhe a leitura de Hebreus 10:19-39. Duvido que, ao ler atentamente este texto, você não seja impactado.

Um abraço do pastor que muito quer ver você na congregação de crentes que estará no Céu,


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Fonte: O texto de Russell Burrill colocado em itálico, acima, foi extraído de Recuperando uma Abordagem Adventista á Vida e Missão da Igreja Local, páginas 69-73.

VINTE E TRÊS DE MAIO - Esdras 04-06


23 de maio: isso lembra alguma coisa? Para quem vive em São Paulo, capital, acredito que sim. Quem não lembra da Avenida Vinte e Três de Maio? Eu já havia dirigido muito naquela avenida e não sabia por que esse era seu nome.  Tenho certeza de que têm muitos cristãos que já “trafegaram” para lá e para cá nas folhas da Bíblia e não sabem o que tem na leitura bíblica de hoje. O endereço da leitura de 23 de maio é Esdras 4-6.
Voltando à São Paulo, o curioso dessa capital é que não existe nenhum endereço comercial ou residencial que se localize nessa avenida. Interessante, né? Porque ela é uma das avenidas mais movimentadas desse município. Na realidade, é o principal corredor que liga os bairros da subprefeitura da Vila Mariana à região central da cidade.
Mas não existe nenhum endereço nessa avenida porque, como ela foi construída por cima de onde existia o antigo córrego Itororó, que foi canalizado, ela foi construída como uma via expressa de uma ponta à outra. Então, nas margens dela, o que existe são barreiras de contenção. Os domicílios que estão aparentemente na margem, na realidade, pertencem sempre a algum logradouro que fica paralelo às barreiras de contenção da “Vinte e Três de Maio”, mas não pertencem a ela. Essa é uma obra curiosa!
Nossa leitura de hoje também fala de uma obra de construção, em uma grande cidade capital, reconhecida mundialmente chamada Jerusalém. Dentre os construtores daquela obra, muitos não tinham endereço e morada fixa. Eles estavam chegando do exílio no qual eles tinham estado: na Babilônia.
Uma construção de obra pública realizada por servidores públicos e coordenada pelas autoridades sempre é algo importante, concorda? Por isso, essa avenida, uma das maiores da capital paulista, recebeu esse nome memorável, porque ele relembra o dia em que quatro estudantes, dois da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e dois da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, que foram Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo caíram como vítimas marcantes da revolução de 1932 e tombaram num conflito. Portanto, essa data, para quem é paulistano, relembra força, voluntariado, amor à sociedade, sangue, martírio, heroísmo e honra.
Fiquei impressionado em ver que na leitura bíblica de hoje tem tudo isso também. É uma descrição de uma obra pública, feita pelo povo e coordenada pelas autoridades, que traz os significados da força, voluntariado, amor social, sangue, heroísmo e honra. Uma ocasião especial para ser lembrada, por isso foi renovada a Páscoa.
Agora, leia esse texto e descubra que significado ele terá para sua vida, hoje, 23 de maio.



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segunda-feira, 21 de maio de 2012

O LIVRO DE ESDRAS - Esdras 01-03


Vamos seguindo avante na leitura da Bíblia. Hoje, iniciamos o livro de Esdras. E vai ser rápido para lê-lo, pois levaremos apenas três dias. Mas vejamos algumas curiosidades interessantes desse livro.
Quem editou o livro de Esdras foi ele mesmo. Esdras era de uma descendência sacerdotal. Quando chegou a época que o reino de Judá foi dominado por Babilônia, esse autor foi exilado para lá também. Os principais temas que encontrados no livro são: O regresso dos judeus do cativeiro na Babilônia, a reconstrução do Templo e o início das reformas religiosas que aconteceram naquela sociedade.
A mensagem espiritual bonita que encontraremos nesse livro é o poder da Palavra de Deus na vida humana. E quando se diz o termo “palavra de Deus” em Esdras, quer dizer que é a Lei ou o Livro de Moisés.  Pode ser, também, os mandamentos e a Lei do Senhor. Ou seja, era o que já existia da Bíblia naquela época.
Se fizermos uma divisão do livro de Esdras em pedaços menores (temas já mencionados), para o entendermos melhor, podemos dividi-lo em três partes.
1. O regresso da primeira colônia de judeus retornando da Babilônia. Foi liderado por Zorobabel e autorizado pelo rei Ciro. Existe até uma lista com o nome dos remanescentes que voltaram: os sacerdotes, levitas, descendentes dos servos de Salomão, as possessões deles e as ofertas. É uma lista contendo muitos detalhes.
2. Construções do povo. Eles construíram um altar e estabeleceram um culto. Começaram os alicerces para a construção do Templo e assim veio um grande problema. O povo, que estava morando na terra, quis ajudar na obra da construção, porém os construtores rejeitaram a oferta. Aquilo causou uma oposição violenta, e a obra paralisou. Ela só voltou a ser reiniciada muito tempo depois por causa de um decreto de Dario. Ainda assim, conseguiram terminar o templo e dedicá-lo com toda a observância dos ritos antigos.
3. Regresso da segunda colônia. Estava sob a direção de Esdras e autorizado pelo rei Artaxerxes. Neste relato, temos a correção dos males sociais realizada por Esdras e sua obra literária e religiosa.
O que destaco é que Esdras associou-se com Neemias para iniciar um reavivamento espiritual pelo estudo das Escrituras. Grande Esdras! Com essa atitude, ele tornou-se o criador do sistema das sinagogas, judaicas.
Você também quer fazer uma coisa grandiosa assim para Deus? Então comece estudando, na Bíblia, o livro de Esdras. Descubra uma maneira criativa de engrandecer o nome de Deus ainda mais com aquilo que você vive e pratica. Talvez não seja algo tão grandioso, mas independentemente disso, faça de coração. Sucesso hoje e sempre!

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MAIS NÚMEROS - Em Direção ao Crescimento


Uma Explicação Sobre As Postagens Anteriores Acerca dos Usos Eclesiásticos Dos Números

Há alguns dias, coloquei uma postagem breve fazendo alguns comentários sobre a questão de lidar com números nos procedimentos eclesiásticos. Houve reação, não por comentário de blog, o qual eu responderia, o que me levou a uma segunda postagem. Houve mais reações, e, para não escandalizar os mais fracos, que não têm tanta amplitude de compreensão do contexto que originava tais reflexões, deixei as postagens em off por alguns dias. E agora, estou voltando a comentar sobre o assunto, de uma forma ainda resumida, mas um pouco mais explicada, aqui nesta postagem, de maneira que o leitor poderá entender melhor o que eu estava a pensar e dizer. As postagens sobre as quais me refiro podem ser lidas clicando aqui, e aqui.

Um grande pastor amigo, o qual muito estimo e aprecio, e do qual tenho muita consideração sobre seus conselhos, enviou-me, por um email intitulado “Frutos na vida do pastor”, duas citações do espírito de profecia que esclarecem todas as dúvidas. Digo dúvidas, porque quando um pastor diz sobre os números como eu dissera, talvez alguém que não conhece todo o contexto pode interpretar tal pastor como alguém que está se eximindo de seu dever ministerial. E para percebermos que este não é o caso, analisemos as duas citações que terminam de explicar o que eu começara a dizer naquelas duas postagens anteriores sobre números.

“Frutos na vida do pastor”

“A conversão dos pecadores por meio da verdade é a mais forte prova, para um pastor, de que Deus o chamou para o ministério. A evidência de seu apostolado está escrita no coração desses conversos... Um pastor é grandemente fortalecido por esses sinais de seu ministério.” (Ellen White, Atos dos Apóstolos. 328)

“Aos que chama para a obra do ministério, o Senhor dará tato e habilidade e entendimento. Se depois de trabalhar por doze meses... um homem não tem frutos a apresentar por seus esforços, se as pessoas por quem ele trabalhou não foram beneficiadas, se não elevou a norma em lugares novos e não há almas convertidas por seus esforços, esse homem deve humilhar o coração diante de Deus, e buscar compreender se não se enganou em sua vocação. O ordenado pago pela associação deve ser dado aos que mostram o fruto por seu trabalho. A obra de uma pessoa que reconhece a Deus como sua eficiência, que tem verdadeira concepção do valor de almas, e a própria alma cheia do amor de Cristo, será frutífera.” (Ellen White,Manuscrito 26, 1905; Evangelismo 867).

Note, que nestas duas citações, nas quais a autora fala muito clara e abertamente sobre o dever do pastor, em momento algum ela enfatiza a busca pelo alcance de determinados números, nem mesmo número de pessoas. Percebe? Nestas citações, onde está a ênfase nos números? Em lugar nenhum. Se quiséssemos forçar estas citações fazendo-as dizer que frutos/conversões/benefícios às pessoas/  fossem iguais a contagens numéricas, então, baseados nas mesmas citações, poderíamos chegar ao fim do ano tendo batizado uma pessoa e crescido um por cento em dízimos e estar contentes, porque poderíamos chamar isso de frutos e/ou conversão números, uma vez que “1” também é número, e ela teria falado de números sem estipular exatamente as percentagens ou os algarismos. Pois, a valorização aos números é, também, relativa.

Por outro lado, estas citações não falam em trazer alguém para a igreja, ou batizar alguém. Tal “conversão” citada no texto talvez possa ser também interpretada como as conversões internas, dentro da igreja. Note que, quando fala de frutos, a citação não fala de batismos e/ou dízimos, mas sim de benefícios a pessoas, conversão (que deve ser diária e para sempre na vida do crente) e valorização das pessoas. Lógico, teologicamente falando, frutos seriam virtudes(Gálatas 5:22) e não números de prosélitos.

Ainda falando sobre o trabalho do pastor, a mesma autora comenta que “ao trabalhar em lugares em que já se encontram alguns na fé, no começo [talvez nos três primeiros anos, de um tempo de ministério que seria o ideal recomendável: de 6 a 8 anos em um só lugar] o pastor não deve buscar tanto converter os incrédulos quanto treinar os membros da igreja para prestarem cooperação proveitosa (Obreiros Evangélicos, 196)”. Como interpretar citações de uma mesma autora, as quais, dependendo das interpretações que a elas déssemos, pareceriam contradizer-se? O levante de tais questionamentos serve para se ter uma idéia de que é possível defender quase que qualquer idéia com textos bíblicos ou do espírito de profecia. Por isso, é preciso cuidar com o que pode ser visto nos seguintes links: http://www.youtube.com/watch?v=c8YROwo9A_g ; http://pt.scribd.com/doc/66084171/Como-Ler-Ellen-White . Se existe um livro que é de leitura indispensável para qualquer pessoa que queira usar as orientações do espírito de profecia é a obra  “Como Interpretar Ellen White no Século XXI”, de George Knight. Tenho recomendado-o muito, ultimamente. Ou seja, existem parâmetros para a correta hermenêutica, quanto aos textos whitianos.

Uma vez, quando eu estava trocando umas idéias com o então diretor do Centro de Pesquisas Ellen White do Unasp Campus 2, exatamente sobre este assunto, ele me fez a seguinte orientação (por email, o qual o tenho guardado):

...Ellen White nao fez afirmações sistemáticas sobre a importância dos números e alvos de batismos. Porém, ela sempre incentivou a liderança da IASD a estabelecer um sistema e administração que pudesse motivar ministros e servidores da IASD a trabalharem de tal maneira que pudessem ter objetivos definidos de modo que a tarefa por eles realizada fosse feita de modo organizado (ordem – 1ª lei do céu). Nesse sentido, os alvos de batismos, relatórios, etc., são apenas meios e não fim em si mesmos para servirem como balizas ou bússolas norteadoras para que tanto ministros (pastores e administradores) possam obter uma visão organizada quanto a forma (metodologia) que estão aplicando em seu labor a fim de obterem um desempenho mais eficaz na pregação do evangelho eterno em Cristo Jesus. O grande aspecto a ser destacado e que muitos ministros não conseguem conviver com esta realidade pois sentem-se sufocados pelas constantes cobranças que são estipuladas pelos lideres de seus campos. Entretanto...  o foco de um verdadeiro ministro do evangelho deve ser aquele deixado por Cristo Jesus, o qual entregou-se a Si mesmo por todos nos, andando, ensinando, pregando e acima de tudo amando a todos que Lhe foram confiados por Deus...[sic]

Ou seja, o equilíbrio estará sempre no fato de que alvos e relatórios são bons dignos de ser usados por nós, se os consideramos secundários e de menor importância.

Então, Destruiremos os Números?

Não! O autor Moisés ficaria muito triste! Costumo dizer que, como sou apaixonado por Letras, para mim, todos os números são apenas primos. Mas, por favor, não matem os meus primos! Sobre os números, não tenho nada contra eles. Simplesmente não os tenho como foco ou parâmetro para meu trabalho, pois o ministério é muito mais abstrato do que empírico. Não é neles que ponho minhas esperanças, nem vocacional, nem pessoal, nem ministerial, nem profissional. Não concordo com o uso simplório dos números para medir um suposto sucesso ministerial. Jamais! Senão, terei que condenar Noé, que pregou 120 anos e conseguiu apenas 7 pessoas, e desbancar Deus de sua cadeira ministerial pois, no final de Sua luta redentiva, terá perdido a maioria para as fileiras do inferno, deixando o suposto sucesso ministerial para o Diabo (e assim, poderíamos ficar horas digitando vários outros exemplos bíblicos e/ou históricos que defenderiam tal linha argumentativa).

Números até que tem uma utilidade: dizer o que aconteceu (e dizer é diferente de julgar). Servem como um mero pálido indicador remoto que sempre deverá ser visto como passível de possível falha avaliativa. Os números não são o problema. O problema são as maneiras erradas de se usar os números. Abaixo, coloco algumas destas maneiras doentias de lidar com os números nos procedimentos da igreja, apenas como exemplo de muitas outras.

1)Tentar fazer com que limitados relatórios digam o que eles não têm a capacidade de dizer. É usar a imaginação para fazer interpretações diversas e criativas a partir de simplórias consultas quantitativas e restritivas numa tentativa sem parâmetros de torná-las qualitativas.
2) Comparar contextos, pessoas e ministérios diferentes com base em números que forçosamente tentaria enfiá-los numa bitola injusta.
3) Valorizar ou desvalorizar um trabalho que deveria ser observado por uma quantidade infinitamente mais ampla de critérios que aí são substituídos apenas por um jeito mais fácil e simplório de buscar qualquer justificativa criada mas que não se sustenta a longo prazo.
4) Imaginar que os números devem representar ou nortear o trabalho do Espírito Santo, a vontade de Deus, a intervenção do mal e o livre arbítrio humano.
5) Ter os números como o obcecado parâmetro norteador de um trabalho que não é limitado a tais mensurações.
6) Usar os relatórios numéricos para auto-promoção pessoal-profissional ou auto-promoção de um grupo em relação a outros (sejam estes outros paralelos, ou supostos “superiores”).
7) Perseguir o alcance aos números (inclusive, números de pessoas, com a escusa de que o interesse seria por pessoas) para não ser mal visto em seu trabalho ou em sua carreira.
8) Premiar ou louvar ou ovacionar ou aplaudir um pastor, evangelista, ancião, tesoureiro como suposto “campeão” porque alcançou determinado número maior de dízimos ou batismos ou percentual maior de relatório de suposto crescimento medido por critérios limitados que não avaliam o todo (e é impossível avaliar o todo). Esta é uma das práticas mais repugnantes que já aconteceu na história de diferentes denominações cristãs. Mas, graças a Deus, a maioria das administrações dos campos das igrejas não a pratica mais. E os que ainda a praticam o fazem com uma ênfase cada vez menor, na consciência de que isso é algo obsoleto e inútil e não-benéfico que, à medida que for sendo possível moldar a cultura com a inserção de novos parâmetros, deverá ir sendo substituído por maneiras mais nobres, ainda nesta geração.
9) Achar que o sucesso ou fracasso do trabalho ministerial de alguém ou de algum grupo poderiam ser medidos pelos relatórios numéricos que temos.
10) Efetuar procedimentos errados, de forma consciente, sem levar em consideração as conseqüências de tais erros, simplesmente por ter um número a alcançar. Os fins não justificam os meios. Fazer a coisa certa do jeito errado é fazer errado. Logo, sacrificar coisas mais nobres do ministério para apresentar um suposto sucesso ministerial não é compensador.
11) Imaginar que a “festa no Céu” pelo que fazemos acontecer na Terra seja baseada em quantidades.

Ao lembrar-me destes exemplos de maneiras doentias de lidar-se com números nos ministérios leigo e pastoral, não estou fazendo uma tentativa de identificar por quem e onde talvez estes procedimentos estariam acontecendo. Os números, a gente olha pra eles, diz um “ânrrã”, e bola pra frente. Alvos que não sejam doentios são necessários. No livro “Rumo ao Futuro, Como Liderar a Igreja do Século XXI” Jere D. Patzer dá algumas boas dicas sobre como estabelecer-se alvos de uma forma equilibrada. Como esta pauta nele torna-se extensa, aqui, apenas recomendo-lhe a leitura do mesmo.

Mas a Lição da Escola Sabatina da semana passada trouxe uns comentários interessantes sobre como lidar com alvos de forma sadia:

Alvos realistas têm quatro características:
1. Acessíveis. As finanças desempenham um papel importante em muitas estratégias da igreja. Considere os custos com publicidade, transporte, materiais, correspondências, aluguel de espaço, alimentação, etc.
2. Realizáveis. Os alvos são atingíveis? Temos dinheiro, tempo, apoio, instalações e pessoal para alcançar os resultados? É melhor começar com um projeto pequeno e desenvolver um projeto maior, à medida que outros se unem à equipe, ao mesmo tempo em que é dado apoio a outras áreas importantes.
3. Sustentáveis. Se um ministério de evangelismo é bem-sucedido, vale a pena repeti-lo. Pode ser que seu ministério seja parte de uma estratégia permanente. Nesse caso, é preciso olhar para a frente, a fim de organizar o que for necessário para sustentar esse ministério.
4. Sujeitos à avaliação. Tenha certeza de que são avaliados continuamente todos os aspectos do ministério, equipe, finanças, treinamento, resultados, etc. Devem ser estabelecidos e respeitados períodos de avaliação definidos e regulares. Examine a forma pela qual esse empreendimento contribuiu para o evangelismo geral da igreja.

É importante sabermos quantas pessoas temos e quanto de dinheiro temos, para sabermos como iremos atendê-las.


Na Bíblia, encontramos relatos históricos (não-normativos; não-avaliativos) onde números são citados. Todavia, não existe uma única passagem bíblica nem exemplificando nem normatizando, sobre estratégia de trabalho ministerial, de discipulado, de evangelização, de pregação ou de apostolado focado em alvos numéricos. Onde, na Bíblia, existiria uma comissão evangélica que em seus critérios de planejamento teria usado números ou percentuais numéricos para tê-los como parâmetros ao estabelecer-se? É por isso que gosto da oração do meu presidente de campo, o pastor Otimar Gonçalves, quando ele faz questão de interceder por toda a população da cidade, da comunidade, do estado, etc. e não meramente por um alvo limitadamente estabelecido. Meu amor por Deus e pelas pessoas que queremos salvar é grande demais para limitar-se a conter ínfimas contagens almejadas ou alcançadas, pois é nEle que me espelho. Deus não quer alcançar um determinado número de pessoas; Ele quer alcançar a todos. Deste todo, o número que irá aceitar ou rejeitar, fica fora do controle até do próprio Deus, que Se limita a respeitar as diferenças e o livre-arbítrio de cada um. E se Ele não controla isso, quem sou eu pra controlar (falando tanto da multidão que salvaremos, quanto da multidão que perderemos)?

Por isso, não podemos julgar as pessoas quando as virmos usando números e relatórios, pois não temos como ver os motivos e objetivos contidos no seu coração, que podem ser equivocados ou corretos.

Concluindo, isso é uma pontinha do todo do que penso (minha opinião pessoal; mas que ao mesmo tempo não se desarmoniza de nada que a inspiração ou a igreja já escreveram oficialmente sobre tal pauta) sobre o uso dos números nos ministérios pastoral e leigo. Mas consigo conviver, numa boa, com as pessoas que escolhem pensar diferentemente, sem julgá-las ou avaliá-las. Afinal, mesmo dentro do adventismo, este não é o único assunto teológico sobre o qual temos diferentes linhas de pensamento. Este não é o único assunto polêmico (a lembrar-se de “quem são os 14400?”; “masturbação”; “ressurreição especial”; “batismo do Espírito Santo nos eventos finais, individual ou coletivo?”; “Música”; “Bater palmas na igreja”; “Beber coca-cola, cerveja sem álcool, etc.”; “Ir a cinema”; “O que aconteceu com a filha de Jefté”; “Jóias”; “Se Atum tem escamas, ou não”; “O que significa o termo ‘o mar já não existe’ de Ap. 21”; “a interpretação de ‘sinal’ e ‘sinais’ em Mateus 24”; “se a pregação do evangelho seria realmente o sinal dependente da ação da igreja para que então Jesus voltasse”; “divórcio e segundo casamento”; “o que fazer com quem namora com quem não é da igreja”; “o que é pornéia e até onde a tal pornéia se validaria como adultério ou fornicação que justificaria divórcio, disciplina eclesiástica e novo casamento”; “a constelação de Órion”; etc.) com o qual convivemos. Todas estas pautas entre os parênteses da oração anterior são matérias para as quais vamos encontrar teólogos adventistas reconhecidos pela igreja, ao mesmo tempo, com diferentes linhas de pensamento e ainda harmonizando-se nos outros pontos de pensamento que são mais doutrinários do que especulativos. Logo, não serão estas diferenças que irão tirar-nos do foco maior que é, em primeiro lugar, vivermos o cristianismo e, em seguida, transmiti-lo aos semelhantes.

Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor
Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus.
Atos 20:24.

Lembrando do sacerdócio de todos os crentes, desejo que Deus abençoe, ricamente, o seu ministério,

Um abraço,

Twitter: @Valdeci_Junior

Leia também um artigo de Érico Tadeu Xavier: O Crescimento da Igreja Através dos Séculos.

SALVAÇÃO LÁ FORA - 2Crônicas 34-36


Qual é a sua panelinha? Você entende o que estou dizendo, não é mesmo? Qual é o seu grupo de amigos? Onde você freqüenta? Acha que isso faz alguma diferença?
A igreja também é um grupo social onde, ao freqüentar, nos identificamos com as pessoas. Em 2006, a equipe da minha igreja estava preparando o bairro onde a igreja está localizada para receber uma campanha evangelística. E nós estávamos fazendo uma pesquisa de campo. Ao fazer a pesquisa na rua em que estava trabalhando, cheguei à frente de uma igreja, uma denominação que diz acreditar no evangelho e em Jesus. Como eu também acredito, já cheguei chamando as pessoas dali de irmãos.
Foi interessante... Só bastou isso para que aqueles crentes cruzassem os braços na hora de me cumprimentar. Mas não desisti, porque talvez eles não estivessem entendendo que eu também era evangélico e pensassem que eu estivesse os agredindo. Então me identifiquei, falando que era de uma igreja irmã vizinha, ali da região e que, como eles, estava pregando o evangelho.
Isso foi pior! Olharam-me com superioridade. Trataram-me com perguntas frias e grossas. Fizeram-me sentir como se eles fossem os deuses, os donos da verdade, e eu, o pior dos hereges. Você já imagina o que fiz, né? Não demorei muito ali, dei o meu recado e voltei para minha igreja.
Saí dali pensando: tudo bem, mas e se eu fosse mesmo um herege, um ímpio, ou o pior dos pecadores, como esses crentes iriam me resgatar para Cristo? Isso é uma atitude cristã: fincar a bandeira de uma igreja como donos da verdade, e quem não aceita essa verdade está perdido? Isso é loucura!
Todos nós, cristãos, corremos o risco de ter implicações separatistas e exclusivistas de uma denominação para outra. Isso é um pecado. Em todas as igrejas, há pessoas que estão sendo sinceras no que crêem e fazem e estão salvas em Jesus. Há pessoas problemáticas, também, que precisam sentir nosso abraço cristão que, com amor incondicional, transmita a graça de Deus.
Quando lemos a história dos hebreus antigos, vemos que eles eram tão exclusivistas que parece até que Deus só estava com eles, e todas as outras nações antigas estavam perdidas.
Engano! No final da leitura de hoje, em 2Crônicas 36, diz que o Senhor tocou no coração de Ciro, rei da Pérsia, para que ele fosse um proclamador e instrumento nas mãos de Deus.
Mas a Pérsia não era uma nação pagã? E o rei da Pérsia tinha a missão de Deus no coração? Essa é uma grande lição para não sermos exclusivistas, achando que só nós temos a salvação.

Twitter: @Valdeci_Junior
e
Fátima Silva

domingo, 20 de maio de 2012

Igreja Pentecostal do Movimento Adventista do Sétimo Dia


“O Fenômeno Religioso na Cidade” não é somente o nome de uma matéria do mestrado em Missão Urbana no seminário teológico. É também uma realidade impossível de ser despercebida. O professor Érico Tadeu Xavier pediu que cada aluno seu pesquisasse sobre algum movimento religioso que não fosse parte das igrejas históricas, mas que fosse, de preferência, um movimento herético, uma seita, um grupo independente, uma nova comunidade ou algum outro fenômeno atual dentro de alguma religiosidade urbana. Em minhas pesquisas de campo, procurando por pentecostais ex-adventistas, eu já havia conhecido uma denominação cristã que não chega a ser um fenômeno no sentido de grandiosidade, mas que é um fenômeno no sentido de ser um fato raro. Você conhece a Igreja Pentecostal do Movimento Adventista do Sétimo Dia?
Na manhã do dia 30 de março de 2012, a pastora Marli, como é assim conhecida, concedeu várias informações e respostas às perguntas elaboradas por mim e feitas à pastora pela jovem Poliana Peixoto. Em meu arquivo, guardo o documento original, em formato digital, das perguntas e respostas. Nesta matéria, faço uma apresentação da Igreja Pentecostal do Movimento Adventista do Sétimo Dia (IPMASD) baseada nas informações colhidas por Poliana e em outras informações que pessoalmente busquei visitando alguns cultos e entrevistando, por telefone, no dia 17 de maio de 2012, às 11h, a esta pastora.
Marli Souza Lima Barbudo nasceu na cidade de Almenara, MG, no dia 12 de novembro de 1962. Aos 37 anos, foi batizada pelo pastor Raimundo Casais na Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) do bairro do Pequi, conhecida como igreja da ABBI, na cidade de Eunápolis, BA, onde atualmente reside. Ela comenta que ficou na IASD por alguns anos, mas não se lembra quantos. Posteriormente, Barbudo deixou a IASD, vindo a ter seu nome removido da lista de membros da mesma em julho de 2009.
A sede mundial da igreja, que pode ser vista na foto acima, local onde assisti ao culto, fica situada à Rua Pedro I, 362, Bairro do Pequi, Eunápolis, Bahia. No início de novembro de 2011, eu já havia procurado a pastora Marli para realizar com ela minha pesquisa de campo de mestrado. Entretanto, na ocasião, ela não quis dar entrevista e, assim, respeitei o que lhe era de direito. No dia 08 daquele mesmo mês, fiz uma visita a uma reunião de culto daquela igreja. Por observação, pude notar um ambiente pentecostal parecido com os moldes do pentecostalismo da segunda onda. O salão era um ambiente bem simples, humilde, porém, organizado, com capacidade para umas trinta pessoas, no máximo. Tão organizado, que orientaram-me a não procurar assento na ala da direita, que era a ala feminina. Fui muito bem recebido.
Ao final do culto, vários vieram conversar comigo, inclusive o dirigente daquela congregação local, que havia pregado naquela noite, usando gravata e sandálias havaianas. A pastora Marli não estava, pois havia ido dar assistência a outra congregação da IPMASD. Mas pude ter uma conversa agradável com aqueles fiéis que ali estavam, e aprender algumas coisas sobre esta denominação cristã.

Fundação e Fundamentos
 Fundada no dia 24 de setembro de 2006, de acordo com seus representantes, a IPMASD tem uma missão: “A obra da IPMASD é fazer a obra de Deus, ajudando as pessoas a se salvarem.” Sobre a visão da igreja, Marli Barbuda comenta que é fazerem “o trabalho de ajudar a famílias carentes, pessoas viciadas e outras que estão nos hospitais. O nosso foco é a família e a ajuda comunitária”, complementa a pastora.
Perguntamos à Barbuda sobre os fundadores e o histórico da fundação da IPMASD. Ela narra:

Bom tudo começou com um problema de saúde da minha neta. Eu era pastora itinerante; em qualquer igreja que me convidava eu ia pregar, falar da palavra de Deus. Eu havia começado uma corrente de oração por 21 dias indo para o monte orar para que Deus fizesse um milagre. E Deus atendeu, onde os próprios enfermeiros falaram que só podia ser mesmo milagre [sic].
No período em que passei no hospital, muitas pessoas foram à minha casa para que eu pudesse estar orando pelas enfermidades delas. Até no hospital, várias pessoas vinham para que eu pudesse impor as mãos e orar. Algumas pessoas conseguiram caixa de som e microfone para que eu pudesse falar para todos ouvirem. Sempre acreditei que Ele estava me chamando, Deus revelava para mim que eu tinha uma obra muita grande pela frente [sic].
A minha casa começou a encher-se de muitas pessoas. Tive até que pedir ajuda para o pastor Ronaldo do ministério [da igreja] Fogo e Poder, para que ele me ajudasse a gerenciar os cultos na minha casa. Muitas coisas sobrenaturais aconteceram, dentre elas está o relato da enfermeira ter visto um anjo no berçário da minha neta, para qual os médicos davam apenas alguns dias de vida.
Com vários cultos na minha casa, Deus me revelou que era para ser feita um congregação na minha casa, porém eu não sabia qual nome colocar. Foi então que estando no hospital, recebi a revelação do nome: Igreja Pentecostal Adventista do Sétimo Dia. [Este nome] apareceu na placa do berçário da netinha, porém estava um espaço branco entre os nomes “Pentecostal” e “Adventista”. No dia seguinte o pastor Arnaldo veio dizer que tinha recebido uma revelação com o nome da igreja: “Igreja Pentecostal do Movimento Adventista do Sétimo Dia” [sic].
O povo ia vindo sem eu chamar, foi então que acreditei ser o chamado de Deus. Conseguimos bancos, caixa de som, microfone, tudo de graça. A questão burocrática de certificação do nome do ministério conseguimos de graça também, tanto advogados como outros termos jurídicos [sic].

De acordo com a fundadora, a igreja começou com aproximadamente 100 membros. Desde sua fundação, sem passar por atualizações “teológicas”, suas crenças básicas são “no batismo; [na] descida do Espírito Santo (língua dos anjos); na volta de Jesus (todo olho verá); [n]a guarda dos dez mandamentos, inclusive a guarda do sábado”, explica Barbudo.
Comparação com a IASD
Pela profissão feita pela pastora, relatada no parágrafo acima, é possível perceber que semelhanças a IPMASD pode ter com a IASD, como exemplos, as crenças no repouso sabático e na espera da volta de Jesus. A diferença clara está no perfil que o pentecostalismo dá à IPMASD de receber o suposto batismo do Espírito Santo através do que eles chamariam de “língua dos anjos”, a saber, a prática da glossolalia litúrgica. Quando perguntada a respeito do santuário, Marli respondeu que todos iremos para o Céu porque Deus reservou uma cidade para nós. Ou seja, ela desconhece ou ignora as crenças fundamentais ASDs que conectam-se com o ritual do santuário.
A senhora Marli Barbudo é fundadora, pastora e presidente de sua própria denominação, o que não ocorre na IASD: ter uma mulher como pastora ou presidente principal. Segundo a pastora Marli, a IPMASD não tem nenhum vínculo de ligação com a IASD.

Atual Realidade e Pensamento da IPMASD
 Na IPMASD, cada congregação tem um pastor leigo, não remunerado, supervisionado pela liderança da pastora Marli, totalizando um número total de quatro ministros, contando com ela e os pastores Paulo, Carlos e a pastora Maíck. Estes formam o corpo administrativo da igreja, presidida por Marli. Em seguida, em sua hierarquia, eles têm “os presbíteros, os diáconos, as diaconisas, o cooperador, os missionários e, por fim, os irmãos da igreja”. Mas, na realidade, eles não sabem dizer a que modelo eclesiástico-administrativo se adéquam.
Toda a denominação conta atualmente com quatro congregações e aproximadamente 80 membros. De acordo com eles, os recursos financeiros são aplicados na obra que realizam ajudando o “o irmão que precisa de uma cirurgia ou família carente. Nós não forçamos ninguém a darem [sic] os dízimos e ofertas, mas deixamos claro para eles que isso está na Bíblia. O valor arrecadado é pouco, muito pouco”. O valor bruto total de todo o patrimônio que a denominação possui não chega a trinta mil reais.
A IPMASD nunca produziu nenhuma literatura própria. Como não possui acervo literário, eles fazem uso apenas da Bíblia e de “lição evangélica, que vende numa livraria no centro da cidade”, são as palavras da pastora. Logo, a igreja não possui nenhuma literatura denominacional através da qual possa dar-se a conhecer melhor pelas pessoas que não são seus membros. Eles apenas mandam fazer folhetos “para distribuir no campo”. Mas tais folhetos não são institucionais. Do mesmo modo, não têm nenhuma página de identificação na internet. Eles dizem ter uma comunidade na Web, mas não conseguimos localizá-la (se é que existe).
Diante da pergunta “quais são os alvos que esta igreja possui para o futuro próximo?”, a presidente da Igreja Pentecostal do Movimento Adventista do Sétimo Dia respondeu que é “terminar a construção do próximo salão, que já está no ponto de madeira”. Mas ela explica: “nosso alvo para um futuro mais prolongado é comprar o terreno da sede e mais um terreno para a construção de mais um salão no bairro do Itapuã”.
É importante notar que, atualmente, a pastora Marli é professora e mora com seus filhos. Sua neta, que fora supostamente curada, está viva, todavia não anda, vive num carrinho especial e tem corpo e mente não desenvolvidos completamente. É uma criança especial. Outro fato curioso encontrei num casal que conheci no bairro Vila Olímpica, em Eunápolis. De acordo com eles, quando deixaram a IASD para frequentar a IPMASD, admiravam muito a pastora Marli, porque esta usava uma aliança mesmo sem viver com homem algum, alegando que tinha um casamento eterno com Jesus e que nunca se uniria a algum homem. Ainda de acordo com este casal, eles se decepcionaram e saíram da IPMASD porque, alguns meses depois, a pastora apareceu sem a aliança, e namorando com um rapaz bem mais novo. Procurada por estes membros para dar uma explicação do suposto casamento com Jesus, a pastora não lhes deu uma explicação convincente, o que lhes acarretou a decepção e o rompimento com a IPMASD.
Limitada à região de sua cidade de origem, a IPMASD recomenda que as pessoas que vivem em outras cidades busquem qualquer outra igreja, alegando que em qualquer lugar que fale de Deus seja possível encontrar a salvação. Este ecletismo soterológico do pensamento de Marli Barbudo é refletido no seu próprio testemunho pessoal. A pastora conta que quando já era convertida, por ter se batizado na IASD, mas ainda não havia recebido o suposto dom do Espírito Santo, já se considerava salva em Jesus. Para ela, falar em língua é apenas “um” dom que não determina salvação, pois de acordo com ela a salvação seria somente através do batismo em Jesus Cristo, mesmo sem ter recebido o Espírito Santo. Neste sentido, o pensamento da IPMASD aproxima-se mais do neopentecostalismo do que do pentecostalismo da segunda onda. Mas o contraditório é que se fossemos seguir estas explicações “teológicas” da pastora Marli, teríamos que admitir que no Céu haverá pessoas não convertidas, pois se convencer o homem do pecado é obra do Espírito Santo (ensino bíblico), e se, ao mesmo tempo, vem a ser possível ser salvo em Jesus sem ter o Espírito Santo (ensino da pastora Marli), então é possível ser santo e pecador ao mesmo tempo.
A Igreja Pentecostal do Movimento Adventista do Sétimo Dia é mais uma demonstração de que a migração dos valores do iluminismo em direção às idéias do pós-modernismo no pensamento religioso permeia também o pentecostalismo, até mesmo em interação com o adventismo.
Twitter: @Valdeci_Junior