Há um ar de desapontamento com a igreja em
nossos dias. São muitas as vozes esmorecidas e muitos os olhares que não
brilham mais. É o desencanto com a Noiva de Cristo. A desilusão vem pela
tristeza ao ver cenários onde o louvor e a pregação se transformam em
apresentações teatrais. O mais importante em certos cenários são os
instrumentos, o som, o foguetório, os aplausos e o antropocentrismo. O
desencanto também é provocado pela proliferação de grupos dissidentes. Tais
grupos atacam a Noiva sem piedade, e em muitos casos os fiéis adventistas ficam
chocados e desanimados. Perguntam eles: “Está a igreja perdida em matéria de fé
e doutrina”? “Estão os pastores despreparados para enfrentarem os dissidentes”?
“Por que tanta crítica e acusações contra a igreja adventista”?
Em momentos assim o desencanto faz o povo
olhar para o passado e relembrar os velhos tempos. Comenta-se sobre os pastores
à antiga e dias quando a igreja ainda via na Bíblia e no Espírito de Profecia
razão suficiente para a instrução do povo de Deus. Tempos quando o povo de Deus
era conhecido como o “Povo da Bíblia”. Épocas quando o constrangimento por ser
adventista era resultado da discriminação, porém jamais identificação com o
mundo. No entanto é preciso lembrar que o Senhor jamais perdeu o absoluto
controle sobre a história da igreja. Jamais foi surpreendido por coisa alguma
em todos esses anos. Jamais deixou de ser Senhor. E ao falar da Sua igreja,
declarou: “as portas do inferno não prevalecerão contra a ela” (Mt: 16:18). É
animador saber que o Senhor da igreja está no comando. Ellen White, por sua
vez, mostra que Deus está ao leme, através de uma experiência vivida em
momentos de perigo.
“Quando eu me
achava em viagem de Portland, no Maine, para Boston, muitos anos atrás,
sobreveio-nos uma tempestade, e as grandes ondas nos arremessavam de um lado
para outro. Caíram os candelabros, e as malas rolavam para cá e para lá, como
se fossem bolas. Os passageiros estavam atemorizados, e muitos gritavam, na
expectativa da morte. Depois de algum tempo, o piloto veio a bordo. O capitão
pôs-se junto ao piloto enquanto ele tomava o leme, e exprimiu temor quanto à
direção em que o navio estava sendo
conduzido. “Quer tomar o leme?”perguntou o piloto. O capitão não se prontificou
a fazer isso, pois sabia que lhe faltava experiência. Então alguns dos
passageiros ficaram desassossegados, e disseram que temiam que o piloto os
lançasse de encontro às rochas. “Quereis tomar o leme?”perguntou o piloto.
Eles, porém, sabiam que não o podiam manejar”.
Após esse relato ela aconselha: “Quando
pensais que a obra se encontra em perigo, orai: “Senhor, fica ao leme.
Conduze-nos através desta perplexidade. Leva-nos a salvo ao porto.” Então ela
pergunta: “Não temos nós razão para crer que o Senhor nos conduzirá através,
triunfantes?”(Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 390-391).
Apesar das
fortes cores de desalento a Noiva está sendo conduzida ao altar e o dia de
brilho há de chegar.
Em Apocalipse 21:9 a igreja (a Nova Jerusalém)
é a Noiva de Cristo. Cabe, portanto, fazer uma comparação entre a igreja, a
Noiva, e nossas noivas, nossas esposas. Isso leva-me a pensar no dia do
casamento da minha filha. Foi na cidade de Curitiba no dia 01 de janeiro de 2005.
Após o período de namoro, ela e o noivo,
apaixonados, chegaram ao grande dia. Apesar do amor e alegria pelo dia chegado
tudo parecia fadado ao fracasso. As principais testemunhas estavam atrasadas, a
pianista não apareceu, o vestido apresentou defeitos de última hora e houve
correaria, agitação e ansiedade. A noiva chorou pelos desencontros do dia. Os
familiares estavam apressados e apresentavam faces carregadas de ansiedade. A
balbúrdia que cerca a noiva antecedendo seu momento de brilho é emblemática.
Aos olhos do passante que vê a agitação sem fim, nada parece ter esperança.
Fui para a
cerimônia esperando o pior. Jamais seria possível contornar todos os
imprevistos, e o impensado poderia acontecer: a noiva não estaria pronta!
Enquanto pensava
nisto, ali no altar, eis que na hora marcada ela chega. Estava linda, uma
verdadeira princesa. O rosto sorridente, o caminhar lento e seguro, o vestido
alvo como a neve, simplesmente perfeita. A música (uma pianista caiu do céu), a
ornamentação, as testemunhas (os atrasadinhos haviam chegado) e as palavras,
tudo se encaixava. Que milagre poderia transformar um dia de caos em um momento
de brilho tão belo? As horas de lutas, as lágrimas derramadas, os desencontros
e desalento foram rapidamente
esquecidos e um só pensamento pairava naquele lugar: a noiva estava linda.
Talvez vivamos
hoje dias melancólicos ao visualizarmos a igreja quando manchas e mazelas
tentam levar nossa esperança para o cativeiro da desilusão crônica. A casa está
desarrumada, o vestido da Noiva não nos parece branco, há graves rumores de que
ela não ficará pronta. Mas não precisamos temer. Deus através de Sua mensageira
nos deu palavras de conforto e esperança.
“Não há nenhuma
necessidade de duvidar, de estar temeroso de que a obra não seja bem-sucedida.
Deus está à testa da obra, e porá tudo em ordem. Caso haja
coisas necessitando serem ajustadas na direção da obra, Deus atentará a isso, e
trabalhará para endireitar todo erro. Tenhamos fé que Deus vai conduzir a nobre
nau que transporta o Seu povo, em segurança, para o porto” (Mensagens
Escolhidas, vol. 2, p. 390).
“Embora existam
males na igreja, e tenham de existir até ao fim do mundo, a igreja destes
últimos dias há de ser a luz do mundo poluído e desmoralizado pelo pecado. A
igreja, débil e defeituosa, precisando ser repreendida, advertida e
aconselhada, é o único objeto na Terra ao qual Cristo confere Sua suprema
consideração”. (Testemunhos para Ministros, p. 49).
“A vinda do
Senhor está mais próxima do que quando primeiro cremos. Que admirável
pensamento é esse de que o grande conflito se aproxima do fim! Na conclusão da
obra enfrentaremos perigos com os quais não sabemos lidar; não esqueçamos,
porém, que os três grandes poderes do Céu estão operando, que uma mão divina se
encontra ao leme, e que Deus levará
a cabo os Seus desígnios. Ele reunirá um povo que O há de servir em justiça. Terríveis
perigos se acham diante dos que têm responsabilidades na obra do Senhor –
perigos cuja idéia me faz tremer. Mas vem a palavra: “Tenho a mão ao leme, e em
Minha providência levarei a cabo o plano divino” (Mensagens Escolhidas, vol. 2,
p. 391).
Chegará o dia, e
não tarda, que veremos o rosto do Salvador. Neste dia há de se dizer: Eis o
Noivo, é o Senhor que conduz a igreja. Jamais a deixou só. Como é fiel!
E creio que
todos nós também pensaremos, extremamente admirados: Eis a Noiva, como está
linda!
“Regozijemo-nos,
e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e
já a sua noiva se preparou”
Apocalipse 19:7.
Pr. Érico Tadeu Xavier
Xavier hoje, está na Bolívia, como professor de teologia no SALT (Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia ) e editor da Revista Doxa. Ele também dá aulas no programa de mestrado do SALT campus IAENE (Bahia).
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