A leitura de hoje me fez lembrar
de uma das mais belas obras de arte guardadas na Itália. Estou falando do
famoso quadro “Transfiguração”, de Rafael Sanzio, que, embora não
intencionalmente, resumiu o espírito da Reforma.
A pintura mostra Cristo em pé
sobre o monte, com os endemoninhados olhando esperançosamente para Ele desde o
vale (Marcos 9:2-29). Os dois grupos de discípulos – um na montanha, o outro no
vale – retratam dois tipos de cristãos. Os discípulos da montanha desejavam
permanecer com Cristo, mais ou menos indiferentes às necessidades que ocorriam
no vale. Ao longo dos séculos, muitos têm construído no alto da “montanha”,
muito afastados das necessidades do mundo. Sua experiência é a das orações
desacompanhadas de obras. Por outro lado, os discípulos do vale trabalhavam sem
oração – e seus esforços em desalojar os demônios provaram-se um fracasso.
Multidões têm sido vencidas tanto pela tentação de trabalhar em favor dos
outros sem o poder da oração, quanto pela tentação de muito orar sem trabalhar
pelos outros. Ambos os tipos de cristãos necessitam que a imagem de Deus seja
neles restaurada.
Deus espera converter seres
caídos em imagens Suas ,
através da transformação de sua vontade, mente, desejos e caracteres. O
Espírito traz aos crentes uma decisiva mudança de aparência. Seus frutos:
“amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio” (Gálatas 5:22-23) constituem agora o estilo de vida destes cristãos
– mesmo tendo em vista que eles continuarão sendo mortais corruptíveis até o
retorno de Cristo. Se não Lhe resistirmos, Cristo poderá efetuar em nós a obra
da transformação santificadora.
A transfiguração de Cristo revela
outro marcante contraste. Cristo foi transfigurado mas, em certo sentido,
também o foi o garoto no vale. O menino foi transfigurado numa imagem demoníaca
(Marcos 9:1-29). Aqui podemos ver claramente dois planos opostos – o plano
divino de restaurar-nos e o plano satânico de arruinar-nos. As Escrituras dizem
que Deus é capaz de nos guardar “de tropeços” (Judas 24). Satanás, por sua vez,
faz tudo o que a seu alcance está para manter-nos no estado decaído.
A vida envolve constantes
mudanças. Não existe terreno neutro. Ou estaremos sendo enobrecidos, ou
degradados. Ou seremos “escravos do pecado”, ou “escravos da justiça” (Romanos
6:17-18). Quem quer que ocupe nossa mente, estará ocupando todo o nosso ser.
Se, através do Espírito Santo, Cristo ocupar nossa mente, tornar-nos-emos
pessoas semelhantes a Cristo – pois uma vida cheia do Espírito apresenta
“cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Coríntios 10:5). Mas se
estivermos sem Cristo, vamos terminar nos separando da fonte de vida, e então, nossa
destruição última será inevitável.
Que sua transformação seja
santificadora!
Fonte: “Nisto Cremos”, 179-180.
Valdeci
Júnior
Fátima
Silva
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