sábado, 9 de junho de 2012

JÓ, NOSSO DRAMA - Jó 22-24


Moisés foi um verdadeiro teatrólogo quando escreveu esse livro. Tanto é que Neil Simon tomou emprestado o cenário de Jó para uma peça: God’s Favorite. Outros dois que fizeram isso foram Archibald MacLeish e Robert Frost na peça The Masque of Reason. Mais recentemente, o romancista Muriel Spark produziu uma versão atualizada e moderna de Jó. No Brasil, foi um romance publicado com o título Razão de Deus. A peça Amadeus também deve muito da sua trama a Jó porque o autor tratou a mesma questão, apenas invertendo a perspectiva.
Jó não entendia por que estava sofrendo o juízo de Deus. Mas seria muito útil se pensássemos no livro dele como uma peça de mistério, uma história policial. Por exemplo: nós, da platéia, chegamos cedo para uma entrevista coletiva, onde o diretor da peça explica sua obra (Jó 1 e 2). Antes do início, já ficamos sabendo qual é o papel de cada um na peça, então, já entendemos que o drama pessoal na Terra tem origem num drama cósmico no Céu. Será que Jó acreditará em Deus ou irá negá-lo?

Humm!!!!!!!!

...

Suspense!!!

As cortinas se fecham!

Ao ser reabertas, podemos contemplá-los, sozinhos, no palco, os atores, que limitados à peça, não tem noção sobre a perspectiva onisciente que temos, da platéia. E, apesar de sabermos as respostas do enigma, o detetive principal não as conhece. E aí se desenrola a trama bíblica. De início, não sabendo do ato que se passou no céu, Jó está preso nos ingredientes do drama. Atormentado pelo sofrimento, passa horas no palco tentando descobrir o que nós, espectadores, já sabemos. Para ele, a perspectiva é diferente da nossa. Ele se coça com cacos e faz perguntas incisivas daquelas que todas as pessoas que sofrem fazem: “Por que tem que ser comigo, Senhor? O que eu fiz de errado? O que Deus está tentando me dizer?”
A leitura corre o risco de ficar chata se não prestarmos atenção nos detalhes. Para nós, da platéia, as questões de Jó perderam o sentido porque sabemos as respostas. Mas é por isso que devemos continuar lendo o livro de Jó. O autor deixou um elemento da narrativa que não entregou de bandeja: o mistério de como Jó reagirá. É só a questão da fé do homem Jó que fica sem resposta.
Que livro genial! É por isso que ele perdura como uma obra literária, que faz com que o leitor fique envolvido. Ele luta com o sofrimento com tanta garra que não há como não se envolver. Não tem como não fazer das perguntas de Jó as nossas próprias perguntas. Você também vira personagem!

Twitter: @Valdeci_Junior
e
Fátima Silva

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