O parque residencial “Projeto Renovação” (Minha Casa Minha
Vida) estava sendo habitado há apenas 3 meses, quando já tínhamos ali mais de cinqüenta
adventistas. Era um lugar programado para ter uma família a cada metro e meio
de rua, cerca de 6000 pessoas. Mas, no terceiro mês de habitação, contava com
cerca de 40 por cento das casas habitadas. O condomínio era fechado, e a
habitação, o bairro, mais perto, estava a um quilômetro e meio dali. A Igreja
(adventista) mais perto, a dois quilômetros. Então, como não havia pra onde ir,
pedimos as cartas de transferências de vários daqueles crentes de suas igrejas
de origem, através da solicitação de organização de grupo efetivada junto à
sede do campo local.
Entretanto, ali não havia onde congregar-se. As casas eram
minúsculas. Os cômodos maiores não caberiam mais do que doze pessoas. Pelas
regras habitacionais, não podíamos criar outro lugar de reunião pública. Os
membros, limitados financeiramente, não tinham como ir congregar longe. Tudo era
cercado. A estrada que ligava o conjunto habitacional ao bairro mais próximo
era escura e perigosa. Chovia muito. Eles não tinham carro. E dentro do próprio
conjunto, cada metro quadrado já estava ocupado. Era um conjunto habitacional
que parecia uma “ilha”. Ao redor, em todos os lados, apenas pasto e terra
arada. E o pior era que, tudo aquilo ao redor, fora dos limites da cerca do “condomínio”,
pertencia a um só homem, que nos dizia que nos próximos três anos não venderia nem
cederia um metro de chão para ninguém. Ele era um comerciante muito rico, que
pensava em ganhar dinheiro com a suposta valorização que suas terras passariam
a ter, com a chegada daquela nova urbanização.
A primeira solução, que não durou muito, foi, semanalmente,
agendar o uso de um espaço público, que pode ser visto na foto, e congregar-se
ali. Por ser aberto, junto a um playground e numa esquina movimentada, o local
não permitia uma adoração com concentração e reverência. Mas ali começamos a
adorar. Entretanto, pelas regras do “condomínio”, em poucas semanas não pudemos
mais ocupar o lugar regularmente. Enquanto isso, o lugar ia recebendo caminhões
de mudanças quase que diariamente, num contexto muito promissor para a pregação
do evangelho. Queríamos fincar a bandeira da primeira igreja ali, que seria a
adventista, já com muitos batismos. Mas, não tínhamos nada, e precisávamos de
ajuda.
Então, o Espírito Santo ajudou. Foi exatamente nesta época
que começamos a estudar um livro de Russell Burrill que mostrava como eram as
cidades e como eram as comunidades de crentes do primeiro século. Também neste
tempo eu estava procurando um lugar para começar um novo protótipo de pequeno grupo
dirigido por mim, pastor. E a iluminação foi a de termos, para aquela
comunidade de crentes, ali mesmo no conjunto, seis pequenos grupos por semana,
cada um em uma residência diferente dos adventistas daquela comunidade. Na
quinta feira, o pequeno grupo era dirigido por mim, na casa do diretor, e
reunia os cinco líderes e os cinco anfitriões dos outros cinco pequenos grupos.
Ali, eu os treinava, motivava e nós orávamos juntos.
Fizemos uma escala que apontava onde, a cada dia da semana,
o adventista tinha a oportunidade de ter a comunhão e a adoração coletivas.
Espalhamos esta escala para os mais de sessenta adventistas que já estavam
morando ali. Eles foram orientados a irem a pelo menos dois ou três pequenos grupos por
semana. E assim aconteceu. E ali nasceu uma igreja totalmente aos moldes da
igreja primitiva: sem templo, com reuniões nas casas, em células, mas vendo-se
como uma grande comunidade de pessoas crentes em uma só fé. Aos sábados, reuniam-se em quiosques aqui e ali, praticamente ao ar livre, numa celebração dos "pequenos grupos".
A cada semana, seis vizinhanças descrentes tinham a
oportunidade de visitar uma “igreja” mais próxima de sua casa. Isto, além de
dar aos adventistas dali um diferencial em relação às demais denominações que
também não sabiam o que fazer para instalar-se, aumentou em grande escala o
potencial de conquistas de novos conversos para a fé adventista. Tanto é que,
poucos meses depois, o pastor que me substituiu já teve a oportunidade de
chegar batizando, pois, infelizmente, em poucos meses de convívio com aquela
igreja protótipo, recebi um chamado para trabalhar em outro estado. E é assim
que acontece onde um planta, outro colhe, e todos festejamos, por ser esta uma obra
de Deus (1Coríntios 3:5-8).
Naquela comunidade, pudemos ver que a teoria de Pequenos
Grupos, se colocada em prática, é mais funcional do que os próprios moldes com
os quais estamos acostumados a fazer igreja. Reescreva, você também, a história
da sua igreja, em Pequenos Grupos.
Um abraço,
Twitter: @Valdeci_Junior
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quer dizer o que pensa sobre o assunto?
Então, escreva aí. Fique à vontade.
Mas lembre-se: não aceitamos comentários anônimos.
Agora, se quiser fazer uma pergunta, escreva para nasaladopastor@hotmail.com