quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Devemos Ficar nas Cidades ou ir Ter Uma Vida no Campo?

Por que a escritora Ellen White ora diz que é melhor que os cristão estejam nas grandes cidades, ora diz que eles devem sair das grandes cidades? Ele se contradiz?

Para responder a esta pergunta, me recomendaram a leitura de um artigo de George R. Knight: Missão Metropolitana: Conselho de Ellen White Para Alcançar as Cidades, traduzido da Adventist Review por Kimberly Santana.
Neste artigo, o historiador Geroge Knight procura fazer uma análise do pensamento de Ellen White sobre a missão urbana. A justificativa da relevância de tal escrito está na problemática que surge quanto às diferentes interpretações que leitores de White e a própria igreja adventista têm feito quanto a qual seria a posição da autora em aconselhar os adventistas a estabelecerem-se nas cidades, ou não.
Durante muito tempo, tem sido dada uma grande ênfase a conselhos de Ellen White quanto a que o nosso povo deveria “permanecer fora das cidades” (Evangelismo, 76). O livro “Vida no Campo” é um enfático apelo para que os adventistas deixem de morar nas cidades. Mas a igreja tem a missão de pregar a todas as gentes, e do tempo de White para cá, as “gentes” migraram-se para as cidades. Teria Ellen White errado? Quem estaria hoje com a razão: White, ou a Missão Urbana?
Este aparente antagonismo surge porque a ênfase citada acima caiu no desequilíbrio. Deu-se atenção demais aos conselhos sobre viver no campo a ponto de ofuscar os conselhos sobre pregar nos grandes centros. White foi uma verdadeira apregoadora da Missão Urbana. E seus conselhos para viver no campo e pregar na cidade não se antagonizam.
É preciso ver tudo o que ela escreveu, não isolar citações, analisar os contextos, e buscar enxergar o seu pensamento como um todo, e não parcialmente. E nesta busca por equilíbrio, o foco fica da seguinte forma.
1)    Quanto às instituições (de saúde, comunicação  e educacionais):
a.    O ideal é que sejam rurais, longe dos grandes centros.
b.    Haverá exceções quando será melhor a prática do “mal-necessário” de ter uma ou outra destas instituições em alguma grande cidade.
c.    Os obreiros destas instituições também devem morar fora dos grandes centros.
2)    Quanto às igrejas.
a.    Devem ser erguidas nas grandes cidades, e em grandes quantidades, para ministrar aos povos das cidades que precisam receber a mensagem de esperança.
b.    Deve haver algumas nas áreas afastadas para atender às pessoas que forem lá viver.
3)    Quanto aos adventistas
a.    Viver no campo é melhor para seu crescimento espiritual.
b.    Estar na cidade é melhor para o desenvolvimento da pregação.
c.    Sempre que possível, devem procurar viver fora e ir aos grandes centros para pregar.
d.    Sempre haverá a necessidade daqueles que precisarão ficar permanentemente nas grandes cidades, para cumprir a missão.
e.    Se o adventista não está na cidade para cumprir a missão, é melhor que fuja dos grandes centros.
Nada disso é lei de medos e persas. São conselhos, que se norteiam em um ideal, mas que vez ou outra precisarão ser adaptados. O norte para não se perder nessa flexibilização é sempre ver o que é da vontade de Deus, o que contribuirá para o crescimento espiritual e para o cumprimento da comissão evangélica, sem ferir os princípios e valores que sejam divinos e eternos.
Por minha vida inteira, sempre fui adventista. Já vi muitas atitudes e pregações desequilibradas sobre este assunto. Minha própria família foi vítima de tal desequilíbrio, tomando decisões que mudaram o destino de todos os membros da mesma. Mesmo tendo estudado em tantas escolas adventistas, e já estando trabalhando para instituições e a obra adventista por mais de quinze anos, eu nunca tinha chegado a um pensamento equilibrado sobre este assunto. Este material foi simples, didático, e direto ao ponto. Muito esclarecedor.
Entretanto, para chegar a este entendimento, me foi preciso garimpar, encontrar e ler o artigo original (http://www.adventistreview.org/2001-1549/story2.html), porque a tradução para o português ficou um lixo.
Primeiro porque Kimberly Santana, a tradutora tropeça em falsos cognatos muito básicos, como por exemplo, traduzir “conferece” para “conferência” e não para “associação”. Pode ser simples, mas para muitas coisas você não sabe o que seria a realidade. Por exemplo, ao ler uma citação, eu quis saber a fonte, para ir ver melhor o contexto do recorte de texto, a datação da autoria, etc. A tradutora colocou na referência: “Mensagens Seletas”. Como não existe este livro em português, fiquei na dúvida: será “Mensagens Escolhidas” ou “Testemunhos Seletos”. Tive que ir fazer outras pesquisa para descobrir qual livro era qual. Nesse tropeço em cognatos básicos, Santana também demonstrou não conhecer os jargões da linguagem interna do adventistmo. E saber isso é indispensável para traduzir um artigo como esse.
A redação de Kimberly para o português também tem muitos ruídos de comunicação por deficiências de estruturação de frases, erros gramaticais e ortográficos. Kimberly precisaria melhorar sua técnica editorial de redação, ou contar com os serviços de, no mínimo, um revisor de textos. Ler o texto encontrando, a cada linha, tantas deficiências redacionais também trunca o pensamento.
Mas ainda bem que foi possível encontrar o texto original, Another Look At City Mission, por George R. Knight, de 06 de Dezembro de 2001, na edição online da Adventist Review (http://www.adventistreview.org/2001-1549/toc.html). Recomendo-o a todos os que se interessam em saber sobre como e onde os cristãos e a igreja devem instituir suas moradias e atividades, diante dos grandes contrastes existentes entre a realidade urbana e o contexto rural.
Um abraço,

Twitter: @Valdeci_Junior

Pergunta Que Será Repondida Amanhã:
As coisas ruins também vêem de Deus? Foi o que entendi lendo Lamentações 3:38.

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