quarta-feira, 6 de junho de 2012

História de uma Igreja SOMENTE em Pequenos Grupos


O parque residencial “Projeto Renovação” (Minha Casa Minha Vida) estava sendo habitado há apenas 3 meses, quando já tínhamos ali mais de cinqüenta adventistas. Era um lugar programado para ter uma família a cada metro e meio de rua, cerca de 6000 pessoas. Mas, no terceiro mês de habitação, contava com cerca de 40 por cento das casas habitadas. O condomínio era fechado, e a habitação, o bairro, mais perto, estava a um quilômetro e meio dali. A Igreja (adventista) mais perto, a dois quilômetros. Então, como não havia pra onde ir, pedimos as cartas de transferências de vários daqueles crentes de suas igrejas de origem, através da solicitação de organização de grupo efetivada junto à sede do campo local.

Entretanto, ali não havia onde congregar-se. As casas eram minúsculas. Os cômodos maiores não caberiam mais do que doze pessoas. Pelas regras habitacionais, não podíamos criar outro lugar de reunião pública. Os membros, limitados financeiramente, não tinham como ir congregar longe. Tudo era cercado. A estrada que ligava o conjunto habitacional ao bairro mais próximo era escura e perigosa. Chovia muito. Eles não tinham carro. E dentro do próprio conjunto, cada metro quadrado já estava ocupado. Era um conjunto habitacional que parecia uma “ilha”. Ao redor, em todos os lados, apenas pasto e terra arada. E o pior era que, tudo aquilo ao redor, fora dos limites da cerca do “condomínio”, pertencia a um só homem, que nos dizia que nos próximos três anos não venderia nem cederia um metro de chão para ninguém. Ele era um comerciante muito rico, que pensava em ganhar dinheiro com a suposta valorização que suas terras passariam a ter, com a chegada daquela nova urbanização.

A primeira solução, que não durou muito, foi, semanalmente, agendar o uso de um espaço público, que pode ser visto na foto, e congregar-se ali. Por ser aberto, junto a um playground e numa esquina movimentada, o local não permitia uma adoração com concentração e reverência. Mas ali começamos a adorar. Entretanto, pelas regras do “condomínio”, em poucas semanas não pudemos mais ocupar o lugar regularmente. Enquanto isso, o lugar ia recebendo caminhões de mudanças quase que diariamente, num contexto muito promissor para a pregação do evangelho. Queríamos fincar a bandeira da primeira igreja ali, que seria a adventista, já com muitos batismos. Mas, não tínhamos nada, e precisávamos de ajuda.

Então, o Espírito Santo ajudou. Foi exatamente nesta época que começamos a estudar um livro de Russell Burrill que mostrava como eram as cidades e como eram as comunidades de crentes do primeiro século. Também neste tempo eu estava procurando um lugar para começar um novo protótipo de pequeno grupo dirigido por mim, pastor. E a iluminação foi a de termos, para aquela comunidade de crentes, ali mesmo no conjunto, seis pequenos grupos por semana, cada um em uma residência diferente dos adventistas daquela comunidade. Na quinta feira, o pequeno grupo era dirigido por mim, na casa do diretor, e reunia os cinco líderes e os cinco anfitriões dos outros cinco pequenos grupos. Ali, eu os treinava, motivava e nós orávamos juntos.

Fizemos uma escala que apontava onde, a cada dia da semana, o adventista tinha a oportunidade de ter a comunhão e a adoração coletivas. Espalhamos esta escala para os mais de sessenta adventistas que já estavam morando ali. Eles foram orientados a irem a pelo menos dois ou três pequenos grupos por semana. E assim aconteceu. E ali nasceu uma igreja totalmente aos moldes da igreja primitiva: sem templo, com reuniões nas casas, em células, mas vendo-se como uma grande comunidade de pessoas crentes em uma só fé. Aos sábados, reuniam-se em quiosques aqui e ali, praticamente ao ar livre, numa celebração dos "pequenos grupos".

A cada semana, seis vizinhanças descrentes tinham a oportunidade de visitar uma “igreja” mais próxima de sua casa. Isto, além de dar aos adventistas dali um diferencial em relação às demais denominações que também não sabiam o que fazer para instalar-se, aumentou em grande escala o potencial de conquistas de novos conversos para a fé adventista. Tanto é que, poucos meses depois, o pastor que me substituiu já teve a oportunidade de chegar batizando, pois, infelizmente, em poucos meses de convívio com aquela igreja protótipo, recebi um chamado para trabalhar em outro estado. E é assim que acontece onde um planta, outro colhe, e todos festejamos, por ser esta uma obra de Deus (1Coríntios 3:5-8).

Naquela comunidade, pudemos ver que a teoria de Pequenos Grupos, se colocada em prática, é mais funcional do que os próprios moldes com os quais estamos acostumados a fazer igreja. Reescreva, você também, a história da sua igreja, em Pequenos Grupos.

Um abraço,

Twitter: @Valdeci_Junior



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