Ao nos depararmos com a grande comissão, proferida por Jesus em Mateus 28: 19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, pode-se ter a convicção de que o Senhor tem um chamado para todos os crentes. Afinal, Ele deseja salvar a todos. Entretanto, existem chamados específicos para determinados crentes, como é relatado em Efésios 4: 11: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres.” Desta forma, há um chamado recheado de critérios para o ministro do evangelho com o objetivo de aperfeiçoar os “santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo (Efésios 4:12).
Macarthur (2007, p.115) ainda acrescenta:
O chamado de Deus para o ministério vocacional é diferente do chamado à salvação e do chamado que atinge todos os crentes: o serviço. Trata-se de uma convocação de homens selecionados para servir como líderes da igreja. Os destinatários desse chamado precisam ter a certeza de que Deus assim os escolhe para liderar. A concretização desse fato repousa sobre quatro critérios, o primeiro dos quais é uma confirmação deste chamado por outras pessoas e por Deus, pelas circunstâncias através das quais Ele providenciará um lugar para o ministério. O segundo critério é a posse das habilidades necessárias ao serviço em posições de liderança. O terceiro consiste em um profundo desejo de servir no ministério. A qualificação final é um estilo de vida caracterizado por integridade moral. Um homem que preencha esses quatro requisitos pode descansar na certeza de que Deus o chamou para a liderança cristã vocacionada.
Spurgeon (apud Láerton), enfatiza a ideia salientando:
Ora, nem todos de uma igreja podem superintender ou governar; alguns têm que ser dirigidos ou governados. E cremos que o Espírito Santo designa na igreja de Deus alguns para agirem como superintendentes, e outros para se submeterem à vigilância de outros, para o seu próprio bem. Nem todos são chamados para trabalhar na palavra e na doutrina, ou para serem presbíteros, ou para exercerem o cargo de bispo. Tampouco devem todos aspirar a essas obras, uma vez que em parte nenhuma os dons necessários são prometidos a todos. Mas aqueles que como o apóstolo (Paulo), creem que receberam ‘este ministério’ [II Co 4:1], devem dedicar-se a essa importantes ocupações.
É interessante notarmos a consistência das palavras de Spurgeon citadas por José Láerton referindo-se a insensatez de querer ser um pastor ou missionário sem ser chamado ou ter a certeza do chamado divino:
Homem nenhum deve intrometer-se no rebanho como pastor; deve Ter os olhos postos no Sumo Pastor, e esperar Seu sinal e Sua ordem. Antes que um assuma a posição de embaixador de Deus, deve esperar pelo chamamento do alto. Se não o fizer, mas se lançar às pressas ao cargo sagrado, o Senhor dirá dele e de outros semelhantes: Eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito nenhum a este povo, diz o Senhor. (Jr.23:32).
Mas o que é esse chamado? O apóstolo Paulo, em Hebreus 5:4, o descreve da seguinte forma: “Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão.” A expressão grega utilizada por Paulo, aqui neste texto, para descrever o chamado de Deus é: “kaloumenos.” Segundo o Pr. José Láerton, as palavras usadas na Bíblia para chamado são: no Antigo Testamento, a palavra hebraica arq [qara], e no Novo Testamento, a palavra grega kalew [kaleo] tinha os seguintes significados:
- Dar nome a uma coisa ou a uma pessoa (Gênesis 48:16; Atos 11:26);
- O ato de convidar ou solicitar (Êxodo 2:7);
- Nomear para algum ofício (Êxodo 31:2);
- Criar, produzir coisas mediante o poder da palavra, ou por um ato da vontade (Romanos 4: 17; Ezequiel 36:29);
- Convidar alguém a assumir um dever, mediante a palavra, ou através do poder impulsionador do Espírito Santo (Isaías 22:12; Provérbios 1:24; Mateus 22:14);
- Convite feito aos pecadores para o estado de graça, por meio da pregação do evangelho (Romanos 8:28; 2Timóteo 1:9).
Fisher (1999, p. 79) o define como uma combinação de convicção a respeito da verdade de Deus e uma preocupação pelas pessoas. Outra definição, que está relacionada ao chamado é a vocação. Segundo o dicionário Houaiss, “ vocação é apelo ou inclinação para o sacerdócio, para a vida religiosa” (2009, p. 1956). Já, para Lutzer (2000, p. 14), “o chamado de Deus é uma convicção interior, dada pelo Espírito Santo e confirmada pela Palavra e pelo corpo de Cristo.” Sendo assim, pode-se afirmar que o chamado vai além de uma simples aspiração por uma profissão ou uma carreira de sucesso. É um desejo profundo e sincero de ser um soldado do Rei Jesus no cumprimento da missão de pregar o evangelho.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia possui um guia preparado para ajudar aqueles que, um dia, receberem o chamado especial de Deus para ser ministros. Já, em seu primeiro capítulo, faz um comentário a respeito da relevância do chamado de Deus para o santo ofício ministerial fundamentado na Bíblia.
Um fato curioso é que para exercer o santo ministério, quem faz o chamado é Deus. Ele escolhe, separa e anuncia a quem Ele deseja usar como seu mensageiro na missão de salvar pecadores para o reino eterno. Não só chama como também capacita e qualifica de maneira extraordinária para que o ministro tenha condições de executar a tarefa que lhes é confiada.
Na Bíblia Sagrada, é possível encontrarmos muitos exemplos de homens falíveis que Deus chamou para a execução de Sua Obra. Foram homens comuns, como Abraão, Moisés, Jeremias, Isaías, Jesus, Paulo e tantos outros. Com suas limitações e qualidades, Deus os usou para cumprirem a missão que Ele tinha para eles de maneira poderosa. Da mesma forma, Ele usa homens para seguir pregando no cumprimento da Sua missão.
Um abraço,
Pastor Denílson Soares Ferreira
AMEM HOMEM DE DEUS SABIAS PALAVRAS
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