Não gosto de resenhas longas, mas
neste caso será preciso. Dá vontade é de colocar o livro inteiro aqui. A
chacoalhante obra, publicada no seminário teológico da Universidade Andrews,
foi traduzida por Josiane Fonseca sob o título “Recuperando uma Abordagem
Adventista à Vida e Missão da Igreja Local”.
A edição portuguesa da tradução é absolutamente péssima. Acho que o
Google Translator o faria melhor. Mesmo assim, com um exercício mental pra
quase que adivinhar o que estaria no original inglês, ou seja, apesar da
pobreza editorial, dá pra pegar a mensagem.
Sobre o Autor
Introdução
Russell Burrill é um teólogo norte-americano
adventista do sétimo dia. Doutorado no seminário Fuller, hoje está aposentado e
é professor emérito de teologia na Universidade Andrews. Ao longo de quatro
décadas, trabalhando como pastor e como evangelista, Burrill especializou-se na
análise do crescimento da igreja, da sua estagnação e da sua possível estrutura
em células.
Introdução
Neste trabalho, Russell Burrill examina os fundamentos
bíblicos sobre os quais a Igreja Adventista do Sétimo Dia construiu sua
eclesiologia, dando atenção, em particular, à missão bíblica confiada à Igreja,
à função do clero em cumprir essa missão e à função da laicato em cumprir tanto
a missão quanto cuidar dos cristãos já existentes. Em acréscimo, Russell
pesquisa o adventismo primitivo para descobrir a eclesiologia do princípio da
Igreja Adventista e também sua relação com esse entendimento de missão, de
função pastoral e de cuidados ao membros. Desses princípios, descobertos
bíblica e historicamente, a dissertação tenta então propor um modelo para que
as igrejas adventistas sigam no século XXI.
Em resumo, o propósito dessa
dissertação é definir claramente a missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia,
tanto bíblica quanto historicamente, e examinar a eclesiologia sobre a qual a
missão no início do adventismo foi cumprida.
Werner Vyhmeister resume a primeira parte da análise de
Burrill:
O clero era formado por pregadores
itinerantes. As congregações fundadas não eram dependentes de pastores e
cresciam e multiplicavam sob liderança leiga. O resultado foi uma rápida
propagação do cristianismo a todo o mundo conhecido na época. Seguindo o modelo
apostólico, até as primeiras décadas do século vinte, os ministros Adventistas
do Sétimo Dia eram evangelistas itinerantes e fundadores de igrejas, não sendo
aqueles que zelavam pelas igrejas locais. O cuidado com o membro era
responsabilidade da congregação, com o “encontro social” como fator
significativo. Durante esse período, a Igreja Adventista experimentou seu mais
rápido crescimento.
Para Burril, um crescimento de 7% no primeiro mundo e de 15%
no terceiro mundo, ao ano, é um crescimento que pode ser considerado explosivo.
Resumo
Grifado e Comentado
Legenda deste tópico: Itálico:
Palavras de Russel Burril; Sublinhas:
Palavras de Russel Burrill grifadas por Valdeci Jr; Normal: Comentários de
Valdeci Jr; Negrito: Grifos do próprio autor.
A Grande Comissão e os Discípulos
A Grande Comissão é “Carta
Magna” da igreja cristã. A audaciosa divindade do verso dezoito [Mateus 28]
torna possível o audacioso internacionalismo do verso dezenove. As bases da
missão estão enraizadas profundamente, portanto, na completa divindade de Jesus
Cristo como Senhor absoluto do céu e da terra. A origem da igreja está inerente
na comissão de Jesus.
A missão descrita na
comissão se centra nesses três trabalhos: fazer discípulos, batizar e ensinar.
A missão não está completa até que esses três trabalhos estejam completos.
Apenas quando a igreja cumpre esse tríplice comando pode dizer que está
cumprindo a comissão do evangelho. Então, se a igreja batiza pessoas sem o
discipulado, ou o ensinamento, está desobedecendo a Cristo. Ser discípulo é
viver em um relacionamento com Aquele que o está discipulando. A palavra em si
não sugere uma rápida conversão à pessoa, mas um lento processo em que essa
pessoa é feita discípulo. Porque parte
do processo evangelístico é ajudar a pessoa a criar uma fé madura o suficiente
para resistir a perseguição e a zombaria.
Como se tornar um discípulos? Jesus não acreditava em
movimentos de massa de pessoas não convertidas tornando-se fiéis. “Se vós
permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos (João
8:31-32)”. Mas de acordo com João 13:34, O
amor é o teste absoluto e infalível do discipulado de alguém. Evangelisticamente, o neófito deve receber
os ensinamentos básicos sobre Jesus antes do discipulado. . É uma tragédia
quando essas “massas” são levadas à igreja, como membros, sem essa clara
evidência de discipulado. Isso destrói o testemunho natural da igreja e
enfraquece o cristianismo.
Um discípulo é alguém que deseja enfrentar a perseguição e zombaria por amor a Cristo.
Um discípulo é alguém que vive em total fidelidade à Nobreza de Cristo, tendo desejo derenunciar a tudo – propriedade, família, amigos, etc. – pela causa de Cristo.
Um discípulo é alguém que entende e guarda os ensinamentos básicos de Jesus.
Um discípulo é alguém que ama incondicionalmente com o amor ágape de Cristo, recebido dEle.
Um discípulo é alguém que produz frutos ao criar outros discípulos para Cristo.
Um discípulo é alguém que deseja enfrentar a perseguição e zombaria por amor a Cristo.
Um discípulo é alguém que vive em total fidelidade à Nobreza de Cristo, tendo desejo derenunciar a tudo – propriedade, família, amigos, etc. – pela causa de Cristo.
Um discípulo é alguém que entende e guarda os ensinamentos básicos de Jesus.
Um discípulo é alguém que ama incondicionalmente com o amor ágape de Cristo, recebido dEle.
Um discípulo é alguém que produz frutos ao criar outros discípulos para Cristo.
O desenvolvimento de
tal fé não ocorre na noite para o dia. Só podemos dizer que estamos
cumprindo a Grande Comissão quando estamos fazendo o ciclo do discipulado
acontecer por completo. Os Adventistas
que têm praticado um processo pré-batismal mais forte mantêm mais conversos.
Discipulado é muito
mais que simplesmente ser doutrinado. É primeiramente sobre o compromisso com
Cristo. Somente pessoas comprometidas devem ser batizadas na comunhão da
igreja. De acordo com a comissão de Jesus, primeiro as pessoas devem ser
feitas discípulos e então serem batizadas no corpo de Cristo. É impossível ser
batizado sem se tornar um membro da igreja. Para ser membro, como definido por
Jesus, primeiramente é preciso haver
uma clara base teológica para o batismo do crente.
Adiar o batismo até
que as evidências do discipulado estejam aparentes na vida é contrário amaioria
dos planos para crescimento nos dias atuais. Ainda assim, é melhor ter um
crescimento sólido que fazer discípulos confere, do que o crescimento pobre que
outros planos permitiriam. A igreja deve lembrar que a ordem da Grande Comissão
é fazer discípulos, não aumentar o número de membros da igreja.
O batismo precisa ser
entendido como mais que um símbolo de perdão dos pecados. Ele também carrega o símbolo da ordenação de todos
os crentes ao ministério. O Novo Testamento dá fortes evidências ligando o
impor as mãos com o evento batismal para indicar a iniciação de cada crente no
ministério. Para estar em harmonia com a teologia da missão do Novo Testamento,
a igreja de hoje precisará recapturar em todos os fiéis essa ordenação ao
sacerdócio como parte da iniciação ao cristianismo. Se o batismo simboliza,
assim como o de Jesus, a entrada ao ministério, então fazer discípulos antes do
batismo deve preparar as pessoas para a entrada no ministério de Cristo. Isso
em si impede um rápido batismo depois do reconhecimento de Cristo como
Salvador. Aquele que é batizado deve estar preparado para entrar no ministério
de Cristo, assim como é encontrado nos fiéis que Ele já reuniu em Sua igreja.
Além disso, a igreja
deve continuar o processo de ensinamento após a conversão, de acordo com a
Grande Comissão. Em seu elemento final, que as igrejas tendem a negligenciar,
as pessoas são esquecidas, por muitas vezes, uma vez que foram batizadas. Então,
somos, praticamente todos, culturalmente (falando-se do nosso adventismo em
nossa cultura local) negligentes.
Sendo assim, o atual método que estamos tentando praticar,
chamado de “Ciclo do Discipulado”, tem um ponto errado, pois visa fazer do
batizado um discipulando, e não do batizando um discípulo.
Igreja Primitiva: Organização,
Missão e Pentecostes
O Pentecostes está
enraizado na Grande Comissão e serve para capacitar a igreja a completar essa
comissão. A Grande Comissão é primaria, o Pentecostes é secundário. É nesse
sentindo que os Adventistas do Sétimo Dia nuca poderão ser Pentecostais. O
Espírito Santo é dado para o cumprimento da Grande Comissão. O Espírito Santo
não é o fim em Si mesmo: Ele serve ao Cristo ressuscitado, capacitando Seu
corpo para cumprir a Grande Comissão. O Espírito nunca poderá substituir Cristo
ou a Palavra. Ele pode apenas testemunhar.
Alguns sugeriram que a igreja atual precisa esperar por esse poder
antes de sair em missão. O resultado é que muitas igrejas estão perdendo todo o
tempo esperando e não vão às nações. . Estamos vivendo no tempo da distribuição
do Espírito. O Espírito já foi derramado.
Aquela quantidade de gente que se
batizou em Atos 2 não foi resultado do trabalho evangelístico dos apóstolos que
se reuniram após a ascensão. Foi, na realidade, uma colheita que eles fizeram
do resultado do trabalho evangelístico que Jesus fizera em seus três anos e
meio de ministério. A razão de existência da igreja cristã é o cumprimento da
missão de fazer discípulos impactando o mundo lá fora, e ponto final. A
comunidades que não está fazendo isso não tem o direito de se alegar como
igreja cristã.
A internacionalização não teria acontecido se o cristianismo não se
tornasse culturalmente relevante a várias nações. Mas uma das coisas mais difíceis para uma igreja fazer é separar cultura de
essência. E quando a igreja consegue fazer isto, torna-se relevante para a
comunidade onde está inserida, e o resultado é o crescimento. Como o adventismo se adaptou a várias
culturas, diferentes expressões culturais de adventismo se desenvolveram ao
redor do mundo. A cultura só pode ser afirmada ou negada, em sua conformidade
com a Bíblia.
Em 1Coríntios 9:19-23, a estratégia de Paulo era tornar o evangelho
culturalmente relevante para cada grupo que ele tentava alcançar. Paulo não
comprometia o que ele acreditava ser o básico do cristianismo, apenas para
alcançar as pessoas. A igreja deve trabalhar duro dos dois lados: tornar-se
culturalmente relevante e não comprometer sua fé. “Enquanto nossa teologia é
inflexivelmente bíblica, nossa metodologia precisa ser predominantemente cultural
(Al McClure)”. Quando uma igreja para de ser culturalmente
relevante, Deus para de usar essa igreja com o mesmo poder do passado. A igreja
precisa resguardar-se da tendência de se adaptar à cultura simplesmente porque
assim funciona. A idéia cristã primitiva de plantar igrejas estava baseada
no fato de que cada cultura diferente precisa de uma igreja diferente. O termo ‘a
todas as gentes (ethos)’ da Grande Comissão não significa plantar uma igreja em
cada cidade, mas sim, para cada tipo de gente.
O estabelecimento de alvos
numéricos para alcançar prosélitos ao cristianismo é uma atitude que deprecia
os propósitos de Deus, pois o número que representará o alvo será sempre menor
do que o número de pessoas que o sonho de Deus quererá alcançar. Na igreja
primitiva, o foco da evangelização estava
em fazer discípulos (ao invés de convertidos) nativos, enquanto o clero estava
relativamente livre para continuar plantando mais igrejas. Paulo não faria
igrejas que seriam dependentes dele ou de outros apóstolos. Igrejas
dependentes do pastor geram cristãos fracos e imaturos, que não são discípulos.
Reprimimos o crescimento das novas
igrejas plantadas ao escolher pastores que não são nativos. Paulo e Cristo
treinavam poucas pessoas, mas que eram íntimas. Hoje, tentamos treinar muitos,
mas que são distantes.
Para Dentro do
Adventismo
Nos últimos anos, no adventismo, existem sugestões para que se divida a
vinda inicial a Cristo e o discipulado que vem em seguida. Mas Jesus
declarou que esse “discipulado” deve ser feito antes do batismo, não depois.
O foco em separar a vinda a Cristo do discipulado também está fazendo com que
os adventistas percam o foco de Apocalipse 14:1-12 como objetivo e mensagem
adventista. Esta é uma das razões pelas quais o adventista de hoje é
diferente do adventista de algumas décadas atrás. Para este, a IASD era única e
insubstituível. Para aquele, a IASD é mais uma igreja evangélica entre as
outras, que, porém, é mais bíblica. Esses
fracos cristãos eventualmente diluirão o testemunho vivo da igreja. A
Grande Comissão ordena que sejam feitos
discípulos como pré-requisito ao batismo.
Hoje, porém, os adventistas estão enfrentando mais dificuldades em
manter os conversos. Quanto menor a ênfase no discipulado, maior será o número
de pessoas que falharão em permanecer na igreja. é imperativo que a Igreja
Adventista do Sétimo Dia retorne ao modelo crescimento de igrejas, fazendo
discípulos, se realmente possui o desejo de cumprir essa missão, como delineado
em Apocalipse 14:1-12 e Mateus 28:16-20.
Uma Compreensão Dos Termos Bíblicos Para os Que Dirigem a Igreja
O papel do pastor que toma conta deve ser substituído pelas igrejas
locais. Os pastores devem aprender o modelo de ministério de treinador/o que
equipa/plantador de igrejas. A igreja não era organizada ao redor de posições
ou poder, mas sim ao redor dos dons dos membros. No AT, sacerdote era
aquele que executava um ministério para
pessoas que não poderiam fazê-lo por si mesmas. Se os escritores do NT desejassem nos dar uma palavra que distinguisse
o clero das pessoas, eles escolheriam a palavra “sacerdote”. Cristo criou um
Reino completo de sacerdotes. Nitidamente, não há papel sacerdotal para o clero
no Novo Testamento e a palavra não deve ser usada para conduzir a função do clero
que celebra uma cerimônia religiosa na Igreja Cristã.
A missão dos apóstolos era a mesma que dos outros fiéis: compartilhar
as boas novas de Jesus ao mundo perdido, porém como evangelistas itinerantes e líderes superintendentes para a função de missão da igreja. Apóstolos não
são apenas os doze, pois este é um dom espiritual para a igreja (Efésios 4:11).
Hoje, os presidentes de campos seriam os modernos apóstolos.
Os presbíteros/bispos são os lideres
leigos das igrejas locais, para
pregar e ensinar. A Bíblia os
aconselha que “pastoreiem o rebanho de Deus” e que “olhem por ele... com o
desejo de servir... como exemplos” (1Pedro 5:1-4). Havia também os
presbíteros/bispos que não eram leigos, mas isso era a exceção, e não a regra.
Hoje, estes presbíteros/bispos seriam os anciãos locais. Não há evidência no Novo Testamento de um pregador pago em uma
congregação existente com regularidade.
A comparação dos trabalhos de
Timóteo e Tito com o trabalho de Paulo sugere que há pastores que têm mais o
dom de evangelismo, conforme sugere Efésios 4:11-13, o que seria o caso de
Paulo, e há pastores que têm mais o dom de solidificar, confirmar, organizar,
proteger e manter, o que seria os casos de Timóteo e Tito, ainda com referência
a Efésios 4. Outro fato que evidencia que nem todos os pastores modernos têm
que ter o dom de evangelizar é o fato de que Efésios 4:11-13 é uma lista de
dons diferente das demais: ela se refere aos dons do clero.
Do termo grego διακουος, “diáconos” e “ministros” são os auxiliares dos presbíteros que, numa função leiga devem prover ajuda pessoal aos outros. Aos cristãos primitivos, ministrar era responsabilidade de todos e o cuidado
não deveria ser delegado a um ofício com poder e prestígio. O dom de
ministrar não aparece na lista de dons de Efésios porque a lista de Efésios 4 é
distributiva de determinados dons para determinadas pessoas, mais propriamente
dito do claro, e o dom de ministrar deve ser universal a todos os crentes em
especial do laicato
É muito significativo que todas as passagens do Novo Testamento
traduzidas como “pastor” referem-se a Cristo, assim como a maioria das
passagens do Antigo Testamento traduzidas como “pastor” são messiânicas.
Cristo, sem dúvida, é o único que poder, verdadeiramente, pastorear a igreja. Ninguém mais, por si só,
poderia prover o tipo de cuidado que Jesus dá a Suas ovelhas. A única vez que o
termo “pastor” é usado para outra pessoa
que não seja a divindade, é em Efésios 4:11-13. Não há diferença entre a função de pastor e a de bispo.
Efésios 4:11-13 é a única
passagem, do Novo Testamento, que dá uma descrição do trabalho de uma função do
clero: preparar os santos para o
ministério. A função de treinamento/ preparação é dada aqui como a principal
descrição do trabalho daquele que estão engajados como clero. Logo, de
acordo com a teologia do Novo Testamento, o trabalho do pastor moderno não deve
ser ministerial, mas sim, de magistério. O
clero do Novo Testamento evangelizava e administrava, mas não provia o cuidado
primordial a nenhuma congregação em especial. Esse trabalho era designado aos
líderes leigos. Cuidado pastoral nunca foi designado como função principal do
clero.
O clero termina por realizar algum cuidado pastoral porque é parte da
comunidade de fé, mas não porque é clérigo. A igreja do Novo Testamento não possuía um ministério; ela era o ministério de todos os membros.
Neste sentido, os evangélicos fazem o uso da palavra "ministério" e
de seus derivados muito melhor do que nós adventistas. Reclamações sobejam sobre pastores que não visitam fielmente seus
membros. As igrejas se tornaram muito dependentes dos pastores que se tornaram
os principais cuidadores da igreja. Ainda assim, as igrejas do Novo Testamento
não eram dependentes do clero para que sustentassem sua vida espiritual.
Os Pequenos Grupos, o
Individualismo e a Congregação
Pequenos grupos não são a panacéia para todas as enfermidades da
igreja. Pequenos grupos não salvarão uma igreja moribunda ou rejuvenescerão uma
igreja em declínio. É o Espírito
Santo que facilita o crescimento dos indivíduos e da missão da igreja através
das comunidades dos pequenos grupos.
O duro individualismo faz com que os cristãos pensem que podem servir a Deus separados de qualquer ligação com a
comunidade de fiéis. Tal pensamento é absolutamente estrangeiro ao pensamento
dos cristãos do primeiro século.
Este envolvimento em uma comunidade de crentes é o que a maioria dos cristãos precisa
desesperadamente nos dias de hoje. Ao invés de uma opção para os cristãos,
seria impossível ser um cristão do Novo Testamento e não estar envolvido na
comunidade. Cristãos isolados não são cristãos, mesmo que seus nomes estejam
nos livros das nossas igrejas. Comunidade não é obtida ao tornar-se membro, mas
também não é obtida sem tornar-se membros. Comunidades cuidadosas onde as
pessoas verdadeiramente ministram uns aos outros são a base em que toda missão
real pode acontecer nas igrejas adventistas.
As igrejas adventistas modernas tornaram-se muito dependentes dos
pastores que, em grande parte das igrejas, sem ele nenhum ministério é
possível. Como resultado, os adventistas possuem um clero frustrado e esgotado.
Os desafios de pastorear não serão resolvidos se pedirmos para que os pastores
tornem-se mais qualificados em mais áreas. Carl George descreveu a necessidade
da maioria das igrejas:
Mostre-me uma igreja grande e
centralizada no pastor e eu lhe mostrarei uma equipe de clero cansada.
Mostre-me uma igreja grande, dirigida por leigos, organizada de maneira simples
onde o clero não está exausto por estar trabalhando demais, e eu lhe mostrarei
uma igreja não irá parar de crescer, pois serão capazes de cuidar muito bem ao
chamar Deus a uma nova vida através disso.
A essência do pecado é a tentativa de viver separado da comunidade,
isolado uns dos outros. Os adventistas com freqüência proclamam que Deus quer
restaurar a humanidade a Sua imagem. Se for assim, então, no coração do
adventismo deve haver o desejo de restaurar as comunidades quebradas em
comunidades que reflitam a imagem divina.
Os pequenos grupos são a resposta? Não, mas eles podem ser um dos meios
que podem ser usados para revolucionar a igreja. Expressada na trindade, a
essência de Deus é a comunidade. Como Karl Barth sugeriu, a comunidade nasceu
do “Sexto Dia” da criação e foi chamado para a “comunidade sabática” de Deus no
“sétimo dia”. E o ideal de
desenvolvimento de comunidade, inerente à criação, reaparece quando Jetro
dá a sugestão de que ninguém ficaria
responsável por mais de dez pessoas Aconteceu o que hoje chamamos de “pequeno
grupo”. . O modelo de Jetro é modelo de ministério muito bom para a igreja de
hoje. Ao invés do pastor ser o principal cuidador da igreja, ele entrega essa
função aos membros, que cuidamuns dos outros.
O modelo de Jetro teve um efeito duradouro em Israel durante o período
dos juízes, e depois teve implicações no estabelecimento das sinagogas
judaicas, que poderiam ser estabelecidas. A apostasia aconteceu quando
desenvolveram o ofício de rei. Deus permite que aprendamos da maneira difícil,
ao cometermos erros que a liderança hierárquica cria.
Comunidade Nos Primeiros Séculos e Equívocos de Burrill
Jesus construiu comunidade e liderança dividida com pessoas,
revelando que a maneira de alcançar as
massas era através dos pequenos grupos. É
inimaginável que uma igreja construída no fundamento das Escrituras possa
existir sem um ministério de pequeno grupo, sendo os pequenos grupos a essência
do estilo ministerial de Jesus. Esse modelo é totalmente desenvolvido nas
igrejas caseiras descritas em Atos. Seria impossível ser um cristão na igreja
primitiva e não fazer parte de um pequeno grupo.
Alguns podem considerar a ideia de que a igreja primitiva realizava as
reuniões em casa por causa da perseguição que existia. Entretanto, nos
primeiros dias, o cristianismo era considerado uma seita do judaísmo, portanto,
não era fora da lei. Isso aconteceu depois. É verdade que os cristãos eram perseguidos pelos judeus, mas
não parece haver nada de secreto nas reuniões dos crentes. Mas aqui Burrill
se equivoca ao esquecer-se de outro detalhe. O forjamento circunstancial
poderia ter outra razão além da perseguição, a saber, as condições da infra
estrutura logística que, naquele modelo contextual urbano, lhes oferecia, como
única opção, terem muitas reuniões simultâneas com poucas pessoas cada uma.
Três mil pessoas se reunindo diariamente em casas de uma única cidade,
não teria como ser segredo.
Eles poderiam ter encontrado, facilmente, um local
maior. Aqui, novamente Burrill se equivoca. Os três mil conversos estavam
em Jerusalém por ocasião de sua conversão e batismo. Mas eles não eram de
Jerusalém. Aquele era um dia de festa. Uma multidão estava reunida justamente
porque havia o ajuntamento de pessoas judaizantes oriundas das mais diferentes partes
da Terra. Após a festa, provavelmente continuaram como cristãos que se reuniam
para comungar com outras poucas pessoas? Provavelmente sim. Mas nos mais
diferentes cantos da geografia que compreendia toda a diáspora. Eles poderiam ter encontrado, facilmente, um
local maior, onde todos pudessem se reunir. Outro equívoco. O modelo urbano
de infra-estrutura daquela época absolutamente não lhes oferecia isto. A menos
que eles se reunissem ao sol ou sob as estrelas, em algum lugar fora da cidade.
Era o que Jesus fazia quando falava pra muita gente.
Havia outras opções além das reuniões em casa, mas a igreja primitiva escolheu
se reunir em casas porque elas limitavam o tamanho do grupo. Para esta
afirmação, Russell Burrill não tem apoio bíblico, nem histórico. Ele força a
barra a ponto de conseguir transformar a verdade em mentira. A igreja primitiva
NÃO escolheu se reunir em casa porque tinha o propósito de limitar o tamanho do
grupo! Absolutamente. Portanto, esta afirmação é mentirosa. Eram inumeráveis as casas de reunião, o que rapidamente daria a
impressão de que os cristãos estavam em todos os lugares. Frase
contraditória. Ora, se as casas eram inumeráveis, então não geraria a impressão
de que os cristãos estavam em todos os lugares.
Com certeza, Deus deve ter usado
as circunstâncias. Mas é indispensável notar que os cristãos se reuniam em PGs
por uma conseqüência circunstancial e não por obediência a uma normatização. É
em dizer o contrário disto que se consiste o grande erro de Burrill. Ele
consegue construir toda sua teologia certa de uma forma errada. O resultado é
que lá na ponta final, quando a aplicação de tal teologia encontra suas
dificuldades que seriam normais e superáveis, por causa dos questionamentos que
surgem em relação ao modo errado da construção de tal teologia, tais
dificuldades maximizam-se e levam tais aplicações práticas à ruína. O que era
bom e poderia dar certo, termina dando errado, simplesmente por causa do
exagero que foi usado para convencer as pessoas de que isto era certo.
Por, aproximadamente, trezentos anos, as reuniões em pequenos lares
continuaram sendo a prática da igreja primitiva ao se estabelecer por todo o
império romano. Elas não precisavam reunir-se com um grande grupo para serem
uma igreja. Uma vez que os milhares que se batizaram no Pentecostes
relatado no começo do livro de Atos eram cristãos oriundos de muitos lugares
distantes, o trabalho de Paulo em estabelecer igrejas deve ter sido muito mais
apenas de colheita. Aqueles batizados antes devem ter ido à frente fazendo o
trabalho de semeadura.
O apóstolo poderia ter estabelecido igrejas institucionais nos padrões
das sinagogas judaicas, mas ele escolheu, deliberadamente, pelo contrário,
plantar igrejas caseiras baseadas na comunidade. Não poderia não. As
sinagogas, no passado, como o próprio autor já mencionou, haviam começado como
pequenos grupos. Mas agora, na época de Paulo, por sua longevidade histórica,
elas estavam institucionalizadas porque uma tradição se construíra em torno das
mesmas ao longo da história. Enquanto isso, as reuniões cristãs que Paulo
procurava promover não tinham bases ou raízes históricas nem de tradição. Logo,
reunir-se em casas era muito mais uma característica natural de seita do que
uma estratégia planejada.
Quando Russell Burrill conta e
analisa a história e faz comparações e análises contemporâneas
sócio-eclesiásticas, ele o faz muito bem. Agora, muitas vezes, quando ele tenta
fazer teologia, torna-se um desastre: Dessa
forma, Paulo fundava igrejas que eram designadas a serem comunidades. Elas não deveriam
ser fortalezas ou grandes catedrais, mas sim pequenas igrejas caseiras onde os cristãos
pudessem ter contato de comunidade uns com os outros. Isso não era acidente,
mas uma estratégia deliberada de Paulo, em obediência ao modelo de Cristo. Errado!
Força a barra tanto que dá até raiva. Podemos até dizer, no sentido homilético:
"Isso não era acidente, era a providência divina, ao permitir o nascimento
da igreja acontecer naquelas circunstâncias sociais". Mas não dizer que
era uma estratégia deliberada. Não há uma única passagem bíblica que prove
isso.
O pequeno grupo da igreja do Novo Testamento não foi um acidente; era
um desígnio divino. Aí sim, Burrill, fica mais fácil concordar contigo. Na
igreja primitiva, reunir-se com a grande assembléia era opcional, e reunir-se
com o PG era compulsório. Hoje, invertemos estes valores. Paulo trabalhou em comunidade com outros; ele ganhava pessoas em grupos.
Mas é preciso notar que ele ganhava
pessoas orientais, que decidem tudo em grupo. Enquanto isso, nosso público alvo
é ocidentalizado, acostumado a decidir as coisas individualmente. Mesmo que
queiramos desindividualizarmos as pessoas, se isso acontecer, será ao longo da
vida cristã, e não por ocasião da sua chegada à igreja.
A mudança que Deus fez da missão
centrípeta do Israel vétero-testamentário para a missão centrífuca do
cristianismo neo-testamentário foi estratégicamente contextualizadora, de um
mundo de reinos isolados para um mundo transcultural. Sobre esta transição, João usa koinonia para comunhão com Cristo e com outros cristãos. Quando novamente a igreja começar a viver em
comunidade, ela se tornará uma agência evangelística. Contratar uma pessoa
para realizar o ministério é negar o sacerdócio de todos os crentes e roubar
das pessoas de algo que Deus deu para que se mantivessem cristãos saudáveis.
O ministério de cuidado pertence a todo o povo de Deus. Ao se tornar o
principal cuidador da igreja, o clero rouba da igreja aquilo que pertence a
todo o corpo de crentes. Resultado, igreja fraca e doente. Resumindo, o
trabalho do pastor não é cuidar da igreja. Cuidar da igreja é uma funçaõ mútua
de todos os crentes. O trabalho do pastor é colocar o rebanho para trabalhar e
fazê-lo reproduzir-se.
Ao Longo da História
do Cristianismo...
Clemente é o primeiro na literatura cristã a sugerir uma distinção entre
clero e leigo, assim como uma hierarquia de posição. O surgimento de heresias, como o Montanismo, forçou a igreja a decidir sobre
os líderes, levando a igreja na direção do líder único. O desenvolvimento do
poder do clero foi acelerado em grande parte pela conversão de Constantino.
No século III, pela primeira vez os cristãos começam a construir locais
para as reuniões cristãs, porém eles eram bem pequenos. A conversão de
Constantino foi o divisor de águas no estabelecimento de igrejas institucionais
e a morte da igreja de pequenos grupos. A maneira como fazemos a igreja hoje é
mais um paradigma do império romano da Idade Média do que o cristianismo do
Novo Testamento. Mudaram os cultos cristãos de comunhão para cerimônia, e a
igreja em pequenos grupos não emerge novamente até o reavivamento metodista.
Sempre que uma igreja nomeia o clero como seu principal cuidador, ela
perde sua consciência missionária. Lutero redescobriu o sacerdócio de todos os
crentes e fez disso a marca do protestantismo. Muitos dos reformadores falharam
em desenvolver um modelo verdadeiramente missionário de igreja. os anabatistas
que descobriram que a igreja e o estado não poderiam se unir, e desenvolveram
uma organização mais missionária e as denominações que descendem deles são mais
missionários que aqueles que descendem dos reformadores principais. O
renascimento wesleyano, derivando da comunhão anglicana, também desenvolveu um sistema
mais missionário.
As mulheres fazem um melhor trabalho que os homens, em relação aos
pequenos grupos. O metodismo moldou o pensamento de pioneiros adventistas como
Ellen White, que saiu do metodismo. o metodismo primitivo desenvolveu todo o
essencial dos pequenos grupos relacionais que se encontravam regularmente para
apoio mútuo e encorajamento e manter uns aos outros responsáveis por sua vida
em Cristo. A reunião de classe metodista tinha todos os elementos dos pequenos
grupos. Muito da eclesiologia do adventismo foi emprestada dos fundamentos
metodistas, graças a Ellen White.
Como Era O Ministério
Pastoral Entre os Adventistas Pioneiros
Russell Burrill cita três razoes
pelas quais o adventismo teria começado em PGs: 1) o senso missionário diante
do mundo hostil; 2) a herança recebida do metodismo; e 3) os conselhos de EGW
sobre a necessidade de um ministério leigo da membresia. Mais uma vez, Burrill
ignora o fator circunstancial, de que, por diversas razões, reunir-se em PGs
nas casas era a única e mais cômoda opção que tinham. Embora isso possa ter
sido providência ou permissão divina.
Pelos primeiros sessenta ou setenta anos de sua existência, Quando a
igreja foi organizada, os anciãos locais e leigos eram escolhidos para
supervisionar a congregação, e o clero saía para começar novas congregações.
Os pioneiros adventistas desenvolveram
uma igreja dirigida por leigos, independente do clero e baseada na comunidade. A
função principal do clero era estabelecer novas igrejas e não supervisioná-las.
Era esperado que os anciãos locais presidissem a igreja local, quase que da
mesma maneira que os pastores fazem atualmente.
O dízimo que sustentava o clero não era usado para mimar congregações
locais, mas ao contrário, servia para deixar o clero livre para levantar novas
igrejas. Assim, o melhor acalento que os pastores poderiam dar as igrejas seria
colocar seus membros para trabalhar ao invés de realizar o ministério por elas.
Ellen White afirma que pastores que estiverem executando o ministério, ao invés
de ensinar os membros a ministrar, deveriam ser demitidos. Novamente, isso
não foi escrito no contexto atual, de pastores fixos, mas no contexto de um
clero itinerante.
Por décadas, a igreja que
poderíamos assim chamar de Igreja Central dos Adventistas, a Tabernacle, de
Bettle Cree, com 3000 membros, não tinha pastor. Ellen White até aconselhou que os pastores itinerantes não deveriam ser
enviados para a mesma igreja a cada ano, por medo de que se criasse uma
dependência dos ministros e impedisse o desenvolvimento da vida espiritual dos
membros.
Até o começo do século XX as
igrejas adventistas não tinham pastores. E até quase 1930, não existiam
distritos pastorais. A tragédia do
Adventismo foi a de não ter seguido consistentemente os conselhos de Ellen
White, nem mesmo enquanto ela estava viva. Em resumo, primeiro a igreja
colocou pastores para cuidarem das igrejas maiores, apesar dos protestos de
Ellen White. Então, depois da morte dela, lentamente a descrição do trabalho desses
pastores fixos passou a ser de principais cuidadores. Depois, as igrejas
menores passaram a exigir um pastor. A mudança foi tão gradual que ninguém
protestou. Logo o tradicional modelo de cuidado pastoral estava entrincheirado
no adventismo.
Antigamente, os pastores não eram
designados para as igrejas. Além de designar pastores para as igrejas, criando
o modelo distrital (modelo no qual trabalhamos hoje), de 1920 a 1970 a igreja
acelerou a quantidade de pastores diminuindo a quantidade de igrejas por
pastores. As igrejas, ao terem um pastor (que tinha cada vez menos igrejas
designadas para si) designado para elas, tornaram-se dependentes de tal pastor. Isto
enfraqueceu as igrejas. Enfraquecidas, sua reprodução diminuiu. Logo, o
crescimento e a mudança de trabalho do clero desaceleraram o crescimento da
igreja. O crescimento da igreja foi
dramaticamente impactado pela mudança da função pastoral de plantador de igreja
para principal cuidador.
Assim, o papel do pastor adventista mudou nesse século; de evangelista
e plantador de igrejaspara principal cuidador da igreja local. O problema
moderno está combinado com o fato de que muitas associações ainda esperam que
os pastores exerçam as duas funções, mas as necessidades das congregações
forçam o pastor a negligenciar a função evangelística. Apenas quando o
ministério for restaurado às pessoas, o pastor poderá deixar de ser o principal
cuidador. Enquanto os pastores continuarem a atuar na presente função, as
pessoas serão roubadas do ministério confiado a elas por Deus, e a igreja norte-americana
continuará estagnada. O terceiro mundo, mais propriamente a América
do Sul, continua numa zona que não é nem o modelo atual americano nem o modelo
dos pioneiros. Por razões financeiras, se aproximam mais do modelo dos
pioneiros, mas ideologicamente, se aproximam mais dos atuais americanos.
Como os Adventistas
Pioneiros Faziam Igreja
No adventismo pioneiro do século
19, as reuniões sociais [este é o
termo para Pequenos Grupos, na linguagem daquela época] eram mais importantes para os primeiros crentes que os cultos de
pregação. A pregação poderia, e muitas vezes era, omitida, mas as reuniões
sociais nunca deveriam ser negligenciadas. Uma reunião caracterizada por testemunhos espirituais e encorajadores,
olhos brilhantes, a voz do louvor, a exortação honesta e emocionante, e
geralmente as lágrimas – cenas em que o amor e a fé flamejando de maneira nova.
Eles reuniam-se para compartilhar o pão,
e para o trabalho pela igreja.
A reunião social era o que capacitava esses primeiros adventistas a
desenvolverem uma comunidade entre os crentes. A razão que ela [Ellen White] dá
para não termos pastores fixos é a formação de pequenos grupos. Muitas
vezes, eles não tinham cultos nem sermões, mas tinham pequenos grupos, mesmo
nos dias, locais e horários semanais de reunião coletiva. A Escola Sabatina,
geralmente era seguida por uma reunião de pequenos grupos.
A Proposta de Burrill
Para a IASD de Hoje
Diante de tudo isto visto até
aqui, Burrill passa então a propor um novo tipo de fazer discípulos nesse novo tipo de igreja, reconfigurando a estrutura da igreja local, o papel do pastor,
o cuidado ao membro e uma possível estrutura de associação. Não faz nem cem anos que os adventistas
viram essa igreja em ação. Há apenas setenta e cinco anos de apostasia em sua
eclesiologia. Portanto, deveria ser fácil voltar para o modelo bíblico de
igreja. O caminho pode não ser fácil. Na verdade, está inclinado a ser bem
difícil. A resistência será grande. E também, não significa que os adventistas devem copiar exatamente a estrutura
organizacional de sua igreja ou o adventismo primitivo. Mas podemos pegar os
princípios.
Primeiramente,é preciso educar o clero e os membros, levando-os
a comprar a idéia. O pastor deve iniciar
as discussões entre os anciãos ou a comissão da igreja, pregar inúmeros sermões sobre o assunto, e fazer reuniões com os membros para que eles possam discutir sobre o assunto. De
cara, a tendência missionária deve ser
estabelecida.
O campo deverá ajudar acelerar esse processo reconfigurando os
distritos para serem muito maiores. Pois se o pastor tiver de quinze a vinte e cinco igrejas, todos então saberão que o seu cuidado é impossível. A
associação terá que tomar duras decisões, de perspectiva puramente
financeira, pois será preciso começar
a plantar novas igrejas nos distritos. E, diferentemente das igrejas
resistentes, essas novas igrejas devem
se mover na direção da colocação permanente no ministério em harmonia com os
dons ao invés de utilizar a comissão de nomeações.
Falando sobre o fazer discípulos no novo modelo, Russell
explica que a maneira como evangelizamos
afeta o produto final. O evangelho
não deve ser compartilhado fora de um relacionamento. É preciso ir de encontro com as necessidades das
pessoas, onde o discipulador deve
passar mais tempo em contato pessoal
com as pessoas do que com sermões.
Isto, porque o movimento de pequenos
grupos ainda não capturou a imaginação da maioria dos adventistas. Há duas razões
básicas: o individualismo e a dependência pastoral.
A verdade cognitiva do evangelho só deve ser apresentada no contexto de
um relacionamento. Não mais se deve presumir
que as pessoas já sabem como orar e estudar a Bíblia, sozinhas. Se o objetivo é
ter cristãos independentes, sem
pastor, então os novos conversos devem ser ensinados a como viver uma vida
espiritual. As pessoas devem ser ordenadas ao ministério no momento de seu
batismo, através da imposição das mãos, como foi ensinado no Novo Testamento.
As pessoas devem ser ensinadas a não serem dependentes da visitação do pastor ordenado
e assalariado, ou de sermões desse pastor, como fonte de sua vida espiritual. Elas
devem ter vidas em si mesmas.
Como as espécies de animais têm o tempo certo do seu ciclo reprodutor,
cada igreja deveria raciocinar seu cronograma ao querer plantar outra. Logo, seria muito mais sábio colocar os jovens
ministros nas comunidades metropolitanas para que levantassem novas igrejas. O
modelo de igreja deve ser orientado pela necessidade. O exemplo de [Rick] Warren é útil para os adventistas ao
elaborarem uma igreja modelo. Por exemplo, Charles era um poeta e músico refinado com elevado gosto estético
para igreja mas colocava suas preferências de lado escrevendo hinos em harmonia
com as canções de bêbados ignorantes, cantadas nos bares da Inglaterra! Nem
a atual estrutura de PGs que a organização está atualmente propondo resolveria
o problema! A única solução seria uma nova
igreja baseada em células, ao invés de
baseada em programas de pequenos grupos. Esta nova igreja estimularia outras igrejas a se
reorganizarem. Então, o trabalho do pastor seria encorajar e supervisionar os PGs, e evangelizar os perdidos.
Na implantação, seria
indispensável ter um aprendiz de líder, visando
a contínua reprodução das células. Daí, a principal
responsabilidade do clero: treinar. Burrill aconselha que, na transição
para o novo modelo, apresente a idéia
nova e deixe-a existir lado a lado com a velha. Se uma igreja não deseja mudar, deixe-a sozinha. As igrejas resistentes devem ser deixadas para morrer se
recusarem-se a mudar. Não desperdice o valioso tempo pastoral com elas. Crie
algo novo. Nada proíbe o pastor de fazer isso.
Não me apedreje, pois tudo que
está em itálico são palavras de Russell Burrill.
Um abraço,
Twitter:
@Valdeci_Junior
Se você gostou deste assunto,
deverá gostar também de “Como
Evitar a Avalanche de Apostasia”.
Você é um cara surpreendente pela sua inteligência. Além de estudioso profundo (que pode ser percebido em seu resumo), possuiu um dom de argumentar fantástico. Por isso, parabéns! Entretanto, sinto falta de ética da sua parte. Você não é o sabe-tudo, meu rapaz! Se eu fosse a Josiane Fonseca, ficaria muito chateada com você e até teria raiva de você. Burrill deixa a desejar? Claro que sim! Mas não acho que seja interessante pegar tão pesado. Creio que você pode dizer as mesmas coisas, mas com um pouco mais de classe, sem ofender ninguém. Bem, mas não sei até que ponto você vai se importar com minha observação, de qualquer forma, sugiro que pergunte a outras pessoas o que pensam quando leem os seus textos. Sucesso em seus estudos!
ResponderExcluirOlá Unknown, tudo bem?
ResponderExcluirVocê deve ser aquele sobre quem o Whintley Phipps disse que quer muito conhecê-lo lá no Céu: compositor da melodia do clássico Amazing Grace, certo?
Brincadeiras à parte, eu lhe digo que seu eu fosse a Josiane Fonseca ou o Russell Burrill, eu não ficaria chateado com o Valdeci Jr., não, sabia? Sério!
E eu posso lhe provar isto: publiquei seu comentário, rsrsrs.
Sabe, Unknown, o comentário que fiz foi sobre uma dissertação, um trabalho monográfico. No mundo acadêmico, é normal que descasquemos as idéias dos nossos companheiros a ainda continuemos de bem com eles. Russell Burrill pra mim, é o cara. Pra mim, todo bom adventista deveria separar meia hora por dia pra ler Russell Burrill e Geroge Knight. Mas eles não são Deus. Têm falhas.
Se você observar bem, a suma desta postagem é que eu gostei de mais, no geral, do que o Burrill escreveu. Mas não ponho panos quentes em algo com que não concordo. Caso contrário, eu seria desonesto em iludir meus leitores, como exemplo, você.
Mas fique tranquilo, porque, no seu caso, em que você fica chateado em ter as idéias criticadas, não vou descascá-lo, ok? Rsrsrsrs. Pra mim, a sua pessoa é mais importante do que suas idéias.
E eu lhe agradeço pelo seu comentário. Continue comentando, sempre que desejar e achar oportuno. Mas, por favor, identifique-se, ok?
Vou pensar no que você disse. Quem sabe, das próximas vezes que eu postar algo assim, eu seja um pouco mais eufêmico. Mas por favor, ore por mim pra que tal eufemismo não chegue a ser hipócrita em mim, ok?
Obrigado,
Valdeci Jr.
Obra muito boa... todos os cristãos deveriam lê-la.
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